II


Era como está acordando de uma noite profunda depois de muitas horas no trabalho, o corpo fatigado e cansado, tão cansado e dolorido que Charlotte mal pode se mexer, tudo doía, uma dor insuportável que a fez gemer enquanto levantava da cama.

A cabeça girando como um carrossel lento e nauseante, os olhos pesados e marcados por olheiras profundas, os lábios secos e rachados, sua garganta se apertava, estava com uma sede incontrolável.

Sentou-se ereta sobre a cama com lençóis vermelhos e macios, não reconhecia aquele quarto, e não recordava como havia ido parar ali, naquele quarto empoeirado e barato, embora os lençóis da cama fossem macios, o resto do quarto era horrível, móveis velhos e gastos, e um espelho velho e com marcas de batom.

Definitivamente aquele não era seu quarto, no pequeno apartamento do Nob Hill, aqueles não eram seus móveis, nem mesmo o cheiro do local lhe era familiar, seu quarto cheirava a sandalo e lavanda, aquele em que estava cheirava a bolor e poeira, as cortinas pretas, um criado mudo sustentava um abajur cor creme onde havia uma caixa com preservativos. Tudo ali lhe era estranho.

Sentindo-se enjoada ela olhou a sua volta e tremeu, não sentia o frio que entrava pela janela entre aberta, na verdade não sentia nada que não fosse medo e dor, sua visão embaçada, olhou suas mãos, e pode enxergar pequenas veias visíveis.

A forma dos ossos de seus dedos, fechou os olhos e de repente sua mente fora invadida por vários sons, gritos, tiros, sirenes, risos, e corações, era como se o som de milhares de corações pulsassem em uníssono a sua volta, enchendo sua mente a ponto de fazê-lá gritar e tapar os ouvidos, ficou com a cabeça abaixada e de olhos fechados.

A mente perturbada, enquanto lembranças invadiam sua cabeça, como flashes embaralhados e confusos, enquanto sentia-se doente e estranha, como se já não fosse ela mesma, havia um vazio em sua mente, um espaço vago e escuro, algo lhe faltava, e de alguma forma, não conseguia lembrar.

Alguma coisa em si mesma não estava certa, e quando percebeu, encarou as próprias mãos e sentiu uma angústia terrível, havia algo de errado em tudo aquilo, em seu corpo, sua mente, e até mesmo no local em que estava.

Suas mãos pálidas, tão pálidas e brancas quanto a neve, seus pulsos marcados por longas cicatrizes e corte recém-curados, como os corte de várias tentativas de suicídio, havia sujeira em suas unhas e braços, perguntou-se o que estava acontecendo, o que tinha feito.

Pensou que estivesse dormindo, tendo um pesadelo profundo e difícil de acordar, um calafrio a fez tremer e levar as mãos pálidas ao rosto, tocando as bochechas pálidas e frias, era como se fosse um fantasma, algo etéreo, não tinha calor corporal, não havia pulsação em seu peito, que até ali não tinha reparado, esteve tão absorta que não notou seu corpo desnudo.

Talvez por não sentir a temperatura, e o pior de tudo, tentou respirar e não conseguiu, puxou o ar com toda força para os pulmões e o soltou instantaneamente, não respirava e se quer tinha pulsação.

Não, aquilo não parecia real, ninguém sobrevivia sem respirar, sem calor corporal. Embora seu coração batesse, embora estivesse viva, parecia morta ao mesmo tempo. Então como aquilo era real? Como podia está viva? Seria aquilo tudo cenário de um pesadelo profundo?

Confusa, beliscou o próprio braço, fechou os olhos e os abriu novamente, e viu o mesmo cenário de antes, não era um pesadelo, tudo ali era real, até mesmo ela. Então como explicar o que acontecia? Assustada e em pânico, ela se enrolou nos lençóis e correu em direção ao espelho, e algo terrível a fez gritar, e dar passos para trás até bater de costas contra a parede.

Seu reflexo, não conseguia ver seu próprio reflexo, nem mesmo sua sombra, podia até está de frente ao espelho mas não via seu rosto, e nem seu corpo, era como se não existisse mais, novamente a sensação de que lhe faltava algo a fez tremer, e foi então que instintivamente levou a mão ao pescoço, e seus dedos tocaram a pele fria e um pouco dolorida, uma série de lembranças invadiram sua mente fazendo com que fechasse os olhos e se deixasse cair, escorregando pela parede.

Primeiramente, recordou-se de esta atrás do balcão com Jake Martínez seu amigo de trabalho, estavam conversando e bebendo junto com alguns outros funcionários, depois de esta saindo do trabalho, as exatas duas da manhã.

Segundo, estava caminhando apressada pelas ruas, as botas de salto alto causando bolhas em seus pés.

Terceiro, lembrou-se de se sentir insegura e solitária enquanto seguia pelas ruas já sem tráfego, recordava-se da sensação de algo ruim, uma coisa assustadora, de está sendo observada.

Lembrou-se de algo jogando-a contra uma parede, de seus gritos intercalados enquanto sentia os dentes afiado de algo mordendo seu pescoço, seios, barriga, e pulsos, como se estivesse sendo devorada viva.

Por último de está agonizando e sangrando enquanto a coisa a largava no chão e sorria, de repente as palavras dele lhe vieram a mente, como um memorando triste e maldito.

__ Sou uma sombra da noite, e da morte e em breve você também.__Disse ele.__ Isso se Zack não a encontra primeiro e terminar seu sofrimento...

Agora tudo fazia sentido, e as partes vagas em sua mente foram preenchidas por imagens de um estranho parado no beco, encarando-a com ódio e pena no olhar, Zack, era esse o nome, lembrava de esta agonizando e chamando um nome que não conhecia, sabia apenas que tinha que chama-lo, implorando para que ele terminasse seu sofrimento, quando ele se abaixou ao seu lado, encarando-a com olhos vermelhos cheios de fúria.

_ É sua noite de sorte...

Essas foram suas únicas palavras. E que sorte, era um monstro agora, mas estava viva. Aquele ser, cujo o nome escapava de seus lábios poderia ter terminado seu sofrimento, mas por algum motivo, lhe dera uma segunda chance, ao cortar o próprio pulso e fazer com que ela bebesse seu sangue, ele dizia e ordenava algo do qual ela não se recordava, estava ajudando-a quando deveria esta matando-a.

Sabia apenas que o gosto amargo do sangue daquele homem a salvara, curara seus ferimentos enquanto o mundo escurecia.

_Eu poderia, e deveria arrancar seu coração, queima-la com fogo para que não se torne isso que sou...

Ouvi-o dizer enquanto a pegava nos braços fortes e frios, lembrava do cheiro que exalava dele, sangue, poeira, e algo doce. Não se recordava de sua face, mas sim de seu sorriso, frio e cruel.

_ Nas não posso fazer isso, não quando sua boca chama por meu nome, mas seus olhos choram e pedem por vingança.

Vingança. Realmente tinha cogitado isso, se vingar, se sobrevivesse à aquilo tudo, tinha pensado nisso enquanto morria, sua vontade agora era caçar e matar o monstro que lhe fizera aquilo, que tirara sua alma e a transformara em um ser sanguinário.

Foi pensando nisso que um som gutural e assustador saiu de sua garganta enquanto se erguia e caminhava desnuda até o espelho, sabia pelo cheiro da brisa que entrava pela janela que era noite lá fora, e que precisava encontrar respostas, e algo para beber e satisfazer sua sede.

Uma sede incontrolável que lhe atingia, sentia como se fosse enlouquecer, e com o sentimento de fúria e ódio, gritou como uma fera ao constatar o óbvio, ela havia se tornado um monstro, e agora ansiava por sangue.

🍷🚬🔫

_ Não quero confusão no meu estabelecimento.

O alerta sério e frio do dono do bar fez com que Zack sorrise e deixasse seu olhar vagar por todo o local antes de sorrir e voltar a beber, a pessoa que esperava estava atrasada, um amigo de longa data, alguém que em quem confiava.

Um vampiro mais novo, Jimmy, era esse seu nome, tinha quase cem anos, embora aparentasse ter vinte, era um pobre garoto londrino que encontrara entre a vida e a morte 90 anos antes em um navio, em uma de suas viagens.

_ Também não quero confusão, estou confortável aqui. _ Disse e sorriu friamente, soprou a fumaça do cigarro e encarou o olhar tenso dos clientes. _ Estou esperando alguém Pitt, e a menos que os cães ou resto do submundo me incomode não terá um banho de sangue ou uma cabeça de cachorro enfeitando seu balcão.

Um rosnado baixo em um canto do salão fez com que ele sorrisse mais ainda, os lobos o encaravam prontos para um ataque, enquanto " Pitt Bull " ou Doug o dono do bar, como todos os chamavam o olhava irritado.

O velho lobisomem tinha servido ao exército americano durante a primeira guerra mundial, e costumava intimidar seus clientes com sua jaqueta, de couro com o desenho de um cão da raça Pitbull nas costas e sua chave inglesa, que usava como arma.

Mais a ele, o lendário caçador, assassino, predador, e temido Halford, um dos vampiros mais procurados e perseguidos do submundo não o temia como seus clientes. Não lhe dava nem arrepios .

_ É bom que isso seja verdade Zacarias, não quero confusão. _ Disse o velho e espreitou os olhos escuros. _ Está assustando meus clientes.

_ Problema deles não meu. _ Disse ele e suspirou entediado. _ É verdade Bull estou esperando Jimmy.

Jimmy e Bull haviam se conhecido no passado, quando Jimmy era apenas um garoto, quando ainda era humano.

_ Assim eu espero.

O alerta de Bull o fez sorrir e olhar a sua volta, enquanto todos voltavam a conversar e beber, pareciam esperar por um conflito, algo a mais para diverti-los, mais aquilo não iria acontecer.

Deixou seu olhar vagar pela espelunca de bar, localizada no West End, a parte mais decadente e acabada da cidade, porém um ótimo lugar para quem estava faminto e entediado.

Todo o local era invisível aos olhos humanos, qualquer um que não fosse membro do submundo veria apenas uma casa velha e destruída onde estava escrito não entre em uma placa torta e de madeira.

Haviam muitos locais daquele pelo mundo, eram frequentados somente por seres do submundo, e naquela noite o local parecia cheio, haviam vários lobos, fadas, e até mesmo nefillins renegados, todos bebendo, fumando, conversando e até dançando.

Pitt bull e os clientes de longe eram seu maior problema naquele momento, estava a espera de Jimmy e a encomenda que havia pedido, seu maior problema e tormento estava dormindo em um motel a beira da estrada fora da cidade, a garota que havia salvado.

Deveria ter terminado com o sofrimento daquela criatura infeliz, mas não, deveria ter feito antes que ela se tornasse o mesmo que ele. No entanto, quando ouviu a forma como ela o chamava, a força e decisão de sobreviver a tudo aquilo, o fez parar e ter clemência dela.

Preferiu dar um pouco de seu sangue a ela, cuidar de seus ferimentos, não sabia exatamente o que iria fazer quando ela acordasse.

Sabia apenas que aquela garota era diferente de todas as outras vítimas que havia libertado antes, ao longo de seus anos de vivência havia terminado com o sofrimento de homens, mulheres, e até crianças, mais aquela era diferente, e soube disso quando a olhou de perto, descobriu que estava cansado de tirar vidas, que se ele havia tido uma segunda chance, ela também teria.

Por isso a deixara viver, Charlotte Weis era esse o nome que encontrara nos documentos dentro da bolsa próxima a ela. Era uma infeliz e pobre garota de Los Angeles, que trabalhava duro para sobreviver, e agora, seria uma criatura mortal e sanguinária.

Não entendia bem por que a deixara viver e tão pouco queria descobrir, não se importava, só queria que ela acordasse, se alimentasse e fosse embora antes que se envolvesse em problemas e o arrastasse junto, como os novatos de sua espécie sempre faziam.

Cansado de esperar, ele se ergueu e estava prestes a sair, quando a porta do bar se abriu e um garoto entrou, acompanhado de dois homens mais velhos que ele, seguranças vampiros, Jimmy nunca se sentia seguro quando saia de sua mansão, em especial naquela noite, onde portava uma mochila preta nas costas, e ele sabia perfeitamente o que ele portava ali dentro .

_ Está atrasado. Estava quase indo embora. _ Disse quando o jovem vampiro se aproximou e se sentou na cadeira a sua frente. _ Estava ficando entediado aqui.

_ Você entediado dentro de um bar? _ Disse Jimmy e sorriu ao olhar a sua volta. _ Estou até surpreso.

Sorrindo Zack acendeu um cigarro e encarou o garoto que o olhava de uma forma estranha e em silêncio. Estava tentando ler seus pensamentos, ou prever algo.

Tinha concordado em lhe fornecer o conteúdo que carregava dentro da mochila, mas tinha lhe feito perguntas a respeito do pedido.

No início corgitara a ideia de contar o que havia acontecido, sobre a garota, seus planos, mais era perigoso e não queria envolver jimmy.

Tinha inventado a velha desculpa de voltar a beber sangue humano, que estava perdendo o controle e embora aquilo fosse em parte uma verdade, não estava tão desesperado assim.

Mas a mentira não parecia convencer jim. Ele o conhecia perfeitamente para notar algo de errado em tudo aquilo.

_ Acredite eu mudei. E você por que se atrasou?_ Perguntou e ergueu as sobrancelhas.

_ Estava me arrumando._ Disse Jimmy e sorriu.

Era vaidoso, um vampiro mimado, e vaidoso, tinha prolongado e espalhado sua fortuna por todo o mundo, sempre mudando de nome, sotaque e de face, podia alterar sua forma como um metamorfo, e isso era um truque que o mantinha longe e perto dos inimigos ao mesmo tempo.

_ Trouxe o que pedi?_ Disse Zack e Jim lhe entregou a mochila preta, e quando a abriu e observou as pequenas garrafas com sangue, ele sorriu e o encarou._ Obrigado Jimmy, estava mesmo precisando.

_ Tem certeza de que isto é somente para você mesmo?

Perguntou o garoto quando Zack fechou a mochila e a colocou no chão com cuidado. Sempre intuitivo, Jimmy era esperto, mais ele era muito mais antigo e tinha experiência na arte da enganação, em disfarça seus próprios anseios.

Por isso apenas tomou sua última dose de uísque e se ergueu, jogou a mochila sobre um ombro e sorriu antes de encarar o garoto.

_ Sim. E acredite estou ansioso e desesperado. _ Disse frio e amigável, convencido Jimmy deu de ombros e sorriu.

_ Não é o que parece, acho que está escondendo algo meu velho. _ Disse Jim e o encarou friamente, o riso astuto e cordial.

Não iria cair naquele jogo, embora soubesse que mais cedo ou mais tarde o garoto iria descobrir. Talvez contasse em outra ocasião. Por que naquele momento tudo o que queria era voltar para o quarto de hotel e se livrar de Charlie antes que ela acordasse e perdesse o controle. De repente ele havia até mesmo dado um apelido para ela, Charlie, rainha do beco.

_ Dormi por uma semana Jim, e acordei faminto._ Disse ele seriamente e jim ficou em silêncio._ Você me conhece e sabe do que sou capaz quando estou faminto.

_ Está bem Zack. Não é da minha conta mesmo._ Disse o garoto e sorriu._ Fico feliz em te ver Zack. Espero que isso acalme seu monstro interior.

_ Também estou feliz Jim. Espero que tome cuidado, a cidade não é mais a mesma.

_ Eu sei._ Disse Jim e fingiu um suspiro._ Vai ficar por quanto tempo na cidade?

_ Até o momento em que me cansar.

Disse Zack e soprou a fumaça de seu cigarro. Ainda tinha muito o que fazer em Portland, e resolver seus assuntos pendentes e particulares do passado eram sua prioridade, mais primeiro precisava decidir o que fazer com Charlie.

_ Por que a pergunta?_ Disse antes de se virar pra sair.

_ Por que ainda temos muito o que conversar._ Disse o garoto e se serviu de uma dose de uísque._ Tenho informações e previsões.

_ Então conversaremos um outro dia.

_ Não se meta em confusão velho amigo.

_ Olha só quem fala o pirralho._ Disse Zack e sorriu para o jovem vampiro._ Se eu me meter em confusão Jim, você será o primeiro a saber.

_ Como sempre.

Disse Jim e Zack balancou a cabeça, deixando um jim sorridente para trás. Ainda com a mochila nas costas Zack caminhou até o mustang 1967 vermelho do outro lado da rua e sorriu antes de olhar para cima, tinha a sensação de que a noite seria longa assim como sua estada na cidade.

Poderia ter contado a verdade, o que tinha feito, e por que precisava do sangue que levava na mochila. Mais ele nunca havia sido bom em conversas profundas, em revelar segredos.

Por isso apenas sumiu nas ruas dirigindo seu velho carro, pensativo, talvez até mesmo arrependido, mais quando estacionou no prédio um calafrio o fez tremer, era como se presentisse que algo ruim iria acontecer.

Lembrou-se das palavras de jim, no passado, " Não pode viver a vida com medo de ter algo ou alguém... Não pode ser um monstro a vida toda... " Jim assim como ele sabia quais os motivos que o levaram até aquela cidade, o que o tornará tão frio.

Para aquela armadilha feita por um inimigo, um inimigo que não via há muito tempo. Queria vingança destruir o vampiro que o traíra e lhe tirara tudo. E esse era o único motivo pelo qual vinha percorrendo estradas pelo mundo, solitário e frio, sem nada que o fizesse parar.

Quando surgiu na porta do quarto o cheiro de sangue o atingiu em cheio fazendo com que rosnasse, olhou para o chão e sorriu um riso cínico e malicioso, um rastro de sangue saía do quarto ao lado e se dirigia até o seu, sangue ainda fresco, o que temia havia acontecido, Charlie havia perco o controle, e pelos corpos que encontrara estava encrecada, matara não apenas uma garota de programa e um viciado mais o dono da espelunca em que a deixara.

Não deixara testemunhas. Mais deixara uma completa sujeira que ele teria que limpar. E quando abriu a porta do quarto, sorriu, as presas brancas e afiadas visíveis, os olhos tão vermelhos quanto o sangue, parecia um monstro diante do silêncio, a presença de Charlie era visível, e de alguma forma sombria e perigosa.

Estava largada em um canto escuro tremendo e assustada, o encarava como se encarasse um inimigo.

_ Tudo bem não precisa ter medo.

Disse ao se sentar em um sofá gasto, colocou a mochila no chão e a encarou.

_ Eu sei. Você me salvou.

Disse ela e ele sorriu amargamente quando ela se ergueu enrolada nos lençóis, acuada como uma presa diante do predador, medo, confusão e raiva a atingiam enquanto parava a alguns passos dele.

_ Quem é você?

_ Aquele por quem você chamou._ Disse ele e se ergueu ficando face a face com ela._ Zack.

Disse e sorriu, um riso frio e misterioso que a fez a tremer.

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