Caminhos Separados Parte 3
Richmond, Virgínia 21:13
Após viajarem por quase dez horas parando apenas para abastecer o carro, os jovens chegaram à cidade de Richmond sem travar uma batalha sequer. Era de se esperar que Siegfried recolheria as hordas para reforçar a ideia de que Samuel estava expurgando o mundo.
O que os deixava preocupados era o fato de terem encontrado poucas pessoas também, sendo que as que encontraram disseram ter sido abordadas por pessoas que se identificaram como membros dos cavaleiros da nova terra, e que disseram que estavam preparando um lugar para todos em Washington e Nova York.
Alguns estavam irredutíveis quanto à acreditar no messias da Nova Terra, e se preparavam para marchar até a terra prometida, outros acreditaram nos arcanjos e partiram em direção da colônia em Miraculous Clearing.
Não tinha sido uma boa ideia levar Thalia e Will, mas Gabriel sabia que seria impossível impedi-los de ir. Estando com eles, deveriam ser bem mais cuidadosos sempre, afinal não tinham Raphael para curá-los em caso de ferimentos graves.
Há menos de duas horas de viagem de Washington, onde esperavam encontrar Samuel, eles precisavam descansar. Seria melhor seguir viagem pela manhã, até mesmo pensando em uma possível batalha contra demônios.
- Vamos verificar aquelas casas mais isoladas. - disse Gabriel ao ver algumas casas ao longe. - Com a minha visão não detectei nenhum demônio e não sinto nenhum espírito demoníaco também, mas é sempre bom termos cuidado. Podem haver grupos de humanos atrás de suprimentos também e essas intenções nós não conseguimos sentir.
As casas desse conjunto estavam menos danificadas por fora, como se o caos que caiu nos arredores não as tivesse atingido com tanta força. Provavelmente tinham sido saqueadas também, mas tudo o que eles precisavam era de um teto para tentar descansar mais tranquilos.
Mesmo que o líder dos Arcanjos tenha visto que as casas estavam completamente vazias, eles não quiseram escolher qualquer uma delas. Por questões de estratégia escolheram uma que estivesse ao centro, com casas vizinhas de todos os lados, afinal se acontecesse algum tipo de ataque, ela não seria a primeira a ser atingida, assim teriam tempo para se prepararem para se defender.
- Quer conversar sobre o que o aflige, amor? - perguntou Raguel, aproximando-se assim que Will e Thalia saíram para os quartos onde dormiriam. - Eu conheço essa expressão de preocupação.
- Acho que é só medo - ele respondeu, sentando-se na cama pesadamente -, já que nós não temos o poder de cura do Rapha e nem a Presciência da Nick para preparar uma boa estratégia e garantir recuperação rápida em caso de ferimentos.
- Além do mais - ele continuou, abaixando a cabeça e enterrando o rosto nas mãos -, o mais indicado para estar aqui era o Uriel, já que ele conhece tudo como a palma de sua mão.
- Ele me disse que provavelmente encontraríamos o demônio de elite mais perigoso. - insistiu Gabriel, agora curvando-se ainda mais, enquanto deslizava as as mãos juntas até a nuca e depois de passar pelo pescoço as dividiu uma para cada clavícula, massageando o local como se estivesse sentindo algum tipo de incômodo lá. - E ainda temos Will e Thalia e...
- Gabriel! - a ruiva o chamou ao mesmo tempo que ele ouviu o som da porta sendo trancada. Erguendo os olhos, ele viu uma cena que quase o fez esquecer até de seu próprio nome. Parada próxima à porta, ela estava completamente nua e seus cabelos ruivos caiam em cascatas sobre os ombros e cobriam sensualmente os seios. As sardas que lhe cobriam levemente a pele branca do rosto, do pescoço e do colo, eram como uma constelação de micro estrelas que o norteavam e não o deixavam se perder naquele mar de delícias.
Hipnotizado, ele continuou a viajar no corpo dela com os olhos, traçando um caminho que passou pela sua barriga e se perdeu em um ponto específicos entre suas coxas. Olhando cada centímetro com atenção sem perder nenhum detalhe sequer.
Enquanto ela se aproximava lentamente em um andar incrivelmente sensual e provocativo, ele percebeu que era impossível resistir a tamanhos encantos e que seu corpo já respondia instintivamente. Enquanto os olhos não perdiam um detalhe, as mãos tremiam de vontade de fazer o mesmo trajeto que eles fizeram, a boca salivava enquanto o coração acelerava e alguns músculos se retesavam a cada passo que ela dava em sua direção.
- Eu quero te fazer relaxar um pouco - ela disse, sorrindo maliciosamente agora que tinha a completa atenção dele -, mas parece que ficou ainda mais tenso.
Sem deixá-lo responder, ela se ajoelhou entre as suas pernas e deu-lhe um beijo demorado e cheio de paixão enquanto ambos os espíritos se elevavam instintivamente e se mesclavam, preenchendo o cômodo com uma luz verde-azulada e então ambos se entregaram completamente ao momento.
Thalia observava o rosto tranquilo de Will, enquanto ele dormia profundamente com um sorriso adorável estampado no rosto. Por um instante pensou em desistir do que estava prestes a fazer, deitar a cabeça no ombro dele e adormecer, para se amarem novamente pela manhã. O modo como ele a tocava era diferente de tudo o que ela já havia sentido antes.
O calor do toque e dos beijos de William Fletcher lhe transmitiam todo amor e desejo que alguém poderia querer receber na vida, mas tinha algo que só ela poderia fazer e não podia desistir agora. Se tinha uma possibilidade de evitar um confronto entre seus amigos arcanjos e seu irmão, ela tentaria e para isso precisava ir sozinha até ele.
Se chegasse com Gabriel e Raguel, Samuel poderia entender como uma ameaça e talvez ela não fosse sequer recebida por ele, então ela se levantou cuidadosamente, se vestiu e dando uma última olhada para o jovem soldado, pegou as suas coisas e saiu sorrateiramente.
No caminho até o carro, ela ainda repensou se era aquilo mesmo que deveria fazer, mas a sua convicção em evitar um confronto para o bem de seus amigos e de seu irmão a fez desengrenar o veículo, aproveitando o declive e deixá-lo descer em ponto morto até a rua, onde deu a partida sem o perigo de que o barulho do motor acordasse alguém.
As duas próximas horas seriam de muita angústia em sua viagem solitária. Além do perigo de encontrar demônios, que poderia ser fatal e botar tudo a perder, ainda tinha o fato de que os membros da seita poderiam não deixar que ela se aproximasse de Samuel, então todo cuidado era pouco.
Enquanto dirigia rumo ao desconhecido, ela se viu pensando em seus pais e em seus irmãos mais novos que foram mortos antes que encontrasse Uriel, e fez uma oração silenciosa para os Arcanjos, pedindo uma espécie de proteção remota, desejando que cada um tivesse êxito em sua jornada e que em memória de sua família, pudessem juntos restaurar o mundo.
1140 palavras
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