Capitulo Sete

Sherlock acordou cedo no dia seguinte a volta do hospital, ele havia dormido no quarto de John e insistido para que John ficasse no seu pelo menos até que o homem não precisasse mais de muletas para se locomover. Ainda deitado, ele ficou por alguns momentos pensando na atitude que estava prestes a tomar.

 Em todos seus anos de trabalho nunca tinha pensado sobre a frase: "Medidas de desespero pedem medidas desesperadas", afinal ele nunca havia ficado desesperado antes, não tanto pelo menos. Houve ocasiões em que ele se irritou com algum caso, mas a cocaína sempre o havia ajudado, tanto a resolver casos, quanto a relaxar.

Não era o caso dessa vez, John quase havia morrido, o único motivo que ele estava vivo era porque o "Diabo" queria assim, porque ele queria brincar com Sherlock, mostrar seu poder a ele. Ele fechou os olhos por um momento e respirou fundo, o cheiro do travesseiro penetrou seu nariz, o odor amadeirado de perfume masculino, shampoo e antisséptico, o cheiro de John. Ele não sabia dizer quando havia começado a perceber como seu amigo cheirava, mas sabia que era exatamente assim.

Sherlock se levantou, sabia exatamente o que precisava fazer, proteger John, não importava mais se estava indo contra todos os seus princípios, se esse era o preço para manter seu melhor amigo seguro, ele o faria. 

Ele desceu as escadas, a sala estava vazia e a porta de seu quarto fechada, John ainda estava dormindo aparentemente. Lançando um último olhar a porta ele saiu do apartamento, Sra. Hudson pareceu escolher aquele exato momento para subir as escadas, ela estava carregando uma bandeja com chá e biscoitos e quase a deixou cair quando foi surpreendida pela visão de Sherlock.

-Oh meu Deus, - exclamou a mulher quando Sherlock lhe entregou a bandeja que havia pego no ar - Você planeja me dar um enfarte ou algo assim? 

-Me desculpe - disse Sherlock sem se dar conta de que essa não seria sua resposta habitual, ele deixou Sra Hudson aturdida no meio das escadas e continuou a descer.

-Você está bem? - perguntou a mulher estranhando a gentileza

-Isso não te diz respeito - disse o homem imitando sua habitual arrogância para desviar a atenção.

Cerca de 10 minutos depois, Sherlock desceu do táxi que havia tomado, ele estava em um dos bairros mais ricos da cidade, o bairro onde Mycroft morava, ele podia ver a casa do irmão mais adiante na rua. Mais alguns passos o aproximaram de de seu destino, ele subiu os poucos degraus até a porta. Antes que tocasse a campainha, a porta se abriu.

-Sherlock Holmes, em minha humilde casa - foi a primeira coisa que o homem na porta disse

-Humilde não é exatamente a palavra que eu usaria - disse Sherlock analisando as paredes cobertas de obras de arte por trás do homem, este fez um sinal para que ele entrasse.

-Estou surpreso que esteja aqui - disse quando Sherlock entrou

-Não, não está - disse o consultor - pessoas surpresas não abrem a porta antes de ouvir a campainha. 

-Deixe-me reformular essa afirmação - disse o homem com um sorriso enquanto fechava a porta - Eu não esperava que procurasse ajuda tão cedo, considerando o quão orgulhoso você costuma ser. É por causa da explosão não é? - Antes que Sherlock respondesse ele continuou - É claro que é, que outro motivo o traria aqui senão a preocupação com seu adorável cãozinho?

- Então você é vizinho do Mycroft agora - disse Sherlock ignorando a afirmação

-Sim, sabe como é, toda aquela história de manter amigos perto e inimigos mais perto... 

-Bobagem, você está aqui porque quer irritá-lo 

-Acho que essa é uma coisa que temos em comum, não é? - Moriarty deu um tapinha amigável nas costas de Sherlock antes de caminhar até a mesa de centro de sua sala e pegar uma garrafa de Whisky -Quer uma bebida? - Sherlock negou - Acho que tenho um pouco de cocaina em algum lugar... - ele viu a expressão do consultor e sorriu - Ok, ok, direto aos negócios então.

-O que você sabe sobre o "Diabo"?

-Para começar que tem um péssimo gosto para nomes.- Como Sherlock não esboçou nenhuma reação ao comentário Moriarty também se tornou sério e continuou - Eu sei que ele quer me destruir, é o bastante para mim...

-E por que ele iria querer te destruir?

-Você está brincando, certo? Eu sou a pessoa mais influente no mundo do crime em toda a Inglaterra, não acha que isso é motivo o suficiente?

-Acha que quem está fazendo isso está querendo tomar seu lugar?

-Não seria a primeira vez que alguém tenta roubar meu posto, mas acho que é mais que isso.

-Vingança? 

-Provavelmente.

-Pelo que?

-Olhe para mim, eu posso te dar uma lista de pelo menos 100 motivos para alguém querer se vingar de mim.

-Acho melhor reduzir essa lista.

-Seja quem for não parece ser seu fã também.

-Criminosos normalmente não são. Mas tem razão, se essa pessoa realmente quisesse me tirar do caminho poderia ter me matado simplesmente. 

-E em vez disso está brincando com você, tentando lhe atingir através se seu atencioso médico de estimação - Sherlock ficou tenso com a afirmação - acho que está funcionando.

-Ainda assim, por que nós? Eu já revirei as pistas que tenho, olhei de todos os ângulos possíveis e não consigo sequer achar uma relação entre as vitimas.

-Sherlock Holmes admitindo que não sabe como resolver um caso? Isso não é uma coisa que se vê todo dia.

-Não sei porque a surpresa, se eu soubesse como resolver isso não teria descido tão baixo a ponto de procurá-lo.

-Oh, está ferindo meus sentimentos - Moriarty colocou a mão sobre o coração em um gesto dramático, em seguida se aproximou de Sherlock, perto o suficiente para invadir seu espaço pessoal e segurou as pontas de seu cachecol brincando com elas - Eu realmente gosto desse seu jeito arrogante, talvez possamos aproveitar sua visita para algo além do que negócios... - ele soltou o tecido e deslizou a mão pelo peito do outro homem.

-Não há nada além de negócios - disse Sherlock empurrando as mãos do homem a distancia 

-Eu não me importo que você esteja com o médico, - disse tentando tocar o consultor novamente, dessa vez porém o homem segurou seus braços antes que pudesse encostar nele - Não sou ciumento

-Vou lhe enviar as pistas que tenho até agora por email disse Sherlock, andando para a porta de saida sem se importar com a expressão divertida.

Enquanto procurava outro táxi pra voltar para a rua Baker, Sherlock tinha apenas duas certezas: 1a: trabalhar com Jim seria bem mais difícil do que ele estava imaginando, e 2a: Ele não iria contar a John sobre o que estava fazendo para resolver o caso.









































































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