Capítulo 22


"Foi o seu sorriso, o seu jeito tímido. As suas manias, suas chatices. Foi a sua roupa, o seu cheiro. A sua vergonha, a falta dela.
É você, sempre foi você. Eu que não percebi antes. Tinha que ser você, por isso é você, sempre será você.
É esse teu jeito de me irritar, essa tua mania de fingir não ignorar. Esse teu poder de saber voltar quando tá sendo esquecido. É esse teu senso de humor que sempre me faz rir, ou a falta dele quando quer me tirar do sério. É você, não tem como mudar.
Isso fica claro todas as vezes que tu me escutas, que tu me entendes. Todas as vezes que de alguma maneira a gente volta ao passado, quase muda o presente. Cada vez que a gente ri de coisas nossas, no nosso mundo.
Resumindo, foi, é, será você. Você."

Roberta leu o texto que tinha acabado de escrever e suspirou, Thommas Scott não saía de sua cabeça, nem mesmo depois daquela maldita mensagem. Só de lembrar que antes de ler cogitava tentar algo com ele, ela sentia vergonha. Era por isso que não gostava de sentir nada por ninguém, as pessoas tendem a ficar tão bobas quando se apaixonam.
Seus pensamentos foram interrompidos com a entrada de Madeline em seu quarto. Intimidade é mesmo uma droga, a amiga nem batia mais na porta.
- Que cara é essa? - Madeline perguntou com um sorriso terno no rosto.
Se Mandy sempre carregava o sorriso nos rosto por onde andava, agora que tinha voltado com Henry esse sorriso estava ainda maior.
- Estou pensando em como ficamos bobos quando sentimos algo por alguém. - respondeu, claramente frustrada e cansada daquela confusão em sua cabeça.
- Você sabe que pode contar para ele, não sabe? – Madeline sugeriu, arqueando uma sobrancelha.
- Não é o bastante, nunca vai ser. Ele quer que eu o ame, Mandy. E eu nem sei como se faz isso.
Madeline riu de maneira carinhosa, se compadecendo da situação da amiga.
- Não existe uma fórmula para amar, Robin. Ninguém escolhe o momento certo de amar, acontece, quando vê, já amamos.
- Então por que raios ele me cobra isso? – ela indagou, exasperada.
- Porque o amor que o Thommas tanto prega, não é o amor de verdade.
- É isso que eu tento dizer pra ele! - Roberta exclamou, feliz por alguém entendê-la. - Ela não me ama.
- Epa! Eu não disse isso. - Mandy corrigiu. - Eu disse que ele prega um amor falso, mas não disse que o que ele sente por você é falso. Ele só se confunde e acha que é tudo a mesma coisa. O Thommas tá tão acostumado a fingir sentimentos para as namoradas da vida, que ele já não sabe até onde é fingimento e até onde é verdade. Mas por você, Robin... Nada me tira da cabeça que por você é de verdade.
- O que só deixa tudo pior, se quer saber. - bufou. - Eu não o amo, Mandy, não desse jeito. E como amigo eu o amo demais para colocá-lo em um relacionamento desigual. Ele merece muito mais que isso.
- Robin, você foi capaz de guardar tudo para si só para não atrapalhá-lo. O perdoou por ter sumido da sua vida, se preocupa tanto com o coração dele que tá disposta a quebrar o seu. Você não acha que isso basta?
Madeline podia enxergar o amor ali, em cada frase da sua amiga, mas não acreditava que pressioná-la era o melhor caminho. Ela precisava descobrir sozinha para que não houvesse dúvidas. Por isso, apenas tentou mostrar o quanto aquilo já podia ser grande.
- Não há nada melhor do que o sentimento altruísta como esse. Isso basta.
Como Roberta queria que alguém a entendesse de verdade. Aquilo que sentia podia bastar para todos, até mesmo para Mandy, a pessoa mais amorosa que ela conhecia. Mas não bastava pra ela, ou melhor, ela não achava que bastava pra alguém que ela se importava tanto.
- Pode bastar para você, e até para o mundo inteiro, Mandy. Mas isso só me mostra que o mundo inteiro não tem uma relação como eu tenho com o Thommas. Eu posso não amar como vocês amam, posso não sentir o que vocês sentem, mas eu o amo demais como amigo, mais do que quase tudo nesse mundo, e ele não merece menos que o máximo. E eu sou incapaz desse máximo.
- Mas e se você tentar...
Roberta riu sem humor ao lembrar-se da sua quase tentativa de dias atrás.
- Eu quase tentei, se quer saber. Cheguei a cogitar que valia a pena. Mas o Thommas desistiu, ele deixou isso claro no mesmo momento que achei que a gente pudesse estar juntos. Nunca vamos estar no mesmo tempo, e não há prova maior que é melhor deixar assim.
- Eu sinto muito, Robin. - Mandy falou, passando a mão carinhosamente no braço da amiga.
- Eu também sinto, Mandy. Mas é o melhor.

Thommas estava em casa pensando em um jeito de se desculpar com Hope. Odiava a ideia de que ela estivesse magoada e por isso, precisava logo dar um jeito naquela situação. Hope era sua irmã postiça, aquela pessoa que ninguém podia brigar além dele, aquela que ele não deixaria ninguém magoar. Mas, olha que surpresa, ele tinha a magoado. Precisava fazer algo.
Enquanto Thommas pensava em um jeito de se desculpar, Hope estava em casa esperando, com muita ansiedade, a chegada da pessoa que há semanas vinha mexendo com ela. Que surpresa foi quando viu alguém que ela sempre teve como amigo se tornar algo mais. E não foi nada forçado, nem mesmo estranho, foi tão natural que fez ela se perguntar por que nunca tinha rolado antes. Bom, ela sabia a resposta: antes ele gostava de outro alguém. E ela tinha visto tudo isso, tudo mesmo, até mesmo o dia que o coração do garoto fora quebrado e que mesmo ele tentando se manter bem, ela sabia que ele não estava.
Não se apaixonaram enquanto ela escutava as dores dele, se apaixonaram enquanto ela agia como sempre e sem nem perceber, acabou sendo a bela distração que ele precisava.
Foi assim que tudo aconteceu.
Entre um riso e outro, um silêncio bom que ninguém mais proporcionava, uma atenção, foi assim que tudo aconteceu.
Hope escutou alguém tocar e correu para abrir a porta já com o coração acelerado. Quando abriu não encontrou quem desejava, mas sim, Thommas Scott com um sorriso tímido no rosto e cara de cachorro que caiu da mudança.
- Será que você deixaria um amigo arrependido entrar?
"Na verdade não. Mas nada pessoal, sabe?" Hope pensou em dizer.
- O que foi? - ela perguntou, nervosa do outro alguém chegar com Thommas ainda lá.
- Não vai me deixar entrar? - o rapaz perguntou um pouco ofendido.
- Tudo bem, entra. É só que eu estou um pouco apressada.
- Vai sair? - ele quis saber.
- Quase isso. - murmurou.
- Eu fui babaca e sei disto. Embora você esteja completamente errada sobre mim e a Roberta, você não merecia escutar aquelas coisas.
Hope respirou fundo e achou que valia a pena se arriscar um pouco, desde que isso resultasse em tempo e coragem para falar umas boas verdades na cara de Thommas. Porque ele, mais do ninguém, merecia ouvir umas verdades dela. Merecia demais.
- Sabe, Thommas. Eu sempre te tive como meu melhor amigo, ou como a gente já falou: como o irmão que nenhum de nós dois tivemos. Mas às vezes me pergunto se você é mesmo isso tudo, ou melhor, se eu sou isso tudo para você. - começou a despejar enquanto olhava o rapaz nos olhos, na intenção de que ele não duvidasse de o quanto tudo que estava sendo dito mexia com ela. - Eu te escuto TODAS as vezes, escuto as mesmas conversas CENTENAS de vezes, e quando você não chega contando, eu pergunto. Não porque eu não tenho nada para falar, mas porque, para mim, é isso que uma amiga e irmã faz, ela percebe quando o outro não está bem e pergunta o motivo. Mas você NUNCA fez isso comigo, quer dizer, algumas, vamos te dar esse crédito. Mas isso quase nunca acontece. E eu sempre pensei: tudo bem, o Thommas está apenas muito confuso, isso é normal, depois ele me nota. Mas isso não aconteceu, nunca acontece. Então, não me venha me diminuir por ser uma amiga que você jamais soube ser de volta. Porque você fala da Roberta, mas é pior que ela, é você quem não enxerga muita coisa além de você mesmo. Não me enxergou e agora também se nega a entender a verdade sobre si próprio.
- Acontece... - Thommas começou a falar, achando que ela já tinha terminado, mas foi interrompido.
- A garota que você ama pode até ser um pé no saco com essas coisas de sentimentos. Mas ela escuta as amigas, cuida de você, te aceitou quando qualquer pessoa se negaria a ter sua amizade de volta. Você deveria pensar mais em quem faz isso por você. E nem falo por mim, mas por ela. Se você olhar para as coisas, além do seu próprio umbigo ou sentimentos, vai perceber que a todo momento ela mostra que te ama. E você deveria agradecer por não ser do seu jeito, mas sim do dela, é mais sincero.
Estava sendo péssimo escutar tudo aquilo, claro que estava. Principalmente porque cada palavra, além de dura, vinha acompanhada por lágrimas da garota a sua frente, provando que tudo que estava sendo dito era mesmo sentido.
- Ela me disse que não me amava, ela escolheu dessa maneira, não fui eu. E eu não vim aqui falar da Roberta, estou aqui para falar da gente, me desculpar. Eu não deveria ter dito aquilo, eu apenas estava irritado. - bufou, sentindo uma dor no peito por ter magoado tanto sua amiga. - Eu amo você, Hope. E eu não me imagino sem sua amizade. Porque eu sou mesmo um grande idiota e egoísta, mas com você eu me sinto menos pior, alguém que ama incondicionalmente outra pessoa.
A menina escutava tudo calada, apenas com lágrimas escorrendo dos olhos. Esquecendo, até, que não deveria demorar tanto naquela conversa.
- Eu falhei, e pelo que você falou, falhei mais vezes do que eu tinha ideia. Mas me desculpa e promete que nunca mais vamos brigar na vida. Eu posso ter sido um cuzão esse tempo todo, mas eu realmente amo você, pentelha. Amo demais.
Não esperou que ela lhe demonstrasse perdão, puxou-a para um abraço do mesmo jeito.
Hope era a melhor menina que ele conhecia. Um coração puro e uma boca grande que lhe encantava e o tirava do sério. Ela merecia tudo de bom, e ali, abraçado a ela, prometeu que jamais faria algo parecido e nunca permitiria que ninguém fizesse.
- Desculpa por ser uma babaca. - falou baixo, ainda abraçado a mesma.
- Tudo bem. - a menina respondeu com lágrimas nos olhos, mas não teve tempo de chorar, escutou seu celular tocar e largou o abraço.
Era ele.
Hope pensou em não entender, mas isso não fazia sentido. Se não queria que Thommas descobrisse, o melhor era que ela atendesse e falasse que não era um bom momento.
- Oi. - Hope falou, tentando parecer o mais natural possível.
- Olá. - a outra pessoa respondeu animada. - Sei que estou atrasado, mas é que..
- Tudo bem. - ela cortou. - É que estou um pouco ocupada agora.
- Por que você está falando assim? - ele perguntou, divertido. Hope nunca era tão contida.
- Tô ocupada, garota. - ela falou, fingindo achar graça em algo que não existia. - Um amigo meu está aqui, depois te ligo.
- Aaah. Entendi. Tudo bem! Depois você me conta como foi. Te adoro.
- Também.
- Quem era? - Thommas perguntou, desconfiado. Hope não parecia estar tão normal. Será que não tinha o desculpado de verdade?
- Uma amiga minha.
- A Mary?
- Não. Uma menina que mudou de turma e agora está na minha sala. - ela respondeu, rápido demais para quem estava realmente segura.
- Hum. - Thommas respondeu, mas logo depois emendou: - Você ainda tá com raiva de mim ou algo assim?
- Hã? Por quê?
Thommas encarou a menina e deu ombros.
- Sei lá, tá estranha.
- Não é nada. Eu só não gosto de ficar tão emotiva. - falou e deu de ombros, tentando parecer natural.
- Bom, vou indo. Novamente, desculpa por tudo.
Hope abriu um sorriso e abraçou forte o amigo. Era difícil ter raiva dele. Thommas era um cara legal e sabia se comportar como um príncipe.
- Tá tudo bem agora. É só não ser mais um babaca. Nem comigo, nem com ela.
- Tudo bem, mas confia mais em mim. - ele falou, dando aquele sorriso de lábios fechados que sempre dava quando estava sem jeito. - Não temos futuro. Independente de qualquer sentimento, não daríamos certo e eu quero muito que você me apoie nisso.
- Ainda acho roubada. - Hope falou, erguendo uma sobrancelha e com um sorriso zombeteiro nos lábios.
- Não é. - ele respondeu rolando os olhos, mas também rindo.
- Tudo bem. Se é isso que você quer, estou contigo.
- É por isso que te amo. - ele finalizou, puxando a menina para um abraço apertado.

Fran estava saindo de mais uma das inúmeras baladas que tinha frequentado naquele final de semana, quando viu um rosto familiar no meio das dezenas de pessoas. Era Daniel.
Sentiu como se seu coração tivesse saído do lugar e caído diretamente na sua barriga, porque tudo dentro de si gelou, até as suas mãos ficaram geladas. Pensou em logo virar-se e fingir que não tinha o visto, mas antes de fazer isso, ele já estava sorrindo, o que lhe obrigou a dar meia volta e ir falar com ele.
Francine, assim como Roberta, não entendia muito sobre sentimentos, mas ela entendia muito bem sobre erros, e sabia, que mesmo no estilo de relacionamento que ela tinha tido com Daniel, tinha errado com ele. Por isso, ter uma conversa com ele era algo do qual ela fugia. Gostava de Daniel, ele sempre foi um bom garoto, tão bom que não merecia o erro que ela cometeu. E Fran nunca soube como se desculpar ou pior, lidar com um ainda possível sentimento dele para com ela.
- Achei que fosse fingir que não tinha me visto. - Daniel falou, sorrindo e tirando a menina dos seus próprios pensamentos.
- Você não me deu esse tempo todo - Fran respondeu em tom de brincadeira, mesmo que aquilo fosse mesmo verdade.
- Acho que quase quatro meses já é tempo o suficiente. - ele respondeu em uma mistura de brincadeira com acusação. - Fiquei preocupado com você, sumiu de verdade.
- Acho que depois de tudo, eu não era a pessoa que todos faziam questão de ver.
- Eu não estava te odiando, acho que a Robin te falou isto.
- Vamos lá pra fora? Aqui tá muito barulho. - Francine pediu. Se fosse pra ter aquele tipo de conversa, que não fosse aos berros, ao menos.
Caminharam em silêncio até fora da boate, e nesse meio tempo Francine se perguntava como aquela conversa terminaria. Será que iram se pegar novamente? Ela iria mesmo querer? E ele, iria tentar?
Quando já estava em um lugar silencioso e longe da multidão que se aglomerava na fila, Daniel começou a falar.
- Você não precisava ter fugido de mim como o diabo foge da cruz.
- Eu não sou boa em me desculpar e essas coisas, e sabia que tinha que fazer isso, então... Acho que eu só quis evitar um clima ruim. - confessou.
- Entendi. - Daniel respondeu, com as sobrancelhas unidas. - Mas, e aí? Você está bem?
Francine sorriu internamente. Bom, ele não parecia estar com raiva, então, já suspeitava em como aquela noite iria terminar. Tentou agir casualmente e respondeu:
- Tô sim, e você? Aproveitando muito?
Daniel riu um pouco com a pergunta. Estava aproveitando, mas certamente não da maneira que ela pensava.
- Eu tô bem, também. E acho que dá pra responder que sim, para a segunda pergunta também.
- Tava procurando diversão hoje? - perguntou, não conseguindo conter uma curiosidade que nem ela sabia que tinha.
- Na verdade, não. Um amigo de infância tava comemorando o aniversário.
Fez-se um silêncio desconfortável que estava deixando Francine maluca. Ela nunca ficava calada em situação alguma. E muito menos, sem saber o que falar. Tentando chegar logo ao ponto que ela sabia que chegaria, foi pra frente de Daniel e colocou um sorriso no rosto.
- Quão magoado você ficou comigo?
- A gente não tinha nada a sério, embora você saiba que eu acabei esperando por isso. Acho que fiquei o equivalente a qualquer pessoa que descobre que sua ficante ficou com um dos seus melhores amigos. Se fosse qualquer outro, acho que eu só teria ficado frustrado comigo mesmo.
"Pergunta errada" Francine pensou. Se queria terminar aquilo com beijos, precisava se desculpar e colocar um tema divertido na conversa.
- Desculpe por isso. Eu fui uma idiota e sei disto. O que a gente tinha era algo legal, sinto falta às vezes.
Daniel conhecia Francine o suficiente para saber o que aquela frase, junto com aquele tom de voz e aquela cara queria dizer. Ela estava querendo ficar com ele.
Não sabia se achava a menina cara de pau, ou madura demais pra deixar as coisas do passado, no passado. Mas de qualquer maneira, aquilo não interessava mais.
Deu um sorriso um pouco convencido. Qual é, quem não se sentiria bem em dar uma volta como aquela? Fazia bem para o ego de qualquer um. Não dava para julgá-lo.
- Fran... Você tá...
- Só se você estiver também. - responde, com um sorriso divertido. - Se não, a gente deixa pra lá e ignora. - deu de ombros.
Daniel respirou fundo, estando até ele mesmo duvidando das próximas palavras.
- Então, ignorado. - respondeu e sorriu, tentando não deixá-la constrangida. - Vou voltar para a festa, não some novamente. Xau.
E antes da menina responder qualquer coisa, puxo-a para um abraço e lhe deu um beijo no rosto.
- Volte a frequentar a turma.
Mesmo ainda um pouco chocada com o fim totalmente diferente do que esperava, Fran conseguiu recobrar os sentidos e responder.
- Claro. - sorriu. - Xau pra tu também.
Enquanto Daniel entrava na boate com uma mistura de surpresa, felicidade e vontade de beijar - não Francine, outro alguém, - Fran ficou do lado de fora pensando que queria muito mais um beijo dele, mais do que fazia ideia.
A vida pode ser um pouco injusta, às vezes. Mas há momentos que ela é completamente justa e te dá exatamente aquilo que você plantou. E ela sabia que tinha colhido um toco muito merecido.

***



Aquela amizade de Thommas e Roberta, mesmo que natural, já que sempre se adoraram, não estava sendo tão fácil. Era ótimo ter o melhor amigo por perto, mas sempre desconfortável para Roberta lidar com os olhares de garotas que ela sabia que podiam se tornar namoradas de Thommas depois. Para Thommas também não era tão fácil, embora parecesse, ele tinha plena certeza que só queria a amizade dela naquele momento, mas via-se constantemente encurralado na própria proposta e com vontade de beijá-la. Seu cérebro já sabia o que queria, o problema era fazer seu coração entender.
Estavam trocando mensagens sobre trivialidades quando, entre uma brincadeira e outra, acabaram se provocando como antigamente, no início de tudo, e o teor das mensagens começaram a mudar.
"Você sabe que quer meu corpo." Thommas brincou. Mesmo que sem desejo algum de retornar a amizade de antes.
"Eu? Por favor, você sempre me amou."
"Amei, meu bem, amei. Hoje eu te aturo. Corta essa parte aí, porque ela não é importante."
Aquele fim da mensagem fez Roberta lembrar da briga dele com Hope e de como ele se referiu ao assunto na época. Sabia que não fazia muito sentido, mas ficou brava ao ler aquilo e quando viu, já estava respondendo de forma um pouco irritada.
"Já percebeu que essas coisas perdem a importância rápido demais para você? Por essas e outras que nunca acreditei rsrsrs. Estava certa afinal, não?"
Thommas sabia que aqueles "rsrsrs" não eram verdadeiros, conhecia sua amiga o suficiente para saber que ela estava irritada e se sentindo no direito de cobrar algo. Mas quem era ela? Ah, sim, ela era a garota que negou a possibilidade de ter algo com ele durante todo esse tempo.
"Quando eu falei que seríamos só amigos, eu realmente quis dizer só amigos. Amigos se provocam, brincam, se zoam, mas não cobram sentimentos do outro. Então, vamos manter o trato, está bem? Você quis assim e não deve se sentir ofendida por eu querer também."
Sabia que estava sendo um pouco grosso, mas tinha cansado de ser brinquedo nas mãos dela, mesmo que a menina nunca tenha o tido como diversão. O problema de Thommas e Roberta era esse: assim como todos, eles não eram perfeitos, mas cobravam essa perfeição de si mesmos. Roberta queria amar perfeitamente Thommas, e por não alcançar essa perfeição, se negava a tentar algo. E Thommas, ele queria um relacionamento perfeito, e se não houvesse, não valia a pena.
"Eu não estou cobrando sentimento algum de você, Scott. Estou apenas relembrando um fato que TODOS os seus amigos sabem e comentam. Você finge amor. Mas não se preocupe, saberei meu lugar da próxima vez."
Odiava quando ela colocava as coisas dessa maneira, como se ele tivesse feito ela ficar acuada.
"Chega, Roberta! Chega! Eu me recuso a ficar com você por causa disto, na verdade, eu me recuso a ter qualquer tipo de conversa com esse teor. Eu te amei durante muito tempo, sempre estive aqui para você - ao menos, na maior parte do tempo, eu estive. E o que você sempre fez? Me mandou para longe, porque é isso que tu fazes, tu mandas qualquer pessoa que se importa contigo para quilômetros de distância. Eu tentei diversas vezes ficar, mas eu não sou perfeito e, da mesma maneira, não sou obrigado a te amar para sempre. Você vive querendo bancar a garota bem resolvida, desiludida, mas na verdade, espera viver como em um livro desses que você vive lendo, onde o "amor" fica até o final mesmo que a gente saiba que é apenas uma utopia. Mas deixa eu te dizer uma coisa: se a nossa história virasse um livro, não seria assim. Porque eu cansei de fazer o papel do trouxa que corre atrás de você para sempre. Não somos personagens de uma linda história de amor, sequer teremos papéis em uma história algum dia. Eu te amei muito, muito mais do que você pode imaginar ou acreditar, mas tudo tem seu fim, principalmente quando a gente se machuca tanto. E eu me machuquei o suficiente para cansar dessa espera. É por isso que não te amo mais. Não porque era mentira, balela, mas porque na vida real, nem todo amor suporta tudo."
Roberta recebeu e começou a ler a mensagem cheia de raiva, mas conforme ia absorvendo as palavras, cada pedaço seu ia se quebrando um pouco. Era como se ele tivesse trincado todo seu coração, e nossa, como doía!
Mesmo sentindo uma dor muito maior do que ela poderia imaginar, se recusou a chorar e também a responder a mensagem. Deixou o celular de lado e foi tentar dormir enquanto falava para si mesma o quanto sempre esteve certa em relação a sentimentos. Eles não valiam a pena. Thommas não valia a pena.


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