Prólogo | Vienna
Cada uma das dezenas de pessoas que conhecemos em nossas vidas deixam um pequeno legado em nós. Cada palavra dita, cada gesto ou atitude, cada ação reflete naquilo que somos ou que nos tornaremos. Primeiro, vêm os nossos pais, que nos ensinam a conhecer o mundo, a falar, andar, cair e levantar, expressar ou reprimir sentimentos. São eles que nos mostram como devemos nos relacionar com a vida, com as pessoas, com o mundo.
Depois surgem os amigos, que moldam as relações de uma maneira diferente, mostrando o que é socialmente aceito, o conceito de comunidade e amizade, a competição, o companheirismo, o afeto fraternal, uma segunda família. Às vezes, podem ser os primeiros a te apresentar a maldade do mundo, a inveja, a traição, a decepção, o rancor, a mágoa, mas sempre estão ali para ensinar alguma coisa.
Mas em um dia qualquer, quando você estiver vagando por um enorme mundo cheio de mudanças, que exigirá que você esteja sempre se adaptando, a mais inesperada delas irá bater à sua porta e reformular tudo aquilo que um dia você conheceu sobre a sua monótona e, talvez, traumática vida. Você irá experimentar o sentimento mais doce, amargo, bondoso e cruel: o amor.
Você não conseguirá escapar do feitiço de se apaixonar tão profundamente a ponto de fazer todo o seu corpo amolecer, nem vai conseguir correr da dor, semelhante a uma faca afiada perfurando seu peito, de quando o seu coração for partido em um milhão de pedaços e você só tiver que seguir em frente. Não vai ser difícil encontrar alguém que te tire o fôlego e te faça ser transportado para fora do universo, uma nova dimensão, só para arrancar sua pele lentamente e te fazer arder em agonia logo em seguida. Não literalmente, mas quase.
É possível ter a sorte de encontrar alguém que te faça sentir o amor em sua essência mais pura, o calor na face e as borboletas no estômago. Uma pessoa que te levará até o altar, dirá sim, te dará filhos e uma família feliz. Com defeitos, mas feliz. Ou, na pior e mais realista das hipóteses, você vai esbarrar com alguém que vai te espetar como um prego enferrujado, te fazendo adoecer e roubando aquilo que há de melhor em você. Porque essa é a piada sobre o amor, o sentimento mais ambíguo que um ser humano pode vivenciar, é uma faca de dois gumes. Você amará sem a certeza de ser amado, depois vai ser amado sem conseguir amar. Um ciclo que se repete de novo, e novamente, e mais uma vez, até que você perca as esperanças.
Mas, apesar de tudo, existem mais de oito bilhões de possibilidades de amar nesse mundo tão grande e tão pequeno. A parte intrigante é sabermos que existem muito mais pessoas por aí que nunca vão se conhecer do que o contrário, pessoas em polos distintos do globo azul, que irão nascer, crescer e morrer sem nunca saber os nomes umas das outras. Porém, existe uma pequena parcela de pessoas que cruzam nosso caminho ao longo da vida, seja por escolha do destino, como nossos pais, ou por acaso.
E são elas que moldam o seu caráter, sua personalidade, que fazem você evoluir e se desenvolver. Ou não. Mas, de certa forma, sempre aprendemos uma lição com as pessoas que amamos, seja ela boa ou ruim.
O amor vai te apresentar a pessoas que vão bagunçar a sua vida e isso pode ser bom, mas não espere que todas elas fiquem. Porque algumas chegarão para ficar, e trarão aquela sensação avassaladora do amor, ao mesmo tempo que virão acompanhadas de uma brisa suave, uma calmaria que só esse sentimento confuso pode te proporcionar. Mas outras partirão, quando você menos esperar, levando um pedaço seu com elas e deixando um pedaço delas com você.
E assim você se tornará um conjunto de todas as pessoas que já te amaram e que você já amou, até que um dia, tudo o que sobrará delas, será você. Afinal, tem pessoas que ficam e pessoas que se vão para nunca mais voltar.
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