Bônus


Sete anos depois.

— Sakura, só falta você! — Ouvi a voz de Sasuke vindo do andar de baixo.

— Já estou descendo!

Eram sete da manhã e eu estava correndo contra o tempo. Peguei a mala mais uma vez para garantir que não havia me esquecido de nada. Roupas, ok. Produtos de higiene, ok. Chinelos, ok. Roupa de praia, ok. Boias e protetor solar, ok. Certo, acho que está tudo aqui.

Desci com a mala de rodinha junto com a bolsa rosa até o primeiro andar. O resto da bagagem já havia sido empacotado no maleiro do carro, só faltavam essas duas para enfim pegarmos a estrada até o aeroporto.

Sasuke ergueu seus óculos de sol assim que me viu no pé da escada. Estava animado, seria a primeira vez que iríamos fazer uma viagem em família para a ilha de Okinawa durante suas férias do trabalho. Depois que ele teve alta, anos atrás, passou um bom tempo revisitando os médicos por causa do projétil alojado próximo a sua coluna. Eles optaram por não tirá-la a fim de evitar mais danos, e Sasuke apenas teve que conviver com isso. Por sorte, não teve sequelas graves. Shion e Sasori continuaram cumprindo pena na prisão, e nunca mais ficamos sabendo dos dois.

Nós nos formamos na faculdade e passamos a morar juntos em uma casa numa área residencial e tranquila de Tóquio. Eu trabalhei por um longo período em um hospital da região junto com Ino antes de sair para passar mais tempo em casa, e Sasuke trabalhava como engenheiro de software em home office. Casamos no cartório três anos atrás, sem grandes cerimônias. Fizemos uma pequena celebração com a família e os amigos mais íntimos.

Sakura Uchiha, esse era o meu novo sobrenome. E minha vida após conhecê-lo mudou completamente. Para melhor, claro. Sasuke me amava e sempre estava ao meu lado quando eu precisava, e em troca, retribuí o seu amor e afeto com todo o meu coração. Eu era inteiramente dele, de corpo e alma.

Com um dos braços ele segurava Sarada no colo, que havia acabado de completar um aninho. Ele estava ansioso, mal via a hora de ver a filha brincando na areia da praia e levá-la para conhecer o mar.

Deixei a mala e a bolsa rosa de Sarada no chão e estendi os braços para ela com um enorme sorriso.

— Vem no colo da mamãe, filha? — chamei-a, mas a pequena virou o rosto pra brincar de apertar as bochechas do pai. Fiz um bico, indignada. — Por que ela prefere o seu colo?!

— Deve ser porque eu sou o papai mais incrível que existe, não é? Meu amendoim fofinho! — Ele soprou a mãozinha de Sarada, o que a fez gargalhar.

— Seu metido, me dê ela aqui e guarde o resto das malas.

— Claro, minha princesa — disse ele em tom zombeteiro. Sasuke sabia que eu não gostava muito quando me chamava assim, pois me fazia lembrar do nosso tempo no café e no fatídico dia em que foi baleado. Depois daquilo, Tsunade vendeu o estabelecimento e passou a investir em casas no litoral.

Fiquei segurando a bebê enquanto ele guardava as malas e logo partimos em direção ao aeroporto. Meu pai nos encontrou para buscar nosso carro e desejar boa viagem, e logo estranhei a ausência da minha mãe, que me mandou uma mensagem dizendo que as dores nas costas estavam intensas. Mikoto também não apareceu, o que era incomum.

Antes de embarcar, alimentei Sarada e troquei sua fralda. Graças aos céus, ela dormiu no meu colo a viagem inteira, e eu acabei cochilando com a cabeça encostada no ombro de Sasuke. Mal havíamos chegado e eu já me sentia mais cansada do que o normal. Estranhei, mas imaginei que o cansaço foi devido a correria antes da viagem. Eu só tinha vinte e seis anos e já estava me sentindo uma idosa.

Assim que o avião aterrissou em Okinawa, Sasuke vestiu o canguru para bebês e colocou a pequena sentada nele. Ele era muito mais forte do que eu, e Sarada ficava cada vez mais pesada à medida que crescia. Pegamos nossas malas e fomos em direção a saída em busca de um táxi quando fomos inesperadamente abordados por ninguém menos que minha mãe e minha sogra, Mikoto.

As duas mulheres gritaram nossos nomes entusiasmadas e logo vieram correndo.

— Mãe?! Mikoto? — Encarei as duas, completamente confusa. — O que estão fazendo aqui?

— Você achou mesmo que nós iríamos perder a primeira vez da nossa bebêzinha na praia? Jamais! — disse minha mãe, paparicando Sarada como sempre.

— Exatamente, querida. Nós viemos aqui registrar esse momento. — Mikoto levantou uma câmera em sua mão e bateu a primeira foto. Sasuke suspirou ao meu lado e Sarada ria e mexia os bracinhos, feliz em ver as avós. Do jeito que ela era mimada pela família, era óbvio que ficaria agitada.

— Quando chegaram? Onde vocês estão ficando? E por que não me disseram antes que viriam? — Comecei a enchê-las de perguntas enquanto saíamos do saguão de desembarque. Mikoto e minha mãe nos ajudaram com as malas e, ironicamente, descobri que estávamos hospedados no mesmo hotel. Elas chegaram aqui um dia antes de nós, com a desculpa de que não iriam conseguir ficar afastadas de Sarada por uma semana inteira. Minha mãe disse que não contou antes por medo de que eu não gostasse da ideia. Bom, nossa intenção era ter uma viagem em família, apenas Sasuke, nossa filha e eu. No entanto, comecei a pensar na vantagem de deixar Sarada aos cuidados das avós e aproveitar o tempo livre e o clima do ambiente para passar mais tempo a sós com meu marido. Algo que era raro de se conseguir desde que a pequena Uchiha nasceu.

Após nos ajeitarmos no quarto do hotel, partimos para a praia em nossos trajes de banho. Levei a bolsa rosa com todos os itens que eu poderia precisar para Sarada, lanches, alguns brinquedos, água, protetor e uma boia pequena. Sentamos debaixo de um guarda-sol com minha sogra e minha mãe. Sasuke começou a brincar com a filha, sorrindo ao vê-la esparramando areia para tudo quanto era lado. Eu fiquei admirando a interação dos dois enquanto comia meu segundo lanche naquela tarde.

Levamos Sarada para entrar no mar. Nós dois seguramos as mãos dela e caminhamos lentamente até a água. Assim que a onda bateu na areia, ela fez cara feia e ameaçou a chorar ao sentir a água fria em suas perninhas. Eu soltei uma risada, e ela me pediu colo logo em seguida. Ergui-a em meus braços, dizendo que estava tudo bem. Sarada olhava tudo com olhos curiosos, e assim que viu o pai mergulhando no mar, o chamou com um tímido "papa" e ele rapidamente a pegou no colo, levando-a para experimentar as ondas de um lugar seguro.

Deixei minha filha aos cuidados do pai e das avós e fui até o outro lado da rua comprar algumas coisas que havia esquecido na farmácia. Quando voltei, eles já estavam na areia novamente, com a pequena comendo alguns pedacinhos de frutas. Sasuke e eu nadamos um pouco sozinhos, brincamos de jogar água um do outro e ele me carregou em suas costas para um passeio em uma parte sem muitas ondas fortes.

Ficamos até às cinco da tarde aproveitando a praia até que resolvemos voltar para o hotel. Dei um belo banho em Sarada, que estava cheia de areia nos cabelos e aproveitei para me lavar também. Nós duas estávamos com o rosto levemente avermelhado pelo mormaço quente, mas fiquei aliviada ao ver que ela não estava queimada, graças ao protetor solar que eu reaplicava toda hora. Vesti-a com um pijaminha vermelho enquanto Sasuke tomava banho. Encostei a cama na parede e logo depois que ela comeu, caiu em um sono profundo. Eu a abracei, dormindo em seguida, tomada pelo cansaço. Acordei por um momento ao sentir a cama afundar e os braços dele me envolverem por trás. Sem demora, adormeci outra vez.

Na manhã seguinte, fui a primeira a acordar e corri direto para o banheiro com a sacolinha da farmácia que havia escondido em minha bolsa. Respirei fundo e sentei-me na privada, abrindo a embalagem com a fitinha do teste de gravidez. Eu estava nervosa. Tinha planos para voltar a trabalhar no hospital assim que Sarada entrasse na creche, mas se eu estivesse, de fato, grávida novamente, iria ter que adiar minha volta ao trabalho. Parando para pensar, estava tão ocupada sendo mãe em tempo integral que ignorei os sinais do meu corpo. O cansaço, a fome exagerada, meu ciclo atrasado... Eu fui idiota de não ter percebido antes. Esperei os cinco minutos contados no relógio e olhei o resultado na fita, com as mãos trêmulas.

Positivo.

Puta merda. Soltei o ar, passando a mão no rosto. Não estava no meu planejamento ter outro filho tão cedo, e agora eu teria que contar ao meu marido que teríamos outro bebê a caminho. Calma, Sakura, vai dar tudo certo, você só está assim por causa dos hormônios, é isso. Eu tinha certeza que minha mãe e Mikoto iriam surtar assim que soubessem da notícia.

Saí do banheiro com o teste em mãos, deparando-me com Sasuke de pé na varanda, encarando a vista. Escondi a fita em minhas costas quando ele virou-se para mim.

— Acordou cedo. O que houve, minha linda? — perguntou ao se aproximar.

— Tenho uma coisa pra você.

— Pra mim? — Ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Sim. Feche os olhos e ergue a mão. — Ele me obedeceu, e coloquei o teste positivo em sua mão. — Pode abrir agora.

Sasuke olhou para o objeto como se estivesse tentando entender o que era aquilo. Ele me encarou em busca de respostas, mas fiquei em silêncio, deixando com que ele descobrisse sozinho. Seu queixo quase caiu quando ele viu a segunda listra que indicava o positivo.

— Não me diga que...

— Sim. Temos mais um bebê no forninho! — Dei meu melhor sorriso, esperando pela reação dele.

Sasuke ficou atônito, parecia ter perdido as palavras e o raciocínio por um momento. Fiquei aflita, pensando no que ele iria dizer. Subitamente, ele me puxou para um abraço apertado.

— Essa é a melhor notícia que eu poderia ouvir, meu amor! — Ele beijou o topo da minha cabeça, ainda me abraçando. — Sempre quis ter mais um.

Eu o afastei um pouco, intrigada.

— Ah é? Você nunca me disse isso — falei, encarando-o de perto.

Sasuke coçou a nuca, um pouco sem jeito.

— Bem... eu estava pensando em dizer isso quando Sarada crescesse mais um pouco... Claro que agora terei que fazer umas horas extras pra juntar um pouco mais de dinheiro, mas Sakura, eu teria uns dez filhos com você se fosse possível.

Eu soltei uma leve risada.

— Ficou doido? Sarada já me deixa de cabelo em pé, imagina dez! Dois já são o suficiente!

Sasuke envolveu minha cintura, puxando-me mais para si. Ele me deu um rápido selinho, mantendo um sorriso astuto em seus lábios.

— Três — sussurrou ele.

— Dois — murmurei de volta, e ele me beijou.

— Daqui alguns anos o terceiro vem. — Ele riu, e pude ver um plano sagaz se formando em sua mente.

— Sasuke! — o repreendi, dando um leve tapinha em seu ombro.

— Tudo bem, calma, estou brincando! — Outro beijo. — Mas quando quiser, é só dizer. — Ele piscou de maneira sugestiva, o que me fez sorrir.

— Pode deixar que vou me lembrar disso. — Passei os dedos entre seus cabelos, unindo nossos lábios mais uma vez. Sentia-me mais tranquila agora que havia contado a novidade para ele, o resto nós daríamos um jeito depois. Tinha certeza que meus pais e Mikoto iriam nos apoiar, ajudando com Sarada e o novo bebê. Eu estava extremamente feliz e grata por ter todos eles em minha vida.

— Eu te amo — murmurou, próximo ao meu ouvido.

— Eu também te amo, meu herói — brinquei, chamando-o da mesma forma como fazia anos atrás.

Sasuke sorriu e me conduziu até o banheiro, com seus lábios cálidos beijando meu pescoço e descendo lentamente. Minhas costas encostaram na pia, e ele me colocou sentada sobre ela. Suas mãos levantaram minha camisola de cetim e apertaram minhas coxas com firmeza. Ele estava prestes a abaixar a fina alça de minha roupa quando ouvimos o choro estridente de Sarada vindo da cama.

Nós paramos o ato e começamos a rir.

É, vamos ter que deixá-la com as avós.

Agora sim, a fic acabou meus amores 😭Agradeço de todo o coração por toda as leituras 💖 Espero muito que tenham gostado da história, mesmo sendo pequena. Prometo que logo faço uma long 💖 hahaUm beijo no coração, e muito obrigada 💖

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