Lynn

           O que será que aconteceu com o Thomas? Será que a Naomi está envolvida nesse sumiço? Se sim, o que ela fez com ele naquela noite? Já se passaram quinze dias e Thomas não apareceu. Felícia e Max começaram a namorar, eu e ele nos aproximamos e viramos uma espécie de... Cúmplices, reparamos no jeito distante de Naomi e agora temos certeza que ela fez alguma coisa com o Thomas.

                Em uma tarde ensolarada, depois que Naomi foi embora, eu, Felícia e Max fomos para o estacionamento do colégio, entramos no Billy e fomos em direção à minha casa, conversamos um pouco e Felícia me faz um pedido.

-Lynn, mande uma mensagem para Naomi, por favor.

-Por quê? -pergunto, desinteressada.

-Porque agora que somos um grupo, temos que sair juntos.

-E por que você não faz isso?

           Felícia se vira rapidamente para mim e segura firme no volante.

-Você não tá vendo que eu tô ocupada?

-Por que você não manda o Max fazer isso?

-Porque ele é o meu namorado, não é meu escrivão.

-E eu sou sua melhor amiga, não sou sua escrivã.

-Lynn, custa você fazer uma mensagem de três linhas? -Felícia fala um pouco impaciente. -Seus dedos não vão cair.

            Bufo irritada, pego meu celular e decido.

-Ai tá bom, vou mandar a mensagem...

            Em um minuto, já escrevi e mandei a mensagem para Naomi, eu apenas a convidei para ir na minha casa fazer cupcakes com a gente. Quando chegamos na frente da minha casa, Max pergunta para mim.

-Naomi respondeu a mensagem, Lynn?

             Olho para o celular, não há alerta de mensagem, aviso isso para Max, entramos na minha casa, eu, Felícia e Max colocamos as bolsas e mochilas no hall e fomos para a cozinha.

-Max, pegue o leite e os ovos, por favor... Estão na geladeira. -peço, enquanto coloco um avental florido e faço um coque desleixado no cabelo.

             Max me obedece e coloca os ingredientes na bancada. Felícia pega alguns recipientes metálicos no armário e também os coloca na bancada. Pego dois aventais brancos, os entrego para Felícia e Max e eles os colocam.

-Cadê seus pais, Lynn? -Max pergunta.

-Minha mãe trabalha em um restaurante e geralmente chega em casa à noite. -respondo, enquanto eu e Felícia pegamos a farinha, o achocolatado e o fermento.

-Ah... E o seu pai?

           Eu e Felícia olhamos para Max de um jeito meio 'É melhor você não falar sobre esse assunto', ele entende o nosso olhar e fica calado. Pego um recipiente metálico, eles quebram os ovos, colocam o leite e a farinha, pego uma colher e mexo rapidamente os ingredientes.

-Gente, eu vou no banheiro, não vou demorar. -Felícia avisa.

            Depois que ela sai da cozinha, Max se aproxima de mim e continuo batendo os ingredientes no recipiente.

-Eu estava esperando ficar sozinho com você.

            Max não me deu uma cantada, ele está falando da nossa conversa sobre o sumiço do Thomas, nós não tínhamos falado sobre isso pra ninguém, nem para Felícia, muito menos para Naomi.

-A gente precisa saber onde o Thomas está.-Max continua.

-Você tem algum plano?

-Pra falar a verdade, sim... Nós podíamos ir na casa dele.

-Na casa dele?! -exclamo.

-Shiu!

-Na casa dele?... -sussurro e coloco o achocolatado no recipiente. -Max, isso é loucura.

-Mas é necessário... Lynn, eu tô muito preocupado com o Thomas, ele é meu melhor amigo e um irmão que eu nunca tive, eu não vou sossegar até saber onde ele tá, se ele tá bem e por quê ele sumiu.

            Gostei da determinação de Max, eu faria a mesma coisa se fosse com a Felícia, a amizade de Max e Thomas é muito parecida com a minha e a de Felícia, uma amizade não é apenas uma conversa animada entre duas pessoas, é muito mais que isso... É a união, a cumplicidade e o dever de proteger a pessoa de quem você é amigo.

-Tá bom, e a Naomi?

-O que quê tem ela?

-Você viu o jeito que ela foi embora hoje?

-Vi... No meio desse sumiço do Thomas, a Naomi está 100% envolvida nisso, eu tenho certeza.

-O que eu não entendo é que... O que ela fez com o Thomas e por que ela fez isso?

-Não sei, o jeito distante dela é tão irritante que dá vontade de jogá-la na parede e fazê-la confessar tudo!

-Não podemos tirar conclusões precipitadas, Max, temos que ir com calma porque é óbvio que se colocarmos a Naomi na parede, ela vai negar tudo.

-Você tem razão, você tem razão... Agora temos que decidir três coisas: quando vamos para a casa do Thomas, como vamos chegar lá e quem vai entrar na mansão dele.

-O dia pode ser qualquer um, mas a Naomi não pode nem sonhar que estamos fazendo isso, agora como vamos... Aí é um problema.

-Gente, voltei! Sentiram minha falta? -Felícia chega animada.

                Eu e Max nos olhamos como se duas lâmpadas acendessem nas nossas cabeças ao mesmo tempo, coloco o recipiente com a massa encima da bancada e digo.

-Felícia, precisamos da sua ajuda.

-E pra que? -Ela pergunta, enquanto coloca o dedo indicador na massa de chocolate e o coloca na boca.

-Precisamos de uma carona até a mansão Clark. -Max pede.

-O quê?! A... A casa do Thomas?! Por que vocês querem ir para lá?

-Porque queremos investigar mais sobre o sumiço do Thomas. -respondo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-Vocês estão obcecados com isso... Até você, Lynn, três semanas atrás você não queria ver o Thomas nem pintado de ouro.

-Por quê? -Max questiona, olhando para mim.

            Ai Felícia e sua língua grande! Agora tenho que explicar essa história do Thomas ter falado que queria me levar pra cama... Ou talvez eu não precise falar disso.

-Isso não vem ao caso, Max. -respondo.

-Mas...

-A questão agora é o sumiço do Thomas... -falo com um tom decidido. -Felícia, você vai nos dar carona para a casa do Thomas ou não?

-Vou, mas não vamos para a casa dele para ficar olhando o lado de fora, alguém precisa entrar lá.

-É... -Max arruma o cabelo, abaixa a cabeça como se estivesse pensando e conclui. -A Lynn vai entrar na mansão.

-Quem?! Eu?!

-Sim, Felícia já vai fazer um grande favor nos dando carona... -Max olha para Felícia, que sorri satisfeita. -Se eu for, Thomas vai se esconder, então... Resta você.

-Tá, mas você tem a vantagem de conhecer cada cômodo da mansão dele, eu não sei nem onde fica o banheiro.

-Eu vou dar um jeito nisso... Então, Lynn Michelle, você topa entrar na casa do Thomas Clark? -Max propõe

              Olho para Max e para Felícia, coloco as mãos na cintura e suspiro.

-E eu tenho escolha?

              Depois de muita sujeira na cozinha, eu, Felícia e Max comemos os cupcakes, lavamos a louça e deixamos a cozinha brilhando antes da minha mãe voltar para casa. Vejo que Naomi respondeu minha mensagem, ela disse que não podia ir para minha casa pois estava limpando o quarto, fico em dúvida se acredito ou não e decido esquecer a resposta dela. Às oito horas da noite, eu estava sozinha em casa. Poucos minutos depois minha mãe chega em casa e jantamos. A cada minuto que passava, eu não parava de pensar na minha visita até a casa do Thomas, ele vai aparecer... Ele tem que aparecer.

              No dia seguinte, em um intervalo de cinco minutos no colégio, eu e Felícia estamos pegando nossos livros até que Max se aproxima.

-Até que enfim encontrei vocês sem a Naomi por perto.

-Ela foi para o banheiro, mas deve voltar logo... -digo. -O que aconteceu?

-Encontrei um jeito de guiar você quando entrar na mansão do Thomas.

             Max tira do bolso da calça jeans um minúsculo ponto eletrônico e o mostra para mim e Felícia.

-Um ponto eletrônico... -falo, pegando o aparelho e analisando. -Você fez isso?

-A nerd aqui é você, Lynn. -Max responde e dou uma leve risada.

-Mas como você vai dar as "coordenadas" para a Lynn nesse ponto eletrônico? -pergunta Felícia.

-Eu conectei esse ponto com o meu celular, é uma coisa meio complicada, mas vai dar para eu passar todas as "coordenadas" para Lynn.

-E que dia nós vamos? -pergunto.

-Hoje.

-Hoje?! -perguntamos ao mesmo tempo.

-Tem algum problema?

-Não, só que... Hoje? -Felícia fala, surpresa.

-Temos que descobrir se o Thomas está bem o mais rápido possível.

-Tudo bem, nós vamos hoje, mas a Naomi vai com a gente? -Felícia pergunta.

-Não! -eu e Max respondemos ao mesmo tempo.

-Por quê?

-Depois a gente explica. -falo e guardo o ponto eletrônico no bolso da frente da minha calça.

             Naomi aparece e mudamos de assunto. O sinal toca e o nosso grupo vai para salas diferentes. Horas depois, saímos do colégio e entramos no Billy. Felícia deixa Naomi na porta de casa, nos despedimos dela e fomos em direção à casa do Thomas.

-Eu ainda não entendi do por quê Naomi não pode ir com a gente. -Felícia comenta.

-Max, eu posso contar pra ela? -pergunto, olhando para ele.

-Contar o que, gente? Vocês estão me assustando...

-Estamos suspeitando que a Naomi tem alguma coisa haver com esse sumiço do Thomas. -Max revela.

           Felícia freia bruscamente o carro e nós três batemos levemente a cabeça, ela se vira para gente e fala.

-A Naomi envolvida em um desaparecimento?! Gente, isso é loucura! Ela não faria mal nem a uma mosca...

-A gente também pensava assim, meu bem, mas os pontos estão se ligando e comprovam que a Naomi tem dedo podre nesse sumiço.

-Comprovar é uma palavra muito forte, Max. -falo. -Digamos que os pontos estão mostrando uma direção... E essa direção aponta para Naomi.

-Não tô acreditando nisso... -Felícia põe a mão na testa e suspira. -As aparências realmente enganam, a Naomi é completamente louca.

-Não podemos julgá-la assim, Felícia. -Max diz e pega a mão de Felícia. -Eu tenho certeza que ela está envolvida nisso, mas posso me enganar...

-Mas e se isso for verdade? -Felícia questiona.

-Depois pensamos nisso. -respondo.

             Coloco a mão no ombro de Felícia, que se recupera e liga o Billy. Max indica os caminhos para chegarmos na casa do Thomas e, em dez minutos, Felícia estaciona bem na frente do grande portão cor de cobre da mansão super luxuosa do Thomas.

-É aqui que ele mora. -Max fala.

               Eu e Felícia ficamos de boca aberta quando vimos o tamanho da mansão, se é assim por fora, imagina por dentro.

-Não à toa que dizem que o Thomas faz as melhores festas de Cliverland. -Felícia comenta.

-Festas que nunca fomos convidadas, não é Felícia? -falo, admirando a mansão Clark.

-Ah fica quieta, Lynn Michelle... -Felícia estica o pescoço para ver melhor a mansão.

-Lynn, você colocou o ponto eletrônico no seu ouvido? -Max pergunta.

-Não... -coloco o ponto no meu ouvido esquerdo e digo. -Pronto... Já coloquei.

-Ótimo, abra o portão fazendo o mínimo de barulho possível, se o Thomas escutar um rangido, ele vai perceber que tem alguém tentando entrar na mansão.

-Tá, eu vou tentar...

           Abro a porta do Billy e saio, Felícia e Max olham para mim e falam ao mesmo tempo.

-Boa sorte.

            Sorrio para eles, me afasto do carro e me aproximo do portão, o abro lentamente e o portão, por sorte, não faz nenhum barulho. Ando por um caminho de pedrinhas que vai até a porta da mansão, estou prestes a chegar perto da porta até que vejo uma área coberta de grade, dentro dessa área há uma casinha de cachorro (e pelo tamanho da casinha, parece que o pet da casa é de grande porte) e alguns brinquedos espalhados... Thomas Clark tem um cachorro? Essa eu não esperava. Ouço um chiado no meu ouvido e escuto a voz de Max.
-Lynn, Lynn, está me ouvindo?

-Sim, estou te ouvindo, Max.
-Está pronta?

            Arrumo o ponto eletrônico no meu ouvido, pego e giro a maçaneta, quando percebo que a porta está aberta, eu falo com um jeito decidido.

-Estou mais que pronta.

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