Capítulo 12

Capítulo passado foi leve, né? Já esse...

- Esse é o meu antigo quarto - Louis disse abrindo a porta.

Para o ômega era um pouco nostálgico estar naquele cômodo, ele tinha passado anos felizes ali. As delicadas flor de lis que sua mãe tinha pintado a mão, ainda estavam lá. Apesar de estarem em um tom fraco de amarelo agora, elas ainda se destacavam no meio do azul claro das paredes.

Quando Louis tinha uns sete ou oito anos, ele resolveu que queria pintar seu quarto de outra cor, queria um quarto com personagens, igual dos seus amigos de escola. Mas sua mãe disse que gostava tanto do jeito que estava, que Louis se convenceu a ficar assim por mais algum tempo. Logo depois Sofia ficou doente e Louis nunca teve coragem de pintar por cima, ele queria preservar o máximo da memória da sua mãe ali.

Lestat entendia todo o fator afetivo, afinal seu ômega viveu ali os momentos felizes com sua mãe, mas agora ele entendia porque Louis nunca achou aquele dormitório da universidade ruim. O quarto onde estavam deveria ter o mesmo tamanho, tinha uma cama de solteiro com armação de metal, um grande guarda roupa de madeira, uma cômoda, uma mesa de estudos e cadeira. 

A decoração se devia mais as pinturas na parede, que apesar de serem muito bonitas e bem feitas, já estavam envelhecendo, ficando cada vez mais claras. Louis tinha contado que tinha sido Sofia que fez todos os desenhos, o que fazia sentido Louis gostar tanto de artes, já que a mãe era tão talentosa.

- Eu sinto falta dela - o ômega sussurrou tocando na pintura da parede.

- Eu queria tê-la conhecido - Lestat murmurou abraçando seu ômega por trás, deixando um beijo em seu ombro.

- Maman teria adorado você, ela amava viajar, pena que não podíamos fazer muito isso - Louis suspirou - maman também amava artes e cozinhar, se ela estivesse aqui teria feito tanta comida, que você não teria aguentado comer - ele falou saudosista e Lestat riu baixo.

- Se sua mãe estivesse aqui, já a teríamos levado para Nova York conosco e tenho certeza que vocês iriam em todos os musicais que estão em cartaz - o lúpus comentou e Louis sorriu.

- Oui e ela ficaria louca com todos eles - ele sorriu triste, com lágrimas nos olhos - mon loup, se minha soubesse que era lúpus teria feito diferença? Ela ainda estaria viva?

- É complicado te responder isso, mas se ela vivesse com os lúpus provavelmente teria descoberto antes, nossos corpos se tornam mais fortes e se ela tivesse despertado o seu lobo, acredito que teria mais chances de estar viva.

Louis colocou seu rosto contra o peito de seu alfa e deixou que as lágrimas rolassem, fazia tempo que ele não chorava assim, mas a dor da perda sempre esteve presente em seu peito. A diferença era que agora ele tinha alguém para lhe segurar e confortar. Lestat não disse coisas bobas como "não chore, já passou" ou "fique feliz pelas lembranças com ela" ou o julgou por se sentir daquele jeito. Seu alfa apenas o abraçou apertado e sussurrou que Louis podia chorar o quanto precisasse, porque estava tudo bem.

Lestat levou seu ômega até a cama, que rangeu quando eles se sentaram. Ficaram abraçados até o ômega se acalmar, seus olhinhos estavam vermelhos e um pouco inchados do choro, ele suspirava fundo. O alfa o mantinha em seus braços e beijava seu rosto. Lestat aromatizou o ômega para que se sentisse mais protegido, isso o ajudou a se acalmar.

- É triste pensar que minha mãe nunca encontrou o seu soulmate - Louis suspirou - ela poderia estar viva agora e ela teria se encantado sobre os lúpus... ela amaria poder se transformar em lobo e... eu não consigo imaginar como é ficar sem você, mon loup, ela nunca se sentiu como me sinto perto de você, ela nunca teve um amor assim.

- Mas ele teve você e seu irmão, ela os amava incondicionalmente como vocês a amavam, tenho certeza que isso foi o suficiente para ela. Ma lune, não sofra pelo o que poderia ter acontecido, tenho certeza que tudo que sua mãe mais queria é lhe ver feliz. Vamos fazer jus a isso, ok? 

- Certo - Louis concordou, com os olhinhos ainda brilham das lágrimas que ele não tinha derrubado.

- Você tem pessoas que te amam, seu irmão, sua tia, minha mãe e eu. Vou te ajudar a realizar todos esses planos e sonhos que você tinha com ela, vamos viajar, vou te mostrar o mundo, vamos visitar os lugares que ela queria conhecer. E, nunca, vamos nos esquecer da importância dela. Em vez de apenas chorar, vamos honrar a memória dela e homenageá-la sempre que pudermos - Lestat falou com tanta confiança, que Louis sorriu concordando e beijou seu alfa.

Não era um daqueles beijo quentes que eles normalmente tinham, esse era calmo. Quase como se o alfa usasse o contato dos lábios para mostrar ao ômega o quanto a amava e que cuidaria dele. Louis, por sua vez, aceitou de bom grado.

Louis mostrou o resto da casa, ele ficou chateado ao notar que sua madrasta tinha trocado tudo que sua mãe tinha. Móveis, decoração, cortinas, até as fotos nas paredes não eram as mesmas. Era como se Sofia nunca tivesse existido ali. Lestat não comentou, mas praticamente não havia nada sobre Louis também. As fotos que ainda o mostrava, eram todas relacionadas ao irmão, como na formatura de Thierry ou em seus aniversários. O lúpus suspeitava que essas fotos só estavam ali porque o alfa tinha insistido, como forma de manter a lembrança do irmão ainda na casa.

Eles foram até a cozinha onde Thierry e Gabrielle conversavam, o alfa contava alguma coisa que fazia a ômega rir. Eles estavam sentados em volta da mesa e comiam mousse de chocolate.

- Tinha mousse e ninguém me chamou? - Louis perguntou indignado.

- Um mousse maravilhoso, por acaso - Gabrielle respondeu - Seu irmão estava me contando histórias suas de quando você era pequeno.

- Thierry, non! - Louis suspirou, ele e Lestat se sentaram com eles para comerem o doce também.

- Não guardei essas histórias por todo esse tempo para não usa-las na primeira oportunidade que eu tivesse - Thierry respondeu.

Eles ficaram conversando por um tempo, até que Véronique e Claude entraram na cozinha, a ômega não escondia desprezo por eles estarem na sua casa. O menino não se importou de interromper a conversa quando pegou todo o doce sobrando  para ele comer.

- Claude, pode pegar um pouco, mas não tudo, tem mais gente aqui - Thierry avisou.

- Não fale com ele assim - Véronique se intrometeu - ele está na casa dele.

- Eu também - Thierry falou se levantando - moro aqui há bem mais tempo que vocês, então respeitem os meus convidados.

- Tanto faz - Claude revirou os olhos.

- Tudo bem - Louis falou para seu irmão mais velho, tentando evitar a discussão.

- Vou contar isso para o seu pai - Véronique disse saindo pela porta.

- Não precisamos brigar - Louis sorriu.

Lestat olhou para sua mãe, que sorria de canto.

- Minha mãe disse que você é cozinheiro - Claude disse para Louis - você é?

- Sim, mais ou menos, na verdade eu estou me formando para ser chefe de cozinha - o ômega explicou.

- E qual a diferença? - o menino zombou.

- Cozinheiros são as pessoas que preparam as refeições, os chefes gerenciam a cozinha, é uma versão bem resumida, mas é isso - Louis disse educadamente, mas o menino revirou os olhos.

- É a mesma coisa - ele deu de ombros - mamãe disse que isso é coisa de empregados, que você saiu daqui pra ir para outro país pra ser empregado dos outros.

- Bem - Louis respondeu rápido, colocando a mão sobre o braço de Lestat, que iria se levantar - mesmo que eu seja um empregado, qual seria o problema? Eu ainda estaria trabalhando para receber o meu dinheiro.

- Grande merda - o menino bufou.

- Claude, não é? - Lestat perguntou, ele brincava com a tampa de alumínio de uma das panelas a jogando de uma mão para outra - eu sou um lúpus, sabe o que fazemos com pequenos filhotes, como você, que desrespeitam seus irmãos mais velhos, principalmente se eles forem ômegas?

- Não - o menino respondeu incerto.

Lestat sorriu de um jeito perigoso e torceu a tampa com as mãos, até estar totalmente disforme, então ele jogou sobre a mesa, na frente do garoto de olhos arregalados.

- É isso o que fazemos - o lúpus falou - desrespeite qualquer um dos seus irmãos de novo e não será uma tampa de panela que estará nas minhas mãos, entendeu? - o menino confirmou com a cabeça e saiu correndo da casa.

- Mon loup - Louis suspirou - você traumatizou a criança.

- Ignore o Louis - Thierry disse -  faça isso com a minha madrasta e te vendo a minha alma!



Lestat estava olhando a sala de estar da casa, aquele lugar deveria ser o ambiente onde recebiam as visitas, mas ele achou tudo estranho. Ele sabia que não entendia quase nada de decoração, mas aquele lugar era escuro demais, com móveis pintados de um jeito envelhecido e muitas fotos da "família feliz" composta por Alain, Véronique e Claude.

- Onde estão Louis e Thierry? - o alfa se pergunto, mexendo nos porta retratos da estante, não se importando com a bagunça que estava deixando.

Acontece que Claude tinha ido contar para a mãe o que tinha acontecido, que tinha ficado enfurecida e começou a xingar. Ela chamou Thierry aos gritos, que bufou porque teria que sair da casa para lidar com ela, já que a mesma não entrou para enfrenta-los. Gabrielle estava tomando seu café, ela sorriu compreensiva para o alfa e disse:

- Deixe que eu me resolvo com ela, de uma mãe para outra - então ela mesma foi atrás da mulher, que ainda berrava do lado de fora.

- Devo me preocupar? - Louis perguntou.

- Depende - Lestat respondeu tomando um gole do seu café - você gostava da sua madrasta?

Louis e Thierry  se entreolharam e foram para fora da casa, principalmente porque os gritos de Véronique tinham sumido, deixando tudo em silêncio do lado de fora. Enfim, Lestat aproveitou que estava sozinho e foi andar pela casa, parando naquele cômodo.

- Aqui - ele disse para si mesmo puxando um porta retrato muito velho e gasto da parte do fundo de uma das prateleiras. Era a foto de Sofia com Thierry e Louis, eles eram crianças, Thierry deveria estar com 12 anos e Louis com 8. Talvez quando tirou aquela foto Sofia já soubesse que estava doente. Foi um pouco triste para Lestat ver o seu ômega sendo uma criança feliz, sem noção alguma que perderia a mãe meses depois.

- Essa é a minha ex esposa - a voz veio do seu lado.

- Eu sei - Lestat respondeu sem olhar para o alfa que o encarava - podemos ver que meu ômega puxou a ela, ainda bem não é?

- Você é muito prepotente - Alain praticamente rosnou, mas isso fez Lestat sorrir de canto. Ele devolveu a foto a prateleira, a colocando na frente de todas - veio a minha casa só para causa intrigas.

- Vim para dar a chance ao meu ômega de fazer as pazes com o passado e te dar uma chance, uma única chance, de resolver as merdas que você fez na vida dele.

- Eu fiz? Você não sabe de nada! - Alain falou alterado - Eu sei quem é você!

- E por acaso eu estava escondendo isso? - Lestat debochou - Você saber quem eu sou só me facilita as coisas.

Lestat pegou outro porta retratos, esse era chamativo, novo, parecia caro. Tinha a foto do alfa a sua frente, da esposa e do filho mais novo, pareciam estar em alguma festa e usavam roupas elegantes. Na opinião de Lestat, continuava patéticos.

- Você sabe sobre ele, não é? - o alfa falou e o lúpus o encarou confuso - É por isso que está com Louis. Você quer ter filhos com ele para continuar sua linhagem.

- Do que você está falando? - Lestat perguntou com calma.

- Louis é um lúpus, assim como a mãe dele era - Alain soltou triunfante.

- Você sabia? - Lestat sentia a raiva correndo no seu corpo com força - Você passou a vida inteira do Louis falando a ele que os lúpus era abomináveis, incontroláveis, assustadores e que nunca se pode chegar perto de um porque não são confiáveis, sabendo que ele era um?

- Só queria evitar que ele se transformasse na aberração que nasceu para ser.

- Aberração? - Lestat trincou o maxilar, ele poderia matar aquele alfa ali mesmo. O vidro do porta retrato que segurava quebrou em vários pedaços, tamanha a força com o que ele segurava o objeto. Lestat dobrou o porta retratos ao meio, como se não fosse nada - Como ousa chama-lo de aberração?

- Lúpus são todos aberrações! Vocês se acham melhores do que nós, mas não passam de criatura saídas do reino de Hades! Eu nunca deixaria a minha família exposta a vocês, seus manipuladores nojentos, tentei livrar minha família das garras de vocês  a todo custo e não me arrependo de nada.

Lestat iria avançar sobre aquele alfa, mas a sua escolha de palavras o impediu. A todo custo? Ele não se arrependia? 

O lúpus seguiu o olhar de Alain até a estante, mais precisamente até foto de Sofia com os filhos. A verdade o acertou de um jeito que ele não esperava, de tudo o que poderia acontecer, ele nunca imaginaria por essa. Lestat era um alfa muito difícil de ser surpreendido, porém aquilo o pegou desprevenido, quem seria tão frio com a pessoa que dizia amar? Mas a sua surpresa só alimentou o seu ódio. Seu lobo rosnou querendo sair, o fazendo respirar fundo, então pegou a foto de Sofia.

- Você sabia sobre Sofia, sabia que ela era um lúpus,  sabia que se ela estivesse no meio de nós teria sido tratada de verdade, sabia que poderíamos salva-la. Mas para isso precisaria admitir que ele é um de nós - Lestat falando olhando para a foto, depois encarou Alain - só que você preferiu ver sua esposa morrer.

Lestat bateu com força na estande, derrubando da primeira a última prateleira, fazendo todos os porta retratos caírem no chão se quebrando. O som foi alto, assim como a destruição, cacos de vídeo por todo o lugar.

- Você a matou - Lestat falou baixo, mas de um jeito assustador.

- O câncer a matou - Alain respondeu, dando um passo para trás.

- Você pegou uma jovem apaixonada, acabou com as chances dela ser feliz, usou todo o dinheiro dela a seu favor, negou a ela chance de viver, destruiu sua alma e a deixou definhar até morrer - Lestat bateu no que sobrava da estante, que caiu para o lado arrancando um quadro da parede e se quebrando contra a porta da casa.

- Você fala como se eu a tivesse usado, não foi isso. No começo eu não sabia, já estávamos casados quando eu descobri, por isso eu não poderia ter um filho ômega, porque ele carregaria esses genes malditos - Alain cuspia as palavras - Mas eu sei que você quer usar Louis!

- Quero? - Lestat riu sem humor.

- Você o quer para ter filhotes, porque você é um puro e quer ter filhos puros! Só que Louis é tão patético e ingênuo que realmente acredita que você o ama, aquele imbecil!

- Eu não o amo? - Lestat perguntou sem emoção nenhuma na voz.

- Amar? Por favor, o que um Lionscurt iria querer com um ômega desastrado e ignorante, sendo que você poderia ter qualquer um? Mas eu sei que você o escolheu porque ele é inexperiente e você pode o manipular do jeito que quiser!

- Eu vou manipula-lo? - de novo Lestat riu sem humor, deixou a foto de Sofia no aparador, então se virou para Alain o agarrando pela camiseta e o batendo contra a parede - Louis é o meu soulmate e você acabou de ofende-lo diversas vezes. Você sabe quem eu sou, mas não se deu ao trabalho de pesquisar o que eu posso fazer com você?

- Me solte! Você... Saia... Saia da minha casa! - ele gritou, mas Lestat o bateu de novo.

- Você achou que eu estava com Louis porque queria usá-lo, o que foi uma imensa tolice da sua parte, mas sabe o que realmente quero agora? - ele perguntou, mas o alfa assustado não respondeu. Então Lestat acertou o seu estômago com força e o alfa perdeu completamente o ar - Sabe?

- N... Não... - o alfa ofegou.

- Eu quero matar você, mas só quero matar depois te fazer sentir toda a dor que Sofia sentiu. Eu quero te fazer chegar ao limite da sua sanidade de tanta dor que você vai sentir, para começar tudo de volta no dia seguinte. Eu quero arrancar a carne dos seus ossos, pedaço por pedaço, até eu ver a vida se esvaindo do seu corpo e seus olhos se tornarem opacos, se você ainda os tiver, é claro.

Lestat soltou o alfa, mas girou o braço acertando uma cotovelada com muita força. Alain caiu no chão com o nariz sangrando. O alfa respirava pela boca ruidosamente e gemia baixinho de dor.

- Eu vou chamar a polícia! - aquilo fez Lestat rir.

- Por favor, chame, quanto mais plateia eu tiver enquanto eu acabo com você, melhor.

- Mon loup, você está bem? - Louis perguntou preocupado vindo pelo corredor - O que... Papa! - o ômega correu até o pai se abaixando - O que aconteceu?

- Ma lune - Lestat disse com calma, seu ômega estava confuso, ele não queria piorar a situação.

- Ele me agrediu, foi isso o que aconteceu! - Alain gritou, ele se levantou com a ajuda de Louis - Olha o que ele fez comigo, o que ele fez com a minha sala!

- Mon loup? - Louis olhou a destruição do ambiente e depois voltou seus olhos para Lestat, ele não estava entendendo o que tinha acontecido.

- Sim, eu fiz tudo isso e farei muito pior assim que por as minhas mãos nele - Lestat disse sinceramente, para a surpresa do ômega.

- Por que?

- Porque é isso o que os lúpus fazem, destroem tudo! Eles são egoístas e manipuladores, você ainda não percebeu que ele só está com você porque quer que você tenha os filhotes dele? Pare de ser tão ingênuo, seu "namorado" só quer que te usar como barriga de aluguel, ele não se importa com você!

- Non!

- Ma lune, por favor...

- Non! - Louis repetiu recuando, seus olhos cheios de lágrimas.

- Por que você acha que ficaram próximos tão rápidos e ele tem feito suas vontades? Por que uma alfa como ele se interessaria por alguém como você? O que você tem a oferecer a ele além do seu ventre? Ele precisa ter um filho com outro lúpus para que seus filhotes sejam puros, ele encontrou isso em você e está te manipulando desde então. Você é só uma marionete no joguinho dele.

- Non, pare, por favor - Louis implorou tampando os ouvidos.

- Cala e boca, Alain! - Lestat rosnou.

- Mas essa é a verdade, enfrente ela e admita que ele sempre quis te usar. No fundo você sempre soube que nunca seria o suficiente para alguém como ele!

- Non, non, non, non - Louis repetiu, ele tampava o os ouvidos e negava com a cabeça, as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

- Ma lune, se acalme por favor, vamos conversar.

- Non! - Louis gritou, destampando os ouvidos e encarando os dois alfas a sua frente.

- Você entendeu a verdade? - Alain perguntou triunfante e Louis concordou com a cabeça, as lágrimas ainda deixavam rastros pelo seu rosto.

Louis andou até o pai, parando na sua frente e lhe deu um tapa na cara tão forte, que o som ecoou pelo corredor.

- Cale a boca - Louis avisou - Você não sabe nada sobre mon loup e eu, você nunca quis saber nada sobre mim, você não tem direito ou o mínimo de moral para falar sobre ele. Então cale a sua maldita boca!

O ômega ofegava e ainda tinha algumas lágrimas escorrendo, mas ele estava entre Alain e Lestat e sua postura mostrava que ele estava disposto a defender seu alfa.

- Você é patético - Alain encarava o filho com ódio.

- Prefiro ser patético, do que ser como você - Louis respondeu o olhando nos olhos.

- Ele vai te usar e jogar fora, você não serve para ele e sabe disso. Logo você só será a pessoa que teve os filhos dele.

- Assim como você fez com a minha mãe? - Louis perguntou de volta - Essa casa também era dela, ela te ajudou a construir tudo o que tem aqui e hoje não sobrou quase nada dela. Você finge que minha mãe nunca existiu, mas vive com o que ganhou graças a ela. No fim, o patético daqui é você.

Eles ficaram em silêncio, apenas se encarando. Louis nunca tinha enfrentado seu pai daquele jeito, o que pegou o alfa de surpresa, mas ele não iria recuar. Não iria deixar que ele destruísse umas das únicas coisas boas na sua vida.

- Saiam da minha casa e nunca mais voltem, eu não quero ser obrigado a olhar para vocês de novo! - Alain  disse por fim e se virando para se afastar pelo corredor. 

Louis respirou fundo, só então percebendo que tinha prendido a respiração. Ele se virou para seu alfa, Lestat sorriu orgulhoso para ele, fazendo que o próprio ômega sorrisse. Mas então os olhos dele foram até a foto se sua mãe no aparador, o único porta retratos intacto já que todos estava quebrados pelo chão.

O ômega pegou o objeto, ele olhou para a foto confuso e então entendeu uma informação que tinha deixado escapar no meio da discussão. Por isso se virou e correu atrás de Alain.

- Espera - Louis gritou e Alain se voltou para ele - como você sabia que eu sou um lúpus, se eu não sabia?

- É obvio que eu sabia, sempre soube - ele zombou - assim como eu sabia de Sofia.

-  Como? - Louis exigiu, abraçado a foto de sua mãe.

- Meses depois de nos casarmos nós sofremos um acidente de carro, era para ela ter ficado em estado grave, mas se recuperou. O médico me chamou para conversar e contou que fez um exame especifico e descobriu que ela era um lúpus, nem ela sabia. Ele me recomendou ir até a comunidade lúpus e contar a eles. Isso era sigilo profissional da paciente, não o deixei contar a ninguém e guardei isso até agora - ele respondeu friamente.

- Nem mesmo enquanto ela morria você pensou em contar?

- Por que eu faria isso? Para os lúpus se meterem nos meus negócios? Os deixando mandar em mim e nas minhas finanças?

- Finanças? - Louis gritou - Minha morreu e tudo o que você pode pensar é no seu maldito negócio? - o ômega limpou as lágrimas do rosto - Como pode ser tão egoísta e covarde?

- Pense o que que quiser, só saia da minha casa.

- Errado, papa, essa era a casa da minha mãe e agora é minha - Louis o encarou - e eu vou tomar de você tudo o que você ama. Essa casa, esse vinhedo, a empresa... tudo será meu e do meu irmão, você e sua nova família terão que sair daqui e, se tiverem sorte, poderão viver com a pequena parcela de participação de lucros. E depois que tudo estiver acabado, serei eu que nunca mais irei querer te ver na minha casa!

- Você está louco - Alain respondeu.

- Não, eu estou aliviado porque, finalmente, percebi que eu nunca fui culpado de nada, o problema nunca fui eu. Passei minha vida tentando te agradar, algumas vezes eu tentei mudar quem era só para ser merecedor de um pouco do seu carinho. Quando eu tive que ir embora, lá no fundo da minha mente eu ainda pensava que eu tinha provocado tudo aquilo. Você me fez crescer acreditando que eu nunca seria o suficiente para nada, mas quem nunca foi o suficiente, nem para amar, era você.

- Escuta aqui, seu... - Alain foi furioso na direção de Louis, ele colocou deu dedo no ombro do ômega, mas mal chegou a encostar.

Lestat torceu seu braço para as costas dele com força e não parou, mesmo quando ele estralou alto e o alfa gritou. 

- Você deveria ser agradecido ao meu ômega, porque ele salvou a sua vida - o lúpus falava baixo, de um jeito assustador - eu teria te matado, mas ele quer a vingança dele de outro jeito. Só que em vez de ser grato, você tentou ameaça-lo. Diz que sabe tanto sobre os lúpus, mas não conhece nossas regras básicas

O lúpus bateu a cabeça de Alain na parede e sair o arrastando pelo corredor, esfolando a pele do rosto e derrubando qualquer quadro e foto pendurada na parede. Quando chegou no final do corredor, na porta aberta que dava no banheiro, ele jogou o alfa machucado lá dentro. Alain estava com parte do rosto cheia de sangue e um dos seus braços estava torcido em um ângulo nada normal.

- Agora, toda vez que se olhar no espelho, verá a marca em seu rosto e se lembrará de mim e do meu ômega. E também se lembrará da vergonha que é para os alfas - Lestat dizia calmamente.

- Eu vou... vocês não sairão impunes disso... - ele falava com dificuldade.

- Tente, apenas tente e você me fará tão feliz. Será uma honra lhe mostrar como os lúpus resolvem essas coisas. O que você teve até agora foi apenas uma amostra grátis, mas se quiser o tratamento completo, não hesite em me avisar. Até lá, cruze o caminho do meu ômega de novo, apenas tente falar com ele e eu não quebrarei só o seu braço.

- Au revoir - Louis disse e fechou a porta do banheiro, deixando Alain lá dentro sozinho.

Lestat mantinha seu ômega sobre os seus braços quando saíram da casa, o ômega ainda estava abraçado a foto da sua mãe, já que decidira levar com ele. A primeira pessoa que viram foi Thierry, que chegava perto deles com os olhos arregalados, um pouco espantando.

- O que foi? - Louis perguntou.

- Sua sogra, ela é, um pouco, digamos, intensa - o alfa respondeu - e forte, ela é bem forte.

Nisso Véronique e Gabrielle também chegaram até eles. A madrasta de Louis tinha a parte de cima inteira do corpo molhada e cheirava muito forte a vinho. O líquido avermelhado escorria do seu cabelo, seu rosto estava corado, ela ofegava e parecia completamente aterrorizada.

Já Gabrielle sorria tranquila, as mangas do seu cardigan branco estava totalmente manchadas de vinho e tinha mais respingos pelo resto da sua roupa. De resto, ela estava completamente normal.

- Eu achei que era mais difícil arrancar a tampa de barris de madeira, mas não é - a ômega loira sorria - Thierry, não se preocupe, eu pagarei por todo o o vinho perdido. Ah, eu já ia me esquecendo, no verão sua tia Marjorie e eu iremos visitar Louis e Lestat, deveria vir conosco, eu pago a viagem.

- Cla... claro - o alfa respondeu.

- Maman, estamos voltando ao hotel, ma lune precisa descansar.

- Claro, eu também preciso de um banho, me sujei um pouco - ela riu e se virou para Véronique - de uma mãe para outra, espero que siga o meu conselho e não mexa com os meus filhotes, ou espero que aprenda a segurar a respiração por mais tempo.



Foi leve ou tiveram algum surto?

O wattpad tem falhado muito nas notificações e não tem entregado o capítulo para todo mundo. Por isso, quem tiver instagram, por favor, me siga lá, porque eu sempre aviso quando posto capítulos novos ou novidades sobre o livro. É só procurar Isa Feijó, vocês vão me achar

2/2


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top