Capítulo Oito
John olhou para Sherlock por cima do Jornal que estava lendo, o homem estava sentado na poltrona do outro lado da sala, digitando no celular com uma expressão séria e os lábios apertados em uma linha fina.
- Sherlock? - ele chamou, o outro não pareceu ouvir - Sherlock? - tentou novamente mais alto
-Hum - foi a única resposta que obteve enquanto o outro continuava a mexer no aparelho
- Isso é algo sobre o caso?
- Que caso? - Sherlock Perguntou ainda mais concentrado no celular que na voz do amigo
- O que você está resolvendo, o Diabo - o médico sacudiu a cabeça, não entendendo como diabos, o amigo poderia simplesmente esquecer de algo assim.
- Oh sim, o caso - Sherlock disse ainda sem olhar para ele
- Então?
- Então o que? - o homem digitou algo mais e franziu a testa
- Alguma novidade? Mais mortes? Qualquer coisa?
- Não, não - O homem mais alto guardou o celular no bolso
- O que foi isso então?
- Isso o que?
- Você estava olhando para seu celular como se alguém tivesse dito que a terra parou de girar em torno do sol.
- Por que eu me importaria se a terra parasse de girar em torno do sol?
John sacudiu a cabeça, as vezes ele se esquecia do descaso que o amigo dedicava a conhecimentos básicos, mas dessa vez tinha a nítida impressão de que ele apenas queria fugir do assunto. A impressão só fez aumentar quando Sherlock se levantou e andou até a porta.
-Para onde você vai? - perguntou o médico.
- Um novo caso - disse sem se virar - e não, você não vai comigo, ainda tem que se recuperar.
- Eu estou bem - disse John se levantando - posso...
- Eu não preciso de sua ajuda - Sherlock olhou para o amigo e disse com toda a frieza que conseguiu - pelo menos por uma vez, pare de me seguir como um maldito cachorro.
O olhar triste no rosto de John ao ouvir essas palavras, doeu em Sherlock como uma faca mergulhada no estômago mas não demonstrou isso, ele preferia ver o amigo bravo/magoado com ele do que vê-lo morto como no sonho que tivera no hospital. Sem dizer mais uma única palavra, o detetive atravessou a porta e a fechou atrás de si.
Ele desceu para a rua e tomou um táxi, minutos depois estava de volta a porta da casa de Moriarty. Dessa vez quando atendeu a porta, o homem estava vestido com um hobby preto e com os cabelos molhados como se tivesse acabado de sair do banho.
- O que você sabe? - Sherlock perguntou entrando na sala sem ao menos esperar um convite.
- Direto ao assunto como sempre, hein? - Moriarty se jogando na poltrona próxima a lareira de uma maneira despojada.
- Então o que...
- Relaxe Sherly, temos muito tempo para falar de trabalho, sente-se, sirva-se de uma bebida - ele apontou para uma garrafa com um líquido âmbar na mesa de centro.
- Apenas diga o que sabe - exigiu Sherlock, tentando controlar a raiva que sentia, a pouco mais de um ano, ele não se importaria em trabalhar ao lado de um criminoso, ele via as pessoas mais como peças de um quebra cabeça que como pessoas de fato, mas a amizade de Watson amolecera um pouco seu coração apesar de que provavelmente nunca admitiria isso.
- Você parece tenso - provocou Moriarty - Brigou com o namorado? - o aumento na tensão do corpo de Sherlock quando disse essas palavras o fez rir - Foi isso não foi? O bom doutor não ficou feliz com a nossa parceria - mais alguns momentos olhando para o detetive e acrescentou - Você não contou a ele, não é?
- O que você sabe sobre as mortes? - perguntou novamente Sherlock pausando as palavras para soar mais perigoso.
- Esse método não funciona comigo, Sherly, você não pode me ameaçar, eu tenho informações e você, não, eu tenho poder e você não...
- Você tem o hábito de falar desnecessariamente e eu não
- Sherlock Holmes, fazendo piadas? Talvez o apocalipse esteja realmente próximo.
- Se insiste em se desviar do assunto, não tenho motivos para permanecer aqui, - disse Sherlock exasperado andando na direção da porta - considere nosso trato desfeito.
- A relação sou eu - disse Moriarty de repente fazendo o detetive soltar a maçaneta e olhar para ele
- O que?
- Os assassinatos, as vítimas eram relacionadas a meus empregados.
- Três deles sim, eu consegui descobrir isso sozinho...
- Não apenas os três, todos - Moriarty sorriu ao ver que a atenção de Sherlock estava voltada para ele novamente - Eu tenho 3 níveis de subordinados, meu caro. Nível 1, para trabalho ágeis e fáceis, garotos de rua como o que foi encontrado por pescadores e os outros três que você sabiamente relacionou a mim. - o detetive assentiu - Nível 2, para trabalhos mais especializados, infiltração, eliminação de qualquer prova contra mim e os trabalhos difíceis que meus clientes me trazem.
- Está dizendo que as outras vítimas também eram seus empregados?
- Óbvio que não, eu contrato os melhores, eles nunca iriam se deixar matar assim, tão fácil. - ele fez uma pausa dramática e se levantou - mas todas as outras vítimas eram parentes de alguém que trabalhava para mim, primos, sobrinhos, e a última garota era filha de um dos meus melhores.
- Está falando sério?
- Por que eu mentiria? Como disse uma vez, tenho tanto interesse na captura do Diabo quanto você. E então?
- E então? - Sherlock repetiu sem entender
- Eu te dei um padrão - disse o homem se aproximando mais, invadindo o espaço pessoal de Sherlock - O que você me dá?
- Resultados - o detetive respondeu se afastando de Jim, ele tinha criado uma ideia de como poderia atrair o assassino, se tudo desse certo provavelmente conseguiria por o Diabo preso, antes que fizesse qualquer outra vítima.
- Você definitivamente não sabe aproveitar as oportunidades que a vida oferece - disse Moriarty enquanto Sherlock abria a porta.
Antes de sair o homem se lembrou de algo que Jim falara
- Qual é o terceiro? - perguntou ainda de costas para ele
- O terceiro? - perguntou o criminoso fazendo-se de desentendido
- Você disse que tinha três níveis de empregados, qual o terceiro? - Ele se virou para encarar o homem que o olhava com um sorriso cínico e se aproximou novamente, dessa vez segurando a mão de Sherlock que estava sobre a maçaneta.
- Isso, - seu sorriso se alargou quando o detetive puxou a mão de baixo da sua um pouco corado - Meu caro - ele se aproximou ainda mais, fazendo seu lábio tocar a orelha de Sherlock - É um segredo meu. Após dizer isso abriu a mais porta e com um sorriso fez sinal para que o homem saísse
Deixando a casa de Jim, Sherlock pegou um novo táxi para voltar para a rua Baker, completamente distraído com seus pensamentos e considerações de como poderia pegar o Diabo, sequer notou o homem de terno parado algumas casas a frente, que o observava atentamente.
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