Capítulo 20

Sina Deinert

Um na cabeça, dois na cabeça, três na cabeça e assim se repetiu os vinte tiros que dei, dando uma pausa apenas para carregar a arma.

Mais dois dias se passaram, dois dias em que coloquei na minha cabeça que quanto mais rápido eu retomar minha vida, melhor será.

Nesses momentos sozinha, eu apenas pensava em um jeito de contar tudo para eles, parecia fácil, mas era tão difícil.

Já passava das 23h, cansada eu apenas arrumei as coisas e segui até a sala de lazer da casa.

Estava tudo escuro, então apenas peguei o que queria e segui para cozinha.

Peguei um copo nos armários, joguei aquele líquido dentro e virei de uma vez sem nem ao menos fazer uma careta. Nem o whisky me afeta mais.

Enchi um, dois, três, sete copos e virei de uma vez. Na minha cabeça, entrar bêbada no quarto de Noah e jogar a bomba parece uma boa. É bom que se ele me matar eu não sentirei dor, talvez eu estarei tonta demais para processar algo.

Com apenas uma garrafa na mão, eu me sentei no chão da cozinha e virava de uma vez. Algumas palavras em italiano saíam da minha boca, mas nem isso eu conseguia processar.

Ao fechar minha boca, ouvi passos. Antes mesmo que eu pudesse fugir, a luz da cozinha se acendeu e eu fechei os olhos incomodada.

— Pelo amor de Deus, apaga isso. — digo com a voz totalmente arrastada.

— Maria, o que está fazendo? — eu poderia beber uma piscina de whisky, acho que nada me deixaria tão bêbada a ponto de não reconhecer a voz daquele moreno de olhos verdes.

— Dançando valsa. — digo rindo e sinto a garrafa ser tirada da minha mão. — Ei.

— Não quero ouvir um piu. — senti suas mãos em volta do meu corpo e logo depois seu corpo quente, o que me fez deduzir que estava sem camisa. — São três horas da manhã e você está bebendo. — dei risada.

— Eu só queria curtir. — digo e sinto ele subir as escadas. — Acredita que não errei um tiro hoje? Todos na cabeça. — imitei sons de tiros e acho que cuspi um pouco nele.

— Você está estranha demais. — ouvi uma porta abrir. — Não pediu batata, não comeu besteira, acordou até mais cedo para treinar, antes mesmo da Savannah. — senti meu corpo ser deixado em algo macio.

— Eu só quero aceitar o meu destino. — me deitei na cama vendo tudo girar. — Nem que seja estar junto dos meus pais.

— Você precisa de um banho gelado. — ele me pegou no colo após tirar meus sapatos.

— Não. — digo vendo ele entrar no banheiro. — Eu preciso te falar a verdade… — senti meus pés firmarem no chão.

— Que verdade? — tentei olhar ele, mas parece que estou em um roda-roda. — Maria. — segurou meu rosto. — O que eu tenho que saber?

— Meus pais. — dei risada. — Eles não eram membros da máfia italiana. — ri novamente.

— Como é? — sua mão me soltou.

— Eles eram… — antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, senti algo querer sair de dentro de mim e coloquei a mão na boca.

Tudo o que me lembro é de Noah segurando meu cabelo e me xingando muito por isso.

...

Despertei com a forte luz que entrava pela janela do quarto e gemi cobrindo meu rosto quando a dor de cabeça se fez presente, aí merda.

Me sentei com dificuldade na cama, e ao olhar minhas vestimentas estava apenas de calcinha e sutiã.

Deus,eu não me lembro de nada!

Passei a mão no meu pescoço e ao olhar para o lado vi um copo de água. Franzi o cenho confusa e ao me levantar vi um remédio para dor de cabeça.

Queria morrer com toda essa iluminação aqui, então eu tomei o remédio, fechei as cortinas e voltei a me deitar naquela escuridão.

...

Me virei na cama e tudo o que percebo é meu corpo indo de encontro ao chão. Gemi pela dor do impacto e depois ri sozinha, o que está acontecendo hoje?

Me sentei no chão e levei a mão na cabeça novamente, ao menos a dor de cabeça se foi.

Me levantei pegando uma roupa e segui até o banheiro. Tomei um banho para acordar de vez e ao tentar lembrar de algo falhava, nada vinha na minha cabeça, nem ao menos como cheguei aqui.

Saio do banheiro enrolada em uma toalha e me troco ali. Ao sentir minha barriga roncar, levo a mão até a mesma e olho a hora.

Já eram quase cinco da tarde e ninguém me chamou…

Sai do quarto e segui até a cozinha. A casa estava silenciosa e aquilo me deixou um tanto intrigada, será que saíram em missão? Nem ao menos Savannah veio me cobrar dos exercícios...

Ri sozinha e preparei um prato com comida para mim. Coloquei um suco no copo e me sentei no balcão.

Minha mente viajava e tudo o que eu via era um grande borrão. Senhor, que sensação horrível.

Terminei de comer e lavei minhas coisas.

Segui até a sala e a porta principal se abrindo fez eu me assustar. Por ela passou Joalin e a mesma me olhou.

— Oi. — disse vindo na minha direção e estranhei sua voz não estar seca. — Todos já chegaram?

— Não. — digo cruzando os braços. — Eu acordei agora, aconteceu alguma coisa?

— Ah não, só foram buscar armas. — assenti.

Deixei de fazer perguntas e fui para a sala, peguei o controle da tv e liguei pulando de canal em canal.

— Escuta Sina. — virei minha cabeça e Joalin parou ao lado. — Noah nos contou o que fez. — o que eu fiz?

— A respeito de? — ela deu risada me deixando mais confusa.

— O museu. — abri a boca aliviada, achei que ele tivesse falado do beijo… o que seria estranho. — Começamos com o pé errado.

— Olha eu vi quando ele gritou com vocês, mas eu juro que não foi a intenção. — ela assentiu lentamente. — Mas é que eu realmente não tive culpa de nada, sabe?

— Sei. — disse em um suspiro. — Também sei como é se sentir sozinha, então me desculpa por falar aquilo. Podemos só… esquecer tudo?. — dei risada.

— Se você preferir assim. — sorri sem mostrar os dentes. — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro. — me levantei.

— Qual a história de vocês? Digo, da máfia toda? — ela passou a mão na nuca.

— Isso daí só com o Noah. — mordi o lábio inferior. — Além de ser nosso líder, ele que mantém tudo em pé, então. — encolheu os ombros e eu assenti.

— Obrigada Joalin. — sorriu saindo da sala.

...

Já estava de noite quando terminei o segundo filme que passava na tv. Todos já estavam em casa, mas ninguém veio falar comigo.

Mais tarde pediram hambúrguer, mas eu disse que não queria comer. Eu, Sina Maria, neguei um hambúrguer. Algo de errado não está certo.

Acontece que quando minha cabeça viaja eu perco a vontade de tudo, estou tentando me lembrar de algo mas não consigo, isso está me consumindo cada vez mais. Acho que amanhã vou procurar que me levou ao quarto...

Olhei a hora no celular e já iam dar 23h. Sai da sala e segui até o escritório de Noah, quero saber se ele me conta a história deles.

Duas batidas na porta e eu escutei seu comando. Coloquei somente a cabeça para dentro e ele não me olhou, estava focado em seu computador.

— Noah eu posso falar com você? — então ele para, rapidamente me olha e volta a atenção para o computador.

— Estou ocupado. — sua voz fria me fez desistir da ideia e eu apenas fechei a porta.

Ia voltar para o quarto quando vi Sabina passando junto com Any, ambas estavam molhadas e riam baixo.

— Boa noite Sina. — disse Sina sorridente.

— Boa noite. — me virei. — Onde vocês estavam? — ela riram.

— Piscina. — disse Sabina se enrolando mais na toalha. — Ela quente agora é uma delícia. — mordi o lábio inferior após uma ideia surgir.

— Vocês não teriam um biquíni para me emprestar? — elas se olharam e me pegaram pela mão.

Seguimos até um quarto e quando vi era de duas pessoas, um lado era azul e o outro lado era cinza, achei fofo e acabei rindo.

Sabina me disse que tinha comprado alguns biquínis, então me deixou escolher dois.

Escolhi eles e agradeci deixando o quarto.

Segui até o meu e lá eu coloquei o biquíni. Joguei um roupão por cima e sai do quarto.

...

Dava para ver a pequena fumaça que saia da piscina e eu sorri me aproximando. Tirei o roupão deixando sobre a cadeira e entrei pela parte rasa.

O clima estava frio, mas a água quente estava realmente maravilhosa. Mergulhei uma vez e ao subir abri um sorriso.

"Pai,eu tenho medo.Pai,  — Digo segurando firmemente na borda."

"Mas eu estou aqui pequena,não vou te deixar afundar.Se aproximou lentamente já que seus pés alcançavam o fundo."

"Promete?Ele riu."

"Prometo.Sorri segurando em seus braços."

E quem diria que aprender a atirar seria mais fácil do que aprender a nadar.

Suspirei e quando me virei vi Noah me olhando.
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Uma hora a verdade sai,mas vocês já devem saber ou tem alguma opinião.

Obrigada pelos 1K de leitura pessoal!

Nós vemos no próximo capítulo☆

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