Maid café: Maid café é um estilo de cafeteria, criado no Japão, cujo objetivo é oferecer refeições com entretenimento para todos os seus clientes.

Maid: Garçonete inspirada nas empregadas que trabalhavam em grandes mansões durante a Era Vitoriana. As maids estão presentes na cultura popular japonesa, aparecendo em diversos animes e mangás.

Moe: Palavra japonesa que remete a fofura.

Mestre e princesa: São como as maids se referem aos clientes.

Furi-Furi Shaka-Shaka Mix Juice: Bebida especial feita quando se agita uma coqueteleira

Kuro: Preto em japonês.

— Sakura, quando você vai realmente passar a se arrumar para vir à aula? Você parece uma nerd com essa trança torta e esses óculos redondos na cara. Pena que tira notas ruins. — Ino riu enquanto mordia seu sanduíche.

— Ah, vai à merda, Ino! Você sabe que eu não gosto de chamar a atenção — respondi, levando a lata de suco até a boca. — E sim, a intenção é parecer uma nerd introvertida.

— Não, é sério! Já estamos no segundo ano da faculdade e você fica se escondendo por baixo dessas roupas largas. Desse jeito, nunca vai arrumar um namorado gatinho. — Ela olhou por cima de meu ombro, até que seus orbes azuis pararam em um ponto do refeitório. — Como o gostoso do Uchiha, o sonho de consumo das garotas.

Levei o dedo até a boca, fazendo cara de nojo. Nem fiz questão de olhar para trás a fim de ver o garoto de quem estava falando. Ino achou graça.

— Aquele garoto se acha — eu disse, ajeitando meus óculos. — A última coisa que eu quero é que ele repare em mim.

— Vai dizer que nunca se fantasiou dando uns pegas nele? — Ino soou incrédula. — Ele é o maior gostoso da faculdade, junto com Naruto, Neji e o lindinho do Gaara.

Eu franzi o cenho.

— Não, nunca. Mas dentre essas opções, prefiro o Neji. — Dei de ombros.

— Pena que nunca vai dar uns beijos nele se você não der um jeito nessa aparência falsa. Sakura, você é linda!

Bebi o último gole de suco e deixei a caixinha sobre a mesa. Peguei minha bolsa, conferindo se não estava me esquecendo de nada.

— Não me importo, e a última coisa que eu quero é me envolver com alguém. Minha vida já é ocupada demais com trabalho e faculdade.

Ino recostou-se na cadeira após terminar seu sanduíche.

— Falando nisso, como tá indo o trabalho? — perguntou ela, mexendo no celular. Fazia nove meses que eu havia começado a trabalhar no café da minha tia para ajudar a pagar as mensalidades caríssimas de medicina.

— Tá indo bem. Agora que me acostumei, é tranquilo. Lidar com os clientes que é a parte meio complicada. — Olhei as horas na tela do celular. — Falando nisso, tenho que ir. Não posso chegar atrasada ou minha tia vai me matar. Vamos ter um funcionário novo hoje.

— Ih, boa sorte! — Ino sorriu, ainda vidrada em alguma postagem em seu Instagram.

— Vou precisar. — Levantei-me da cadeira, jogando um beijo para ela.

Saí do refeitório como sempre: de modo discreto, sem olhar no rosto de ninguém. Observei para minhas próprias roupas e as palavras de Ino ecoaram em minha mente. Não era a primeira vez que minha amiga dizia para me arrumar de um jeito melhor, mas eu simplesmente não conseguia fazer isso, ainda. Não gostava de ser o centro das atenções, de ter amizades por interesse ou garotos ao meu redor que só ligavam para a minha aparência. Já não bastava ter confiado em pessoas erradas no passado, Ino era a única com quem eu compartilhava minhas dores. Por isso, decidi viver minha vida da forma mais simples possível, e o único lugar onde eu quebrava minhas próprias regras era no trabalho. Porque, bem, era um trabalho. E ele exigia que eu mostrasse um lado meu que tentava desesperadamente esconder.

Virei uma curva e, antes que eu pudesse reagir, uma garota trombou em mim, derramando sua bebida em minha roupa. Dei um pulo para trás de susto ao sentir o líquido gelado, até que vi quem era a responsável por aquilo. Shion, considerada por alguns dos alunos como uma deusa na terra. Ela chiou ao me ver, arrebitando o nariz.

— Olha o que você fez! Perdi metade da minha bebida! — exclamou, como se não tivesse sido culpa dela que boa parte da minha blusa estava manchada.

— Me desculpe! — falei, abaixando a cabeça. Nessas horas, a melhor coisa a se fazer era me fingir de sonsa. Assim evitava um problema maior.

— A sua sorte é que minha roupa não foi arruinada. — Ela estendeu a mão na minha frente. — Agora vamos, você deve metade do que eu paguei na bebida.

Aquilo era um absurdo, e eu sei que não deveria aceitar de bom grado tudo o que aquela babaca dizia. Porém, ir contra Shion poderia ser um tiro no meu próprio pé. Além de ser venerada pelos homens, ela fazia parte do grupinho mais popular e influente da faculdade. Minha vida pacífica iria pelos ares se eles fizessem de mim um alvo.

Eu estava prestes a pegar uns trocados em meu bolso quando uma mão puxou a de Shion da minha frente.

— Chega disso, garota. Vamos, não perca tempo com essa daí. — A voz penetrante invadiu meu ouvido, e eu ergui mais um pouco a cabeça até que meu olhos fixaram no rosto de ninguém menos que Sasuke Uchiha. Não fiquei surpresa, afinal, eles eram vistos juntos quase todos os dias.

— Ah, Sasukezinho! — Agarrou o braço do moreno, e em menos de um segundo ela havia esquecido completamente de mim.

Encarei o Uchiha novamente. Seus olhos escuros como carvão me analisaram por inteiro e uma expressão de desprezo surgiu em seu rosto. Ele me dispensou em um gesto de mão e com a loira agarrada em seu braço, virou-se para o lado oposto e começou a se afastar.

Soltei o ar, aliviada. Não esperava menos do Uchiha com seu olhar frio carregado de prepotência – o que fazia com que eu suportasse menos ainda sua presença. Mas graças a ele, me livrei de um problema e nem precisei gastar meu dinheiro para isso. Saí da faculdade às pressas, teria que correr para não chegar atrasada na estação de metrô. Meu trabalho ficava longe, quase do outro lado de Tóquio. No entanto, a localização foi crucial para que eu aceitasse o convite de trabalho da minha tia, pois assim eu evitaria encontrar algum aluno que poderia me reconhecer. O lado ruim disso é que eu demorava uma hora e meia para chegar e minha última aula terminava tarde. Era uma corrida contra o tempo.

O extenuante caminho era tolerado graças ao fone de ouvido. Quando desci na minha estação, andei mais um percurso a pé até avistar o Pink Club Café. Encarei o relógio, percebendo que havia conseguido chegar a tempo. Faltavam dez minutos para as duas quando entrei pelos fundos, na entrada destinada aos funcionários.

— Ah, Sakura! Chegou bem na hora. — Tenten, uma das minhas colegas de trabalho, me recepcionou com um sorriso. Ela estava trocando de roupa no vestiário. — A chefe já estava perguntando por você.

— Deve ser sobre o funcionário novo — suspirei, cansada. Guardei minha bolsa no armário e tirei meu uniforme.

— Provavelmente. Ela disse que vai ser um novo garçom.

Franzi a testa enquanto vestia a meia calça branca, o vestido vermelho com babados e o avental por cima, prendendo-o na minha cintura. Ajeitei o laço rosa que ornamentava a gola e soltei os cabelos, deixando-os soltos nas costas. O toque final era a tiara rendada na cabeça junto com um par de orelhas de gato.

— Garçom? Parece que a chefe quer expandir a clientela. — Soltei uma risada, tirando o óculos do rosto e guardando-o no armário. Tenten me emprestou um gloss, um blush e uma máscara de cílios.

— Talvez. Diz ela que o rapaz vai fazer sucesso. Quero só ver. — Tenten amarrou seus cabelos em um rabo-de-cavalo antes de virar-se para mim a tempo de me ver passando um blush no rosto. — Tá linda, amiga. Pronta para ver seu cliente favorito?

Revirei os olhos.

— Não sei porque raios ele vem aqui todo dia.

— Ora, você é a preferida dele. — Tenten abriu um sorriso tendencioso. — E ele é bem encantador.

Devolvi a maquiagem para a morena.

— Vamos, antes que Tsunade apareça pra nos dar uma bronca.

Tenten e eu seguimos para a parte de frente do café e nos deparamos com Hinata, Temari, outras maids do turno vespertino e Tsunade, nossa patroa e minha tia.

— Ah, até que enfim chegaram! — Tsunade disse para mim e Tenten, as últimas a chegarem no local. — Estava falando sobre o funcionário novo. Então, Sakura, pode ficar encarregada de ensiná-lo?

— Claro, Tsunade-sama — respondi, mesmo não querendo ficar com essa tarefa. Não tinha jeito, Tenten e Temari eram impacientes com novatos, e Hinata um pouco tímida. As outras maids eram novas, então só restava eu para lidar com o fardo. No fundo, já imaginava que acabaria sobrando para mim de qualquer maneira.

— Ótimo, agora vamos. Hora de trabalhar! — Tsunade foi para os fundos novamente. Era sempre assim, ela cuidava da cozinha junto com dois ajudantes enquanto nós ficávamos responsáveis por atender os clientes.

Ela não disse nada sobre o horário em que o novo funcionário viria, então segui fazendo meu trabalho normalmente, atendendo as mesas dos clientes que chegavam para comer doces, omeletes, sorvete, tomar um pouco de café ou alguma bebida especial. O ambiente não era muito grande, mas vivia cheio. Temari, Tenten, Hinata, as outras garotas e eu revezávamos sempre para que nenhuma de nós ficássemos sobrecarregadas. Era engraçado o jeito que Temari lidava com isso, ela sempre foi a mais carrancuda entre nós, mas quando estava trabalhando parecia que mudava completamente sua personalidade.

Assim como eu.

A porta de entrada abriu. Sasori havia acabado de chegar, no horário de sempre. Ele percorreu os olhos pelo ambiente até me encontrar e sorriu. Eu era a preferida dele.

— Bem-vindo de volta, mestre! — falei, com um enorme sorriso no rosto e uma pequena reverência assim que cheguei para recepcioná-lo na entrada. Estava na hora de atuar. — Permita-me levá-lo até seu assento.

Ele manteve o sorriso e me acompanhou. No balcão de bebidas ao lado esquerdo, peguei o cardápio em mãos e toquei um sino. Seu tilintar invadiu o ambiente.

— O mestre está de volta! — falei para as outras.

— Bem-vindo de volta, mestre! — todas responderam. Era um procedimento padrão quando um cliente chegava no café, independente se era sua primeira vez visitando esse tipo de estabelecimento ou não. Nós os tratávamos como se eles fossem um lorde retornando para "casa", e não indo para uma cafeteria qualquer.

Guiei-o até um assento aos fundos, no qual Sasori se sentou.

— Mais uma vez, bem-vindo de volta, mestre! O que deseja hoje? — O largo sorriso e as poses fofas já eram feitas de forma automática.

— O mesmo de sempre. — Ele sustentou seu olhar em mim. Logo em seguida, o sino tocou novamente. Olhei instintivamente para a porta, mas o que eu vi foi capaz de fazer meu sangue gelar e o meu sorriso desaparecer.

Era Sasuke Uchiha em pessoa entrando no Pink Club Café.

Não, não, não. Não pode ser.

Por um segundo, fiquei confusa e minha cabeça deu um nó. Nunca imaginei que ele gostasse de coisas desse tipo. E se ele me reconhecer? Com certeza vai espalhar pra todo mundo. Um senso de urgência surgiu e a única coisa que consegui pensar no momento foi em me esconder nos fundos até que ele fosse embora.

— Ayu-chan? — Sasori me chamou, fazendo-me voltar à realidade. Era meu nome fictício.

— Ah, desculpe, mestre. Um pedaço de bolo de chocolate com avelã e um Furi-Furi Shaka-Shaka Mix Juice, certo? Irei providenciar imediatamente, mestre!

Saí dali em direção aos fundos em uma velocidade anormal, não sem antes ver Tenten conversando com Sasuke na entrada. Parei na cozinha para fazer o pedido de Sasori e resolvi ficar ali perto esperando até que o Uchiha fosse embora.

Mas que merda ele tá fazendo aqui? Escolhi trabalhar longe da faculdade para evitar encontros desse tipo, e me vem justo ele?! Isso não pode estar acontecendo!

Fiquei andando de um lado para o outro pelo corredor, pensando em como continuar atendendo sem deixar que Sasuke me visse quando Temari apareceu à minha procura.

— Sakura, o novato chegou. Tenten está levando ele até o vestiário.

Um frio na espinha surgiu. Será possível? Não, não pode ser.

— Tô indo — respondi, ainda hesitante. Minhas mãos começaram a suar frio. Estava com um mal pressentimento.

Demorou uma eternidade para que eu chegasse no vestiário devido aos meus passos lentos. Parei na porta e engoli em seco, criando coragem. Tão logo a abri, meus olhos atravessaram a sala até encontrar o moreno sentado em uma cadeira, de braços cruzados e postura desleixada. Para o meu azar, minhas suspeitas foram confirmadas quando o vi. O novo funcionário era Sasuke, e a única coisa que me perguntava era o que eu tinha feito de tão ruim para merecer aquilo.

Respirei fundo e abri um sorriso animado.

— Seja bem-vindo! Me chamo Haruno Sakura e serei sua mentora. Meu apelido para os clientes é Ayu, então me chame por esse nome quando precisar falar comigo na frente deles. Tem alguma experiência nesse ramo? — perguntei, escondendo minhas mãos trêmulas para trás. Estava rezando para que ele não me reconhecesse.

Sasuke me encarou, demorando mais do que o esperado para responder.

— Já trabalhei como bartender um tempo atrás — ele respondeu, com indiferença na voz. Por que diabos ele estava aqui se vai agir desse jeito completamente seco?

— Que ótimo, então tenho certeza de que vai pegar a manha rapidinho! — Abri um dos armários vagos e peguei o uniforme que Sasuke usaria em seu expediente. — Qual o seu nome?

— Uchiha Sasuke.

Deixei o uniforme em cima da mesa.

— Uchiha-san, vou pedir...

— Sasuke. — Ele me cortou, e eu fiquei sem entender. — Prefiro que me chamem apenas de Sasuke.

Certo, eu não esperava que um dia o chamaria pelo primeiro nome nem em mil anos.

Soltei uma risada fraca, ainda não me sentia plenamente confortável com isso.

— Tudo bem, Sasuke-kun. Você também quer usar algum apelido para as clientes? Não é obrigatório, se não quiser.

Ele pensou por um momento.

— Kuro — disse. Um nome que combina perfeitamente com ele.

— Certo! Vou pedir que se vista e me encontre do lado de fora para que eu possa te explicar como funciona, ok? Vou esperar no corredor.

Ele apenas assentiu e eu fui para fora, fechando a porta do vestiário para que ele se trocasse. Soltei o ar com força e peguei meu celular, mandando uma mensagem para Ino.

"Você não vai acreditar quem é o funcionário novo".

Esperei dois minutos pela resposta. Nada. Resolvi deixá-la na curiosidade até o dia seguinte. Levei um pequeno sobressalto quando a porta do vestiário se abriu, revelando Sasuke com seu uniforme. Ele estava trajado de mordomo, com uma calça preta, camiseta branca e um terno de cauda de mangas longas. Uma gravata borboleta enfeitava seu pescoço e luvas brancas cobriam suas mãos. Meu queixo caiu, e fiquei admirando-o mais do que o necessário. Ele percebeu meu olhar e senti o rosto esquentar levemente, nunca imaginei que Sasuke poderia ficar tão bonito desse jeito.

— Vamos? Me siga, por favor! — Saí do meu transe, tentando não vacilar na voz.

Sasuke me seguiu de volta ao salão para que eu explicasse como as coisas eram organizadas, onde os itens essenciais ficavam, como eram a disposição das mesas e o nosso menu no cardápio. Ele ainda precisaria de algumas aulas para aprender a fazer desenhos no café e também em algumas preparações, mas ao menos estava entendendo tudo o que eu dizia sem nenhum problema. Percebi que algumas mulheres estavam encarando-o de seus assentos com risadinhas abafadas. Isso era bom, talvez seja esse o motivo de Tsunade tê-lo contratado. Estávamos atrás do balcão, no meio de uma explicação de uma bebida quando Tenten veio correndo me chamar.

— Sakura, o pedido do Sasori está pronto.

Suspirei, quase tinha me esquecido disso.

— Fique aqui, eu já volto.

Caminhei até a cozinha e um dos funcionários me entregou a bandeja com o pedido do ruivo. Senti minhas costas queimando com o olhar do Uchiha enquanto eu fazia meu trabalho, o que me deixava de certa forma constrangida. Voltei para o salão com o meu melhor sorriso quando Sasori me viu.

— Desculpe a demora, mestre! — Coloquei o bolo e a bebida em sua mesa e deixei a bandeja de lado. — Aqui está seu Furi-Furi Shaka-Shaka Mix Juice e o bolo de chocolate com avelã. Sei que deve estar cansado da viagem, mas preciso da sua ajuda para fazer esse suco ficar ainda mais gostoso dando uma cor para ele. Pode me ajudar, mestre?

— Claro, Ayu-chan! — Sasori me respondeu com empolgação.

Segurei a coqueteleira que continha uma cor aleatória em minhas mãos e dei o meu melhor para animá-lo mais ainda.

— Lembra de nossa mágica? Irei sacudir isso em minhas mãos e nós vamos deixar esse suco com uma cor bem moe! Está pronto?

— Sim!

— Então quando eu falar as palavras, você repete logo depois, vamos lá?

Sasori sorriu ligeiramente eufórico e ao mesmo tempo, acanhado. Ele adorava sempre que fazíamos juntos a "mágica" das maids.

Eu balancei a coqueteleira em um ritmo alegre.

— Furi-Furi! — Eu comecei a brincadeira.

— Furi-Furi! — Ele repetia logo depois.

— Shaka-Shaka!

— Shaka-Shaka!

— Waku waku!

— Waku waku!

— Nyan nyan!

— Nyan nyan!

— Fique bem gostoso!

— Fique bem gostoso! — Sasori repetiu, com uma empolgação tímida.

— Moe moe! — Agitei o shaker mais forte enquanto ele reforçava minha fala uma última vez.

— Obrigada, mestre! Foi perfeito, você estava bem animado hoje!

Ele riu.

— Que cor o mestre acha que vai sair? — Abri o shaker.

— Azul, talvez?

— Azul? Vamos ver se o mestre acertou dessa vez.

Despejei o líquido no copo com a bebida transparente de Sasori. O que não tinha cor logo virou um azul bem claro.

— Oh! Acertou, mestre! Esse é o nosso azul "moe moe"! — Bati palmas para parabenizá-lo e deixei a coqueteleira de lado, pegando um copo com vários canudos coloridos. — Para essa bebida cheia de magia do mestre, escolha a cor do canudo de como se sente hoje.

Sasori pensou por alguns instantes.

— Verde, hoje quero combinar com seus olhos — disse ele.

— Ah, obrigada, mestre! — Coloquei o canudo em sua bebida. — Espero que esse drink moe te deixe mais animado ainda!

— Claro!

— Essa bebida já é gostosa, mas para que ela fique ainda mais saborosa eu gostaria de colocar um pouco de amor nela junto com o mestre! — Fiz um coração com as mãos e continuei sorrindo. Sasori se ajeitou na cadeira, estava completamente entretido. Ele já sabia todo o ritual de cabeça, mas sua animação era tão genuína que às vezes parecia que era sua primeira vez em um maid café. — Então, primeiramente, vamos fazer um coração com as mãos, desse jeito. A gente joga o coração para os lados falando "moe moe" e daí enviamos amor com um "kyun" no final, tudo bem?

— Sim! — Ele fez um coração com as mãos, imitando minha pose.

— Então para deixar a bebida do mestre muito mais gostosa, vamos começar! Um dois e... — Sasori repetia meus movimentos enquanto dizíamos juntos: "moe moe kyun!" Jogando o coração para a bebida no final.

Eu bati palmas assim que o teatro terminou. Sasori riu.

— Enviamos o amor, agora com certeza está gostoso! Pode provar, mestre.

O ruivo pegou o canudo e deu um gole.

— O que achou? — perguntei, ansiosa pela resposta.

— Está gostoso! — respondeu, e eu bati palminhas outra vez em comemoração.

— Eba! Fico feliz que tenha gostado, mestre! — Peguei a bandeja e coloquei a coqueteleira e o copo com os canudos. — Agora vou deixá-lo desfrutar um pouco da sua refeição, ok? Se precisar de algo, é só tocar o sino que virei correndo para atendê-lo!

— Obrigado, Ayu-chan!

Fiz uma rápida reverência e saí de perto da sua mesa, voltando para o mesmo local em que havia deixado Sasuke me esperando. Fiquei com vergonha, era possível ter uma boa visão da minha performance de onde ele estava. Eu realmente esperava que ele não se lembrasse de mim, já que praticamente nem nos conhecíamos.

— Então, em que parte paramos? — perguntei.

— Eu vou ter que fazer aquela encenação ridícula? — foi a primeira coisa que ele disse.

Eu ri.

— Não, você não. Atuar é importante, mas você pode fazer o papel de um príncipe frio e charmoso. Acho que isso vai combinar melhor com você.

Ele ergueu uma sobrancelha, encarando-me de perto. Afastei-me um pouco.

— Por acaso nos conhecemos? — questionou ele, ainda me analisando.

Ferrou, será que ele se lembra de mim?

— N-não! — gaguejei, tentando encontrar uma desculpa. — É que pelo o que vi de você hoje, não parece ser do tipo de encenar com coisas fofinhas, então seja do tipo galã sedutor que tenho certeza que vai dar certo. As clientes vão adorar, e não se esqueça de chamá-las de "princesa" quando forem mulheres e de "mestre" quando for um homem.

Eu não estava sendo completamente falsa. Sasuke realmente se daria bem sendo o que ele normalmente era: um cara frio e galanteador. Já sabia de sua reputação na faculdade e pude ver em primeira mão o quão insensível ele conseguia ser. Felizmente, a maioria das mulheres se sentiam atraídas por homens com esse tipo de personalidade. Agora eu entendia o motivo de Tsunade contratá-lo, Sasuke iria fazer um tremendo sucesso.

O resto do dia passou voando. Depois que o ruivo foi embora, o movimento no café diminuiu e pude focar em dar apoio para Sasuke e reforçar algumas instruções. Ele estava indo muito bem no seu primeiro dia de trabalho e já conseguiu até fazer com que as clientes ficassem completamente bobas por ele após servi-las. Eu fiquei feliz, isso iria, de fato, movimentar nosso estabelecimento. Tsunade era um gênio, e ela também passou a acompanhar Sasuke de perto em suas tarefas.

Era oito da noite quando nosso expediente finalmente havia terminado. Tsunade firmou o contrato com Sasuke de imediato: ela viu uma oportunidade de ouro nas mãos e não ia largar por nada nesse mundo. Não a julgo, Sasuke realmente tem o talento para encantar os clientes. A dúvida que ainda permanecia era porque ele resolveu vir trabalhar bem aqui, em um maid café. Se eu contasse para Ino, certeza que não acreditaria.

Tirei o uniforme e vesti minhas roupas normais: uma calça jeans e minha blusa parcialmente manchada do café de Shion após derramar metade dele em mim.

— O que achou do novato, Sakura? Você não saiu de perto dele hoje — perguntou Temari. Ela e as outras meninas também estavam se trocando no vestiário. Como só tínhamos um lugar para mudar de roupa, o Uchiha foi o primeiro por ser mais rápido do que nós.

— É claro, eu estava monitorando ele para que não fizesse nenhuma besteira.

— Ele foi ótimo — comentou Hinata. — As clientes adoraram.

— Podem apostar que esse lugar vai ficar mais cheio ainda a partir de agora — disse Tenten. — E com razão, o Uchiha é um gato.

As outras garotas concordaram, e eu contive a vontade de revirar os olhos.

— Não sei o que vocês tanto veem nele — falei, colocando minha bolsa no ombro. — Enfim, estou indo, não quero chegar tarde em casa. Um beijo pra vocês e até amanhã!

Me despedi das meninas e saí do vestiário. Tsunade me chamou em sua sala para falar sobre Sasuke e qual foi minha surpresa quando vi que ele ainda estava lá, conversando com ela. Disse tudo sobre o treinamento e que ele havia se saído muito bem nas tarefas, apenas precisava aprender a desenhar um pouco melhor.

— Você pode ensiná-lo a desenhar? — minha tia perguntou.

— Claro, Tsunade-sama — e mais uma vez, eu concordei. Não tinha muito como escapar quando ela me pedia para fazer algum trabalho.

Maravilha! Não vejo a hora de passar mais tempo com esse metido.

— Bom, então, conto com vocês! Bem-vindo ao time, Sasuke. Vejo vocês amanhã. — Ela nos dispensou e fizemos uma reverência antes de sair da sala.

Ele caminhou atrás de mim até a parte externa da cafeteria

— Foi um prazer, Sasuke-kun. Boa noite e até amanhã. — Evitei mais contato visual e me despedi o mais rápido possível antes de iniciar minha caminhada até a estação de metrô.

— Ei, Haruno. — Sua voz soou atrás de mim e eu travei, sem olhar para trás. O nervosismo me atingiu e centenas de coisas passaram pela minha mente, com medo do que ele poderia dizer. Imagine que irônico seria se ele espalhasse que a maior nerd da faculdade trabalhava como uma maid. — O que aconteceu com sua roupa?

Meu estômago revirou. O que ele queria saber com aquela pergunta? Curiosidade? Ou será que Sasuke realmente sabia quem eu era e estava apenas querendo confirmar? Além de esnobe, ainda era intrometido!

— Fui um pouco desajeitada limpando a máquina de café — menti, esperando que ele caísse nessa. — Enfim, boa noite!

Saí às pressas, sem esperar por uma resposta. Estava cansada, preocupada e ansiosa. A única coisa que eu queria era chegar em casa e cair na cama. 

Lá vamos nós com mais uma kkkkkkk Mas essa já está completa, só preciso postar. Fiz em parceria com o @pinkclub no app vizinho 💖

Devo postar logo todos os capítulos ou lançar um por dia? 👀