Lynn

              O sabor do 'X-Thomas' vai ficar na minha boca para sempre, é o melhor sanduíche que eu comi na minha vida! A tarde que passei com o Thomas foi muito agradável, descobri um lado dele que eu não conhecia, um lado divertido, engraçado, amigo... E solitário.

                Ele me disse que a Sammy é a única companhia dele, quando escutei isso fiquei com dó, eu não consigo imaginar minha vida se minha única companhia fosse uma cadela.

                Não pedi carona para Felícia nem para ir à mansão e nem para voltar pra casa, ela foi conhecer os pais de Max, então fui de táxi. Quando cheguei em casa, minha mãe estava sentada no sofá e lendo uma revista, fui em direção à escada e ela me pergunta sem tirar os olhos da revista.

-Onde você estava?

-Eu... Eu fui me encontrar com a Felícia.

-Ela não ia sair com o Max?

-É que eu saí com a Felícia e com o Max.

-Ah... Já estudou para a prova de Biologia?

-Já.

-Tudo bem.

                Não é certo eu mentir para minha mãe, mas ela ficaria um tanto quanto zangada se descobrisse que eu estava na casa de um garoto. Subo a escada e vou para o meu quarto. Entrando lá, tiro minha saia e coloco o mesmo short largo preto. Começo a jogar Dark Ghosts, penso na tarde que passei com o Thomas e quando percebo, estou no nível 52! Uau! Quem diria que pensar no Thomas Clark me daria bons resultados...

                 Na segunda-feira, fiz a prova de Biologia, até que foi fácil. Tive que aguentar a melação entre Felícia e Max, parece que os pais dele a adoraram. Fiquei reparando na Naomi, me pego pensando na possível mentira que ela poderia ter contado e no possível envolvimento dela no sumiço do Thomas... Por que ela faria isso? Por quê? Nós conversamos um pouco enquanto o casal Melação se agarrava no nosso lado, Naomi parecia bem tranquila, estava despreocupada com as provas pois ela estudou muito. O colégio decide que não vamos ter aula na terça-feira para os alunos descansarem por causa da tensão de semana de provas. Obviamente eu e todos os alunos ficaram eufóricos. Acho que vou visitar Thomas, mas... Não quero ir sozinha... Já sei! Vou levar o Max.

               Na terça-feira, à tarde, estou no meu quarto, jogando Dark Ghosts. Meus dedos ficam cansados, então ligo para Max. No quarto toque, ele atende.

-Oi Lynn! -sua voz estava ofegante.

-Oi Max! Tá tudo bem?

-, é que... A Felícia está na minha casa... E do meu lado.

                  Eca!

-Ah...  É que eu quero ir na casa do Thomas.

-E você quer carona da Felícia?

-Não, não... É que eu queria ir com você.

               De repente, escuto uma voz feminina esganiçada e furiosa. Felícia.

-Escuta aqui, Lynn Michelle! certo que você não quer se envolver com nenhum garoto agora, mas roubar o meu namorado é uma coisa imperdoável! -ela grita.

-Eu não estou querendo roubar o namorado de ninguém, Felícia. -respondo com uma voz calma e paciente.

-Então por que você quer sair com o Max?!

-Porque eu quero levá-lo para a casa do Thomas, para ver o melhor amigo.

-Ah... Eu vou dar carona pra vocês.

-Não, Felícia, é melhor não.

-Mas agora que ele não vai mesmo!

-Por favor, Felícia! Se ponha no lugar do Max e confia em mim!

                    Escuto alguns cochichos de Felícia e Max. Alguns segundos depois, Max estava na linha.

-Que horas nós vamos?

-Daqui uns quarenta minutos, me encontre na praça e nós vamos pegar um táxi

-Tudo bem... Estou tão animado, Lynn!

-Eu sei... Te vejo mais tarde.

               Eu e Max desligamos os celulares. Fico imaginando a reação dele quando ver o Thomas... Quando ver sua nova aparência. Eu, particularmente, não reparo mais nisso, mas tenho que admitir que aquelas veias me assustam um pouco.

                 Saio do quarto e vou para a cozinha. Abro a geladeira, encontro um pudim de chocolate, pego uma colher e o potinho do delicioso doce. Sento em cima da bancada de granito e converso com o pudim e o saboreio ao mesmo tempo.

-Pois é, sr. Pudim... Agora estou visitando o Thomas Clark praticamente todos os dias... Como amiga, claro! Eu nunca me envolveria com um rapaz como ele, não é por causa da sua aparência, mas é por causa de suas atitudes... Não quero ser mais uma na sua lista, se o Thomas mudar suas atitudes... Talvez eu pense no caso.

              Quando percebo, o sr. Pudim desapareceu. Dou risada da minha própria idiotice... Eu estava falando com um pudim! O que está acontecendo comigo?

               Subo a escada, vou para o banheiro e tomo um banho médio, nem muito curto e nem muito longo. Em seguida, volto para o meu quarto, abro meu guarda-roupa e fico olhando minhas roupas por um bom tempo. Alguns minutos depois, pego um vestido verde-claro que fica na altura dos meus joelhos, gosto de usá-lo para ir à igreja, também pego um par de sapatilhas. Me vejo no espelho com o look montado, pareço a rainha da Primavera. Penteio meu cabelo e faço uma trança. Pego minha bolsa, saio do quarto, passo pelo corredor e desço a escada. Pego minhas chaves e saio da minha casa.

                    A praça de Cliverland não fica tão longe da minha casa, são apenas dez minutos de caminhada. Eu costumava vir com o meu pai quando eu era criança, já que além de belas árvores, a praça tem um playground, com balanços e escorregadores. Chegando lá, encontro Max sentado em um banco de pedra-sabão perto de um grupo de senhores jogando xadrez.

-Demorei? -pergunto.

-Não, você está cinco minutos adiantada. -Max responde, se levantando.

-Pontualidade é minha maior qualidade... Cadê a Felícia?

-Tive que aguentar o ataque de ciúmes dela dentro do carro enquanto íamos pra cá, ela pensou que vamos para um motel ou coisa desse tipo, então eu a tranquilizei, falei que vamos apenas ir para a Mansão Clark e ela me deixou aqui.

-Obrigada por fazer isso, Max.

-De nada... Vamos chamar o táxi?

-Vamos.

               Eu e Max fomos para um ponto de táxi. Pegamos um táxi e fomos em direção à casa do Thomas. Algum tempo depois, o táxi parou em frente ao portão da mansão, pagamos a corrida e saímos do carro. Antes que Max abrisse o portão, toco levemente na sua mão e falo.

-Max... Eu te disse que o Thomas está com uma nova aparência...

-Eu sei, ele está com veias estranhas... Mas Lynn, isso não importa pra mim, eu só quero ver o meu amigo.

                Sorrio e abrimos o portão juntos. Andamos pelo caminho de pedrinhas e fomos até a porta. Eu e Max nos olhamos e toco a campainha. Segundos depois, Thomas abre a porta. Não sei para quem eu olho primeiro: Max ou Thomas. A expressão de ambos é de extrema surpresa e emoção. Percebo que uma lágrima escorre no rosto de Max. De repente, os dois se abraçam emocionados e murmuram algo que não consigo escutar. Finalmente vejo os olhos do Thomas brilhando, no meio daquelas veias que cobrem seu rosto, percebo que ele está chorando. Penso no verdadeiro valor da amizade, da cumplicidade, da união... Então também começo a chorar, nós três nos juntamos e fizemos um abraço coletivo. Senti uma mão passar pelos meus cabelos, olho para o lado, vejo Thomas sorrindo para mim e ele sussurra.

-Obrigado Lynn.

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