'tis the damn season
*7 meses e 12 dias se passaram*
Virou um hábito acordar com os braços de Jake ao meu redor, às vezes ele nem é a conchinha maior, mas toda manhã seus braços me envolvem, não importa se é no meu ou seu apartamento.
- Bom dia. - Jake sussurou.
- Bom dia.
Me virei. Um raio de luz iluminava metade de seu rosto, ele sorriu ao encontrar meus olhos.
- Dormiu bem?
Eu assenti.
- Você?
Ele assentiu. Sorri. Eu peguei meu celular e levantei para ir ao banheiro. Hoje é dia 17 de dezembro, o tempo está chuvoso. Lavei o meu rosto, a água fria me despertou um pouco. Sinto que estou esquecendo algo importante.
- Jake - eu o chamo. - Tem algum feriado hoje?
Ele veio até mim e apoiou na porta do banheiro.
- É aniversário de um ano da estreia de homem aranha: sem volta pra casa.
- Não é isso - abri o calendário no celular. Não pode ser, como eu pude esquecer?
- Que cara é essa, Ames?
- Falta uma semana pra véspera de natal.
- Verdade! Eu preciso comprar e depois montar a árvore.
- Jake, você é judeu.
- Eu mereço ter uma árvore também.
- Ok. Precisamos ir às compras hoje.
Ele assentiu.
- Vai se arrumar, temos muito o que fazer.
Terminei de me arrumar e tomei café enquanto Jake terminava de se vestir.
- Quais os planos de hoje? - ele perguntou do quarto.
- Comprar os presentes e depois ver filmes de natal.
Ele saiu do quarto e sentou a minha frente.
- Parece um bom plano.
Fomos para o shopping. Perambulamos durante um bom tempo, Jake fez questão de entrar em todas as lojas de departamento para encontrar a sua árvore perfeita. Quando a encontrou seus olhos brilharam como os de uma criança.
- É essa.
Eu sorri.
- Eu compro, é meu presente pra você.
Ele sorriu. Jake saiu da loja saltitando, parecia uma criança feliz.
- Nem acredito, minha primeira árvore de natal!
Eu ri.
- Você quer que eu deixe na sua casa ou na minha?
7 meses se passaram depois que concordamos em morar juntos. Nós entramos para a força tarefa de Holt, o que não nos deixou com muito tempo a sós. Aproveitamos esse tempo de várias formas, menos conversando sobre a mudança.
- Na nossa. Eu andei pensando, queria que mudasse semana que vem. O que acha?
- Gostei da ideia.
Eu sorri.
- Certo, qual próximo item da lista?
Ele riu.
- Você foi de zero a cem muito rápido agora.
- Eu estou focada, preciso terminar isso hoje.
- Falta uma semana...
- Preciso terminar isso hoje. - repeti.
- Presente pra Rosa.
- Já comprei pela internet. É um machado com as iniciais dela cravadas.
- Isso é muito ela - ele continuou lendo a lista no celular. - Gina.
- Comprei ingressos pro show da Beyoncé.
- E eu ganhei uma árvore? Tô achando isso estranho.
Eu ri.
- O do Charles está ticado, o que deu para ele?
- Você logo vai saber.
Ele me encarou curioso, depois checou o celular.
- Terry é o próximo.
Eu o guiei até uma loja de roupas, semana passada estava andando a toa e encontrei suspensórios repletos de "joias".
- Bejeweled! - Jake começou a dançar. - Parecem com as joias do clipe.
Olhei novamente, realmente pareciam. Peguei um par e passei no caixa. Jake checou a lista duas vezes.
- Presentear o Cheddar não é contra a política de não presentes do Holt?
- Não, eu estou presenteando o Cheddar, não ele.
- O que vai comprar?
- Um terninho.
Ele sorriu, provavelmente imaginou o cachorro no terno, é uma imagem bem agradável. Minha língua coçou para eu contar o porque de escolher terno dentre todas as opções. Fiz as pazes com a ideia de casar com Jake, eu estou pronta, a minha única dúvida é se espero ou se eu peço.
A atendente entregou uma sacola com o embrulho dentro para Jake. Nós fomos em direção a loja de bichos de estimação. Jake parou na entrada, ele conversou com os pássaros até um deles começar a rir da sua piada, nós nos entreolhamos e gargalhamos. Encontrei um terninho preto básico.
- E uma gravata?
Quando me virei ele estava com uma gravatinha na cabeça, eu ri e a peguei.
- Vou levar também.
Eu achei que fosse demorar mais do que duas horas, por isso não me estressei tanto assim. Agora estamos eu e ele sentados na praça de alimentação, ele devorava um whooper, eu comia um cbk.
- Sobre o presente do Charles... - comecei tentando encontrar coragem. - Envolve você.
Ele me olhou, a boca suja de molho. Peguei um guardanapo e a limpei.
- Ele pediu para que eu te chamasse para passar o natal com a minha família.
- Eles sabem?
Assenti.
- Eles concordaram?
- Não. Mas não me importo.
- Tem certeza? A última vez que vi sua família levei um soco.
- Na defesa deles, foi o Teddy, nenhum membro familiar estava envolvido.
- Você acha que é uma boa ideia?
- Não. Mas, preciso que eles te conheçam melhor, afinal nós vamos morar juntos. - "e casar" quis completar.
♤♡◇♧
Jake secava as mãos na calça.
- Vai dar tudo certo. - sussurei para ele.
Ele forçou um sorriso.
- Amy! - David sorriu ao me ver. Ele nos abraçou ao mesmo tempo, nunca pensei que fosse viveciar isso, mas meu irmão cheirava a álcool. - Venha, entrem.
Ele bagunçou o cabelo do Jake quando passou por ele.
- Seu irmão parece... feliz.
Então ele também percebeu. Minha mãe correu para pegar o salpicão que Charles fez para mim.
- Filha - ela parecia cansada. - Olá Jake.
- Senhora Santiago muito obrigado por me receber.
- Deixe as formalidades de lado, pode me chamar de Camila.
- Ok, Camila. - ele sorriu. Assim que ela foi para a cozinha com o meu prato, nós comemoramos em silêncio.
Nós cumprimentamos todos e sentamos no sofá. David dançava sem música alguma. Meu pai reprovava seu comportamento em silêncio.
- O que aconteceu com ele? - perguntei pro meu irmão mais novo.
- Você não soube? Mary o deixou.
Encarei David, o filho de ouro desabava diante dos meus olhos. Queria conversar com ele, checar em como está, mas nunca tivemos intimidade. É difícil ter intimidade com sete irmãos, na verdade, é difícil ter intimidade com qualquer um deles.
Como toda boa família latina, nós comemos antes de dar meia-noite. O ambiente não havia ficado em silêncio desde quando chegamos, mas com todos comendo, é difícil conversar. Para minha surpresa, foi David quem quebrou o gelo.
- Eu sei o que todos estão pensando. Eu estou um caos - ele riu sozinho, o restante da mesa apenas se entreolhou. - Mary me deixou, ela não me avisou, um dia eu acordei e ela não estava lá.
Ele riu novamente e começou a chorar em seguida. Estava deprimente.
- Esse ano não é o nosso - ele me olhava, eu não acompanhava seu raciocínio. - Eu fui abandonado e você terminou com Teddy.
Jake se mexeu ao meu lado, nervoso.
- O que você está insinuando? - perguntei.
- Não estou insinuando, estou afirmando que Teddy era melhor do que ele - ele apontou para Jake. - Isso vai durar ou você vai voltar para o Teddy? Não seria a primeira vez que volta com um ex.
- Cala a boca David.
- Amy - minha mãe chamou. - Pega leve.
- Não vou pegar leve, mãe, ele não merece - voltei a olhar para David. - No seu casamento, você me avisou que tinha expulsado Teddy e ainda ofereceu que Jake fosse. Por quê?
Jake me olhou, ele próprio não sabia.
- Alguém precisa ser o número dois. Eu lembro de como os nossos pais ficaram quando namorou com esse aí. Ele é desleixado, judeu e por algum motivo cheira à bala de goma.
Jake murmurou "judeu?" ao meu lado.
- Você não o conhece. Jake é a melhor pessoa que conheço. É um excelente detetive, namorado e amigo - eu o olhei- Eu quero passar o resto da minha vida com ele, não me importo se for cedo demais.
Ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Teddy socou a pessoa errada. - ele levantou da mesa.
- David! - minha mãe o seguiu.
Nós fomos embora, não nos despedimos, apenas fomos. Ele segurava a minha mão até sairmos pela porta de entrada. Só consegui estacionar a um quarteirão de distância, Jake me parou na metade do caminho.
- É verdade?
Eu o encarei confusa.
- É verdade que você quer casar comigo?
Eu sorri.
- É.
- Você fala como se não fosse nada.
Senti pingos de chuva caírem sobre a minha pele, apenas chuviscava, por isso não me desesperei.
- Sim Jake, eu quero casar com você. Pode pedir a minha mão quando quiser.
Ele ajoelhou. Levei as mãos ao rosto. Mais pingos caíram, dessa vez mais fortes. Jake amarrou o tênis.
- Eu te odeio. - falei andando em direção ao carro.
Jake me abraçou rindo.
- Não vou te contar, você vai ter que confiar em mim.
- Não gostei.
Ele riu. A chuva aumentou, mas não nos movemos. Ele me beijou. Parecia um filme, tudo girava ao meu redor, a minha pele arrepiava com a frieza da água, minhas roupas colaram na minha pele.
- Eu senti saudades disso.
Eu sorri.
- Eu também.
Autora: Já que hoje ainda é natal, decidi escrever esse capítulo especial como forma de agradecimento pelos 2k. Espero que tenham gostado♥️
>>> Não revisei, amanhã reviso. São quase 2h da manhã, tô caindo de sono
(Vamo fingir que ainda é natal)
Boas festas
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top