Conselho Inesperado

Alguns dias depois...
05 de abril de 2016


Hinata acordou e de olhos fechado tateou a cama à procura de um loiro gostoso. Porém a cama estava vazia o que não acontecia desde terça-feira. Ela sentou-se e procurou algum bilhete.

Em cima do criado-mudo encontrou o recado sem o prato de lamen dessa vez.

Sasuke chegou enquanto nós dormíamos. Vi as malas quando fui na cozinha beber água. Vou embora antes que ele me veja. Te espero na Uzumaki Co. para almoçamos juntos.

PS: Você é mais bonita dormindo do que a Bela Adormecida.

O doce elogio não acalentou o coração de Hinata. Ela leu as primeiras frases novamente enquanto a dúvida assolava seu coração. Naruto não queria que Sasuke soubesse sobre eles? Por quê?

Apesar da timidez, ela mal conseguira esperar quarta-feira para contar a Sakura sobre o que acontecera. Depois Ino arrancara ainda mais detalhes da noite deles. Com o rosto vermelho escondido atrás de uma das almofadas da sala contara como tudo tinha sido perfeito.

Conversara até mesmo com Neji quando o primo aparecera naquela tarde de quarta-feira com ordens de Hiashi Hyuuga para levá-la de volta para a fazenda.

Um pequeno sorriso surgiu ao lembrar-se disso. Neji aparecera na cobertura e Hinata o olhara sentindo-se mal por Tenten até observar o estado do primo. Ele estava com um roxo no pescoço, os lábios inchados e a roupa amarrotada. O cabelo que ele cuidava tão bem estava meio bagunçado. Hinata tinha rido e ele questionara mal-humorado qual era a graça.

– Que bom que você fez as pazes com a Tenten. Estava me sentindo culpada por ela ter saído tão arrasada do aniversário de Sakura.

– Como sabe que eu fiz as pazes com ela?

– Você ainda não se olhou no espelho?

Neji correra até o banheiro e praguejou.

– No elevador ou no carro? – Hinata perguntara rindo.

– Não é da sua conta! – ele respondera de dentro do banheiro

Minutos depois, ele voltara para a sala mais apresentável, mas Hinata ainda o olhava bem-humorada.

– Não vou voltar para a fazenda – afirmara antes mesmo que ele abrisse a boca. – E tenho certeza que você também não quer voltar por enquanto.

– Hinata...

– Eu estou apaixonada, Neji-Niisan. E tenho certeza de que você também está.

– Como pode saber?

– Sei que otosan mandou você vir atrás de mim. Se você não a amasse, você não teria ido atrás dela primeiro. Teria vindo cumprir o desejo de Otosan antes e depois resolveria as coisas entre vocês.

Neji olhou surpreso para Hinata. Onde estava aquela garota tímida e submissa que saíra da fazenda?

– Diga a Otosan que ficarei os trinta dias aqui e você me fará companhia. Você poderá aproveitar esse tempo com a Tenten.

– Quem é esse cara?

– O nome dele é Naruto e ele é o melhor amigo de Sasuke-kun. É só isso que você precisa saber, por enquanto.

– Hinata, um homem que não tem interesse em conhecer a família de uma mulher não quer nada sério com ela.

– Você já conheceu a família de Tenten?

Neji ficou em silêncio e Hinata soube que não.

Por fim, Neji suspirara e confessara que amava Tenten e queria ficar mais tempo com ela. E mesmo achando que não era uma boa ideia para Hinata concordava com o plano da prima.

Neji voltara para a casa da namorada e Hinata passou aquela semana curtindo a companhia das amigas durante o dia e aproveitando a presença de Naruto durante a noite.

Porém a chegada de Sasuke murchou um pouco seu balãozinho da felicidade.

Depois de se arrumar saiu e encontrou o primo na cozinha tomando café da manhã. Hinata o cumprimentou e perguntou sobre a viagem.

– Foi tudo bem. Voltei ontem porque aproveitei para ir a Ame me reunir com uma empresa chamada Akatsuki, mas não gostei da proposta deles. Desculpe por não avisar.

– Sem problemas. Então não valeu a pena viajar?

– Pelo contrário. Acho que vamos fechar uma parceria com a Petrolífera no Sabaku, mas as negociações devem ocorrer por mais um mês ou dois antes de fecharmos qualquer acordo. Eles são ótimos negociantes, mas um novo presidente foi nomeado semana passada. É melhor ser cauteloso nessas horas.

– Espero que dê tudo certo.

– Arigato – Sasuke agradeceu antes de sair.

Sakura chegou uma hora depois e encontrou Hinata ainda ali com o olhar perdido imersa em seus pensamentos.

– Ohayo, Hinata. Está tudo bem?

– Hai.

– Por que será que eu não acredito em você? – Sakura perguntou sentando-se em frente ela.

Hinata suspirou.

– Espere – então foi até o quarto e voltou com o bilhete.

Sakura leu e analisou Hinata.

– Está preocupada porque Naruto não queria que Sasuke o visse aqui? – Hinata assentiu. Sakura pensou então perguntou: – Como Sasuke reagiria se visse Naruto aqui?

– Ele se parece muito com Neji-Niisan, mas não sei... Tenho certeza de que Neji-Niisan daria um murro nele. Mas Naruto é o melhor amigo de Sasuke-kun. Ele poderia tanto ignorar quanto esmurrar o amigo.

– Hum... eu acho que Naruto conhece o amigo e apenas queria evitar uma cena, Hinata. Você é muito tímida e isso teria constrangido muito você.

Um sorriso lento começou a se formar com as palavras de Sakura. Realmente ficaria constrangida e Naruto sabia disso. Porém sua esperança foi murchando aos poucos quando Sakura continuou:

– Eu vejo a forma como ele olha pra para você e sei que você é especial para ele. Mas Naruto é um playboy, Hinata. Você não é a primeira e nem será a última mulher a se interessar por ele. Querendo ou não ele conquista as pessoas. E não duvido que ele tenha aproveitado essa popularidade com as mulheres. Temo que ele possa não reconhecer a garota certa para ele. E isso me preocupa. Não quero que você sofra. – Sakura afirmou segurando na mão de Hinata.

– Eu... eu também não quero sofrer...

Sakura levantou-se e a abraçou.

– Ei, eu posso estar errada. A única coisa da qual tenho certeza é que você é a garota certa para Naruto. Logo ele vai perceber isso.

Hinata suspirou. Seria mesmo?

Três horas depois, Juugo parou o carro em frente à Uzumaki Co. e Hinata desceu ainda hesitante. Ela queria cancelar o almoço, mas Sakura conseguira convencê-la de que deveria conversar sinceramente com ele e perguntar sobre o bilhete.

Hinata respirou fundo e entrou no prédio. Não tinha certeza se conseguiria perguntar, mas era melhor do que a dúvida que a consumia, decidiu enquanto apertava o andar que lhe indicaram. Ela desceu no andar da presidência e observou o local. Era bem diferente do lugar que pensara. Era muito sério e elegante. Não parecia nem um pouco alegre ou extravagante como imaginara.

Aproximou-se da mesa que havia próximo à sala da presidência e fitou a senhora sentada ali perguntando-se se aquela mulher era realmente a secretária. Ela não tinha idade prata trabalhar. Deveria estar em cada descansando, pensou com pena.

– Ohayo.

– Ohayo. Posso ajudá-la?

– Hai – Hinata sorriu com doçura. – Meu nome é Hinata Hyuuga e Naruto está me esperando.

– Naruto? – Alguém perguntou em tom de deboche e Hinata virou-se para a mulher elegante que falara. – Quem essa garotinha pensa que é para falar com Naruto-san com tanta intimidade, Chyio-san? – a mulher olhou Hinata dos pés a cabeça e então colocou um dedo no queixo – Aposto que é uma dessas idiotas que acham que vão conquistar Naruto-san. – Ela riu – Naruto-san precisa de alguém elegante e sofisticada ao seu lado, não uma mosca-morta brega como você, querida.

A mulher riu mais uma vez e entrou confiante na sala da presidência. E Chyio observou a jovem à sua frente.

– Shion-san é uma cobra venenosa, mas ela não está completamente errada, querida. Eu trabalho para os Uzumaki desde que mudei de Suna porque meu neto estava dando muito trabalho lá. Agora felizmente ele está em Ame, mas isso não vem ao caso. – disse fazendo um gesto com a mão. – Eu conheço Naruto-kun desde bebê. Sei que Kushina-sama fez muita falta para ele e ser criado pelo pervertido do Jiraya-san não ajudou em nada. Aquele garoto troca de mulher como troca de roupa procurando algo que nunca encontrará desse jeito. Você parece ser uma boa garota. Por isso, aconselho você a não se apegar muito a ele. Aproveite o momento, mas não envolva o coração nisso. Dor de amor são as mais dolorosas.

Hinata piscou tentando segurar as lágrimas. Então a porta abriu de repente e Naruto saiu com um sorriso deslumbrante no rosto.

– Oi, Hinata. Só agora Shion me disse que você chegou. Desculpe a demora – disse abraçando a morena com força e cheirando seus cabelos. – Já disse que amo seu cheiro? Vamos? Estou morrendo de fome, dattebayo! Vamos no Ichiraku? Assim você pode experimentar outros sabores de lamen.

Naruto levou Hinata sem perceber o espanto de Shion e Chyio. Shion saiu furiosa, mas Chyio continuava estática olhando para o lugar onde o casal estava há poucos minutos.

Kami, o que eu fiz?, pensou sentindo-se culpada. Realmente acreditara que Hinata fosse apenas mais uma das conquistas do patrão, mas vendo-os juntos percebeu o quanto estava errada. Afinal vira neles a mesma luz que via em Kushina e Minato. A luz que brilha quando almas gêmeas se encontram.

Enquanto iam até o restaurante, Naruto falava sem parar sobre diversos assuntos e Hinata apenas ouvia. Ou melhor, fingia que ouvia. Sua mente estava tomada com todas as dúvidas que sentia desde de que vira aquele bilhete em cima do criado-mudo.

Estava tudo tão bem. Como de repente todo se transformara nesse caos?

Hinata sentia que sufocaria a qualquer momento.

– Está tudo bem? – Naruto perguntou quando sentaram-se.

Hinata abriu a boca para colocá-lo contra a parede e perguntar o que significava para ele, mas as palavras não saíam. Temia sua resposta. Temia que ele achasse que estava pressionando-o.

– Estou bem. Vou ao banheiro – disse levantando-se.

Quando chegou ao banheiro, Hinata lavou o rosto e olhou-se no espelho. Por que tinha que ser tão fraca? Qual era a dificuldade em perguntar o que ele sentia? Cadê a mulher corajosa que enfrentara Hiashi Hyuuga e Neji por algo que queria?

Hinata fechou os olhos. Não conseguiria ficar com essa dúvida. Tinha que saber. Mesmo que não gostasse da resposta, a certeza era sempre melhor do que a dúvida.

Ela saiu decidida do banheiro disposta a confessar seu amor e questionar os sentimentos dele. Porém estacou na porta do banheiro ao ver aquela cena.

Naruto estava abraçando uma ruiva. Os dois riram quando se soltaram. Então ela sussurrou algo no ouvido dele que assentiu ainda sorrindo e pegou o papel que ela lhe entregava.

Hinata não conseguiu ver mais nada. Conseguiu segurar as lágrimas até sair do restaurante, mas assim que afastou-se um choro compulsivo a dominou. A vontade que tinha de deitar em posição fetal a fez chamar um táxi e voltar para a cobertura. Seu choro era tão doloroso que o taxista perguntou se alguém tinha morrido.

– Meu amor – dissera entre soluços.

Hinata entrou no apartamento e foi direto para o quarto. Porém não deitou como gostaria de fazer. Chorar não resolveria nada. Pegou a mala e começou a jogar suas coisas dentro.

– Hinata?

Mas Hinata não respondeu nem interrompeu o que fazia. Sabia que desabaria a qualquer momento. Felizmente Sakura respeitou o silêncio dela e, imaginando o que poderia ter acontecido, ajudou Hinata a arrumar as malas. Quando terminaram, Sakura a abraçou e perguntou:

– O que houve?

Hinata apenas balançou a cabeça e chorou mais. Por fim disse:

– Por que, Sakura? Eu não era feliz, mas eu não sabia. Eu estava conformada com minha vida. Eu estava bem com o que eu tinha. Não sentia falta do que nunca tive. Então por quê? Por que ele me fez desejar algo que eu nunca vou ter? Por que ele me fez alcançar a lua apenas para sentir o baque da queda? Por que Naruto me fez apaixonar por ele se não era isso o que ele queria?

Sakura a abraçou mais forte.

– Sinto muito, amiga. Vou sentir sua falta!

Mais lágrimas escorreram pelo rosto dela.

– Eu também, Sakura. Mas não posso ficar.

Então Hinata se afastou e procurou o celular. Chamou um táxi e pegou as malas.

– Vou pedir para Neji-niisan buscar o restante.

– Vou deixar tudo arrumado. Não se preocupe.

– Arigato. Dê um abraço na Ino por mim e diga-lhe que foi um prazer conhecê-la e que sentirei saudades.

O interfone tocou e Hinata abraçou Sakura.

– Nunca esquecerei vocês duas. Sayonara.

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