Capítulo 61

Estendo minha mão na direção das minhas amigas, que começam a pular de felicidade ao verem o anel de noivado. Heloísa não perde tempo: aponta sua câmera para a minha mão e começa a tirar fotos sem parar. Solto uma risada quando ela pede que eu fique com a mão estendida, exibindo o anel como se fosse um troféu, enquanto ela continua registrando cada detalhe.  

— VAI CASAR! — Elisa grita, batendo palmas com tanto entusiasmo que contagia a todos. Não consigo segurar a risada ao ver sua empolgação exagerada. — Vai ser tão lindo!  

— Aurora, você vai ser a noiva mais linda de Nova Iorque! — Zoe segura meu rosto com carinho entre as mãos e deposita um beijo na minha testa.  

— Preciso da ajuda de vocês para escolher tudo. Então, se preparem, fadinhas! — Estalo os dedos e vejo todas pularem animadas como crianças que acabaram de receber uma notícia incrível.  

— Já estou preparadíssima! — Zoe faz uma dancinha engraçada, mexendo os ombros, e não consigo evitar erguer as mãos no ar para acompanhá-la.  

— É tão bom te ver assim — comenta Olívia, apontando para mim enquanto sorri. — Feliz e animada com o casamento.  

— Concordo — Heloísa abaixa a câmera, agora sorrindo também. — Mas, espera... O Matteo disse que vocês vão ter cinco filhos. Isso é verdade?  

— Não mesmo! — respondo rápido, quase indignada, o que faz Melinda cair na gargalhada. — Essa ideia maluca é coisa do Matteo! Ele não tira isso da cabeça por nada!  

— Ele é teimoso demais, aquele idiota — comenta Betina, despreocupada, enquanto estica as pernas na mesinha de centro do meu apartamento. — Mas, no final, aposto que você vai acabar cedendo.  

— Nem pensar! — retruco, levantando e começando a andar de um lado para o outro. — Eu não vou ter cinco filhos. Jamais! — Cruzei os braços, e Elisa estalou os dedos como se tivesse uma ideia brilhante.  

— Eu, por exemplo, não quero ter nenhum. Crianças são insuportáveis, sempre chorando e fazendo birra. — Apesar de fofa em vários sentidos, Elisa não esconde seu desdém por crianças.  

— Credo, Elisa, que coisa feia de se dizer! — Melinda repreende, dando um leve tapa no braço da irmã, que revira os olhos. — Eu ainda não sei se quero ter filhos.  

— Eu quero muito! — Zoe suspira, apoiando o rosto entre as mãos, com os olhos brilhando. — Quero uma menina. Vamos usar roupas combinando, e ela vai ser a coisinha mais linda do mundo!  

— A filha da Zoe vai ser como uma boneca — Betina comenta, e todas nós concordamos em meio a risos. É impossível não imaginar Zoe usando a filha como um pequeno manequim de luxo.

— Aurora, você tem vinho? — Heloísa olha para mim com os olhos brilhando de expectativa e pergunta.  

— Sim, na geladeira — Respondo, estalando os dedos em animação. — Vai lá buscar gostosa — Dou um sorriso, já sabendo o que vem a seguir.

Ela levanta e dá uma voltinha rapida e vai até a cozinha. Não demora muito para que, da cozinha, ouçamos sua voz gritar animada.

— Me ajudem aqui! Onde estão as taças? — Me levanto do sofá e caminho até a cozinha. 

Encontro Heloísa debruçada sobre a mesa, com a garrafa de vinho nas mãos, olhando para o saca-rolha como se fosse um enigma impossível de resolver.  

— Aqui estão as taças! — Digo, pegando algumas do armário. — Agora, vamos ver o que você está aprontando com esse vinho.  

— Gente, eu juro que sei abrir garrafas de vinho... pelo menos deveria saber! — Ela tenta girar o saca-rolha, mas ele não se move. 

— Eu não acredito nisso! — Betina dá uma risada alta ao entrar na cozinha. — Está olhando para o saca-rolha como uma psicopata. 

— Vai com calma, Helô, talvez o saca-rolha esteja com medo de você! — Elisa grita da sala, rindo.  

Heloísa não se abala e, com a garrafa em uma mão e o saca-rolha na outra, começa a fazer movimentos cada vez mais desajeitados.  

— Esse maldito saca-rolha não me obedece! — Ela dá um pulo, tentando pressionar o saca-rolha com mais força, mas ele parece não querer sair de onde está.  

— Helô, talvez seja o momento de pedir ajuda a alguém mais experiente... Como eu, que abro vinho com um simples olhar! — Olívia brinca, passando pela cozinha e acenando sarcasticamente.  

— Ah, sim! Você e suas "habilidades mágicas", Olívia! — Heloísa ironiza, sem perder a tentativa frustrada.  

Eu e as outras meninas nos aproximamos, já não conseguindo segurar as gargalhadas.  

— Helô, deixa eu tentar! — Me ofereço, rindo.  

Ela finalmente se rende, e com um suspiro de derrota, me passa a garrafa. No primeiro giro, o saca-rolha entra facilmente.  

— Viu só? Era só não forçar tanto — digo com um sorriso vitorioso. Helô entreabre a boca e saí da cozinha xingando o saca-rolha.

Entreolho com Olívia e Betina e damos risada da nossa amiga que criou uma guerra com um objeto. Voltamos a sala e a Helô está sentada no colo da Elisa.

— Eu vou mudar de profissão. "Sommelier de vinho" definitivamente não é para mim. — Ela dá uma risada nervosa, olhando para nós.  

Distribuo as taças para todas, e logo estamos todas com as taças cheias, rindo da situação. Heloísa se acomoda na poltrona, segura a garrafa de vinho com uma das mãos e o saca-rolha com a outra, parecendo decidida a não deixar ninguém mais tocar nela.  

— Agora, cada uma toma a sua taça e agradece pela Aurora ter desbravado o mundo do vinho! — Ela faz uma pose, e todas brindamos.  

— E a você também — Betina aponta para a Helô com um sorriso sapeca — Por ter sido a primeira a quase perder uma batalha para uma garrafa! — Betina solta, e as risadas preenchem o ambiente.

— Porra — solta Helô entre risadas — Estar com minhas amigas é sempre uma experiência única, como uma terapia coletiva. Uma terapia meio maluca, é verdade, mas ainda assim uma terapia.

O tempo passa rápido enquanto as risadas preenchem o apartamento. Uma hora depois, já perto do horário de almoço, decidimos pedir comida pelo delivery.  

— Comida a caminho! — Zoe avisa animada, ao confirmar o pedido pelo celular.  

— Graças a Deus, estou faminta — Melinda ergue as mãos para o céu e rapidamente volta a tomar seu vinho.

Pouco tempo depois, alguém bate à porta. Franzo o cenho, estranhando. O porteiro sempre interfona antes de deixar alguém subir.  

— Quem será? — murmuro, levantando-me com a taça de vinho na mão. Elisa me segue de perto, curiosa, enquanto caminho até a porta.  

— Será que já é o almoço? — Elisa pergunta com a voz coberta de esperança. Assim que abro, dou de cara com Matteo, Caio e Daniel.  

— Olha só quem chegou! — solto, surpresa e animada. Matteo não perde tempo. Ele avança na minha direção e me puxa para um beijo intenso e rápido, afastando-se apenas o suficiente para murmurar. 

— Você está linda — Dou uma risada enquanto aliso seu rosto carinhosamente.

— Você também está lindo — Enquanto isso, Caio se aproxima de Elisa, puxando-a para um abraço apertado e, em seguida, a erguendo do chão, distribuindo vários selinhos nela enquanto Elisa gargalha, claramente sem graça, mas adorando.  

Eu e Matteo continuamos a nos beijar, ignorando os olhares ao nosso redor, até que Olívia grita.

— PELO AMOR DE DEUS, CASAL FOGO NO RABO! PAREM DE SE BEIJAR NA NOSSA FRENTE! — Matteo e eu nos afastamos, rindo, enquanto ele pega minha taça de vinho para segurar. Me aproximo do Daniel e o puxo gentilmente para dentro do apartamento.  

— Entre, fique à vontade, Daniel. Aceita uma taça de vinho? — Ele abre um sorriso descontraído.  

— Obrigado, eu aceito... até duas! — As meninas caem na risada, e Melinda se aproxima para cumprimentá-lo.  

— Finalmente uns convidados de verdade, porque essas aqui já estavam enchendo demais! — brinca, apontando para nós com a taça na mão.  

Cumprimentos se espalham entre os meninos e as meninas, enquanto o apartamento ganha um ar ainda mais animado.

— O palhaço não veio? — Olívia pergunta com desdém, cruzando os braços e olhando de canto para Caio.  

Ele ri e coloca as mãos na cintura, claramente achando graça da provocação.  

— Tá preocupada com o "palhaço", Olívia? — Ele rebate, arqueando as sobrancelhas.  

Ela abre a boca para responder, mas logo fecha, repetindo o gesto algumas vezes, como se buscasse a resposta perfeita.  

— Parece que sim — Caio provoca, com um sorriso debochado.  

— Cala a boca, loiro do mal! — Olívia retruca, sem paciência.  

Matteo se senta no sofá, observa a cena rindo baixo antes de estender a mão para mim. Aceito o convite e me sento no colo dele, encaixando-me como se aquele fosse meu lugar.  

— Estão bebendo desde que horas? — ele pergunta, apontando com o queixo para as taças espalhadas pela mesa.  

— Hm… — penso por um momento, olhando para Zoe, que dá de ombros. — Desde uma hora atrás.  

Matteo olha para o relógio no pulso, franze a testa e ergue as sobrancelhas.  

— Desde as dez da manhã? — Faço que sim com a cabeça, e ele solta um suspiro, balançando a cabeça em negação. — Ok, já vou avisando, se organizarem uma despedida de solteiro para mim, deixo claro desde já que não tenho nada a ver com os preparativos.  

— Escuta aqui, Matteo — começo, apontando um dedo na direção dele. — Se eu souber que tem stripper, eu arranco o seu pau fora. Depois, te mato.  

Matteo me olha por um segundo, claramente tentando segurar a risada, antes de pegar minha mão e beijar o dorso com carinho.  

— Amor, você me assusta de verdade — Reviro os olhos, mas não consigo conter o sorriso. Passo os dedos pelo cabelo dele, bagunçando de propósito.

— Aurora! Vai pegar as taças para os meninos! — Zoe bate palmas e me levanta a contragosto. — Ela desdenha dos convidados.  

— Zoe parece uma mãe maluca — comento, e Matteo se levanta do sofá ao meu lado. — Ela é tão tóxica, moreno.  

— Eu estou ouvindo, mocinha! — A voz de Zoe reverbera pela sala, arrancando risadas de mim e dos outros.  

Seguro na mão de Matteo e o puxo para a cozinha, nos afastando do grupo que continua conversando e rindo alto.  

— Onde estava? — pergunto enquanto abro o armário para pegar as taças. Matteo já está ao meu lado, retirando algumas. — Te mandei duas mensagens e você não respondeu.  

— Desculpe, linda. — Ele suspira, pegando três taças e colocando-as sobre a bancada. — Estava ajudando o Daniel com uns negócios. Ele vai embora logo após o nosso casamento e não volta tão cedo.  

— Onde ele mora? — Franzo a testa ao ouvir isso, pegando mais duas taças da mão dele.

— Escócia — responde com naturalidade, enquanto me aproximo, apoiando as mãos nos seus ombros — Por que você está me olhando assim? — ele pergunta, com um sorriso torto. — Parece que está tramando alguma coisa, hein?  

— Estou olhando normal, moreno. — Dou de ombros, mas fico na ponta dos pés, aproximando nossos rostos. Matteo cede e me dá um selinho rápido, deixando o clima entre nós ainda mais carregado.  

— Eu sei o que você está querendo, mas agora não dá — ele sussurra, apertando minha cintura e, com a outra mão, segurando minha bunda. Deixo um beijo no pescoço dele, provocando. — Não faz isso, linda. — Sua voz sai baixa, quase um rosnado, mas um sorriso brinca no canto dos seus lábios.  

Por um instante, ficamos assim, entre brincadeiras e provocações silenciosas, até que as risadas vindas da sala nos chamam de volta à realidade.  

— Melhor voltarmos antes que a Zoe venha nos buscar aos gritos. — Pego as taças e sigo para a porta, sentindo o olhar de Matteo em mim.  

— Você é impossível, sabia? — Ele murmura atrás de mim, pegando o restante das taças.  

O som do interfone ecoa pela sala, interrompendo o burburinho. Olívia caminha até ele com passos ligeiros e atende. 

— O almoço chegou! — Depois de alguns segundos, apoia o aparelho no suporte, bate palmas animada e anuncia.

— Graças a Deus, eu estou faminta, nesse caralho! — Melinda levanta os braços e solta um gritinho.

Não consigo segurar a risada. Olhando ao redor, percebo que todas nós, estamos começando a sentir os efeitos do álcool. Olívia pega sua bolsa e tira o cartão com um sorriso decidido.  

— Eu vou buscar na recepção, e desta vez eu pago.  

— Meu Deus, eu preciso de mais vinho! — Betina segura sua taça, balançando-a como se fosse um troféu.

— Tem mais no armário, cunhada. Aproveita e coloca mais duas garrafas na geladeira — Estalo os dedos, chamando sua atenção

— Você tem uma adega? — Daniel franze o cenho, curioso. 

Dou uma risada rápida enquanto me ajeito no colo do Matteo, sentindo suas mãos firmes na minha cintura.  

— Não, mas o vinho estava na promoção e comprei umas doze garrafas.  

O riso explode na sala. Até Olívia, que já está a caminho da porta, se junta à nossa risada antes de sair para buscar o almoço. Matteo se inclina, deixando um beijo leve na minha bochecha enquanto me abraça mais apertado.  

— Pega leve na bebida, Betina — Caio comenta, mas sua tentativa de parecer sério é desastrosa, ainda mais com seu rosto ficando vermelho.   

— Eu pego leve, irmão. O álcool é que não pega — Betina vira para ele, com um sorriso petulante.  

Zoe se engasga na própria risada, enquanto Betina sai da sala, praticamente saltitando em direção à cozinha. Elisa, ao lado de Caio, acaricia seus cabelos, e sua expressão divertida só piora o embaraço dele.  

— Eu devia ter comprado algumas garrafas na promoção — Elisa diz, pensativa.    

— Mas nós compramos, sua doida! — Melinda arqueia as sobrancelhas e gesticula exageradamente. 

— Para estoque, Melinda! — Elisa rebate, e todas nós caímos na gargalhada de novo.  

— Hoje é dia de ficarmos bêbados! — Melinda se levanta de repente e começa a fazer uma dancinha engraçada, arrancando risadas da sala.  

Daniel a observa de uma forma impossível de descrever, Melinda não deixa passar. Ela aponta para ele, rebolando de forma despretensiosa. — Você também vai, senhor Salles!  

— E… eu vou mesmo. — Daniel murmura, e em seguida engole em seco.  

Troco um olhar cúmplice com Zoe, que leva a mão à boca tentando, sem sucesso, segurar o riso.

A porta se abre de repente, batendo contra a parede com força, e Olívia entra marchando como um furacão. Atrás dela, Gael surge carregado de sacolas, rindo alto.  

— O que aconteceu? — Caio pergunta, franzindo o cenho enquanto olha de Olívia para Gael.  

— Essa mulher é doida! — Gael responde entre risadas. — Eu me ofereci para segurar as sacolas, e ela surtou.  

Olívia se vira abruptamente, apontando para ele com indignação.  

— Seu mentiroso! — praticamente grita. — Ele só queria uma desculpa para se fazer de machão, sem contar que ele é um machista.  

Elisa, preocupada, se levanta rapidamente e vai até Olívia, segurando-a pelos braços.  

— O que foi, amiga? Calma, calma! — diz, tentando levá-la até a poltrona enquanto Olívia resmunga.  

— Ele disse que iria me ajudar porque, segundo ele, eu ia tropeçar na minha língua grande! E ainda tomou as sacolas da minha mão como se eu fosse incapaz!  

Gael, encostado no batente da porta, segura o riso, claramente se divertindo com a cena. Levanto-me e caminho até ele, abraçando-o de lado antes de sussurrar.

— Quando ela tiver uma oportunidade, vai te matar — Ele dá uma risada baixa e responde.  

— Eu não tenho medo da bruxa. — Passa por mim e segue para a cozinha, levando Heloísa junto.  

Volto meu olhar para Olívia, que, agora sentada na poltrona, pega uma garrafa de vinho e a vira direto no gargalo, sem pensar duas vezes. Betina surge na sala nesse momento, dá de ombros ao ver a cena e faz o mesmo com outra garrafa.  

Melinda, completamente alheia ao caos, liga o som no último volume, e a música estrondosa preenche o apartamento.  

Observo tudo enquanto um sorriso escapa. O caos se instala em questão de minutos, mas há algo divertido na energia descontraída e caótica de todos. Volto para onde Matteo está sentado e me acomodo novamente no seu colo.  

Ele aproveita a aproximação para morder de leve o lóbulo da minha orelha antes de sussurrar com sua voz grave.

— Não vejo a hora de ficar a sós com você, linda. — Um arrepio percorre meu corpo, e mordo o lábio inferior para disfarçar antes de beijar sua bochecha, o coração batendo mais rápido do que eu gostaria de admitir. 

— Não vejo a hora, moreno — Murmuro e ouço sua risada abafada.

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