Imãs

- preciso falar com o senhor, pai.- o rapaz devia ter por volta de um metro e setenta e sete,
Os olhos verdes como os de Phil, cabelos pretos penteados para trás.

Phil, claramente não quis parecer desrespeitoso e nem nada do tipo, passou a mão no ombro do filho e o conduziu para fora. A garota por sua vez, olhou para Sophie esperando respostas.

- o que está acontecendo?

- eles não estão nos seus melhores dias, querida. Venha, me ajude a fazer as malas.

**********

- por favor, estou te implorando, Sebastian.

- pai, escute eu não sou o sebas...

- não nos deixe, você é meu garotinho.- Vince o abraçou forte.

- não estou te deixando, eu te amo...eu te amo, mas não posso mais adiar isso, nem você.

- quem vai cuidar disso quando eu partir?

- pare com isso, sessenta e quatro anos é seu auge.- ele sorriu para o rosto cansado de Phil.
Phillip não estava no seu auge, e Vince sabia disso. Ele estava cada vez mais doente e desgastado, cansado.

Eles ficaram em silêncio e Vince sentiu uma dor grande no peito, tudo que ele evitava era magoar o pai, deus sabe o que ele havia passado antigamente.

- pode nos levar até o aeroporto?

Vince sorriu confirmando, passou o braço sobre o ombro do homem.

- claro, pai...claro que posso.

************

- cuidado, Vince...não suma.- Sophie disse quando paramos na frente do aeroporto. Estava segurando sua mala, até o carregador aparecer.

- vou ficar aqui, esperando por vocês.

- se enturme com a garota, ela parece solitária.

- vai ficar tudo bem, Sophie.- Eu a beijei.

- temos que ir, querida.- Phil disse se aproximando.- não vou precisar ficar citando as regras pra você não é mesmo?

- boa viagem, pai.

Coloquei a mão no bolso da calça enquanto me distanciava.

**********

- alô?.- Do outro lado da linha, Breno atendeu.

- Breno? Podemos beber hoje? Só quero encher a cara, pelo amor de deus.

Ouvi ele rir do outro lado.

- ahm...acho que sim, mas tem que ser aqui em casa, sabe como é.

- tudo bem, chego logo.

*********

- que saudades!.- Savannah pulou nos braços do homem quando abriu a porta.

Ele soltou as malas e a apertou entrando na casa.

William Blake, sempre em um dos seus coletes caros, sapatos polidos e gravatas vermelhas. barba feita, olhos negros, cabelos castanhos penteados para o lado deixando um fio ou outro cair sob a testa.

- como você está, em garota? Soube se cuidar sozinha?

- duvida? Sou uma chefe melhor do que imagina.- ela o beijou.

- conseguiu fechar aquele acordo?

- claro que sim.- ela tirou sua gravata.

- isso...isso tudo...- ele a beijou.- será nosso, Chicago toda, assim como Vegas.

Ela riu e o abraçou, mas aquilo a partiu por dentro.

********

- entregarei tudo na segunda.

- tudo bem.- desliguei o telefone.

- com quem estava falando?.- Breno me entregou a garrafa de cerveja.

- ninguém importante.

- o que esta acontecendo, mano?

Engoli a cerveja e olhei para ele.

- olha isso.- entreguei meu celular para ele.- trinta e quatro mensagens da Savannah.

Ele arregalou os olhos.

- deus do céu, está pior que a michelly. Oque ela quer?

- Blake já chegou.- rolou uma pressão na sala.

- merda.

- eu não a amo, Breno, mas não quero faze-la sofrer.

- vai continuar ignorando ela?

- é o jeito. Aliás agora que o marido dela chegou e eu vou embora, será ótimo para ela.

Breno abaixou a cabeça, como se aquilo tivesse sido horrível para ele escutar.

- vai embora mesmo?

- tenho que ir.

- e o que vai fazer lá? Seja lá aonde for.

- ora, vou viver. Pretendo arrumar um emprego, me casar...essas coisas.

Breno começou a rir.

- você ainda com essa ideia...-ele riu.- casando? Vai se ferrar.

- claro, porque não? Até você arrumou aquela coisa.

- não fale assim da minha mulher.- ele inclinou a garrafa de cerveja para ele.

- que merda, o que ele ta fazendo aqui?.- Michelly passou pela escada.

- há, oi pra você também.

- que merda de presente foi aquele?

Ela foi para a cozinha. Olhei com raiva para Breno.

- ela chamou meu presente de merda?

- é normal uma mulher ganhar uma caixa de ferramentas, Vincent? .- ele disse. Eu ergui e desci os ombros.- Diga-me, acha que Blake irá causar problemas?
- Creio que não. Ele não é mais um problema para nós.

- precisa de ajuda querida?

- cara, eu vou indo, esta tarde, e tenho uma criança pra cuidar.

Breno me fitou com a garrafa na boca.

- como assim?

- não ta sabendo? O Phillip tem uma afilhada, ela vai morar la em casa agora, tenho que ficar de olho.

- afilhada, tipo, igreja, padre, água na testa?

- uhum...

- caramba, meu deus, você não sabe cuidar de criança, o Phil ta louco?

- foi ironia, Breno. Ela deve ter vinte anos.

- é gata?

- eu to ouvindo isso, Jhonson.- Michelly disse da cozinha.

- preciso ir, mano....- ele me abraçou e eu peguei as chaves do carro.- obrigado.

- vou te vê ainda ou você vai embora como a ultima vez?

- deixa de drama, vamos apostar uma partida ainda, para eu vê-lo perder como na nossa primeira vez.

************

Estava comendo uma pizza e estava sozinha numa mesa enorme , um dos sei lá quantos homens de preto estava me olhando na cabeceira da mesa. Ele era alto e tinha o cabelo raspado, uma barba rala e falhada em alguns lugares. Ele ficou parado o tempo todo, com os braços cruzados me olhando.

- oi.- disse olhando para ele.

- olá.

- qual seu nome?

- Stan, senhorita.

- ah, o meu é Eleanor. Me chame por ele.- sorri.

- sim, senhora, Eleanor.- meu sorriso se desfez.

- ahm... tudo bem.- me levantei pegando o prato.

- deixe isso aí.- ele disse. Eu soltei o prato na mesa e olhei seria pra ele.- os criados fazem isso.

Num instante uma mulherzinha passou pela porta e pegou as coisas e foi de volta para a cozinha. Caminhei para a sala e ele me seguiu.

Olhei pela janela da sala e vi os homens rindo e se divertindo la fora no gramado, jogando cartas, bebendo e fumando. Que vontade de fumar.

Olhei alegre para o homem.

- quero jogar com eles, acha que posso?

- desculpe-me senhorita, mas tenho ordens para não deixar você se aproximar deles.

Fiquei séria. Estava recebendo ordens? Era isso mesmo? Isso fez eu sentir que a tatuagem que eu tinha nas costelas escrito "free" não valia de nada. Olhei com raiva para fora e subi.

*********

- boa noite, Frédéric. - passei pelo portão, ele estava de vigia essa noite, e claramente com raiva de não estar jogando com os outros.

- boa noite, Vince.

- o pessoal ainda ta puto comigo?

- acho que não, mas nunca se sabe, não é mesmo?.- ele olhou com malícia para mim.

Entrei na casa e encontrei Stan na sala mexendo no celular.

- boa noite, Stan.

- boa noite, Vincent.

- onde está a... qual o nome dela?

- Eleanor, senhor.- ele riu.- ela subiu emburrada.

- o que houve?

- ela queria jogar cartas com os homens.

- e você negou?- ele tirou o sorriso da cara.

- claro, chefe.

Fui até o pessoal lá fora.

- ora, ora, ora...- disse um deles.

- se não é o deus das cartas, o que faz aqui conosco, meros mortais?.- pedro disse.

- preciso das cartas um minuto.

Eles olharam entre sí depois me olharam, entregando o baralho.

- claro, toma.

Peguei o bolo de cartas e fui para dentro. Subi as escadas e bati na porta do quarto dela.

- Ei, eu trouxe cartas...- encostei na porta e não escutei nada.- Eleanor?

Passei pela porta e encontrei o quarto vazio. A porta da varanda do seu quarto estava aberta e a brisa fria da noite la fora entrava. Corri até lá e deu tempo de a vê pulando o muro da mansão. Joguei as cartas no chão e fui até la embaixo.

- me de as algemas, Frederik!.- berrei.- agora!

- o que houve?

- anda rápido!

Peguei as algemas e comecei a correr.

Corri até o final do segundo quarteirão até a avistar correndo desajeitada coma mochila nas costas. Acelerei o passo e a segurei pela mochila, com o impacto eu a derrubei e acabei caindo com ela no chão. Agarrei seu braço e prendi uma augema nela e outra em mim. Ela me olhou zangada e eu pude jurar que ela iria me socar. Me levantei e peguei sua mochila no chão e comecei a andar, mas ela parou no meio do asfalto.

- não vou voltar pra lá.- ela disse com a respiração apressada.

- claro que vai, primeiro porque o Phil me mataria e eu não quero morrer, depois ele te mataria, você quer morrer?

- não quero ficar em um lugar que não sou bem vinda.

- ah, deus... deixa disso e vamos.- voltei a arrasta-la.

- me solta.

- qual seu problema? Olha, eu não sou obrigado a aturar birra de criança, então por favor.- ela ergueu o nariz e eu pus a mão na testa.

- me diz o que está acontecendo.

Olhei nos olhos dela, me lembravam o do Phil. Ela me lembrava ele.

- ok, é o que quer, certo? A gente conversa em casa, tudo bem?

- promete?.- comecei a rir.

- sim, prometo.

Ela começou a me segui até que passássemos pelo portão da mansão. Todos estavam em alerta, todos armados. Soltei a augema dela e disse para entrar. Enquanto ela ia, olhei para Frédéric, me inclinei e cheguei perto de sua orelha.

- se falhar com a segurança dessa casa de novo, meu pai vai tomar atitudes que não vai gosta, vai por mim.

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