14 de Outubro de 2017
Hoje é um sábado. Dez para cinco da manhã de um catorze de outubro. O ano é somente o que, no final das contas, importa. Dois mil e dezessete. Estou fazendo isso primeiro porque passei a madrugada em claro e, ao tentar dormir, cai no choro. Não lagrimazinhas, entrei em prantos. Um choro demasiado estridente para conseguir dormir logo depois. O segundo motivo é que um fim está próximo. Ah, não falo de terceiro ano, escola, esqueça isso. É o fim de mim nessa cidade. E não, não chorei por causa disso. A grande verdade é que tenho crise de choro, ao menos uma vez na semana, ao tentar dormir. Não sei ao certo a data em que isso teve seu início e isso não vem ao caso. O que quero dizer, confessar, dar-lhe, é algo que planejei na cabeça, enquanto chorava, e ficou tão perfeito que decidi pôr no papel. Cá estou eu e quem disse que consigo projetar as palavras que outrora soaram-me tão lindas? Teria gostado delas, juro. No entanto, nesse instante, terei apenas meras tentativas de reprodução delas para encher essa folha. Desculpe-me. Já escrevo várias coisas desse tipo, com você sendo o protagonista, mas sempre eu inventava umas histórias, enchia umas entrelinhas. Nunca tentei criar algo tão direto, comigo presumindo que você poderia um dia chegar a ler. Continuo achando que isso nunca chegará em suas mãos. Se chegar, queira novamente me desculpar. Procuro manter meu sentimentalismo resguardado, mas vai saber, não é? Haverá um dia em que não estarei tão sã assim e te entregarei isso. Por esse motivo, uso esse parágrafo para tomar nota sobre o assunto, para fazer-me lembrar, antes de cometer a loucura que seria lhe enviar isso, que eu não devo nunca, sequer em hipótese excepcional, entregar-lhe essas palavras de livre e espontânea vontade. Dito isso, acho que essa carta, que tem por intuito ser de todo sincera, precisa de um início. Pois, meu querido, tudo que leu até agora foi somente bobagens minhas. Fincarei um começo, para que melhor você entenda a tudo. Irei supor que esteja lendo isso; deve estar confuso ou talvez até já tenha desistido de entender o significado disso. Então, vou dar-lhe um início e prometa-me que seguirá até o fim. Se não estiver disposto a continuar, desista agora. Se desejar continuar somente por curiosidade, por favor, desista. Essa confissão não precisa de sua curiosidade, ela não precisa de nada, é justamente esse o ponto. Não desejo reação alguma tua, porém, se tiver a curiosidade como teu único motivo para continuar a ler esse confesso, poderá esse escrito se transformar em algo cômico. Isso, caro, eu detestaria. Odeio que riam de mim, que me usem de graça, que zombem das minhas palavras. Essa carta será a coisa mais sincera que chegarei a criar, não cogito um fim tão trágico para ela. É de minha criação e portanto não permitirei isso. Confio em ti e sei que se somente houver curiosidade nessa sua cabeça, irá parar de lê-la agora. Pode ou não estar se perguntando, mas e então, se por curiosidade não continuo, pelo que devo continuar? Por nada. É isso. Não tenho um bom motivo para dar-lhe. Posso, porém, adiantar que, no fim dessa longa explicação, poderá, talvez, sentir-se minimamente mais amado e, assim, um tanto melhor consigo mesmo. Não sei, para falar a verdade. Sentir-se mais amado seria uma reação, não seria? Esqueça isso, então. Não quero reações. A verdade é essa, se não há curiosidade, não deverá haver nada. Em prol do nada, continue a ler.
Finco aqui o início.
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