Capítulo 2

- Você está bem Nina? - Milla pergunta.

- Sim. - Digo apenas.

- Deixe-me ajudá-la. - Ela me estende a mão.

- Obrigada. - Agradeço.

A moça que me derrubou ainda parece em choque com o que acabou de acontecer.

- Me perdoe. - Ela pede.

- Não foi nada. - Sorrio fraco. - Acidentes acontecem.

- Eu deveria ser mais cuidadosa. - Ela abaixa a cabeça. - Me perdoe.

- Não precisa se preocupar. - Aperto seu ombro de leve.

Ela continua de cabeça baixa, e quando olho em volta todos estão nos encarando.

Me abaixo para pegar o buquê, e entrego para a garota em seguida.

- Você deve querer isso mais do que eu. - Falo.

- Mas...

- Fique com ele. - A corto. - Eu não o queria de qualquer jeito.

- Tem certeza?

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Então... Obrigada. - Ela agradece.

Me distancio da moça e começo a caminhar em direção a Emília. De longe percebo sua cara de riso, e isso só me faz ficar ainda mais envergonhada.

Acabei indo com Milla para evitar que Lisa me fizesse passar vergonha, mas o que eu não poderia imaginar é que seria derrubada no chão por uma solteira louca pelo buquê.

Tenho certeza que se Lisa fizesse algo seria bem menos vergonhoso que ser jogada no chão.

- Foi muito legal da sua parte entregar o buquê para a garota. - Um homem desconhecido fala.

- Obrigada, mas quem é você? - Pergunto.

- Me desculpe. - Ele me estende a mão. - Me chamo Pablo, e você deve ser a Nina estou certo?

- Como sabe meu nome?

- Estou trabalhando com Mark há algum tempo, então já vi você com a Emília.

- Certo. - Digo apenas.

Ele sorri abertamente, e tenho que admitir que seu sorriso é lindo, mas parece que falta algo que não sei explicar.

- É um prazer conhecê-la pessoalmente. - Ele fala.

- O prazer é todo meu. - Retribuo o aperto de mão.

Ele me olha por um tempo, e isso me deixa extremamente desconfortável.

- Tem certeza que não se machucou? - Ele pergunta.

- Tenho sim. - Lhe respondo.

Em seguida começo a caminhar em direção a Emília novamente, com Pablo ao meu lado.

- Eu ia apresentá-los um ao outro, mas vejo que Pablo foi mais rápido. - Mark fala quando nos aproximamos de onde ele está sentado.

- Sentem-se. - Emi aponta para as cadeiras em nossa frente.

Levo a mão a uma das cadeiras para me sentar, mas sou surpreendida quando ele a puxa para eu antes que eu a pegue.

- Obrigada. - Agradeço.

Pablo apenas acena com a cabeça e em seguida se senta ao meu lado.

- Como eu pensei, ficam ótimos juntos. - Mark sorri de canto.

- O quê?! - Arregalo os olhos.

- Vai assustar a garota Mark. - Pablo também parece sem graça.

- Não sabe nem disfarçar. - Emília balança a cabeça em negação.

- Espere... - Me calo por uns segundos. - Não está tentando bancar o cupido não é Mark?

- Eu? - Ele se finge de inocente. - Mas é claro que não.

- Ótimo. - Falo. - Porque se estiver planejando algo pode parar.

Se estala um silêncio constrangedor por algum tempo, e quando olho para o lado de relance, Pablo também parece tão desconfortável quando eu.

Já pedi diversas vezes para o Mark parar de tentar me juntar com alguém, mas é a mesma coisa de não falar nada, porque ele sempre continua tentando.

Pode até parecer grosseria da minha parte a forma como agi nesse momento, mas para evitar confusão é melhor deixar bem claro que não estou interessada.

Provavelmente Pablo se sente da mesma forma que eu, visto que ele também ficou sem graça, mas Mark não percebe e sempre faz o que quer.

Não estou interessada em relacionamento no momento, e mesmo se eu estivesse não iria me envolver gostando de outra pessoa.

Pablo é incrivelmente bonito, mas não faz meu tipo, e com toda certeza ele pensa o mesmo que eu.

- Pelo menos seja amiga do Pablo Nina. - Emília fala. - Ele se mudou para Nova York faz pouco tempo, então não tem amigos a não ser eu e o Mark.

- Claro. - Falo. - Podemos ser amigos.

Pablo me oferece um sorriso fraco, em seguida olha para Mark com irritação contida.

- Se me derem licença. - Me levanto da cadeira. - Vou me despedir da Lisa e vou embora.

- Mas já? - Emi pergunta.

- Sim. - Digo. - Tenho que acordar cedo, então...

- Poderia acompanhá-la Pablo? - Emília pergunta para ele. - Nina veio comigo, mas ainda vou demorar um pouco.

- Claro. - Pablo também se levanta.

- Não é necessário. - Digo. - Vou pegar um táxi.

- Não seria incômodo algum. - Pablo fala.

- Mas...

- Não seja teimosa Nina. - Emília me corta.

- Ok então. - Suspiro alto.

Ainda me sinto desconfortável, mas se eu acabar negando Pablo poderá me achar chata ou metida, então é melhor fingir estar tudo bem com isso.

- Vamos? - Ele pergunta.

- Vamos.

Coloco a alça da bolsa no ombro e começo a caminhar em direção a Lisa e Vincent.

- Já estou indo embora então vim me despedir. - Falo para ela.

- Ainda está cedo Nina. - Ela diz.

- Não está gostando da festa? - Vincent pergunta.

- Está tudo ótimo. - Sorrio abertamente. - Mas tenho um compromisso amanhã, então terei que levantar cedo.

- Então... - Lisa me puxa para um abraço. - Obrigada por ter vindo.

Depois de conversar com eles por mais alguns segundos me despeço dos dois e começo a caminhar em direção ao Pablo que me espera de pé ao lado do portão.

- Pronta? - Ele pergunta.

- Tem certeza que não irei incomodá-lo?

- Não se preocupe Nina. - Ele sorri abertamente. - Não estará me incomodando.

- Ok então.

Olhando para Pablo percebo que poderemos ser bons amigos. Ele parece ser educado e gentil, o tipo de pessoa que gosto de ter por perto.

- Não achei que Mark iria tentar alguma coisa. - Ele fala de repente. - Me desculpe.

- Não precisa se desculpar. - Digo. - Se pareci mal educada me perdoe, é que nesse momento não tenho interesse em relacionamentos.

- Eu também não. - Pablo diz. - Talvez Mark tenha entendido errado quando fui conversar com você, mas só fiz aquilo porque quis me aproximar de você como um provável amigo, e não com segundas intenções.

- Ele está tentando me casar, então usa qualquer oportunidade para se intrometer. - Reviro os olhos.

- Tenho certeza que ele só quer ajudar, mas acho que deve ser cansativo para você.

- Com toda certeza. - Assumo. - Estou sozinha porque quero, e não porque não sou capaz de conseguir um namorado, mas ele não entende isso. - Suspiro alto. - Na maior parte das vezes aguento quieta porque não quero brigar com ele, mas como você falou já está cansativo ter que fugir sempre.

Apesar de ser um pouco tímida, sei que sou capaz de conquistar um homem sozinha, então não preciso da ajuda do Mark nem de ninguém.

Quando enfim superar Alex e me sentir pronta para namorar, e gostar de alguém e esse sentimento ser retribuído farei isso, mas enquanto esse dia não chega fico na minha.

- Mudando de assunto... - Pablo sorri abertamente. - Sei que não me conhece, mas ainda assim gostaria que fosse minha amiga.

- De agora em diante seremos amigos. - Lhe ofereço a mão.

- Amigos. - Ele retribui o aperto de mão.

Ter amigos verdadeiros nunca é demais, então irei dar uma oportunidade para Pablo, e espero que possamos ser bons confidentes um do outro.

Eu acredito que exista amizade sincera entre um homem e uma mulher, e a prova viva disso se chama Alex.

É óbvio que gostaria de algo mais com ele, mas como ele não me vê como mulher, aceito ficar ao seu lado apenas como amiga.

Como eu não tenho coragem de me declarar, espero que ele nunca perceba meus sentimentos por ele, porque com toda certeza ficaria uma clima estranho entre nós dois.

Digo a mim mesma que irei superar com o tempo, mas ao mesmo tempo acho que estou apenas me iludindo e tendo falsas esperanças, mas torço para que eu esteja errada sobre isso, e algum dia seja completamente livre desse amor não correspondido.

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