Capítulo 06

Sina Deinert

A luz que entrava pela janela me fez despertar. Se minha noite de sono não tivesse sido tão boa, eu reclamaria desse raio de sol atingindo meu rosto.

Virei na cama e me assustei quando vi um ser moreno, sentado na cadeira e mexendo concentrado em seu celular. Olhei meu corpo e ao ver descoberto, puxei as cobertas para me cobrir.

— O que faz aqui? — pergunto confusa. Que tipo de ser humano fica vendo alguém dormir?

— Te dar bom dia que não é. — disse ainda sem me olhar. — Pegue sua roupa. — apontou para a cômoda ao seu lado.

— Que horas são? — pergunto me levantando sem as cobertas já que seu olhar ainda estava no celular.

— Tarde. — bufei me aproximando.

— Perguntei que horas são!

— Já disse… — parou de falar assim que me olhou. Seus olhos me olharam de cima a baixo e eu revirei os olhos.

— Tira uma foto, dura mais. — grunhi e peguei as roupas seguindo para o banheiro.

Olhei elas rapidamente, nada mais era do que um short moletom preto e uma blusa azul de manga curta.

Fiz minhas higienes e sai do banheiro fazendo um coque no cabelo.

— O que vai fazer… — parei de falar ao notar que ele não estava mais ali. — Noah?

— Eu? — dei um pulo para o lado ao ver ele saindo da varanda.

— Caralho! — resmungo com a mão no peito. Odeio levar susto!

Após me recuperar do susto voltei a olhar ele.

— O que você vai fazer comigo? — ele apontou para a porta e eu revirei os olhos saindo.

Noah me guiou até a cozinha novamente e algumas pessoas tomavam café, dentre elas Shiv, que assim que me viu revirou os olhos.

— Aqui Sina! — Sabina disse me entregando um prato. Nele havia algumas torradas e ovos mexidos. Acabei rindo pois ela fez um sorriso.

— Grazie. — digo e pego uma xícara com café.

Todos ali comiam em silêncio, Noah por outro lado, apenas mantinha seus olhos fixos no celular.

Sentia o olhar de Shiv queimando sobre mim e apenas ignorava, essa não vai ser a primeira e nem a última vez que alguém me odeia pelo meu trabalho.

"Quatro olhos,aonde vai?ignorei a voz irritante de Jenny e passei reto.Estou falando com você!Senti meu corpo ir de encontro ao chão e logo algumas risadas."

"Qual o seu problema garota."Grito me levantando.

"Olha como fala comigo." Se aproximou.

"Olha como você fala comigo. —Bati de frente com ela.  Isso aqui e eu acabo com você e sua família.Fiz um gesto de pequeno com os dedos e ela partiu para cima,porém antes mesmo de encostar suas mãos em mim,foi pega pelos seguranças do meu pai."

"Odeio você sua nerd quatro olhos,vai lá ficar enfiada nos seus computadores,quem sabe assim arranja um sexo virtual.Revirei os olhos.

Só por que tenho 13 e ela 16 acha que pode me atingir...Se for longe já sei como chegou.

Senti uma lágrima descer pelo meu rosto e tratei de limpar rapidamente.

Terminei de comer e deixei as coisas na pia. Noah apenas me pediu para seguir até o escritório e assim o fiz.

Assim que cheguei, entrei e parei em frente a sua mesa.

— O que foi agora? — pergunto cruzando os braços.

— Me mostre. — me pegou pelos ombros e me colocou sentada em sua cadeira. — Onde tem uma falha no meu sistema? — dei risada.

— Vocês são uma piada. — digo puxando a cadeira mais pra frente.

Conectei meu pendrive e instalei tudo ali, ele me deu permissão então só fui.

As diversas pastas apareceram e eu comecei a acessar o site.

— Preciso do meu celular. — digo esticando minha mão.

— Pra que? — perguntou seco.

— Escuta, isso vai precisar funcionar de algum jeito, ou confia em mim ou vamos ficar no zero a zero. — encarei ele, que manteve contato por cinco segundos e depois bufou.

Noah sumiu do escritório e eu segui com os downloads. Ainda não entendo essa pira na segurança, eu só consegui invadir porque adoro um desafio.

Alguns minutos depois ele voltou, mas não estava sozinho, ao lado dele um moreno com um notebook em mãos.

— Toma. — bateu meu celular na mesa e eu peguei desbloqueando.

— Sina, certo? — perguntou o moreno e eu assenti. — Me chamo Lamar, assim como Nour e Shiv, opero como hacker. — arqueio uma sobrancelha e encaro o moreno.

— Espero que não esteja planejando que eu ensine algo para ele. — desvio o olhar para o celular novamente. — Meus programas foram desenvolvidos por mim, ninguém além de mim mexe.

— Não estou nem aí, apenas me mostre. — segurei o riso.

Alguns cliques e eu já estava acessando seu banco de dados, pelo celular eu rastreie o vírus e modifiquei o local para não ser pega.

— Aqui. — digo e ele inclina a cabeça por cima dos meus ombros. Seu perfume novamente me invadiu e eu limpei a garganta de leve.

Balancei rapidamente a cabeça voltando a focar e peguei meu celular.

— Sua rede de proteção contém cinco chaves. — digo mostrando para ele e Lamar. — Só quê. — abri uma nova guia e mostrei um scanner que eu mesma desenvolvi.

Transferi para cima da tela principal e logo a pequena falha, quase minúscula, apareceu.

— Criou uma sexta chave? — indagou Lamar incrédulo e eu ri assentindo. — Com esse espaço não deveria ser possível.

— Exato. — abri uma nova guia. — Porém o padrão de vocês é uma 34-gh. A minha, é uma 22-gh.

— Como conseguiu fazer um projétil tão pequeno? — perguntou Noah próximo ao meu ouvido.

— Isso não interessa. — digo olhando a tela. — A de vocês pode ser o menor sistema, isso na cabeça de vocês, mas vocês deveriam ter ficado atentos a uma criação ainda menor.

— Tipo uma 22-gh? — dei risada após a fala de Lamar.

— Tipo uma 15-gh. — encarei ele que arregalou os olhos. — Ainda está em desenvolvimento, mas acho que consigo.  — digo batendo meus dedos na mesa.

— Muito bem, como pretende resolver essa falha? — perguntou Noah me fazendo olhar ele.

— Eu? — me apontei e ele assentiu. Acabei rindo e bati a mão de leve na minha coxa. — Meu querido, coloque os seus hackers para trabalhar nisso, não eu. — digo me levantando.

— Você invadiu, deixou meu sistema instável, arrume a sua merda. — disse grosso e eu apenas cruzei os braços.

— Se eu não estivesse aqui? — digo seca. — Aprenda a lidar com os problemas que seus funcionários te causam.

— Lamar saia daqui! — ordenou e não demorou muito até eu ouvir a porta bater. — Escuta aqui garota, está no meu território, não pense que vai levantar a voz e sair por isso mesmo.

— Seu problema é achar que todos tem que lamber seus pés. — me aproximei mais. — Noah, não sei que tipo de ensinamento vem dando a eles, mas entenda algo, erros desse tipo eram inadmissíveis no meu lugar.

— E você acha que eu ligo? — gritou. — Aqui é meu império, é meu lugar, não pense que vou aguentar uma garota metida a esperta me ensinando o meu trabalho! — dei risada.

— Deveria ter vergonha de chamar isso de trabalho. — digo olhando em seus olhos. — Não me desmereça por eu ser mulher, ou por eu ser nova, enquanto vocês estavam sendo treinados para serem os melhores, eu estava sendo treinada para me manter viva! — apontei meu dedo em seu peito.

— Eu tô pouco me fudendo com como trabalhavam. — agarrou meu pulso e me puxou colando nosso corpos. — Posso muito bem acabar com sua vida. — sorri de canto.

— Cão que ladra não morde. — digo e ele me solta. Dou dois passos para trás e ele aponta uma arma no meu peito.

— Não? — engatilhou. — Sabe porquê eu não acabo com isso? — não respondi. — Porque tem uma pessoa aí que não merece esse fim. — apontou para minha barriga e eu ri.

— O que te impede é isso? — alisei meu ventre. — Puxa esse gatilho Noah, sua única certeza é de que você vai acabar com apenas uma vida. — ele riu e abaixou a arma.

— Acha que sou burro? — encarei ele confusa. — Você é a típica garota que inventaria uma gravidez só para não receber uma bala no meio da testa. — se virou e andou pelo local.

— Como? — cruzei os braços. — Desde quando sabe disso?

— Desde o dia em que te desmaiei, fiz questão de coletar seu sangue e levar para análise. — levantei as sobrancelhas surpresa. — Eu só queria saber até onde iria todo esse showzinho. — está explicado porque me enforcou.

— Então se não era o bebê que te impedia, o que é? — ele voltou a me olhar.

— Sina, por algum motivo você me parece mais do que isso. — apontou para o computador. — Alguém lá fora quer sua cabeça, e se não quiser acabar como os seus pais, é melhor passar a me obedecer a partir de hoje.

— Oi? — digo rindo. — Está querendo me recrutar? — ele largou sua pistola em cima da mesa. — Não pode fazer isso.

— Por que não? — travei para responder isso.

Me livrei da gravidez, mas agora, como dizer que parte do que contei ontem era mentira?
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Grazie:Obrigada

Nós vemos no próximo capítulo☆

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