Capítulo 31
- Como está se sentindo hoje? - Pergunto a Karen.
- Tirando a parte em que vomito tudo que eu como, estou ótima.
Karen está pálida, e sua feição está bem cansada por causa dos enjôos matinais. Eu já passei por isso na gravidez do Joshua, e sei muito bem o quanto é cansativo.
- Já decidiu qual será o nome do bebê? - Indago.
- Será Ada. - Karen sorri e passa a mão por sua barriga.
Hoje Karen descobriu o sexo do bebê, e quando Frank disse que era uma garota, minha amiga ficou tão animada e agitada, que era até engraçado de ver.
- Ada será a namorada do meu Joshua, futuramente. - Sorrio de canto.
- Eu apoio. - Karen ri alto.
- Você quer Joshua? - Passo a mão pela cabecinha do meu pequeno.
Joshua deixa seu brinquedo de lado, olha para mim e exibe seu sorriso com poucos dentes, resmunga algumas coisas, e volta sua atenção a brincadeira.
- Acho que ele concordou. - Sorrio abertamente.
- Para mim o importante é que meu bebê seja saudável, porém eu queria muito uma garota, pois sempre tive o sonho de ser mãe de menina. - Karen diz toda feliz.
- Fico feliz que seu sonho se realizou. - Falo.
- Eu também estou muito feliz.
Karen está muito feliz, mas ela não consegue disfarçar sua mágoa, em relação ao pai do seu filho que sumiu sem dar nenhuma explicação.
Eu melhor do que ninguém sei o quanto um pai e uma mãe fazem falta, mas Ada terá uma mãe presente, e uma mãe que fará de tudo pelo seu bem e sua felicidade, pois se for para ter um pai como Rick teve, é melhor não ter um.
- Você vai se sair bem Karen. - Tento encorajá-la.
- Na verdade estou morrendo de medo.
- Do quê? - Pergunto.
- De não ser capaz de cuidar da minha filha, de ser uma péssima mãe.
- Quando eu estava grávida do Joshua pensava na mesma coisa que você. - Confesso. - Mas eu decidi dar o meu melhor, e apesar de ter em mente que estou longe de ser a mãe que ele merece, ainda assim fiz e faço de tudo para cuidar do meu garoto da melhor forma possível.
- Você é uma mãe incrível.
- Você também será. - Falo com convicção.
- Não será por falta de tentativa.
Eu entendo os medos da Karen, porque eu já passei pela mesma coisa que ela. Eu não achava que seria capaz de cuidar de uma criança sozinha, quando eu mal sabia cuidar de mim mesmo, porém eu não deixei minhas inseguranças falarem mais alto que minha vontade de ser uma boa mãe.
Meu filho pode não ter de tudo, mas o que nunca vai faltar em sua vida é o amor e o cuidado de sua mãe, e pelos meus bebês eu sou capaz de fazer qualquer coisa só para vê-los bem.
- Você não está sozinha. - Dou um tapinha na perna da Karen. - E sabe que sempre estarei ao seu lado, para te ajudar no que precisar.
- Obrigada Becca. - Karen agradece. - Você não faz ideia do quanto sou agradecida por estar me ajudando.
- Estou retribuindo o que já fizeram por mim.
Karen foi abandonada por sua família no momento em que mais precisava deles, e para mim são pessoas maldosas e covardes, pois se realmente a amassem de verdade, não teria expulsado ela de casa como um cachorro.
Óbvio que nenhum pai ou mãe quer ver sua filha ser mãe solteira, mas já que aconteceu, o mínimo que poderiam fazer era apoiar a filha, e mostrar para ela que não está sozinha.
Karen foi abandonada pelo pai do bebê, e foi abandonada pela sua própria família, mas apesar de tudo ela ainda está sendo um mulher muito forte e corajosa, e isso só me mostra que ela vai ser uma mãe incrível para Ada.
- Depois que você se casar, não vai me abandonar não é? - Karen suspira alto.
- É claro que não. - Reviro os olhos.
- Ótimo. - Karen sorri aliviada.
- Não vai se livrar de mim tão facilmente garota. - Também sorrio.
Karen ainda está insegura com nossa amizade, porém com o tempo ela verá que não precisa ter medo de ser abandonada por mim, porque isso não vai acontecer.
A campainha do apartamento toca, e eu me levanto lentamente e caminho até a porta, me lembrando que tenho que dar uma cópia da chave ao Rick.
Agora que Charles está morto, não tenho que me preocupar mais com alguém tentando me matar, então é bem provável que Rick vá voltar para seu apartamento, mas assumo que não estou gostando dessa ideia.
Acabei me acostumando a ter ele ao meu lado praticamente o tempo todo, e se ele for embora não nos veremos com mais tanta frequência.
Ao me aproximar da porta olho no olho mágico, e então vejo que quem está do outro lado da porta não é meu namorado, e sim uma garota desconhecida para mim.
Abro a porta do apartamento, e por alguns segundos ficamos apenas nos encarando em silêncio, mas do nada me assusto quando ela pula sobre mim e me abraça.
- Você é mais bonita pessoalmente. - Ela fala ao se afastar.
- Bem... - Pigarreio alto. - Eu te conheço?
- Não. - Ela nega com a cabeça. - Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas eu posso entrar?
- Claro.
Dou espaço para ela entrar no apartamento, e assim que ela o adentra fecho a porta, e a guio até a sala.
- Por favor, sente-se. - Aponto para uma das poltronas.
- Obrigada.
Ela agradece ao se sentar, e novamente ficamos nos encarando, e apesar de saber que é a primeira vez que vejo essa garota, por algum motivo ela me parece muito familiar.
- Qual o seu nome? - Pergunto.
- Me chamo Milla. - Ela responde.
- Eu sou a Becca, essa é minha amiga Karen, e esse é meu filho Joshua. - Faço as apresentações.
Milla olha para Karen e acena com a cabeça, e quando olha para Joshua vejo ela exibir um largo sorriso.
- Me explique o que está acontecendo Milla, porque eu não estou entendendo nada.
- Na verdade eu não sei nem por onde começar.
- Que tal do início? - A encorajo.
- Eu morava na Europa com a minha família até um mês atrás, e quando chegamos em Nova York descobri que tenho um irmão. Meus pais nunca me contaram nada, e eu só descobri que tinha um irmão, porque ouvi uma conversa entre os dois. Descobri que na verdade a minha mãe teve um filho antes de se casar com meu pai, e assim que nos mudamos, ela decidiu que queria encontrar esse filho.
- Continue. - Peço.
- Eu não disse nada a eles que havia descoberto sobre ter um irmão, e silenciosamente eu os observei, e ontem fiquei sabendo que papai havia achado meu irmão perdido, e quando saíram do seu escritório, eu entrei e olhei para os documentos que estava sobre sua mesa. Havia o seu endereço, e algumas fotos sua com o meu irmão.
- Está me dizendo que Rick é seu irmão? - Pergunto incrédula.
- Sim. - Milla confirma com a cabeça.
Ainda não consigo acreditar no que acabei de ouvir, e começo a ficar com medo de qual vai ser a reação do Rick, ao descobrir que sua mãe está o procurando.
A campainha toca novamente, e dessa vez sinto todo meu corpo tenso, porque eu sei que dessa vez será meu namorado que está do outro lado da porta.
- Deixe que eu abro. - Karen se levanta lentamente, e vai até a porta.
Ainda bem que minha amiga decidiu ir até a porta, porque minhas pernas estão tão trêmulas, que é bem provável que eu mal consiga dar alguns passos.
Alguns segundos depois Rick surge ao meu lado, e quando olho para ele e para Milla, vejo porque tinha a impressão de conhecer ela de algum lugar, porque Milla é muito parecida com Rick.
- Amor, acho melhor você se sentar um pouquinho. - Forço um sorriso.
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