Thomas

'Thomas, eu sempre fui apaixonada por você, desde o jardim da infância eu sempre quis ser sua namorada, por isso eu mudei de visual, pra te conquistar.' 'Eu fiz de tudo pra te conquistar, mudei até o meu visual e você faz isso comigo, me trata como um lixo?! Porque é isso que as garotas são para você, não é? Um lixo que você descarta sem nenhum ressentimento!' ' As pessoas têm sentimentos e você não, você se acha com essa sua beleza, não é? Mas agora vai ser diferente! O que você é por dentro vai ser por fora'.
               'O que você é por dentro vai ser o que você é por dentro vai ser por fora...' Essas palavras ecoam inúmeras e inúmeras vezes minha cabeça, o que eu estou sentindo é algo muito pior que a dor, muito pior do que ser queimado com óleo quente, muito pior do que levar uma surra de chicote, é muito pior que tudo, eu fui... Amaldiçoado. A névoa verde que surgiu da mão da vadia da Naomi é ácido e quando tocou a minha pele, a queimou instantemente.

                Depois que a desgraçada foi embora e me deixou sozinho com uma dor insuportável, não tive outra escolha a não ser ir embora. Com muita dor, fui discretamente para a sala de estar, mas ninguém reparou em mim pois todo mundo estava gritando várias vezes o nome de Lynn, eu até queria ver o que ela estava fazendo, mas eu precisava ir para a minha casa. Saí do apartamento, peguei o elevador, dentro dele gritei de dor, olhei para o meu pulso e parecia que minhas veias iriam saltar do meu braço. As portas do elevador se abriram, saí do prédio e corri em direção ao Mercedes Benz, entrei no carro, suspirei profundamente para ver se a dor passava, mas não adiantou, coloquei minhas mãos no volante e vi que elas estavam com MUITAS veias, tanto que parecia que minhas mãos eram verdes e azuis. Dirigi em ziguezague, já que as dores nas minhas mãos estão me impedindo de controlar o carro, mas o problema não é apenas as dores e sim minha visão distorcida, eu via as luzes dos postes, mas não via a estrada... O culpado era ou o álcool ou a maldição que a Naomi jogou em mim, a segunda opção é mais provável. Eu pensava que ela tivesse uma paixonite de adolescente por mim, não uma paixão obsessiva, quando escutei aquela declaração ridícula de amor tive vontade de jogá-la de cima do prédio, por isso eu disse aquelas coisas, falei que não gostava da garota e ela me joga uma maldição?! Uma maldição que vai acabar com a minha vida e comigo mesmo, mas por um lado... Será que a cachorra da Naomi tem razão? Eu trato as garotas como se fossem lixo descartável? Eu já fiquei com muitas garotas, já fui pra cama com elas, mas nunca tive uma namorada... E nem quero.

                  Desvio por vários carros, os motoristas buzinam, falam palavrão, eu fico queito, minhas palavras já fizeram besteiras demais essa noite. Finalmente chego na mansão Clark, está tudo escuro e com certeza vou quebrar um vaso caro da minha mãe por causa disso. Sammy percebe que alguém chegou e late na sua área, que está trancada. Entro em casa me contorcendo e gritando de dor, quando subo a escada, sinto minhas veias pulsarem e meus músculos doendo, então vou correndo para o meu quarto. Entrando lá, tranco a porta, ligo a luz, tiro rapidamente a jaqueta de couro e a camiseta, vou lentamente ao espelho, quando olho o meu reflexo, fico desesperado... Eu virei... Um monstro!

-NÃÃÃÃÃÃÃÃO! -berro desesperadamente.

Me jogo no chão, começo a chorar... Meus braços, meus bíceps, meu tórax e meu abdômen estão lotados de veias, mas o mais assustador é que as veias que tatuam o meu corpo vão em direção ao meu coração. As veias também estão no meu rosto, consigo ver apenas os meus olhos. Mexo no meu cabelo e um tufo enorme sai da minha mão. Vou novamente para o espelho, arranco outro tufo de cabelo e percebo um círculo médio de pele branca do lado direito da minha cabeça, amanhã vou estar careca... A Naomi conseguiu acabar com a minha vida, ninguém vai ter piedade de mim, nenhuma garota vai querer ficar comigo, no momento eu estou com várias sensações; dor, depressão, ódio, solidão... E raiva, muita raiva! Se eu pudesse, queria estrangular aquela vadia até ela perder o ar, mas no estado em que me encontro, é bem capaz que ela me mate. Escuto um barulho de mensagem vindo do meu celular, mas não quero ver quem é, estou ocupado demais conversando com a minha solidão. Meia hora depois, escuto outro barulho de mensagem, suspiro profundamente e vejo quem me mandou as mensagens.

21:40 Max
Oi cara! Cd vc?! , vc saiu do nada, preocupado! Assim que ver essa mensagem, me liga por favor!

Caramba, o Max! Esqueci completamente dele! Eu iria dar carona para ele voltar para a casa, aposto que o Max quer me matar nesse exato momento. Os músculos dos meus dedos doem, mas consigo abrir a outra mensagem.

22:15 Max
Thomas, eu tô MUITO preocupado com vc! Não eu, mas a Lynn também está preocupada! O que aconteceu? Por favor, me um sinal de vida! Ah sobre a carona... Felícia vai me levar pra casa, obrigado por não se importar comigo.

Lynn?! A... A Lynn tá preocupada comigo? Depois de mais de uma hora de tortura, solidão e tristeza, dou um leve sorriso, a Lynn está preocupada comigo, mas voltando ao assunto Max, o lado bom é que ele vai ganhar carona de uma garota e o lado ruim é que ele está muito chateado comigo. Apesar de ele pedir para eu ligar, decido que não vou mostrar as caras por um bom tempo, não vou para o colégio, não vou ligar para ninguém, não vou mandar mensagem, não vou sair da mansão, muito menos do quarto, é uma decisão trágica, mas necessária. Desligo a luz do quarto, vou para a cama e tento dormir, mas as dores musculares estão me matando, me viro e reviro na cama até que vejo um minúsculo papel dobrado em cima do criado-mudo, ligo a luz do abajur, me indireito na cama e abro o papel... É o bilhete da Lynn. Leio o bilhete várias, várias e várias vezes, o estilo delicado e curvilíneo da letra e o jeito que ela sorriu para mim no primeiro dia de aula é... Tão mágico, finalmente as dores passaram, não totalmente, mas agora posso dormir em paz. Antes de fechar os olhos, me lembro novamente daquelas palavras 'Eu não acredito em monstros.' e sussurro.

-Então você realmente não acredita em mim, Lynn.

No dia seguinte. Uma empregada abre lentamente a porta do meu quarto, não sei qual foi sua reação quando viu que minha cama está arrumada porque estou sentado em uma poltrona de couro em frente à grande janela transparente e estou de costas para ela não ver minha aparência.

-Sr. Clark?... -chama ela.

Coloco minha mão com as veias tatuadas no apoio de braço, escuto a respiração de espanto da empregada e respondo.

-Sim...

-É... É... O senhor não... Vai para o colégio hoje?

-Não.

-Mas seus pais...

-Meus pais não estão aqui. -interrompo com um tom grosso. -Qual é o seu nome?

-É... Yvette... Se-senhor.

-Yvette, encima da cômoda há vários cheques preenchidos por mim, pegue um para você e entregue o resto para os outros empregados.

Escuto o barulho dos papéis nas mãos de Yvette, encosto a cabeça na poltrona e ela pergunta.

-Mas... Por que uma quantia tão grande, senhor?

-Eu quero que todos vocês saiam dessa mansão por um tempo. -digo de um jeito muito mais grosso.

-Mas seus pais...

-EU JÁ DISSE QUE MEUS PAIS NÃO ESTÃO AQUI! -berro, sem sair da poltrona. -SAIA DAQUI! SAIA AGORA!

A porta do quarto se fecha e duspiro profundamente. Quando acordei, todos os fios do meu cabelo estavam no travesseiro, fiquei muito assustado quando vi a cena, fui para o espelho, vi que minha cabeça careca também lotada de veias, joguei todos os fios de cabelo pra debaixo da cama e arrumo a cama. Fui para o banheiro, tomei um longuíssimo banho, esfrego fortemente o sabonete no meu corpo, mas as veias não somem. Em seguida, coloquei uma calça jeans, uma camiseta preta e uma jaqueta de couro, a partir de hoje meu uniforme vai ser esse, agora que expulsei os empregados, vou ficar completamente sozinho, porém... Sorte minha que não expulsei a Sammy, pela janela, a vejo pulando no portão da área, tentando sair, as tentativas fracassadas dela me fazem rir. Quando percebo os segundos se transformam em minutos, que se transformam em horas, que se transformam em dias... Continuo sentado na poltrona, com a minha solidão e esperando a garota que é minha maldição e minha sentença de morte... Naomi Cornelius.

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