- Tem certeza que está bem? - O médico pergunta.

- Estou ótima. - Sorrio abertamente.

- Se sentir dor de cabeça...

- Não se preocupe doutor. - O corto. - Eu estou bem.

Ele aponta para a cadeira, então me sento mais que depressa. Olho para seu jaleco e vejo seu nome enquanto ele passa uma pomada na minha testa.

Além de ser lindo, ainda por cima é cheiroso e educado. É óbvio que eu sei que ele está sendo atencioso por acertar a porta em minha testa, mas não tinha necessidade alguma passar pomada no local onde está inchado.

- Prontinho. - Ele sorri abertamente e se distância.

- Obrigada Clark. - Agradeço.

- Como sabe meu nome? - Ele pergunta surpreso.

- Está escrito no seu jaleco. - Aponto na direção.

- Que cabeça a minha. - Clark sorri novamente.

Olhamos para o lado quando Alex pigarreia. Ele está com os braços cruzados todo emburrado, como se importasse em ver com outro homem.

- Como está se sentindo Alex? - Clark pergunta para ele.

- Quero ir embora. - Ele não responde sua pergunta.

- Tenha paciência, poderá ir embora amanhã.

- Mas...

- Nada de mas Alex. - O corto. - Pare de ser teimoso e escute seu médico.

Ele me olha de canto e começa a resmungar tão baixo que não da para entender nada.

- Volto mais tarde. - Clark olha para um relógio sobre seu pulso esquerdo.

- Ok. - Alex diz apenas.

- Qualquer coisa chame uma das enfermeiras.

Clark me oferece um sorriso, em seguida caminha até a porta do quarto, mas antes que a abra se vira e pede:

- Me perdoe por acertar a porta na sua testa.

- Não precisa se desculpar, acidentes acontecem.

Ele me olha por alguns segundos e parece querer dizer algo, mas abre a porta do quarto e sai em silêncio.

- Você não cansa Nina?

- Me canso do quê? - Pergunto confusa.

- De ficar babando no meu médico. - Ele revira os olhos.

- Qual a mulher em sã consciência iria cansar de olhar para uma obra prima daquelas? - Sorrio de canto.

Alex bufa frustrado e cruza os braços novamente, enquanto vira o rosto para o outro lado.

- Posso saber por quê está tão incomodado? - Pergunto.

- Você não tem vergonha...

- Por que eu teria que ter vergonha de algo Alex? - O corto. - Sou uma mulher solteira, então se está tão preocupado se eu vou me envolver com algum homem me peça em namoro, caso contrário pare de tentar interferir na minha vida.

Depois de me beijar no meu apartamento, Alex passou uma semana ignorando minhas ligações. Comecei a ficar preocupada se havia acontecido algo com ele, então decidi ir ao seu apartamento, e para minha tristeza ele não me atendeu.

O porteiro do seu prédio disse que ele havia subido com uma mulher algumas horas antes, então ele me ignorou porque estava se divertindo com mais uma das suas conquistas.

Óbvio que eu sabia que estava apenas trocando alguns beijos e que ele não iria querer se envolver comigo, mas depois de tudo ainda somos amigos.

Me magoou o fato dele se encontrar com outra mulher, mas me magoou ainda mais o fato dele não ter atendido minhas ligações, não ter me recebido no seu apartamento ou ido ao meu para conversarmos.

Como Emília e Camily falaram, provavelmente fui apenas mais uma porque ele não tinha opção naquele dia, então aproveitou a oportunidade com sua melhor amiga, mas quando achou outra resolveu meu esquecer.

- Te... te pedir em namoro? - Ele arregala os olhos.

- Por que não? - Pergunto.

- De onde tirou essa ideia ridícula Nina? - Ele balança a cabeça em negação.

- É verdade. - Sorrio fraco. - Não sei porque eu pensei que ouviria algo diferente.

Coloco a alça da bolsa no ombro e começo a caminhar em direção a porta, mas sou impedida quando ele me segura.

- Do que você está falando? - Ele pergunta. - O que gostaria de ouvir?

- Absolutamente nada.

- Nina...

- Acho melhor mantermos distância por um tempo. - O corto.

- Mas... Por quê?

- Você está me deixando confusa Alex. - Assumo. - Você começou agir como se tivesse ciúmes dos homens que se aproximam de mim, em seguida me beija como se tivesse algum interesse.

- Nina, eu te fiz uma proposta, mas você recusou lembra?

- Não acredito que você disse isso. - O encaro incrédula.

- Somos adultos Nina...

- Então você decidiu me ignorar  por dias enquanto estava se divertindo com outra mulher por quê eu não aceitei sua proposta? - Pergunto antes que ele diga algo. - O que você quer de mim? Quer que eu me rebaixe ao ponto de ser apenas mais uma na sua imensa lista? Vai se divertir até se cansar e em seguida me descartar como faz com todas as outras? Não tenho a mínima ideia do que se passa na sua mente, e mesmo eu sendo sua amiga, pode ter certeza que não sou uma mulher que você pode brincar. E pode ter certeza que prefiro que nossa amizade acabe, do que aceitar uma merda de proposta dessas.

Em alguns momentos eu penso que talvez ele tenha um pouco de interesse por mim, mas ao mesmo tempo parece que Alex está agindo dessa forma por medo de perder minha amizade se eu me envolver com algum homem.

- Como soube da Pâmela? - Ele pergunta.

- Depois de tudo o que te falei, você me pergunta como eu soube da Pâmela? - Sorrio incrédula.

- Me desculpe. - Ele suspira baixo. - Mas eu não entendo o porque está agindo dessa forma.

- Que forma Alex? - Pergunto. - Como eu deveria agir?

- Foram apenas alguns beijos Nina, por quê está fazendo tanto drama?

- Eu não deveria, mas ainda assim estou surpresa com sua atitude. - Passo as mãos pelo rosto.

Meu coração dói ao ouvi-lo dizer isso, e a minha vontade é de gritar e dizer que o amo, mas sou uma covarde e não tenho coragem de confessar meus sentimentos.

Não adiantaria de nada, porque mesmo depois de ter me beijado ele está agindo como se não fosse nada especial, então não faria diferença alguma, estaria perdendo meu tempo em dizer que o amo.

- Nunca mais ouse me beijar. - Aponto o dedo para ele. - Ou jamais lhe perdoarei por brincar comigo dessa forma.

Está certo que eu tive a iniciativa de beijá-lo primeiro, mas depois Alex começou a agir possesivamente como se gostasse de mim, mas logo começou a me ignorar quando conseguiu o que queria.

- Nina...

- Quero que fique bem longe de mim por enquanto. - O corto.

- Mas...

- Preciso de um tempo.

Comecei a agir como se ele não fosse importante para mim, mas aqui estou eu, sofrendo por um homem que não merece meu sofrimento.

Se eu continuar perto do Alex será ainda mais doloroso para mim, então quero me manter o mais longe possível.

- Quer ficar longe de mim para poder se encontrar com...

- Pare de agir como se importasse merda! - Grito. - Por quê você faz isso Alex?! Você mesmo disse que trocamos apenas alguns beijos, então por quê está fazendo tanto drama se vou ou não me encontrar com outro homem?! Você é meu amigo, mas não tem o direito de se intrometer na minha vida!

Provavelmente alguém escutou meus gritos mas pouco me importa, pois minha vontade era de desabafar e eu fiz isso.

- Eu não quero que se machuque Nina. - Ele diz.

- A pessoa que mais me machuca é você Alex. - Meus olhos se enchem de lágrimas. - Você é o único que continua me quebrando pouco a pouco, e eu como uma idiota aceito porque não quero perdê-lo.

- Nina...

- Você não pode imaginar o quanto é difícil para mim. - O corto. - Se ao menos soubesse...

Alex me puxa para um abraço, e apesar de querer ser consolada por ele nesse momento o empurro.

- Não me toque.

- Por que está agindo dessa forma?

- Eu vou embora. - Ignoro sua pergunta. - Não se aproxime de mim por enquanto.

Alex tenta pegar minha mão, mas me esquivo do seu toque e começo a caminhar em direção a porta do quarto.

Mais uma vez a porta é aberta antes que eu leve a mão a maçaneta, então olho para cima e no mesmo instante percebo que não irei conseguir fugir nesse momento.