Irmandade quebrada.

Elanor Edwin passou pela porta da casa, os pés pesados em passadas longas, o salto a tilintar no chão. Vincent e Calvin estavam no sofá da sala, provavelmente assistindo TV.

Elle parou na frente deles, com a barra do vestido de festa nas mãos.

- Como foi lá?.- Vince perguntou.

- Ainda se encontra com Ophelia Torrence?.- Ela perguntou, a respiração pesada. 

Vince a olhou de lado, confuso. Calvin se ajeitou na poltrona, se preparando para o que iria vir.

- Como é?.- Ele perguntou com a garganta seca.- O que você está falando?

- Você ainda se encontra com Ophelia Torrence?.- Ela repetiu.

Dorian abaixou a cabeça, como se estivesse tentando evitar aquilo.

Vince juntou as sobrancelhas.

- Não, eu não tenho me encontrado com Ophelia Torrence.- Ele disse com raiva.

Eleanor ergueu a cabeça. Uma mecha loira se soltou do coque, que agora estava bagunçado.

- Por que está mentindo para mim, Vincent? Não minta para mim...

- Eu não estou.- Ele disse alto. Abaixou a cabeça, depois a encarou de novo.- Onde quer chegar com isso?

- Sabia que Ophelia é noiva de Ben Homerfild?.- Ela disse com frieza.

Vince engoliu seco, mas suas expressões continuaram as mesmas.

- Isso é ridículo, você fazer isso tudo para...isso! Me poupe, Eleanor.

Ela deu uma risada amarga.

- Não! Ridículo é a porra do meu próprio irmão mentir para mim!.- Ela aumentou a voz e uma lágrima escorreu em seu rosto. 

- Ok, Elle, o que você quer que eu faça? Ham? Mesmo se fosse verdade, o que eu poderia fazer?

- Eu não estou mentindo!.- Ela gritou frustada.- Dorian! Dorian, você a viu, diga a ele!

Dorian sacudiu a cabeça e encarou ela.

- Não, EL. Não vale a pena debater com quem está cego.- Ele disse se sentando. Eleanor encarou ele com raiva.

Ela olhou para Vincent novamente, concordou e deu um sorriso cansado, enquanto limpava as lagrimas da bochecha vermelha.

- Quer saber? Foda-se! certo, vá se ferrar, Vincent Edwin, sabe porque? Eu não significo nada, para você. Corra para a casa dela e deite nos braços da sua vadia, quando descobri que não sobrou ninguém perto de você.- Ela deu as costas e começou a subir as escadas.

- Elle! EL, espera!.- Dorian disse se levantando e seguindo.

- Deixe ela em paz, Allen.- Vince disse passando a mão nos cabelos.

Dorian se virou o encarando.

- Você foi péssimo, Vince.- Dorian disse cruzando os braços.- Ela é sua irmã.

Vince deu uma risada.

- Ela só está com ciúmes.- Vince disse. Dorian revirou os olhos e subiu as escadas.

Vincent olhou de lado, para vê o amigo. Calvin o olhava com os olhos castanhos cerrados.

- O que? Vai me dar um sermão também? Pelo que eu entendi aqui, você andou falando bastante de mim e de Ophelia para ela. Você não devia estar do meu lado?

Calvin continuou olhando o amigo.

- Estarei aqui para o que precisar, mesmo quando você estiver agindo como um idiota.

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- Elle, por favor, abre...- Dorian pediu mais uma vez, encostado na porta do quarto dela.- Você pode conversar comigo.

- Me deixe sozinha um pouco, Allen. Por favor.- A voz rouca dela soou de dentro.

Dorian engoliu seco e concordou.

- Vou está aqui quando precisar.- Ele disse antes de sair.

Eleanor estava sentada na banheira. A água quente até a cintura, não parecia lhe aquecer.

Ela olhou o espelho no teto, vendo a sua imagem. Os olhos borrados da maquiagem e os cabelos loiros bagunçados. Ela se perguntou se merecia aquilo, sentir-se tão mal por um erro que era dele.

Não.

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Cristy estava no quarto, quando escutou as batidas na porta, desceu da cama indo até lá. Abriu a porta encontrando Dorian, que estava com o cotovelo apoiado na madeira da porta, levantou os olhos para ela.

- Oi.- Ele disse.
Ela respirou fundo e sorriu para ele.

- Oi.- Ela respondeu confusa.- Está tudo bem?

Dorian se permitiu dar um sorriso cansado.

- Não.- Ele voltou a ficar sério.- Pode conversar comigo, um pouco?

Ela concordou e deu passagem para que ele entrasse na casa. Dorian entrou, observando tudo. Uma velha mania. Os porta retratos, sempre abraçada a um senhor.

A casa, que não tinha nada mais que uma sala minúscula que se emendava na minúscula cozinha. Logo uma porta, que devia dar para o quarto. 

 - Você pagou as minhas contas.- Ela disse, fazendo ele se virar.- Não era pra você ter feito isso.

Dorian se sentou na cadeira perto do sofá, apoiando os braços nos joelhos.

Cristy se sentou no carpete encostada no sofá de dois lugares.

- Era um problema meu. Como você disse, foi por minha causa que você perdeu seu emprego.

Ela ficou em silêncio e ele também.

- Bom, obrigada.- Ela disse.- Então, o que houve com você? Parece péssimo.

- Como sempre, eu não ajudei, então acabei atrapalhando.- Ele soou melancólico.- O clima está meio tenso lá em casa.

- Então quer dizer que você tem uma familia?

Ela perguntou com um sorriso no rosto. Dorian ergueu a cabeça, depois olhou para ela.

- Eu sou o detetive aqui, não você.- Ele disse sério.- Bom, é quase uma familia, ou pelo menos algo parecido com isso. Acho que as coisas estão distantes disso agora.

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- Senhorita Allen? Entre.- A senhora chamou a moça de cabelos castanhos amarrados, até a mesa. Olhos Castanhos esverdeados, que davam um destaque na maquiagem escura. Ela tinha sardas por toda parta das bochechas.

 Ruby parou na frente da mesa.

- Aqui, suas férias.- Ruby pegou o envelope, com o logo da clinica psiquiátrica e sorriu.- Duas semanas como pediu.

- Obrigada.- Ela deu um sorriso de gato e saiu.

***********

O som da batida na porta fez Marte largar o livro e olhar para a porta, se perguntando quem seria.
- Posso?.- Eleanor abriu a porta do quarto, esperando por sua resposta. Ela parecia péssima.
Os olhos pareciam inchados.
O cabelo molhado, escorria pela camisa que parecia um vestido nela.

- Oi.- Ele continuou observando.- Entra. A casa é sua.

Ela não sorriu com a piada, estava mais séria que nunca.

Marte ia se levantar da cama para ir até ela, mas ela fez que não com a cabeça.

- Se eu puder ficar aqui essa noite, eu iria agradecer.- Ela disse se sentando na cama. Marte fez que sim com a cabeça.- Não consigo dormir.

- Posso ler essa peça brasileira pra você.- Ele mostrou a capa, Lisbela e o Prisioneiro.

Eleanor deu um sorriso cansado e se encostou nele, com a cabeça no seu ombro.
O que Marte dizia, narrando a historia, só emetia efeito sobre ela, por conta da sua voz, calma e meio rouca. Ela não estava prestando atenção no que ele lia, apenas na sua voz, no calor do seu corpo.
Elle se esticou, encostando a ponta do nariz no seu pescoço, o que fez Marte se arrepiar.
Ele engoliu seco e parou de ler, soltou o livro na lateral do corpo, sobre a cama. Levando a mão no pescoço dela.
- O que acha que está fazendo?.- Ele encarou os olhos verdes cansados dela.
Ela rastejou até ficar em cima dele, as mãos deslizaram pela sua cintura, até as pernas, as puxando para cima.
- Eleanor.- Ele chamou seu nome.
Elle deslizou os lábios, entre abertos, até os dele.

O barulho alto das batidas na porta, fizeram os dois se afastarem e se olharem.

- Você esperava alguém?.- Eleanor perguntou.
Marte saiu da cama, ajeitando a camisa amorrata e indo até a porta.
Ele a abriu, ficando entre ela.
Vince estava lá, parado feito uma estátua.
- Posso falar com você?.- Ele pediu.
Marte concordou.
- Pode ser aqui? Lá dentro está uma bagunça.
- Eu só quero que você de uma volta, procure ela.
- Eleanor?
- Nós tivemos um briga...bem, ela sumiu, não está no quarto nem em nem um lugar. Você poderia fazer isso?
Marte engoliu seco e concordou.
- Claro! Eu só...só vou pegar um casaco e vou atrás dela.
Vince acenou e deu as costas.
Marte voltou para dentro do quarto. Elle estava parada na frente da cama.
- Entendi.- Ela acenou e foi até ele na porta.- Tenha uma boa noite, Sr.Doodle.

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