Pensei em abandonar esse escrito por inteiro, apagar, rasgar ou somente esquece-lo. Careço de tudo necessário para produzir alguma coisa... palavras, lucidez... não posso mais escrever sobre mim, para ti, eu não existo mais. Hoje te vi pela última vez, você não me viu, estava de costas, sua bolsa de rodinhas ralando no chão, sua blusa de listras azuis, brancas e amarelas da Lacoste... eis, eis a última vez que eu estava de vendo, a minha última apreciação do que amei por anos, do que amo, a última vez.

Desculpe, não posso continuar, estou chorando, com dor, morrendo. Há muito de você antes dessas linhas, num tempo em que eu sabia que aniquilação estava próxima, mas não mensurava o quão grande ela realmente se mostraria e por isso apenas jogava meu amor e só e só, hoje já não posso sequer fazer a isso, estou esgotada.

Eu te amo, eu te amo muito. Desculpe-me, desta vez pelas palavras tortas e sem ânimo de serem bonitas, não estou com cabeça para fazer uma prosa descente, estou acabada, eu nunca mais irei te ver.