— Coloque uma roupa apropriada, Blaise — disse Elairad Gelles, friamente.

Blaise deu um pequeno aceno com a cabeça, enquanto subia as escadas, para indicar que havia escutado.

Já não era a primeira vez que sua mãe levava um homem para casa. Não que Blaise esperasse que ela vivesse em luto eterno, mas com o tempo já era uma rotina cansativa para ele.

Elairad conhecia alguém influente, rico e sangue-puro, eles começavam a sair, Blaise era apresentado a ele, noivavam, casavam e ele morria. Isso tinha acontecido sete vezes, contando com o pai de Blaise, embora esse tivesse sido o casamento que mais durou.

Se era Elairad quem matava ou não, Blaise não sabia. Só tinha certeza de uma coisa ou, ao menos, esperava que fosse certo: seu pai não foi assassinado.

No começo, era difícil para ele aceitar que sua mãe se casaria de novo. Mas começou a gostar da ideia de ter alguém que substituísse o seu pai.

Ele se foi. Assim como o seu pai.

Sua esperança persistiu insistente pelos próximos dois casamentos.

Perguntava-se por que sua mãe permanecia tão impenetrável nos enterros. Sempre com o rosto sério, sem um inchaço nos olhos ou marca de lágrimas no rosto.

— Pare de chorar igual a um Gryffindor — murmurou Elairad, ajeitando a gravata dele, no enterro do seu 3º marido — Você é um Slytherin. Não pode demonstrar fraqueza diante dos demais. Ou eles irão usar isso contra você.

— Eles quem? — perguntou Blaise.

— Não importa — retrucou Elairad, secamente — Não se pode confiar em ninguém nesse mundo. Na hora do desespero, é cada um para um lado. Você pode ser jovem ainda, mas precisa aprender logo, antes que te derrubem.

Blaise ajeitou a gola da camisa, olhando-se para o espelho. Nove anos haviam se passado, mas não muita coisa tinha mudado.

Apenas a esperança que se fora há muito.

O sonho esquecido de ter uma família... Novamente.