A volta.
- Onde você tava porra?.- Breno me abordou quando eu ia encaixado a chave na porta.
Ele a puxou de forma brusca, me dando um susto. Respirei fundo entrando no velho galpão.
Joguei a mochila no sofá e caminhei para a escada, Breno logo atrás de mim. Passei por Michelly que mastigava meus biscoitos na cozinha.
- Ela tá comendo meus biscoitos?.- me viro para Breno que está com uma cara fechada.
- Você sumiu por três semanas, Vincent! Três semanas!.- entrei no meu quarto tirando minha camisa e minha bota.
- Perdi seu casamento não foi? Desculpa, Eu comprei um presente.
- Você era nosso padrinho, Vince.- Ele pareceu triste por um momento. Tirei minha calça e entrei no banheiro.
- estava resolvendo umas coisas.
- Ah! Claro, porque eu não pensei nisso?.- ele disse e eu liguei o chuveiro.
- Por favor, dá pra ter um pouquinho de privacidade?.- molhei meu cabelo e fiquei ali embaixo por uns cinco minutos. Depois me enrolei na toalha e sai do banheiro, deixando um rastro de água pelo piso. Breno estava sentado na cama com as mãos no rosto. Parei de frente para ele enquanto passava a toalha no cabelo.
- O que foi?.-Perguntei e ele levantou o olhar para mim.
- O que foi? O que foi que tinha um homem querendo te matar e você some por três semanas. O Phil ficou preocupado, eu fiquei preocupado, Vince.
- Como o Phil tá?.- ele respirou fundo antes de responder.
- preocupado, você sabe, ele finge que não, mas...
Peguei minha camisa e minha calça a vestindo.
Michelly aparece na porta. Ela me odiava, profunda e intensamente, estranho já que eu apresentei o Breno para ela.
- acabou a privacidade nessa casa. Por que ela ainda vem aqui?
- Porque você não deixa de ser um babaca só por um minuto, Vince?. - Ela revirou os olhos e saiu.
- cade o gato?.- disse procurando ele embaixo da cama.
- A Sophie tá cuidando dele. Onde você vai?.- peguei meu terno no cabide e o segurei sob o braço.
- Trabalhar?
- não, nada disso. Você tá com o nome sujo.
- Tenho mais três nomes aqui.- disse mostrando as identidades falsas.- e não existe só o the joker clube na cidade.- peguei meus sapatos e a chaves do meu carro.- boa noite para vocês.
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- Senhor?.- o rapaz com cabelo raspado nas laterais entrou no escritório. Philip estava na poltrona brincando com o pequeno felino amarelo e laranja.
- Sim, Lee?.- Ele não olhou para o rapaz.
- Achamos o Vince.- o rapaz disse tirando toda a atenção de Phil. Ele estava velho e cansado mas ainda podia liderar como ninguém.
A corrente de ouro no pescoço e uma tatuagem escrita na clavícula, "Edwin". Era uma marca da família, todos tinham, até mesmo seus homens.
- onde ele está?
- no Trunfo, senhor.
Phil não disse nada, o que deixou o rapaz sem ação.
- alguma ordem, senhor?
- Não, Lee. Obrigado, pode se retirar.
- sim, senhor.
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- Sua quantia, senhor Müller.- o homem disse me entregando um pacote de dinheiro. Segurei ele o guardando no bolso do blazer.- como sempre a senhorita, Esmeralda irá lhe acompanhar até a saída. Obrigada.
- sim, claro.- Esmeralda era alta e ainda usava um par de saltos que a fazia ficar da minha altura. A pele morena e os cabelos longos ondulado. Ela passou os braços envolta dos meus.
- quando vai tirar esse bigode ridículo?
Passei a mão na minha barba.
- gosto dele.
- como foi a noite, Vince?
- como sempre, Lady.
- sabe, soube que você andou se metendo em encrenca.
- Eu? Nada, tirei umas férias.- chegamos até a saída. Um dos homens do cassino se aproximou com as chaves do meu carro.
- suas chaves, senhor.
- Obrigado.- olhei para Esmeralda.
- bem, a gente se vê.
- A cidade é grande, mas eu sei onde te encontrar.- ela sorriu e eu entrei no carro.
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Respira, respira, respira.
" você não vem, querida?"
Não chore, não chore, não chore.
" se você não me disser aonde ela põe o dinheiro, eu te mato, garota."
Abri os olhos encarando o céu cheio de estrelas e olhei para o chão frio onde estava deitada. As mangas da minha jaqueta haviam rasgado, de tanto eu as puxar para cobrir minhas mãos do frio. Meu cabelo estava num estado tão deplorável que eu sempre o cobria com o capuz.
Eu nasci aqui, exatamente onde estou agora, Chicago. Não me lembro muito da minha infância, mas minha mãe dizia que nós já tivemos nossos dias de glória. "se você se lembrasse de Chicago..." Nós nos mudamos quando tinha sete anos, fomos para Nova York. Minha mãe começou a ter problemas com drogas pesadas e eu era obrigada a lidar com Augusto, namorado dela.
Por causa dele aos treze fui mandada pro reformatório, mas dois anos foram no afastamento por mal comportamento.
Quando sai me disseram que ela estava na pior, quase morta. Um notícia muito boa pra uma garota de dezesseis anos. Encontrei ela no hospital e quase não a conheci, estava tão ao fim da linha que não consegui a olhar nos olhos. Suas últimas palavras foram pedindo perdão, eu aceito mãe.
Ela resolveu me contar sobre meu pai quando tinha nove anos. Um criminoso, ele tinha uma quadrinha de assaltos na Flórida, deve ter morrido na prisão.
"Nós já fomos felizes, Elle...feliz como ninguém jamais foi."
Difícil de acreditar, mãe. Olhe pra mim, meus últimos centavos foram gastos pra comprar um pacote de bolachas. Ando roubando para comer, dormindo em becos e me escondendo para não ser presa. E o fato de eu ainda está viva deve ser porque acredito em milagres.
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- Boa noite, pessoal.- disse passando pelo portão da mansão, todos me olhavam diferente, havia arrumado problemas e todos estavam me fuzilando por isso.
- Onde você andou, rapaz?.- disse Frédéric pegando na minha mão e me dando um abraço.
- andei limpando a sujeira que eu fiz. Peça perdão ao pessoal por mim.
- sim, claro.
- o Phil está acordado?
- sim, ele e a Sophie estão no escritório.
Entrei na mansão e encarei Paul e Lee que jogavam baralho na sala.
- Olha ele, quem é vivo sempre aparece.- Paul disse com um sorriso na cara.
- seu velho tá te esperando.- Lee disse sorrindo apontando para a escada.
- Sei...- passei pela porta.- Paul o Lee tá sentado encima de uma carta.- disse subindo as escadas.
- Ah, seu safado, por isso você tá ganhando...
Cheguei na frente da porta do escritório e bati antes de abri-la.
- Oi, pai.- Phil estava sentado mexendo em uma papelada até levantar os olhos verdes para mim.
- Oi, filho.- engoli seco e me aproximei tirando o pacote de dinheiro do blazer e pondo encima da mesa.
- Aqui...toda a despesa que eu te dei.- ele me olhou por um minuto depois deu um do seus sorrisos que ele da quando vai te da um sermão.
- Sebastian, sabe quanto eu ganho por ano? Quinze bilhões de dólares. Acha que por causa de doze mil dólares você me deu despesas?.- abaixei a cabeça.- a única coisa que você me deu nessas três semanas foi preocupação.
- sinto muito.
- sei que sente, mas quero que você amadureça. Sebastia, você não tem mais dezessete anos, você tem vinte e seis.
- não me chame de Sebastian, pai.- disse ainda sem olhar para ele.
- sabe que quero que você siga com isso, não vou ficar aqui pra sempre.
- a gente já conversou sobre isso, pai. Sabe que eu vou embora.
- não pode ir.- Ele evitou me olhar.
- você tem ao Carl ainda, ele quer isso tanto quanto qualquer um...
- não confio no seu irmão. Ele...- Phil pareceu decepcionado, respirou fundo e se levantou indo até mim.- ele não tem a cabeça nem a sua capacidade, filho.
- sinto muito, Philip...- a porta do escritório se abre e Sophie passa pela porta. Os cabelos loiros e o mesmo sorriso largo no rosto. Ela estava com Phil a quase dez anos era quase o dobro mais nova que ele mas era o casal mais feliz que já havia visto. Eu amava minha mãe Carmen, mas Sophie fazia Phil tão bem, isso era tudo.
- meu bebê, você está bem?.- ela me abraçou.- não faça isso conosco, querido...- ela me soltou.- não sabe o quanto ficamos preocupados.
- isso não vai se repetir mais, Sophie.- disse beijando sua testa e dando a mão para meu pai.- bença, pai.
- deus lhe abençoe, filho.
- aonde vai? Não vai jantar?.- Sophie disse.
- tenho um encontro agora.
- ah, claro.- deixei eles no escritório e fui para o carro.
Acenei para eles e sai de casa. Dirigi até a casa da Savannah.
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