A gente.

Nós somos o roteiro inacabado do melhor filme, aquele que quando lançado será campeão de bilheteria, conhecido nos quatro cantos do mundo, estilo a música Despacito. Nós somos a dança que ninguém consegue ficar sem aplaudir de pé. Somos o espetáculo dramático mais intenso que qualquer peça já criada. Somos o sentimento de fica mais, quando ainda se está aqui. Somos o até logo que quase não sai, porque o desejo é não ir. Somos o verdadeiro motivo dos românticos incuráveis serem o que são. Somos a marcação de gabarito errada que, no final, nos faz tirar 10. Somos essencialmente amor. Seja um pelo outro, seja por nós.Somos, o que considero,a melhor ideia de par. Somos algo tão encantador quanto a lua e tão vulnerável quanto a areia solta em vento forte. Ninguém quer a areia fora do lugar. Então, a gente se molha. Se molha com o amor que escorre dos nossos corpos, sem que percebamos, a distância. Se molha e transborda. Porque a gente não cabe em algo tão pequeno quanto um corpo. A gente é a imensidão do universo, atrelado ao incalculável tamanho do amor. E a gente ama. Ama como se não houvesse tristeza ou ressentimento no mundo. Ama cada peculiaridade do pensamento alheio. Cada inconstância e mudança de humor. Cada abraço que tem cheiro de lar, pipoca e brigadeiro pós-tempestade. Ama cada gesto impensado e cada jeito desajeitado. Ama cada suspiro e gemido. Ama ser a causa do que te faz ter causa para continuar. Ama cada música fora do tom que a voz canta. Ama cada linha da mão que já decorou a ordem. Ama cada mísero detalhe exposto ou encoberto de palavras, sentimentos ou caixas. Como aquela pulseira vermelha que está guardada na nossa caixa. Mas a gente não ama escondido. Porque a gente transborda e todo mundo sabe. Sabe porque sente algo gostoso e bonito. Sabe porque sente vontade de tocar, pegar, mesmo sabendo que é intocável.Mesmo sabendo que o essencial é invisível ao olhos, de acordo com O Pequeno Príncipe. Mesmo sabendo que, talvez, a nossa existência em algum plano ou planeta foi premeditada e entrelaçada. Devidamente traçada. Se foi ou não, de qualquer forma eu agradeço, pois não seguiria em frente sem tua mão entrelaçada a minha e tua voz dizendo:
— A gente consegue.