Capítulo Três
- Desculpe-me pela minha aparência - disse alinhando o melhor possível seu terno amassado - Então, Sherlock, não vai me responder? - Moriarty caminhou até outro canto da sala e se jogou na cadeira em John estava sentado mais cedo, o homem tinha o lábio inferior cortado - Sempre achei que você fosse mais educado.
-Sempre achei que fosse mais sutil que isso - disse Sherlock lançando um olhar preocupado a John
-Ambos decepcionados então - Moriarty pegou a bengala que estava encostada contra a parede a seu alcance, John não a usava mais mas a mantinha por perto.
-O que você fez com ele? - perguntou tentando parecer interessado ao invés de preocupado.
- Você é o detetive, tenho certeza de que pode me dizer
Sherlock analisou o quarto, tal como quando entrou na casa a cena começou a se formar em sua mente.
"John estava sentado perto da janela, virou-se para a porta no momento em que ouviu passos nas escadas pensando se tratar de Sherlock, a porta se abriu e ele viu Moriarty, levantou-se e tentou chegar até sua arma, Moriarty foi mais rápido, apontou sua própria arma para ele e se aproximou com a intenção de aplicar uma dose do mesmo sedativo que usara na Sra Hudson"
"Quando ele chegou perto John o atacou e tomou a arma, o gatilho foi pressionado."
-Arma sem balas- murmurou Sherlock
- Não gosto de fazer sujeira - disse Moriarty sorrindo
" O médico socou a cara do homem perto do queixo fazendo ele cair ainda segurando o revólver, Moriarty lhe passou uma rasteira fazendo o cair também, e atingiu sua testa com a coronha da arma causando o corte e deixando John desorientado e aproveitou para aplicar o calmante em seu pescoço."
- Então, sem capangas dessa vez não é? - disse Sherlock voltando ao olhar para o homem - acho que é meio difícil confiar em seus homens quando sabe que um deles está te traindo e não tem ideia de qual.
-Impressionante meu caro - disse Moriarty ainda brincando com a bengala - imagino que também saiba o motivo pelo qual estou aqui.
-Sei, e realmente, não estou interessado - disse Holmes calmamente
-Vamos lá Sherly - Moriarty sorriu pela expressão de homem quando o usou o apelido pelo qual apenas sua família o chamava - Você está tão interessado nesse caso quanto eu. E eu quero tanto que você o resolva quanto você quer resolve-lo - Sherlock não respondeu - Oh, essa sua negação tem a ver com seus princípios morais não é?
Moriarty se levantou e começou a andar pela sala ainda segurando a bengala de John.
-Eu sinto falta do você de antigamente - ele cutucou levemente o crânio na prateleira com a ponta do objeto - sempre um pensador, sem se importar com as pessoas pensassem sobre você ou seus métodos.
-Eu não me importo com o que as pessoas pensam de mim - Sherlock respondeu calmamente
-Eu realmente não duvido disso, na verdade tenho certeza. Você não se importa com o que qualquer pessoa pensa a seu respeito. - Ele se virou para encarar Sherlock e continuou - Acontece que o Johnny boy aqui não é qualquer pessoa
Sherlock manteve sua expressão neutra, ele sabia que Moriarty estava tentando desequilibra-lo com suas palavras, essa era uma tática muito usada em jogos de estratégia. E essa visita era exatamente isso, um jogo.
- Eu não quero sua ajuda - Declarou novamente com mais ênfase.
-Oh Sherly, isso machuca - Moriarty colocou a mão contra o peito com uma expressão ofendida.
- Não tanto quanto a pessoa contra quem você quer me ajudar.
- Então você percebeu
- É meio difícil não notar algo assim tão evidente, quanto tempo faz que tirou os pontos, três dias?
-Dois, - o homem passou a mão pela cicatriz avermelhada na parte de trás de seu pescoço - esse foi o meu aviso, qual foi o seu?
Sherlock olhou para ele mas não disse nada, apenas esperou que ele voltasse a falar, Moriarty já devia saber algo relacionado a placa, isso era apenas parte do jogo
- Sim, eu sei sobre a placa, mas não estou me referindo a isso, qualquer com o mínimo de inteligência sabe que isso não é o suficiente para parar você.
Ele se virou para John, ainda inconsciente sobre o sofá e fez menção de tocar seu rosto com a bengala, mas Sherlock a segurou. Moriarty soltou o objeto e ergueu as mãos e se afastou em um gesto de rendição exagerado.
-Bom, se você continua a recusar minha ajuda, acho que não tenho nada a fazer aqui - Ele andou em direção a porta como se fosse sair, mas ao invés disso, se aproximou de Sherlock por trás e sussurrou próximo a seu ouvido:
-Tome cuidado meu caro - ele aproximou ainda mais sua boca da orelha chegando a toca-la em sua pele - O amor machuca.
Sherlock virou-se para encara-lo mas ele já estava andando em direção a porta.
-Quando resolver aceitar minha ajuda vai saber onde me encontrar - disse e deu uma piscadela para Sherlock antes de sair.
Sherlock passou a mão pelo rosto se sentindo desconfortável, de todas as pessoas do mundo, Moriarty conseguia ser uma das únicas que o abalavam verdadeiramente, ele encostou a bengala em algum lugar, se abaixou ao lado do sofá em que John estava e tomou seu pulso, estava rápido.
Ele viu a seringa partida no chão,e a pegou, cheirou o objeto e respirou aliviado ao perceber que era apenas morfina.
Sherlock se levantou e foi até o banheiro onde estava o kit de primeiros socorros que John havia comprado, ele se lembrava de ter questionado o motivo pelo qual ele havia gastado dinheiro com aquilo, pergunta que foi respondida com meia dúzia de afirmações sarcásticas.
- Acho que vai ser útil afinal - disse limpando o sangue seco da testa do amigo com álcool ,em seguida passou pomada antibiótico sobre o corte e cobriu com gaze e esparadrapo, John se gemeu e abriu um pouco os olhos.
- Ei John, noite divertida aposto
-Sher... - a voz de John estava enrolada, como se ele tivesse bebido demais, ele tentou se levantar mas a única coisa que conseguiu foi escorregar para fora do sofá.
-Acho melhor te levar para a cama - disse Sherlock sabendo que se deixasse o amigo passar a noite no sofá ele provavelmente estaria no chão novamente na manhã seguinte.
Ele passou um dos braços de John por trás de seu pescoço e seu braço ao redor da cintura do amigo. O médico de fato tentou ajudar mas além de sua mente estar completamente confusa suas pernas estavam moles e seus passos arrastados.
Sabendo que não iria conseguir levar John pelas escadas até o quarto de cima decidiu leva-lo para o seu próprio. Quando chegaram a porta do cômodo porém as pernas do médico verdadeiramente cederam e ele teria caído se Sherlock não o tivesse segurado.
O detetive passou então um dos braços por trás dos joelhos do amigo e outro pelas costas. Um dos braços de John ainda estava ao redor de seu pescoço e ele ficou realmente surpreso quando o homem ergueu o outro braço e passou ele ao redor dele também em uma espécie de abraço.
Sherlock continuou andando até a cama onde deitou John com cuidado, o homem porém não o soltou.
-Amo 'cê - disse John com uma voz tão enrolada que se ele não fosse tão bom em decifrar o indecifrável nunca teria entendido.
Por um momento o detetive esqueceu onde estava e o que estava fazendo. Seu rosto se aqueceu e seu pulso acelerou. Era uma sensação desconhecida para ele. Os braços de John finalmente o soltaram, mas por algum motivo ele ainda não conseguia se mover.
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