Capítulo IV
Cᥲρίtᥙᥣo 4
Um pequeno sorriso adornava os lábios de Alissa, deixando suas feições mais delicadas e totalmente o oposto daquilo que ela realmente o era, sem dúvida alguma que a expressão de Ian diante daquela situação havia engrandecido um pouco mais o tamanho do seu ego, e diminuído o do mais velho.
- Bom dia – saudou Alissa e as aias fizeram-lhe uma vénia.
Ela nunca se iria habituar a tamanha formalidade.
Enquanto duas das quatro mulheres dirigiam-se a cama para tratar dos lençóis, as outras duas sem esperar pela aprovação da morena, levaram-na para a casa de banho, despiram-na e ajudaram-na a entrar na banheira. Em algum momento, Alissa sentiu seu coração bater descompassadamente, quando as mulheres a despiram. Temia que elas vissem o ferimento no interior de suas coxas e não só, havia também os hematomas que ela havia maquiado em sua clavícula e pescoço, que mesmo que a maquiagem usada fosse a prova de água, não podia evitar sentir-se receosa. Ao mesmo tempo em que uma das mulheres passava água em seu corpo, a outra cuidava do seu cabelo, colocava óleos e outras coisas as quais não conseguiu identificar e escovava-lhe o cabelo. Ah! E claro, elas também esfregavam óleos e ervas aromáticas no seu corpo.
Meia hora mais tarde Alissa deu por si, já fora da banheira, totalmente seca e com uma das mulheres a vestir-lhe o roupão. As mesmas levaram-na para o quarto, que já estava mais arrumado, os lençóis haviam sido trocados e a roupa que estava espalhada pelo chão, organizada, e Ian já não se encontrava lá. A jovem princesa pensou até em questionar a respeito do paradeiro do Príncipe, no entanto achou melhor não fazê-lo.
Depois de a vestirem um vestido branco, com um cinto preto e uma gola com o formato de um semicírculo, também preta, calçarem-na umas sabrinas pretas – o que a deixava muito confortável, dado que no dia anterior andara de um lado para o outro com sapatos com um salto de 15cm – e cuidarem-lhe do cabelo que estava cuidadosamente preso a um coque, as quatro mulheres informaram-lhe que Ian esperava-lhe na sala de jantar do palácio, tal como os restantes membros da família real para tomarem o pequeno-almoço juntos.
Dito isto, as aias foram-se embora deixando Alissa com a difícil missão de encontrar a sala de jantar naquele gigantesco labirinto que chamavam de Palácio.
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P.O.V de Ian
Palácio de Limes – Sala de Jantar
- Bom dia, Vossas Altezas. – A voz de Alissa soara pelo comodo, poucos segundos após um dos serviçais ter anunciado a sua presença no lado de fora da sala.
- Bom dia, Alissa, senta-te – respondeu o pai e apontou para a cadeira que havia ao lado de Ian.
De soslaio, Ian olhara para a jovem que acaba de entrar. Discretamente, seu olhar percorreu o corpo da mesma, analisando cada detalhe e parando algum tempo em sua clavícula e seu pescoço, exactamente nos locais onde até alguns minutos atrás ele vira marcas arroxeadas que com hematomas se pareciam. Sem se conseguir conter, Ian trincou o maxilar e então voltou a focar-se na comida que tinha no prato diante de si.
Após fazer mais uma vénia, com uma delicadeza incrível, Alissa sentou-se no local que lhe fora indicado pelo monarca e deixou que os serviçais a servissem.
- Então Alissa, o Ian já disse-te onde é que vão passar a vossa lua-de-mel? – perguntou Dalilah sem conseguir manter sua curiosidade apenas para si.
- Não, Princesa Dalilah, mas conhecendo-o como o faço, estou certa de que ele irá preferir surpreender-me – respondeu Alissa prontamente e com um sorriso que transmitia calmaria.
- Típico do meu Ian – comentou Leonora com um sorriso que deixava claro o orgulho que tinha do seu primogénito.
- E ele não deu-te sequer uma dica? – questionou Dalilah ainda curiosa.
- Não, ele não deu. – Sem hesitação, respondera a mais nova integrante da família.
- Dalilah deixa-a tomar pequeno-almoço em paz – disse a mãe.
- Está tudo bem, sua Alteza, eu não me importo em sanar as dúvidas da Princesa – confessou Alissa e Ian arqueou a sobrancelha esquerda e franziu os lábios.
Como podia ela ter personalidades tão diferentes quando estava com ele e quando estava com outras pessoas?
- A mãe já devia estar habituada as perguntas fora de hora da Dalilah – pronunciou-se Jeremy pela primeira vez desde que Alissa entrara na sala.
- Ela é uma princesa e deve comportar-se como tal, não como uma rapariga que anda por aí a falar pelos cotovelos.
- Será que já não é possível tomar um pequeno-almoço em paz nesse palácio? – perguntou Adrian e Ian soube de imediato que aquele era um sinal que demonstrava que a paciência do seu pai estava por um fio.
E de súbito todos ficaram em silêncio. Do canto do olho, o primogénito da família Parrik, olhou para Alissa, sua mente ainda tentava processar como é que ela conseguira livrar-se da enrascada em que se metera, de um modo tão subtil como o fizera. Involuntariamente, sua atenção fora presa pela mais nova, que realizava seus movimentos com tamanha delicadeza e sofisticação como se tivesse feito aquilo durante toda a sua vida. Era como se ela estivesse a dançar ao som do canto dos pássaros e do bater das palmeiras do jardim do palácio.
Ele ainda não estava ciente daquilo, mas a mulher que tinha do seu lado, era uma caixa de surpresas, a qual ele deleitar-se-ia ao descobrir cada uma delas.
Sua mente o levara até meses atrás quando Alissa regressara à Limerance e chamara a atenção de todos que a conheciam, e até mesmo a daqueles que não o faziam, após ter passado os últimos seis anos a cursar medicina e outros quatro a especializar-se em Cardiologia e Cirurgia Geral em Londres, totalizando dez longos anos nos quais ela estivera longe de casa. Tinha de confessar que sem dúvida alguma, fora uma surpresa e tanto, ver que a menina magricela, de cabelos negros como o carvão e um par de óculos fundo de garrafa, tornara-se numa linda mulher com as mais bem delineada e belas curvas que alguma vez vira.
Diante de toda aquela beleza e tranquilidade que a mesma parecia transmitir-lhe – desde que não estivessem a turra, isto é – talvez se eles se dessem melhor e não discutissem a cada vez que estivessem a sós no mesmo espaço, Alissa demonstrasse ter sido uma óptima escolha por parte dos seus pais, e dele próprio de mulher apropriada para desposar.
Ela fora a única para quem, após ver a infindável lista de pretendentes e as inúmeras fotos que as mesmas correspondiam, que Ian estivera totalmente de acordo com a sugestão dos pais e não hesitou em realizar a união, mesmo que a sugestão dele parecesse estar demasiado nas entrelinhas, tanto que sequer a colocara na lista.
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Flashback On:
Alguns meses atrás...
Ian acabava de sair de mais uma das tantas reuniões exaustivas que tinha com o seu pai e os Conselheiros do Reino em que o foco da mesma, era acompanhar o desenvolvimento ou então saber da situação do reino. Reuniões, estas as quais a sua presença era de extrema importância dado que em breve assumiria o trono e seria ele a liderar as mesmas. Um suspiro cansado deixara seus lábios quando ouvira a voz do seu pai chamá-lo. O que o fizera dar meia volta e regressar para a sua posição.
- Temos de falar a respeito...
- Já sei o que é que vais dizer, pai – interrompeu-o Ian. – Queres que eu pare de ter uma vida social... Como é que o pai diz mesmo? – perguntou-se ele e coçou o queixo como se estivesse a pensar em algo. – Boémia.
- Ainda bem que tocaste nesse ponto – disse Adrian. – Senta-te.
- Pronto, sentei-me – dissera após sentar-se. – Agora diz-me o que é que o senhor tem de tão importante para dizer-me sobre a minha vida boémia, que já não tenha dito antes?
- Tu não podes continuar a viver desse modo, como se para ti não houvessem regras e fosse tudo a base de libertinagem e vadiagem – disse Adrian. – Os escândalos que tens protagonizado na sociedade a cada vez que sais para os teus ditos passeios nocturnos, estão cada vez mais frequentes e esse não é um comportamento para quem se vai tornar Rei.
- Não é como se isso fosse acontecer tão já – resmungou Ian, mais para si do que para o pai, mas tinha a sensação de que falara mais alto do que pretendia.
- O quê? – perguntou Adrian, confirmando o que Ian já supunha.
- O pai está aqui e goza de boa saúde, então não vejo como o trono ficar vago durante pelo menos os próximos cinco anos.
- Ian tenta perceber algo – começou Adrian. – Desde que te dás por gente eu tento explicar-te isto, mas penso que tu ainda não o percebeste. A vida de um sucessor ao trono, principalmente, a do Príncipe é totalmente diferente da vida dos outros príncipes ou dos demais homens. Sua preparação para o trono inicia desde o momento que nasce e as regras da realeza são algo que devem ser seguidas até mesmo de olhos fechados, para que o povo não tenha dúvidas a respeito da sua liderança quando chegar o momento de assumir o trono – disse ele. – Isto foi um breve lembrete de tudo aquilo que eu já te venho a dizer desde que começaste a dar os primeiros passos, portanto, a vida boémia que levas a trocar de mulheres a cada noite e a protagonizar escândalos tem de parar. Entendes?
- Perfeitamente – respondeu Ian firmemente.
- Ainda não penso que tenhas percebido, por essa razão, eu e a tua mãe decidimos tomar medidas.
- Que medidas? – perguntou Ian em alerta.
- Daqui a um mês irás celebrar o teu trigésimo aniversário, certo? – Perguntou e Ian assentiu – conforme manda a tradição, a esta altura já devias ter uma esposa, ou pelo menos estar a procurar por uma.
- Não, esse assunto de novo, não – negou Ian e ia a levantar-se.
- Eu e a tua mãe concordamos que está mais do que na altura de deixares para trás a vida boémia que levas e finalmente assentar.
- E isso o que é que isso quer dizer?
- Que vais casar-te.
Flashback Off...
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Casar-se não estava em seus planos e muito menos casar-se com Alissa Jory, ou com quem quer que fosse a mulher. Gostava de ser um solteirão e não ter de dar explicações a ninguém sobre o que fazia, ou sobre a sua vida, mas o facto de ser um príncipe, principalmente, sendo ele príncipe herdeiro tornava difícil fazer tudo aquilo que desejava, e ser um príncipe casado tornava tudo isso ainda mais difícil.
A um dando momento a família real terminou o pequeno-almoço e retirou-se, mas Alissa e Ian ainda não haviam terminado, então continuaram na sala.
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Olá Príncipes e Princesas!!!
Como é que estão?
Desta vez não levei assim tanto tempo para voltar, não é mesmo? Mas e então? O que é que acharam do capítulo? Gostaram do mesmo?
Nele tivemos uma breve retrospectiva de como o Ian ficara a saber que se ia casar e não foi uma forma muito agradável, não é mesmo?!
Comentem tanto quanto puderem, a sério, eu amo ler os vossos comentários e saber o que pensam a respeito da história, lê-los faz-me bem e melhora imenso o meu dia, sem contar que isso deixa-me a saber as vossas opiniões.
Beijos e abraços bem gostosos para vocês.
Até breve, até lá não se esqueçam de cuidarem-se e alimentarem-se como deve ser.
Atenciosamente,
Naira Tamo.
05.08.2019
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