- Parabéns por se tornar a acionista majoritária. - Gregório me parabeniza.

- Obrigada. - Agradeço.

- Agora sim tenho certeza que vai se sair muito bem. - Ele dá um tapinha no meu ombro. - Apesar de tudo o que aconteceu, seu pai estaria orgulhoso se tivesse tido a chance de vê-la lutar pela empresa.

- Uma pena que ele não esteja aqui.

Meu pai não era um homem bom mas era meu pai, e apesar de tudo eu o amava. Eu sei que nunca serei capaz de apagar todo o mal que ele já fez, mas continuarei tentando compensar as pessoas que sofreram por causa das suas más ações.

Se ele ainda estivesse vivo, talvez poderia repensar suas atitudes e mudaria, mas agora é tarde demais para pensar no que poderia ter acontecido.

- Você sabe que venceu uma batalha, mas ainda tem muito a enfrentar Nina. - Gregório fala.

- Eu sei. - Suspiro alto. - Mas se você tiver ao meu lado me apoiando, tudo se tornará um pouco mais fácil.

- Você sabe que pode contar sempre comigo. - Ele sorri.

- Fico feliz por saber disso. - Também sorrio.

Gregório era amigo do meu pai, mas como ele sabia que Greg era um homem decente, nunca tentou corrompê-lo, então Gregório só soube do que estava acontecendo na empresa quando já era tarde demais.

Desde o dia que meu pai faleceu, ele sempre esteve ao meu lado me ajudando tanto profissionalmente como mentalmente. Se não fosse por sua ajuda e a de mais alguns acionistas na empresa, jamais estaria no lugar onde estou hoje.

Greg é o Vice-presidente, e se quisesse com toda certeza tomaria meu lugar, mas ele deixou bem claro desde o início que estaria ao meu lado me ajudando com qualquer coisa na empresa, ou na minha vida pessoal.

Eu acho que ele se sente responsável por mim de alguma forma. Talvez Gregório se culpe por não ter sido capaz de ajudar o amigo, então está fazendo o possível para ajudar sua filha a não seguir os passos do pai.

- Preciso ir embora querida. - Ele se levanta.

- Mande um beijo para a Madalena. - Falo.

- Pode deixar. - Ele sorri.

Gregório me dá um abraço, em seguida começa a caminhar para a porta do meu escritório.

- Estava me esquecendo de algo.

- O quê? - Pergunto.

- Parabéns pelo seu casamento. - Ele fala. - Lhe desejo que seja tão feliz quanto sou com Madalena.

- Obrigada. - Agradeço.

- Até mais querida. - Ele se despede.

- Até mais.

É lindo de ver como Greg é dedicado a sua esposa, e como faz de tudo para provar o quanto a ama e se sente sortudo por tê-la ao seu lado.

A união entre meu pai e minha mãe era totalmente diferente. Nunca existiu companheirismo, amizade ou amor. Minha mãe se obrigou a ficar ao lado do meu pai até o dia da sua morte por minha causa. Ela se sacrificou por amor a filha, e por causa disso perdeu a chance de ver Emília crescer.

Olhando para o relacionamento de Greg e Madalena, eu pude perceber o quanto eu estive cega por tanto tempo. Eles são amigos, companheiros, e o mais importante de tudo, respeitam suas diferenças e se amam.

São uma família unida e feliz porque escolheram viver dessa forma, minha mãe não teve a mesma sorte. Ficou ao lado de um homem muitos anos da sua vida sem amá-lo, apenas para não perder a filha, mas no processo acabou perdendo a outra.

Emília foi madura o suficiente para entender o que aconteceu, mesmo sendo tão nova, mas talvez outra pessoa no seu lugar não teria a capacidade de perdoar minha mãe pelo abandono. 

Dona Rachel recebeu o perdão da filha, e só começou a ser verdadeiramente feliz após a morte do meu pai.

Sempre fui a melhor amiga da minha mãe, mas em toda minha vida nunca percebi o quanto ela era infeliz ao lado do meu pai. Ou ela sabia fingir muito bem, ou eu era muito cega.

- Está pronta? - Alex entra no meu escritório.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Pego os documentos sobre a mesa e os guardo em uma das gavetas da minha mesa, em seguida pego minha bolsa e me levanto.

Alex pega minha mão assim que me aproximo dele e começamos a caminhar juntos para fora do meu escritório.

- Antony está ferrado. - Alex fala. - Ouvi alguns dos acionistas dizendo que vão processá-lo.

- Não merecia menos que isso.

- Espero que ele não tente se vingar de você. - Alex fala preocupado.

- Eu tenho você para me proteger. - Sorrio abertamente.

Não sou não boba ao ponto de achar que ele vai me deixar em paz depois de tudo. Terei que tomar muito cuidado de agora em diante, porque tenho certeza que Antony tentará me prejudicar de alguma forma.

Quando eu decidi expor suas ações nojentas, eu já tinha em mente que ele não deixaria barato, mas agora ele terá muitos problemas para enfrentar, e espero que não lhe sobre tempo para tentar fazer algo comigo.

Ele foi o único que fez um escândalo por saber que Alex é meu marido e me dará suas ações.

Se os outros acionistas não tivessem visto o vídeo antes da reunião, com toda certeza também ficariam irritados por terem sidos enganados. Mas naquele momento estavam mais preocupados com o que havia acabado de descobrir, do que ser a acionista majoritária.

Ficando irritados ou não, não poderiam fazer nada para me impedir. Teriam que aceitar de uma forma ou de outra, mas foi bom ficarem quietos, me livrei de ter que discutir com cada um deles.

- Já vai embora? - Mia pergunta assim que nos vê.

- Sim. - Confirmo com a cabeça. - Tire o restante do dia de folga.

- Ok.

Alex e eu começamos a caminhar novamente, mas paramos e nos viramos para trás quando Mia fala:

- Parabéns pelo casamento.

- Obrigada. - Agradecemos em uníssono.

- Cuide bem da minha amiga. - Ela aponta o dedo para Alex.

- Pode ter certeza que farei isso. - Ele sorri enquanto olha para mim.

Nos despedimos e começamos a caminhar juntos novamente em direção ao elevador.

- Não vejo a hora de começarmos a morar juntos. - Alex me abraça.

- Se comporte, estamos na empresa.

- Não me importo. - Ele da de ombros.

- Mas eu sim.

Tem algumas pessoas da língua solta na empresa, e mesmo sendo marido e mulher, com toda certeza me acusariam de não ser tão profissional. Tenho que manter minha imagem intacta como presidente, caso contrário tudo se complica ainda mais. Tenho certeza que a notícia que eu me casei em segredo já se espalhou pela empresa.

- Vamos dividir o mesmo quarto? - Alex pergunta.

- Não. - Nego com a cabeça.

Eu sabia que ele estava louco para me fazer essa pergunta, mas estava se controlando.

- Por quê? - Ele pergunta.

- Porque eu não quero. - Minto.

- Mas...

- Nada de mas Alex. - O corto.

- Mas...

- Vou me mudar para seu apartamento, mas ficaremos em quartos separados. - O corto novamente.

Ele parece decepcionado mas não fala mais nada, e começa a caminhar cabisbaixo.

- Se anime. - Lhe dou um tapinha no ombro. - Pelo menos me terá ao seu lado todos os dias.

- Isso é verdade. - Percebo que ele força um sorriso.

🌻

-

- Vou sentir sua falta. - Camy me abraça.

- Prometo te visitar sempre que tiver um tempo. - Retribuo o abraço.

- Vou me lembrar disso. - Ela aponta o dedo para mim assim que nos ditanciamos uma da outra.

- Não se esqueça do jantar da Amália ok?

- Não perderei por nada nesse mundo. - Ela sorri. - Quero só ver a cara de todos quando souberem que já estão casados.

- Provavelmente seremos massacrados, mas logo em seguida ficarão felizes por nós.

Amália me mandou uma mensagem falando que já havia escolhido o dia do jantar para comemorar meu noivado com Alex, então já repassei para todos meus amigos. Só espero que não nos matem quando descobrirem que já estamos casados.

Tenho certeza que minhas amigas farão um escândalo porque apenas Camy e Frank souberam antes de todos, mas as conhecendo elas como conheço ficaram animadas por mim.

- Vamos? - Alex pergunta.

- Vamos.

- Se cuidem. - Camy me abraça novamente.

Nos despedimos e começamos a caminhar juntos em direção a porta do apartamento, mas antes de sair me viro para trás e dou tchau para Camy.

🌻

- Chegamos. - Alex abre a porta.

Ele entra no apartamento puxando minha mala, em seguida faço o mesmo.

Não trouxe todos os meus pertences, porque assim que Alex conseguir a casa dos seus pais nos mudaremos para ela. Então só daria trabalho trazer muita coisa, para depois ter que arrumar tudo para se mudar de novo.

- Vou levar sua mala até seu quarto. - Ele começa a caminhar em direção ao corredor.

O sigo de perto, então depois de algum tempo ele para em frente à porta do quarto em frente do seu e a abre.

- O que você está fazendo? - Pergunto.

- Vou colocar sua mala no seu quarto. - Ele me responde.

- Esse não é meu quarto.

- Quer ficar no outro então? - Ele pergunta.

- Sim.

Alex começa a caminhar novamente em direção a porta do quarto ao lado.

- O que você está fazendo Alex?

- Mas...

- Esse não é meu quarto. - O corto.

Caminho até ele, pego a mala e a puxo em direção à porta do seu quarto e o adentro assim que a abro.

- Você não disse que ficaríamos em quartos separados? - Ele pergunta.

- Sim.

- Então por quê...

- Seu quarto é mais espaçoso, então você pode ir para outro.

Sua animação acaba no mesmo instante, então começo a rir.

- Do que está rindo? - Ele pergunta.

- Estou brincando com você.

- Vamos ficar no mesmo quarto? Está falando sério?

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Animação estampa seu rosto novamente, então Alex se aproxima de mim e me beija.

- Está tão feliz apenas por quê vai dividir um quarto comigo?

- Mas é claro que sim. - Ele responde.

Ele me puxa para um abraço apertado, em seguida beija todo meu rosto.

- Você me deixou toda babada, agora preciso de um banho.

- Eu te faço compainha. - Ele sorri com malícia.

Não esboço nenhuma reação, então seu sorriso malicioso morre no rosto e ele fala:

- Vamos deixar para outro dia então.

Começo a caminhar em direção ao banheiro, e assim que chego perto da porta a abro. Me viro para trás e vejo que Alex está parado no mesmo lugar enquanto olha para mim.

- Você vai ficar aí parado Alex? - Pergunto. - Não quer mais me fazer compainha?