Capítulo XII

Cᥲρίtᥙᥣo 12

          - Lamento, pensei que me fosses esquecer novamente – rebateu Alissa e um sorriso de escárnio adornou seus lábios.

Surpreso com a reacção da mais nova, Ian franziu o cenho.

- O quê? – inquiriu sem entender o motivo de tal reacção. – Como assim? Não te estou a entender.

- Claro que não – ripostou a mesma e tornou a andar.

- Alissa! – chamou-a Ian com a voz firme e tornou a segurar-lhe o pulso.

- Solta-me!

- Explica-te!

- Para quê? – indagou Alissa com o semblante desafiante. – Vai mudar alguma coisa?

- Por Deus... qual é o teu problema? – perguntou Ian sentindo-se frustrado com a atitude da mesma. Soltou-a e passou a mão pelos cabelos, soltando um suspiro logo de seguida. – Podes, por favor, explicar-te?

- O que é que estiveste a fazer a tarde toda e a noite ontem?

- A trabalhar. Tal como havia dito que faria quando deixei-te na casa dos teus pais e prometi que mandava alguém... – Ele pausou... Acabava de perceber a razão da irritação da esposa. – Alissa, eu...

- Óptimo, percebeste o que fizeste – apontou Alissa e sorriu com ironia.

- Eu posso...

- O quê? Explicar-te? – interrompeu-o a mais nova e sorriu. – Dispenso, Príncipe Ian.

- Então qual é que foi a razão de abordares o assunto?

- Pois se for para vivermos a quebrar as promessas que fazemos um ao outro, escusas de prometer-me algo – declarou Alissa e deixou os aposentos.

Depois das aulas...

Lentamente, a jovem princesa caminhava pelos corredores em direcção aos seus aposentos, segundo aquelas que foram as informações que lhe foram passadas, ela devia tomar um banho para refrescar-se e então seguir até a sala de jantar que era onde o jantar seria servido e onde encontraria o resto da família real, pois diferente de como fora a hora do almoço que cada um almoçara em seu respectivo horário e onde lhe convinha, ao jantar toda a família real devia reunir-se à mesa da sala de jantar para passar a refeição junta. No entanto, a tarefa de regressar aos seus aposentos parecia se ter tornado mais difícil do que o esperado, pois para além de o palácio parecer para ela um labirinto enorme do qual nunca encontrava uma saída, sua mente estava aérea depois de tudo que ouvira nas últimas horas, como se não bastasse a conversa que tivera com a Rainha Leonora e o desfecho que a mesma tivera, e a "conversa" com Ian que só servira para deixá-la ainda mais frustrada consigo própria por importar-se com algo tão banal quanto aquilo, quando se dirigia as salas onde teria as aulas de Etiqueta, Geografia do Reino, Dança, entre outros, murmúrios eram ouvidos por onde quer que ela passasse, fazendo-a sentir-se desconfortável, embora não fossem esses os principais motivos do seu desconforto, mas os cochichos e os apontares de dedo que recebia, e pior... Haviam ainda os olhares de desdém e acusatórios, como se ela fosse culpada de algo que nem mesmo ela soubesse.

A voz da sua professora de Etiqueta soou de um comodo não muito longe de onde ela passava, no entanto, fora a menção ao seu nome que a fizera parar e as palavras a seguir...?

Estas petrificaram-na.

- Embora ela seja a princesa e pareça estar nas graças do Rei e da Rainha há rumores de que na noite de núpcias não houve consumação do casamento. – Soara uma voz para si desconhecida.

- Como é que tens a certeza de que isso não passa apenas de um rumor? Isso pode ser algo inventado por alguém infeliz com o casamento real e como forma de revolta, criou tal rumor – apontou sua professora.

- Porque nas primeiras horas do dia após a noite de núpcias, o Príncipe Ian foi visto sair de seu quarto de solteiro – explicou a desconhecida. E a essa altura, o coração de Alissa batia desenfreadamente e suas mãos tremiam ligeiramente, ao passo que sua respiração tornava-se difícil e seu lábio inferior era torturado por seus dentes. 

- Esses rumores não fazem sentido algum, além do mais o Príncipe podia muito bem ter ido para o seu antigo quarto de solteiro para ver ou buscar algo, isto sem contar no mais importante, que é o lençol afirmou a professora e Alissa desejou ardentemente que toda a gente que tivesse ouvido tais rumores pensasse do mesmo modo, ou então sua cabeça estaria a prémio. O mesmo estava manchado na manhã seguinte ao casamento e a noite de núpcias e tu tal como eu e toda a Limes também o viste.

- Eu sabia que irias usar tal argumento, porém o mesmo irá perder parte do seu peso quando ouvires o que vem a seguir.

- Como assim? inquiriu a professora incrédula.

- Quando as aias foram aos aposentos do novo casal real tirar os lençóis, a porta do quarto estava trancada e apenas a Princesa estava dentro do mesmo...

Alissa tremeu...

- E quando a porta foi aberta, embora a Princesa possuísse uma expressão neutra e a figura desmazelada como se algo tivesse acontecido na noite anterior, a expressão do Príncipe era de total surpresa, como se ele esperasse o completo oposto do que fora encontrado no quarto. Ou seja...

- O lençol completou a professora.

Alissa fechara as mãos em punho e mordeu seu lábio inferior ainda mais forte.

Como é que tudo aquilo fora parar aos ouvidos das pessoas?

Ela sentira sua respiração falhar.

Então era aquela a razão dos cochichos, dos dedos apontados e dos olhares curiosos e de desdém.

- Se isso for mesmo verdade, e for tudo parar aos ouvidos do Rei, dos Ministros e da Corte, a Princesa estará em maus lençóis.

Ela também sabia daquilo e esse era seu maior medo.

A porta do quarto fora fechada em um banque estridente, suas mãos tremiam e suas pupilas estavam dilatadas pelo medo, seus olhos estavam marejados e tremeluziam enquanto todos os seus receios passavam diante de seus olhos como que em um filme. Alissa encostara o corpo a porta e escorreu-se pela mesma até que ela se estivesse a apoiar em seus calcanhares. Suas mãos correram pela sua cabeleira negra como a noite, ao passo em que tentava acalmar seus batimentos cardíacos e seus pensamentos.

Suas mãos fecharam-se em punhos e sua dentição passou a torturar seu lábio inferior.

Como é que chegara a tal ponto?

Como é que ver-se-ia livre da alhada em que se metera?

Ela levantou-se do chão e começou a andar de um lado para o outro, enquanto seu cérebro buscava por uma solução para aquele problema.

Como é que ela resolveria o mesmo?

A quem iria recorrer se precisasse de ajuda?

P.O.V de Ian

Palácio de Limes – Corredores da Ala Sul

- Príncipe Ian, a sua agenda de amanhã não está tão preenchida quanto a de hoje, então talvez sua Alteza Real pudesse aproveitar para passar algum tempo com a Princesa e talvez...

Um suspiro fluíra por seus lábios, era sempre aquilo. Desde que regressara, era só aquilo que ouvia; as malditas sugestões do que fazer, como fazer e quando fazer para tornar seu casamento naquilo que toda a gente queria que fosse.

- Max... – interrompeu-o Ian. – Por favor, agora não. Estou exausto e já tive a minha dose diária de conselhos e sermões sobre o meu casamento.

- Talvez isso seja porque sua Alteza esteja a fazer algo de errado e...

- MAX!

- Certo. Já percebi que sua Alteza não quer falar sobre o assunto.

- Já devias ter percebido isso há imenso tempo, não? – indagou Ian com a expressão ligeiramente irritada.

Sua destra massageava seu pescoço, enquanto com passos lentos, ele seguia até seus aposentos com Maxmillian em seu encalce. Havia sido um dia cansativo e tudo o que seu corpo desejava, alias... clamava por, era um banho quente e relaxante, que relaxaria seus músculos doloridos e o faria dormir descansando. Porém só de pensar que ao entrar para o quarto corria o risco de ter outra discussão com Alissa, já sentia-se completamente desgastado, isto sem contar no facto de Maxmillian, tal como seu pai, estar a insistir-lhe que o mesmo devia passar mais tempo com a mesma. Se dependesse dele, ficaria em seu escritório até tão tarde quanto pudesse, até que seus olhos não mais aguentassem e seu corpo estivesse esgotado, no entanto, como já era de praxe, seu pai parecia querer frustrar seus planos, pois declarara, aliás, ordenara que todos estivessem presentes as 07:30 da noite, pontualmente, para que tivessem um jantar em família.

Uma parvoíce, ao ver de Ian. Mas que podia ele fazer se esse era o desejo do seu querido pai?

- Com o Príncipe nós só conseguimos as coisas vencendo-o pelo cansaço, de tão teimoso que a sua Alteza é. Então, quanto mais vezes nós falarmos a respeito, melhor.

- Foi o meu pai quem o disse isso, Max?

- Em verdade, fui eu quem disse isso ao seu pai, vossa Alteza.

- Vocês são todos uns idiotas! – rebateu Ian. – Por acaso também foste tu quem o deu a ideia de realizar esse maldito jantar em família?

- Não, isso foi algo que tanto ele como a sua mãe acharam necessário para que a nova Princesa se sinta bem recebida na família e que melhor se adapte a mesma.

- E vocês realmente acreditam que isso trará algum resultado naquele que é o modo como a Alissa sente-se depois de a Família Real inteira a ter obrigado a casar com alguém que ela mal conhece? – inquiriu Ian.

Um suspiro deixou os lábios do jovem Príncipe, e acelerou os passos deixando um Maxmillian intrigado para trás. No momento em que seus pés pararam diante da porta dos seus aposentos, ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e então girou a mesma abrindo a porta.

Que fosse o que Deus quisesse.

Ao abrir a porta dos seus aposentos, ele esperava por tudo. Mesmo tudo. Excepto por uma Alissa aflita a andar de um lado para o outro como se algo a atormentasse.

Com o semblante confuso e um tanto surpreso, Ian assistia a cena que se desenrolava ali.

Alissa andava de um lado para o outro, passava as mãos pelo cabelo, suspirava, e mordia o lábio inferior, isto quando não era o seu dedo indicador esquerdo a vítima da vez. E por mais que tentasse pensar em uma razão plausível para tal atitude por parte da mais nova, simplesmente nada lhe vinha a mente. Não conseguia entender a razão de tamanha aflição por parte da mesma. Algo com a sua família não havia sido, pois se o fosse, ele já o saberia. Com uma amiga? Talvez. As possibilidades eram inúmeras, todavia nenhuma delas parecia encaixar-se a tamanha aflição.

- Alissa? – chamou-a, porém era como se ele nada tivesse dito, pois a mesma continuava a andar de um lado para o outro alheia a sua presença ou a o que quer que fosse se não o que a preocupava.

Ian caminhou até onde ela estava, ou pelo menos até onde seria capaz de interceder sua caminhada e assim que ela estava suficientemente próxima dele, tocara-a no ombro, chamando sua atenção.

- Alissa?

A jovem princesa soltara uma exclamação assustada com o toque inesperado.

- Está tudo bem? – perguntou Ian analisando-a.

- Sim, eu estava... – Como se tivesse esquecido o que ia dizer, parou de falar franzindo o cenho e então abanou a cabeça negativamente, respirando fundo. – Sim, está tudo bem – respondeu sem a firmeza habitual em suas palavras e deu-o as costas. – Vou tomar um banho – anunciou e feito isto seguiu para o quarto.

O jovem Príncipe franzira o cenho intrigado com a atitude da mais nova, embora estivessem constantemente a trocar farpas, havia algo que o fazia sentir-se incomodado com a aflição de Alissa, e mesmo que ela não o dissesse o que se passava, havia uma parte de si que queria descobrir o que tanto a incomodava.

Palácio de Limes – Sala de Jantar

Quando o relógio marcara pontualmente dezanove horas e trinta minutos, já todos se encontravam na sala de jantar, sentados em seus respectivos lugares e prontos para tomar a refeição uns com os outros, isto exceptuando pela Princesa Dalilah que infelizmente não se fazia presente em Limerance.

O jantar começou a ser servido ao sinal de Leonora e como sempre, a mesa estava farta com um jantar digno de um manjar dos deuses, até porque não se esperaria menos de um jantar da realeza. O jantar decorria em meio a risadas pelas piadas lançadas por Adrian e vez a outra por Jeremy, assuntos do Reino, estes que eram abordados pelos três homens presentes na mesa até que Leonora os interrompesse dizendo que aquele não era o momento, nem o local adequado para falar-se de negócios e trabalho. Todavia embora todos estivessem relaxados, até mesmo Ian que de princípio achara a ideia do jantar uma parvoíce, naquele momento se divertia com a família, porém não se podia dizer o mesmo de Alissa, esta que parecia encontrar-se imersa em uma redoma onde só ela se encontrava e sempre que de soslaio, Ian para ela olhasse via-a alheia a tudo a sua volta tanto que nem sequer a comida parecia captar sua atenção.

- A construção do novo edifício do Hospital de Limes decorre lindamente, estou certo de que ele será inaugurado muito em breve para a alegria de todos. – A voz de Jeremy soou, ele estava deveras entusiasmado com tal projecto. Ele havia sido quem ajudara a organizar os projectos todos desde o início.

- Tu trabalhaste imenso para o mesmo, o povo sem dúvida alguma que ficara satisfeito com o mesmo – apontou Adrian. – Todavia com o crescimento do hospital, há necessidade de aumento do pessoal formado.

- Isso é o que me preocupa agora, principalmente nas áreas de Cirurgia e Cardiologia. Cá existem poucos médicos formados em tais áreas.

- Talvez a Alissa possa ajudar – sugeriu Leonora e os homens olharam para ela e depois para Alissa. – Não é mesmo, Alissa?

Em expectativa, todos olhavam para Alissa, porém a mesma sequer ouvira o que fora dito, seu olhar continuava baixo e sua mente alheia ao que ali se passava.

- Alissa? – chamou-a novamente a Rainha e em um sobressalto, Alissa olhara para a mesma, sem entender nada do que ali se passava e visivelmente envergonhada com a sua falta de atenção.

- Estou certo de que essa ideia em muito agrada a Alissa – interveio Ian. – Afinal, são as suas áreas de formação e para as quais ela tanto se esforçara para exercer da melhor forma possível.

Tal acção que salvara o couro da jovem princesa, surpreendera não só a ela própria, mas também a todos os outros que à mesa se encontravam. Diferente de Ian que como se o que tivesse acabado de fazer nada fosse, retomou a sua refeição indiferente a todo e qualquer olhar surpreso que a ele lhe fosse dirigido.

Afinal, ele não dissera nada que não fosse verdade.

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FELIZ ANO NOVO!!!

Olá Príncipes e Princesas!!!

Ok... Eu sei que levei imenso tempo a actualizar o capítulo desta vez, podem matar-me... rsrsrsrs

Mas e então? Como é que estão? 

Espero que tenham entrado bem para o novo ano e que o mesmo seja repleto de bênçãos, vitórias e sucessos para todos nós.

Agora digam-me...

O que é que acharam do capítulo? Será que o plano que a Alissa criara para escapar ao facto de não ter consumado o casamento será descoberto? A quem será que ela irá recorrer para pedir ajuda? 

E a atitude do Ian no jantar? Estranha, não é mesmo?

Bem, eu estou a dar em doida com tudo isto e vocês? O que é que vocês acham?

Coloquem todas as vossas cartas na mesa e comentem o que acham que irá acontecer nos próximos capítulos.

Bem, por hoje é tudo. E mais uma vez Feliz Ano Novo!!!

Até breve!

Beijos e abraços. Não se esqueçam de cuidar-se sempre e de sorrir, sorrir faz bem a saúde mental.

Atenciosamente,

Naira Tamo.

06.01.2020

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