Capítulo 03

Sina Deinert

Já faz um tempo que acordei,não sei se é dia ou se é noite,a única coisa que notei é que não me trouxeram comida. Pelo menos o lanche de ontem veio bem a calhar.

Estava contando carneirinho para tentar dormir de novo,até que a porta se abriu. Me sentei no mesmo instante e vi o moreno passando por ela novamente.

Dessa vez sua roupa era mais casual,apenas uma calça de moletom,uma blusa rosa e um tênis branco.

-Consegui dobrar meu cara.-Disse ele parando na minha frente e cruzando os braços.-Você realmente me deixou curioso garota.

-Acontece.-Digo fazendo pouco caso.-Acredito eu que conseguiu descobrir o seu nome.-Sorri.

-Luiza?Foi uma boa jogada.-Revirei meus olhos.-Agora o que ninguém poderia contar,é que a senhorita morreu!-Prendi minha respiração.

Droga!Descobriu mais do que devia.

-Sina,sabe bem cobrir seus rastros.

-Como...-Parei de falar e ele começou a andar.

-Henrique Velaz,dono da máfia italiana,a tentativa foi boa.-Me levantei.

-Falou com ele?-O moreno me olhou.

-Conhece ele?-Colocou as mãos no bolso da calça.

Se eu conheço o cara que desgraçou a minha vida?

-Não.-Digo simples.

-Engraçado,por que eu lembro muito bem de você citando o nome dele quando meus caras invadiram a sua casa.-Engoli seco.

-Foi suposição.-O moreno deu risada.

Em um movimento rápido,sua mão agarrou meu pescoço e ele me prensou na parede,levei minhas duas mãos até seu braço tentando me soltar.

-Você trabalha para ele?-Sua voz saiu grossa e fria,seu olhar parecia furioso e por alguma razão eu acho que a gravidez deixou de existir na cabeça dele.

Sua mão apertou mais e eu senti meu ar começar a faltar.

-Não.-Digo forçando mais seu braço.

-Não mente para mim!-Senti meus pés quase saírem do chão.

-Te juro que não.-Digo com a voz falha e meu corpo vai de encontro com o chão.

Comecei a tossir buscando ar,enquanto alisava meu pescoço. Minha respiração ficou pesada e eu vi seus passos pelo o local.

Me sentei no chão e fechei os olhos segurando as lágrimas.

"Engole esse choro Maria!-Encarava o chão na minha frente.
Minhas pernas estavam bambas,meu corpo trêmulo e sentia que a qualquer momento iria desmaiar."

"Não consigo fazer isso."

"Não se trata de conseguir,o que te disse sobre desistir?"

"Não é uma opção.-Digo ofegante."

"Eu tenho misericórdia de você porque é minha filha,mas tenha algo em mente Maria,ninguém além de mim e do seu pai,se importa com o seu bem estar.-Jogou uma garrafinha de água em minha frente e deixou o local."

-Seu sistema de proteção tem uma falha.-Digo por fim e ele para de andar me olhando.-Se eu quisesse,teria acessado não só sua conta,mas também todos os dados referente a tudo que tinha em seu computador.

-Como?-Dei risada mesmo sentindo dor.

-Pessoas que trabalham com isso estão a um passo à frente de tudo,sua versão pode ser nova,mas nós,nós criamos algo sempre além para invadir e colher dados.-Me ajeitei no chão mesmo.-Eu nem sabia quem era você,minha coleta de dados só apontou sua conta bancária.

-Você quase não deixou rastros,ainda sim,paramos na casa de uma pessoa que não tinha nada a ver.-Voltei a rir.

-Eu escaneio tudo antes,em menos de uma hora vi os seus vírus que poderia me pegar e me fuder por completo.-Respirei fundo.-Mas como eu disse,seu sistema de proteção tem uma falha.

-Você é muito esperta para trabalhar sozinha,quem está por trás de você?-Me levantei sozinha.

-Não tem ninguém atrás de mim.-Passei ao seu lado.-Ainda.-Cheguei no banheiro e olhei meu pescoço.

A marca vermelha dos seus dedos ainda estavam aqui,apertei levemente e a área ficou sensível.

-Como assim ainda?-Olhei ele que parou na porta.

-Se você foi até o Henri para saber de mim,é quase certeza que ele vai investigar.-Passei uma água no rosto.

-E o que ele tem a ver com você?-Parei o que estava fazendo e desliguei a torneira.

-Nada.-Digo passando ao seu lado mas ele me segura pelo braço.

-Você me disse que se eu passasse por aquela porta sabendo seu nome,me diria tudo o que eu quisesse saber.-Encarei ele e seu rosto estava a centímetros do meu.

Umedeci meus lábios e desviei o olhar limpando a garganta.

-Não quero ficar aqui.-Digo e ele solta o meu braço.

-Não confio em você,pode muito bem estar mentindo.-Dei risada.

-Temos uma coisa em comum.-Passei ao seu lado indo até a cama.-Também não confio em você.

-Onde está o meu dinheiro?-Me virei.

-Ele nem te faz falta cara.-Ele negou.

-Ninguém toma o que é meu.-Ri abaixando a cabeça.-Me diz onde está agora!

-Na minha casa,no meu quarto,embaixo da minha cama.-Cruzei os braços.

-Guardou um milhão em baixo do seu colchão?-Perguntou incrédulo.

-Incrível não é?Eu sei.-Me virei para sentar na cama,mas ele me segurou pelo braço.-Ei,vai com calma esquentadinho.

-Você vai me explicar tudo isso agora!-Ele abriu a porta e saiu me puxando escada a cima.

-Explicar o que?Já te disse tudo.-Ele me ignorou e abriu uma outra porta.

Passei tanto tempo com uma baixa iluminação,que quando uma luz maior se fez presente senti minha vista incomodar e fui direto ao chão perdendo o equilíbrio.

-Cazzo!-Resmungo sentindo meu joelho latejar.

-Levanta logo!-Encarei o moreno que me olhava irritado.

-Não me machuquei não,obrigada por perguntar.-Digo irritada e me levanto.

-Anda logo.-Pegou minha mão dessa vez e saiu me arrastando pelo o que eu acredito ser uma casa.

Nem deu tempo de reparar em nada,mais uma leva de escadas apareceu e lá estava eu,quase morrendo sem ar,definitivamente a  escada é minha pior inimiga!

Viramos para a direita e sem me deixar pensar ele abriu uma porta,ao ser colocada para dentro,me vi de frente com uma espécie de escritório.

-O que é isso?-Pergunto confusa e ele me empurra até uma mesa.

-Me mostre.-Apontou para seu computador e eu ri.

-Não sei qual é o seu papel concreto na máfia,mas não é assim que as coisas funcionam.-Cruzei meus braços e ele me encarou.

-E como funciona?-Suspirei.

-Me responde algo primeiro,seja sincero e eu faço tudo sem enrolação.-Ele cruzou os braços ajustando a postura.-Te dou minha palavra.-Me aproximei e levantei meu dedo mindinho.

-O que é isso?-Encarou o meu dedo.

-Meu sinal de promessa?-Ele deu risada.-O quê?Se eu quebrar minha palavra pode cortar meu dedo fora.-Ele arregalou os olhos.

-Você já foi em algum psicólogo?-Revirei os olhos.-Pergunta o que quer saber,te dou o benefício da dúvida.

-Qual a sua ligação com Henrique?-O moreno estreitou os olhos e pude ver seu maxilar travando.

-Além de ódio?-Negou lentamente.-Só imagino a cabeça dele pendurada bem ali.-Apontou para a parede e virei a cabeça.

"Cuidado em quem confia,mas antes lembre-se sempre de algo.O inimigo do meu inimigo,é meu amigo.-Assenti.
Boa noite meu amor.-Deu um beijo em minha testa."

"Boa noite pai.-Sorri e ele apagou a luz."

Voltei a olhar o moreno e fechei os olhos balançando a cabeça.

-Eu não posso te mostrar nada porque isso exige muito tempo,tenho programas,dados,tudo limpo para fazer isso.-Suspirei.

-Onde está tudo isso?-Passei a mão na testa,onde eu fui me meter meu Deus.

-Tudo na minha casa.-Assentiu lentamente.-Mas fica em um local escondido,não consigo te dizer,posso ir lá e pegar.-Ele começou a rir.

-E você acha que sou idiota de fazer isso?-Assenti.-Como é que é?-Sacou uma pistola e apontou em minha direção.

-Não teria coragem.-Voltei a cruzar meus braços e ele disparou,senti a bala passar de raspão no meu ouvido e engoli em seco.-Ou talvez teria.-Forcei um sorriso.

-Você vai agora a noite,meus homens vão com você.

-Uh.-Levei a mão até a boca e ele me olhou.-Não sabia que era gay.-Sorri de canto e ele começou a tossir.-E ainda não é assumido?-Dei risada.

-Cala a boca garota.-Parei de rir.-Vai,daqui a pouco você sai.-Veio na minha direção e me tirou para fora do local.

Seguimos até outra porta e ele abriu. Minha visão foi preenchida por um enorme quarto.

-Tome um banho,vista uma roupa melhor e me espere aqui,nada de tentar fugir,ou uma bala vai perfurar isso que você chama de cabeça.-Empurrou minha cabeça com a pistola e eu ouvi a porta bater.
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Cazzo:Porra

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Nós vemos no próximo capítulo☆

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