Prólogo
- O que pensa que está fazendo? – disse Judith, surpreendendo a sua irmã mais nova, Clarisse.
- Não podia deixa-lo – disse Clarisse, como se aquelas palavras explicasse tudo. – simplesmente não podia.
- Como pôde? – falou Judith aos berros – você havia prometido.
- Não fiz nada disso – falou Clarisse afastando- se da irmã e caminhando até um embrulho muito grande que se encontrava mais adiante. Judith manteve-se em silêncio.
- Está sendo irresponsável Clarisse – falou Judith por fim.
- Fiz o que me disse para fazer – sussurrou Clarisse meio amarga – deixei-o partir, tudo o que eu conhecia fora destruído ...
- Porque ele destruiu – interrompeu-a Judith
- Não – falou entre dentes –não, você nos destruiu...você e o seu ciúme egoísta.
Judith não soube como reagir, nunca imaginou que sua irmã soubesse o que se passava em sua mente, e muito menos no seu coração.
- Você nos destruiu – Continuou Clarisse agora chorando. – fez o que pode, até não restar nada. Eu não podia deixar sua ultima lembrança para trás.
- Isso não é verdade – falou Judith olhando a barriga de 5 meses de Clarisse. Nesse instante Clarisse percebeu que sua irmã tinha razão, um filho seria uma lembrança maravilhosa e muito mais duradoura, mas se pegou olhando para o enorme embrulho onde havia deixado seu espelho, e sorriu.
- Seu nome será Anne – disse Clarisse para ninguém em especial.
- Não sabia que era uma menina – respondeu Judith.
- Não tenho certeza, mas sinto que será – retrucou.
Clarisse saiu do quarto e seguiu descendo as escadas. Judith caminhou até a porta e a trancou, depois seguiu até o grande espelho, desamarrado as cordas e retirando os tecidos que o cobriam, e o encarou.
Não conseguia ver nada além do seu reflexo, mas soube, podia sentir que ele ainda está ali.
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- Mamãe. Mamãe! – uma voz me chamava. Fui acordando lentamente ate perceber que a Sarah estava a me chamar. – Ele está ali – continuou ela.
- Quem querida? – perguntei-lhe em meio a um bocejo.
- Ele mamãe. – disse ela apontando em direção à porta do quarto.
A porta aparentemente estava vazia, pisquei por alguns segundos tentando enxergar através do vazio, e quando abri os olhos pela ultima vez lá estava ele sorrindo pra mim.
Sarah abriu um largo sorriso e correu em direção à porta, ele abriu os braços envolvendo-a em um forte abraço.
- Ele está aqui. – disse ela ainda sorrindo.
Pisquei mais algumas vezes, agora tentando ver através das lagrimas que enchiam meus olhos cegando-me. Pude ver que a Sarah continuava sorrindo envolvida nos seus braços, ela parecia tão feliz, como nunca havia estado desde que fiquei doente.
Aquela imagem que se formou bem diante dos meus olhos me fez voltar ao passado. Eu via a Sarah e enxergava a mim mesma em um passado distante, ela ainda sorria, era apenas uma criança feliz, uma criança que um dia eu havia sido.
Fixei meu olhar na imagem do rapaz que continuava a abraçar a minha filha, aqueles olhos eram os mesmos que haviam me guardado por tanto tempo, lembrei-me. Aqueles lábios eram os mesmos pelo qual saíram as mais belas palavras, e aquele rosto... Ah aquele rosto, parecia o mesmo pelo qual um dia eu havia me apaixonado louca e perdidamente.
Por um instante me senti puxada para longe, longe de tudo que um dia considerei real. Fechei os olhos me deixando ser levada para longe daquele mundo e quando tornei a abri-los, eu não estava mais ali.
Eu estava de volta ao passado... De volta aonde tudo começou.
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