Capítulo 16


- Está tudo bem, aí?
- Está sim, Mandy. O Thommas está bem? – Robin sentiu raiva ao perguntar aquilo, como era idiota. - A última vez que falei com ele foi quando cheguei aqui, faz uns três dias.
- Não sei se você vai querer saber.
- Pode contar – ela sentiu um aperto no coração antes mesmo de escutar, afinal, já fazia ideia.
- Ele tá namorando, começou ontem. Acho que não colocou no Facebook por sua causa.
- Eu não tenho essa importância toda - riu sem humor.
- Sinto muito - Mandy falou baixinho.
- Eu não ligo. Hum... Vou desligar. Beijos, te amo.
- Também te amo.

Assim que desligou o telefone Roberta sentia um turbilhão de coisas. Não tinha como mentir pra si mesma, ela sabia que metade dela, ou até mais, estava destruída com a notícia, mas outra parte de si achava até bom ele ter seguido, eles não dariam certo nunca. Mas ela por inteiro sentia uma coisa: decepção. Não podia acreditar no quanto Thommas mentiu falando do que sentia e acreditava menos ainda na facilidade que ele tinha pra ignorá-la. Tinha raiva disso tudo.
"Será que a namorada já proibiu de falar com as amizades? Entre em contato."
Mandou a mensagem e esperou que ele não percebesse a saudade enorme que ela estava sentindo.
- Que cara é essa? A mensagem continha uma ameaça? - Henry perguntou brincalhão.
Thommas leu a mensagem de Roberta novamente, apenas pra si e fechou a cara ainda mais.
- Que cara é essa, menino?
- Nada. Só não sei se quero responder a mensagem. Acho que queria nem ter recebido.
Henry colocou uma mão tampando os olhos e com a outra tateou até Thommas e pegou seu celular. Ainda de olhos fechados, falou:
- Deixa eu adivinhar. Humm... Que difícil, mas acho que começa com Roberta e termina com Albuquerque. - tirou a mão dos olhos e encarou Thommas - Acertei?
- Você deveria trabalhar de palhaço, sabia?
- É ela ou não?
- É sim. - bufou.
- Por que você tá tão incomodado com isso? Ela não é sua amiga?
- Quem contou pra ela que eu estou namorando?
- Era segredo? - perguntou em um tom que mostrava o quão normal era ela saber.
- Não, mas faz pouco mais de vinte e quatro horas que estou namorando e isso já chegou em outro país.
- A notícia correu na mesma velocidade que esse namoro aconteceu.
Thommas bufou.
- Você queria que eu ficasse esperando pela Roberta?
- Queria que você aprendesse a ficar sem ninguém, não entendo essa sua carência. E outra, você não pode usar as pessoas assim. Você é bom em namorar sem gostar de verdade, mas as meninas acabam gostando de você.
- Eu gosto da Lindsey, por isso estou namorando com ela.
- E a Robin?
- A Roberta passou.
Os dois se calaram e Thommas resolveu responder a mensagem.
"Você deveria curtir essa viagem... Qualquer coisa, só falar."

- Meninas, arrumem-se que iremos sair.
- Você quer que eu te maquie? – Rachel, namorada de Marcelo, falou.
- Não. - Como ela conseguia ser tão natural sendo que destruiu uma família?
- Você ficaria mais bonita se eu te maquiasse.
- Eu sei me maquiar, Rachel. Pode deixar.
Marcelo assistiu tudo irritado. Quando a namorada saiu, puxou pelo braço Roberta e falou:
- Será que você pode ser menos estúpida? Ela é uma ótima pessoa e você é tão amarga. Como você me lembra sua mãe - e soltou o braço dela.
- Eu sei me maquiar e não quero me maquiar igual uma drag feito ela, pra mim, menos é mais. E ela não precisa me agradar, não é como se você desse alguma importância as suas filhas pra ela dar também.
E saiu pisando firme para o quarto.
- Robin. - Megan chamou.
- Oi - ela respondeu irritada.
- Fala direito, tá bom? O que aconteceu?
- Eu estou te fazendo um imenso favor vindo para cá, será que você pode agradecer em vez de reclamar do meu humor? Aconteceu o que eu já esperava, tudo começou a ficar péssimo.
- Mas está tão bom aqui.
Roberta bufou.
- Que bom, então.
Pegou o celular e deitou na cama que seu pai - ou a mulher dele - tinha comprado pra ela. Como se aquilo um dia pudesse ser a casa dela, óbvio que não poderia.
- Não vai se arrumar?
- Antes vou mandar uma mensagem.
"Vou pirar. Preciso de você, coisa chata."
- Pronto, agora vou me trocar.
- Você e suas mensagens, quantas já mandou, heim? Umas mil?
Mil era exagero, mas essa não foi a segunda mensagem que ela mandou pra Thommas desde que chegou aos Estados Unidos, mas ela só recebeu resposta de uma, o que tava sendo uma bosta.
- Não enche o saco, pirralha.

- Não vai ler? - Lindsay perguntou.
- Não, depois.
- Não é a primeira vez que você ignora uma mensagem hoje, ignorou várias.
- E você deveria ficar feliz com isso, significa que estou te dando total atenção.
- Verdade - Lindsay abriu um sorriso e abraçou Thommas. - Seria estranho eu dizer que já estou apaixonada por você?
- Não, é recíproco. - falou e beijou a garota a sua frente.
Thommas deveria ter pensado apenas em Lindsay durante aquele beijo, ele sabia disso, mas aquelas mensagem faziam ele sentir Roberta tão próxima que teve a sensação de que estava beijando a garota errada.
"Mas não estou" Thommas pensou.
Foi Roberta quem escolheu não ter nada sério com ele e mesmo que seus amigos tenham ficado impressionados com a rapidez do seu namoro, era um mal necessário. Ele tinha o direito e o dever de seguir sua vida.
- Agradeço sua atenção, mas pode olhar suas mensagens.
- Não. Nada é mais importante que você.

A noite estava acontecendo sem muitos acidentes. Tinham jantado em um bom restaurante e agora estavam comprando ingressos para ver um bom filme. Se não fosse o clima pesado, até que estaria sendo uma noite agradável.
- Sinto muito, mas não temos quatro cadeiras perto uma da outra. Temos três, serve? Duas filas atrás temos mais uma cadeira disponível. - a garota falou por trás do balcão.
- Eu fico sozinha, sem problemas. - Roberta disse.
- Certeza? - Marcelo perguntou.
- Sim.
- Não tem duas cadeiras próximas, não? Eu não queria deixar a Robin sozinha.
- Sinto muito, mocinha, mas não temos.
- Está tudo bem, Megan. Fica com eles. No final do filme a gente se encontra.
- Tudo bem.
- Pronto, pode fechar com essas.

- Licença, licença - por um segundo Roberta lembrou do seu primeiro dia na faculdade. Estava pedindo tantas licenças como daquela vez e também estava prestes a bater o recorde daquele dia referente a pisar nos pés das pessoas.
- Ai! - um garoto gritou, quando faltava apenas a cadeira dele para chegar a dela.
- Oh meu Deus, me desculpe.
Ele apenas a encarou, sob a escuridão da sala.
- Desculpe? - ela tentou mais uma vez.
- Você não parece pesar tanto, mas mudamos de opinião quando não se tem seu peso em cima de um único pé. - ela logo pensou que escutaria alguma grosseria, mas ele logo riu. - Está desculpada, acontece.
- Obrigada - falou e sentou ao lado dele.
- Você tem um sotaque engraçado.
- Coisa de quem não é daqui. Já morou em três países e fala três línguas.
Ela esperava algo como: Ual. Mas ele apenas disse:
- Ah, entendi.
Roberta já tinha virado para frente quando ele falou:
- Também falo três línguas. Só não morei em três países.
- Legal. Você...
- O filme começou, depois a gente conversa.
- Claro.
"Estou mesmo com saudades do Thommas, olha pra mim, tentando puxar assunto com um desconhecido." Robin pensou.
Quando o filme acabou Roberta logo levantou e seguiu para acompanhar Megan, mas foi interrompida.
- Ficou chateada porque não quis conversar àquela hora?
- Como?
- Falei que quando o filme acabasse a gente conversava e você levantou e nem um: até logo, falou.
Ela riu.
- Não é nada disto, aqueles ali é minha família, estava indo atrás deles, estamos juntos.
- Não pode ficar mais um pouco? - quando viu uma interrogação na feição da menina, explicou - Aqui tem um ótimo restaurante chinês com peixes...
- Não como peixes.
- Então que tal...
- Anota meu número, quem sabe outro dia.
- Pode ser.
Ele anotou o número dela e disse:
- Te passo a mensagem para você salvar o meu.
- Claro.
- Até mais... - e a encarou, querendo saber seu nome.
- Roberta.
- Michael.
- Até mais, Michael.
- Ate mais, Roberta.
Ele a puxou e lhe deu abraço seguido de um beijo no rosto.

- Robin, papai está perguntando se você quer pizza.
Mas antes dela responder o celular tocou.
- Alô?
- Roberta?
- Sim.
- Ufa, você me deu o número certo - não precisou de mais pra ela saber quem era.

- Megan, diz que estou ocupada, mas vou querer. Como depois. - a menina balançou a cabeça em um sim e saiu do quarto.
- Achei que você fosse me mandar apenas uma mensagem. - riu para não entregar o nervosismo. Mesmo sem saber exatamente o porquê, aquele ato tinha deixado-a com frio na barriga.
- Achei melhor uma ligação. Gosto de ligações.
- Eu sou péssima com ligações.
- Como assim?
- O papo some, eu fico envergonhada, não sei o que pensar, me impede de comer...
- Nem tente, ainda assim não vou me arrepender de ter te ligado, eu precisava me certificar que era você.
- Agora que já sabe, que tal mandar mensagem?
- Que tal a gente se ver amanhã?
- Eu mal te conheço.
Ele riu do outro lado da linha.
- Vou desligar e te mandar uma mensagem, no fim da nossa conversa você estará aceitando meu convite.
- Isso é um desafio?
- Talvez. Xaau, não quero acabar com minhas chances.
- Xau.
E sem esperar que ela fizesse isso, ele desligou o telefone.


Depois que chegou em casa Thommas tomou um banho, comeu e foi para o quarto. Enquanto mexia no celular deitado na cama lembrou-se das mensagens de Roberta e resolveu responder. Foram tantas que devia ser algo sério.
Quando viu que a mesma tinha dito que precisava dele, pensou que provavelmente se estivessem perto um do outro ela não mandaria isso. Ou talvez mandasse se estivesse passando por um momento difícil, ele era sempre seu consolador mesmo. Ao menos era dessa maneira que ele pensava.
"Tá bem?"
Roberta estava trocando mensagens com Michael quando a de Thommas chegou, e mesmo estando em uma ótima conversa, abriu imediatamente a dele. Esperava mais alguma coisa, ela conhecia bem o amigo, sabia que ele estava tentando não manter muito contato, mas assim sim respondeu.
"Você sumiu."
Ele riu. Claro que ela reclamaria antes de responder.
"O que aconteceu aí?"
"Advinha! Meu pai, mas já estou muito bem agora."

Se Roberta teve a intenção de deixá-lo curioso, conseguiu. Mas ele não assumiria isso.
"Entendi. Vou dormir. Beijos e fica bem."
"Beijos. Obrigada."

Seria mentira se ela dissesse que ficou um pouco triste por aquela conversa ter durado tão pouco, mas ela não iria bancar a maluca e o obrigar a falar com ela.
"Michael, vou domir, está bem?"
"O papo está tão ruim assim?"
"Não nada disso, só estou cansada mesmo."
Na verdade estou triste por causa de um amigo babaca,
pensou.
"Cansaço é psicológico kkkkk."
"Não me diga kkk."
"É sim, posso te provar isto."
"Como?"
"Continua falando comigo, se continuar querendo dormir, estarei errado. Se não, te provo minha teoria."

Roberta riu, ele sabia como conseguir as coisas.
"Só um pouco então..."
Aquele pouco acabou se estendendo em mais de 700 mensagens que atravessaram boa parte da madrugada e no final ele refez o convite.
"Que tal sairmos amanhã?"
A conversa estava tão boa que se não fosse os olhos pesados e quase se fechando Roberta pediria para continuar. Riu ao perceber que ele iria conseguir.
"Que horas?"
"Às oito, pode ser?"
"Sim."

Esperou que ele falasse que conseguiu, mas ele apenas mandou:
"Boa noite, dorme bem"
Sorriu. Talvez em Nova York algo possa ser legal.

- Como você não come peixe, quem no mundo não come peixe mesmo?
- Várias pessoas, Michael.
- Não conheço, quase desisti de você quando me disse isso, na verdade.
Desistir dela? Então ele queria mesmo algo?
- Mas voltando ao início, como você não come peixe, achei que não deveríamos pensar em comida hoje. Gosta de música?
- Sim - riu.
- Então, que tal um show de Paramore?
- Você tá falando sério?! - perguntou, empolgada.
- Sim - riu. - Sabia que você gostaria da ideia, mas não é a banda de verdade - viu o sorriso da menina murchar um pouco. - Mas não diminui o sorriso, é uma banda que faz uns covers perfeitos. Sério, vale muito a pena. E depois ainda podemos cantar muito no karaokê.
- Não - falou, mexendo as mãos rapidamente. - Eu não canto. Nunca.
Aquele nunca chegou rápido demais.
Depois de algumas horas lá estava Roberta, rindo sem parar enquanto cantava desafinadamente uma música de Marron 5.
- Eu não acredito que estou fazendo isso.
- Vamos, ainda temos que ir a um lugar.
- Mas...
- Vamos, por favor.
Deram as mãos e saíram da casa de show.
- Aonde vamos?
- Na verdade, não sei, eu só precisava te trazer até o carro e fazer isso.
Sem mais avisos agarrou os cabelos da nuca de Roberta e a puxou pra um beijo.
- Eu precisava desesperadamente disto.
- E eu não sabia que também precisava tanto até você fazer.
Dessa vez foi ela quem o puxou e o beijou. Mais rápido do que ela julgaria normal para si própria, ela já estava no mesmo banco que ele.
- Que tal irmos pra minha casa?
Roberta parou onde estava.
- Que tal você me levar para casa?
- Fiz alguma coisa errada?
- Não - respondeu, voltando para o banco do carona. - Só acho melhor eu ir para casa mesmo.
Em silêncio seguiram até a casa do pai de Robin, mas Michael parou umas duas quadras antes.
- Ainda não chegamos. - ela avisou.
- Eu sei - disse, virando-se para ela. - Mas quero conversar com você. O que fiz de errado?
- Não entendi.
- Você entendeu sim. Estávamos tão bem, você parecia tão a vontade no carro, quando te chamei para ir lá para casa você mudou e ficou assim. Está com medo?
Ela riu.
- Nada disso. Estou normal.
- Robin, por favor, estou começando a achar que você pensou algo péssimo de mim e isso está me ofendendo.
- Sou virgem.
Ela achou que ele iria rir, ou duvidar, dizer que ela não tinha mais idade para isso, mas ele apenas disse:
- Entendi. Mas não tem nada demais em nos beijarmos muito aqui, não é?
De onde aquele cara veio e como ele conseguia acertar sempre?
- Nada demais. - respondeu, já indo para o mesmo banco que ele.

***



- A Robin continua mandando mensagens?
- Na verdade faz três dias que ela não dá sinal de vida.
- Mas você não se importa, não é? Afinal, está namorando - Mary disse.
- Fico um pouco preocupado, mas se ela estivesse mal, já teria falado, é sempre assim.
- E você o mesmo, não?
- Não tenho o tanto de problemas dela.

- E aí, a Robin, sabe dela? - Henry perguntou.
Thommas bufou, todo mundo só sabia perguntar disto?
- Não é melhor você perguntar isso pra Mandy, não? Ela é uma das melhores amigas da Roberta.
- E você o melhor amigo, ué!
- Mas eu não sei de nada, quer saber do que eu sei? Sei da minha namorada, do meu namoro.
- Por que você está tão estressado?
- Porque TODO mundo me pergunta da Roberta como se eu fosse, no mínimo, namorado dela. Às vezes sinto que pensam que estou à sombra dela.
Henry o encarava, sem entender o motivo do surto.
- A Roberta sempre foi grudada com você, você mesmo me disse que ela sempre te mandava mensagem, por isso perguntei.
- Mas ela sumiu, não manda mais mensagens e se quer saber, é até bom mesmo.
- Por quê?
- Porque assim eu consigo seguir minha vida sem interferência dela.
- Mas você sabe que ela vai voltar né?
- Sei, Henry - bufou. - Mas estou no início de um relacionamento, melhor eu esquecer esse fato por enquanto.
- Cara, isso é bastante gay, mas você sabe que ainda gosta dela, né?
- Não gosto, quer dizer, não agora. Só não sei como vai ser quando ela voltar. E como você disse: esse papo tá muito gay. Vamos parar com isso.

- Oi - Derek se apressou para acompanhar Maredith pelos corredores da faculdade.
A menina virou para trás e quando viu que era ele, riu. Ultimamente ele andava bastante obstinado a falar com ela.
- Oi, Derek. - falou, ainda rindo.
- Assim não vale.
- Não vale o que?
- Você falando e olhando desse jeito. - e apontou para o rosto dela. - Assim você tira qualquer confiança que eu tenha.
Novamente Mary riu, mas Derek sabia que ao passar dos dias, algo estava mudando naquele sorriso. Cada dia ele estava mais desarmado, mais encantado. Ele estava perto, estava conseguindo tê-la de volta.
- Derek, posso fazer uma pergunta?
- Claro.
A menina o olhou de cima abaixo, esperando que assim ele entendesse a seriedade da pergunta, embora parecesse um pouco boba.
- Por que eu? Existem muitas garotas doidas por você por aí, aqui na faculdade tem dezenas delas, por que eu? Por que não voltar a ser como antes e ficar com essas meninas?
- E quem disse que não fico? - falou em um tom brincalhão e ela riu, sem saber que aquilo era mais que uma brincadeira. - Não sei direito a resposta, Mary. Mas você é a única garota que tenho vontade de passar o dia conversando, que eu teria coragem de andar de mãos dadas, de deixar entrar na minha casa sem ser de madrugada, isso deve significar alguma coisa.
A menina sorriu de leve. Não esperava por aquela resposta. Foi tão simples, mas tão bonita. Tão correta, mas sem parecer programada. Ali ela foi desmontada, só não achou que fosse a hora de admitir.
- Tenho que ir agora. Depois a gente se fala.
Antes que ela fosse embora pelos corredores, Derek segurou seu braço.
- Poderíamos nos falar hoje à noite, tá tendo uma exposição super maneira de arte contemporânea e sei que se amarra nisso, que tal?
Desde que respondeu a pergunta dela que Derek sabia que tinha conseguido, estava claro nos olhos dela, não tinha mais raiva, ou nojo, só um pouco de medo.
- Prometo que vai ser legal. Por favor, Mary. Aquilo é a sua cara, não vai ter graça se eu não for com você.
Quase Derek riu, pensando que nunca errava, ele sempre sabia o que dizer as garotas.
- Tudo bem. Às oito.
- Às oito. - e beijou o rosto dela.

***



Quando Michael disse que a levaria para jantar e sugeriu uma roupa arrumada, Roberta não achava que precisaria ser tão arrumada assim até chegar ao restaurante. O teto parecia coberto de ouro e as mesas pareciam ter cristais. Era tudo tão lindo e luxuoso que Roberta temeu não saber comer ali.
- Você deveria ter me dito que estávamos vindo para um lugar de luxo - falou, louca para se encolher na cadeira, mas sabendo que aquilo não era atitude para se tomar ali. - Nem de longe eu estou vestida para esse lugar.
- Como não? Você está linda nesse vestido soltinho.
- Michael, eu estou usando all star.
- O que só te deixou mais linda ainda. - ele falou, parecendo sincero.
Roberta rolou os olhos.
- Se soubesse eu teria colocado um salto ou ao menos uma sapatilha.
- Se eu achasse que você não estava vestida a altura, tenha certeza que eu te avisaria. Mas você está linda, Robin - se inclinou na mesa para que pudesse passar o polegar no rosto dela. - A mulher mais linda desse restaurante e muito além do nível dele.
Tinha como discutir e dizer que não? Aquele jeito a desmontava toda.
- Você mente muito bem, tão bem que chego a acreditar. - e mesmo achando inadequado, rolou os olhos novamente.
- Não minto, você está realmente muito linda. Confie mais em você.
- Por favor, não me venha com papo motivacional, nem adianta, já escutei muito isso.
Antes que ele pudesse falar algo o garçom chegou e ela agradeceu, achando que ele não falaria mais disto, mas assim que o garçom foi embora ele retomou o assunto.
- Você não confia em si própria?
- Não tanto como eu gostaria.
- E você duvida exatamente de quê? - Michael viu na expressão de Roberta que ela não queria ter aquela conversa, mas decidiu continuar. - Vamos, eu não vou mudar de assunto.
- De quase tudo. Do amor, do meu pai, da minha capacidade de manter as pessoas perto, de mim, de você.
- De mim? - ele perguntou, confuso.
- Sim - respondeu, como se fosse óbvio. - Você permanecer na minha vida colocaria tudo que duvido ser possível no lugar de uma verdade.
- E você torce pra eu sair da sua vida, então?
- Não. Mas já espero o momento que você vai sair da minha vida sem aviso.
"Onde eu fui me meter? Essa garota não é normal." Michel pensou.
- Sinto em te informar, mas você está errada. Permanecerei aqui.
- Duvido muito, mas espero que sim.

Os amigos estavam todos reunidos em um restaurante no centro de Londres. Fazia alguns dias que Thommas não saía com ele, mas naquele dia até ele estava lá. Na verdade, ele era o mais empolgado de todos ali.
- O que o Thommas vai aprontar? - Mary perguntou quando chegou ao restaurante, depois do amigo pedir para Derek levar seu violão para o restaurante.
- Nada. A Lindsay só não pode me ver com isso. - respondeu, simplesmente. – Por isos vamos deixar aqui no carro, na hora certa eu pego.
- Ele vai fazer merda - Mary falou.
- Deixa ele. - riu e beijou a garota.
Desde a última vez que saíram que eles meio que tinham se resolvido. Nada muito sério, mas podia ser chamado de relacionamento. Sem apresentações para família, sem ligações a toda hora, mas com a fidelidade que um namoro exigia.

- Onde está o Thommas?
- Foi até o meu carro, Lindsay.
- Vou até lá, preciso falar com ele.
- Ele pediu para você esperar aqui. – Derek avisou.
Antes que a garota respondesse, viu o namorado entrando no restaurante tocando violão e cantando Photograph.
- O que é isso? – perguntou a ele, apenas batendo os lábios e não conseguindo conter o sorriso.
Thommas caminhou até a namorada e terminou a música em pé, ao lado dela. Assim que chegou a última nota ele se ajoelhou ao lado da cadeira dela e tirou do bolso uma aliança prateada.
- Queria te dizer que o que quero com você é sério, te amo tanto e essa aliança é só uma maneira de demonstrar que te quero aqui sempre. Logo trocamos para uma de noivado e depois nos casaremos, quero passar minha vida inteira com você.
Depois de limpar algumas lágrimas, Lindsay respondeu:
- Então terei a melhor vida que alguém poderia ter.
- O Thommas não muda. - Hope cochichou no ouvido de Mandy, que mesmo sem saber do passado dele, achou aquilo extremamente exagerado.
- Ele se dizia louco pela Robin até ontem, praticamente - disse, chocada.
- Vou te dizer que em partes ele tá mais que certo, ele precisava mesmo esquecer a Robin, ela nunca o valorizou mesmo. Mas infelizmente, ele só está em mais um de seus teatros.
- Vai ver com a Roberta também era só teatro.
- Não - Hope respondeu, rindo. - De uma maneira estranha e só dele, Thommas gostava mesmo dela.
Quando Thommas tirou sua atenção da namorada e olhou para os amigos viu no rosto de todos - menos de Daniel e Derek - a mais pura expressão de reprovação. Bufou. Afinal, o que eles queriam? Ah! Provavelmente o queriam correndo atrás de uma certa garota que nunca deu a mínima para ele.

Depois de toda emoção causada pela declaração de Thommas, os ânimos se acalmaram e o jantar seguiu normalmente.
- Que tal irmos para minha casa agora?
- Derek, eu aceitei vir com você, provavelmente aceitarei seu convite de sairmos novamente, mas ir a sua casa está fora de cogitação. – Mary respondeu.
O garoto se segurou para não rolar os olhos. Mas ela tinha os motivos dela, isso ele tinha que admitir. E ao olhar para o lado e ver Francine maravilhosa em um vestido tubinho, achou que não seria tão ruim tomar um toco de Maredith.
- Vai de táxi ou com o Henry, Fran?
- De táxi, a Mandy vai dormir no Henry e não quero fazê-lo mudar a rota só pra me levar.
- Vem com a gente, então. Sua casa não fica tão distante assim da casa da Mary, posso te deixar lá.
Ao olhar nos olhos de Derek ela sabia que aquilo era bem mais que uma simples carona, por isso resolveu negar.
- Não precisa, vou de táxi mesmo.
- Vamos, Fran. Não vai ser nenhum esforço pra o Derek. Ela vai, Derek, nem que tenhamos que carregá-la.
- Tudo bem. - rolou os olhos e entrou no carro.

- Thommas, eu ainda estou maravilhada com tudo que você fez. Você foi maravilhoso. Maravilhoso.
- Você não faz ideia do bem que me faz, Lindsay. Me ajudou a superar tanta coisa.
- Como assim?
- Nada - puxou a garota para um beijo que foi retribuído e logo os levou para cama.
Depois que seu corpo relaxou, Lindsay puxou o lençol para se cobrir e virou para Thommas.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pode - sorriu.
- Existe algo sobre sua vida amorosa que eu precise saber?
Lindsay viu o sorriso de Thommas murchar e sentiu seu coração fazer algo semelhante.
- De onde você tirou essa pergunta?
- Só me responde.
- Não, não tem nada que você precise saber.
- Essa foi a sua chance de me contar alguma coisa.
- Não tenho nada para contar, Lindsay.
- E eu acredito - arrastou-se para dar um selinho nele. - Eu escolho acreditar em você.

- Xau, Mary.
- Xau. Até amanhã, Derek. Até depois, Fran.
- Até.
- Depois te ligo, Mary.
- Okay.
Assim que a menina desceu do carro e entrou em casa, Derek olhou para Fran e pediu.
- Vem pra frente.
- Não, melhor aqui mesmo.
- Não vou bancar seu motorista, vem pra frente.
Bufando, ela passou para o banco da frente.
Os dois seguiram calados pelas ruas de Londres e ela estava até se sentido mal por ter achado que Derek tinha segundas intenções, mas logo viu que desde o começo estava certa.
- Não é por aí, Derek.
- Eu sei - falou, rindo. - Só estamos tomando um destino diferente.
- Para o carro. - quase gritou.
- O que?
- Para o carro.
- Por...
- A gente não vai ficar. E mesmo se fôssemos, seria muito legal da sua parte perguntar se eu queria, antes de já seguir pra sua casa ou um motel qualquer.
É, ela tinha razão.
Derek parou o carro.
- Desculpa. Que tal irmos pra minha casa?
- Eu já disse que não iremos repetir o que aconteceu aquele dia.
- Por que não?
- Porque não quero.
- Usa outra desculpa. Nós dois somos experientes o suficiente pra saber quando o outro gostou da transa e ficou com vontade de mais.
- Tem o Daniel, a Mary, a galera inteira. Independente de ter gostado, ou não, não ficaremos mais.
- Eles não precisam saber o que aconteceu aquele dia e muito menos o que vai acontecer hoje.
- A Mary está acreditando em você. Você acabou de dizer a mesma que depois ligaria para ela.
- E vou ligar. Nossa atração e o que fizermos hoje ou fizemos antes, não interfere nisso.
- Se você não se preocupa em trair a Mary, eu me preocupo.
- Aí é que está, eu não estou traindo ninguém. Não voltamos. Estou solteiro e você também.
- Como você consegue manipular os fatos dessa maneira? - perguntou, rindo. - Você sempre consegue deixar as coisas menos erradas - e voltou a rir.
- Só estou falando a verdade. Olha para mim - pediu e a garota o olhou. - A gente sabe que foi ótimo. Diz a mim, olhando nos meus olhos, que quando eu faço isso - puxou de leve os cabelos da nuca dela - você não fica com vontade de repetir.
Esperou ela responder. E depois de respirar fundo, ela disse:
- Vamos pra sua casa.

***



- Você contou a Robin sobre o Thommas?
- Não. Ela parece tão bem. Fran e eu não vimos motivos de contar. Ela nem pergunta mais por ele, só de modo geral.
- Ela tá com alguém, né? - Henry perguntou, com uma expressão não muito boa.
- Por que tá olhando assim? Seu amigo está namorando, ela não pode se envolver também?
- É só que...
- Fala.
- O Thommas às vezes diz que ela só o procura porque só tem a ele, ultimamente isso parece fazer sentido.
- Não sei se você sabe, mas a Robin mandava mensagem para o Thommas o dia inteiro quando chegou e ele não respondia. Dia desses até falou com ela, mas foi rápido e impessoal demais, e se quer saber, ela queria mais. A Robin sabe que tem a mim, a Fran, mesmo do jeito dela, ela escolheu tê-lo por perto, não é por necessidade. Só que ninguém é obrigado a retribuir algo só porque o outro sente. E sinceramente, depois daquela cena no restaurante vi que a Robin estava mais que certa, ela não é o tipo de pessoa que gosta daquilo. Ela pode não saber demonstrar direito, mas nem sempre é por maldade, é só medo de magoar as pessoas por dizer sentir o que não sente. Já o seu amigo pode ser um amor com todos, até mesmo com ela, mas não pensa duas vezes em fingir algo, mesmo sabendo que isso pode magoar alguém no final.
- Ela o magoava com aquele jeito.
- Você prefere o quê? Ser magoado pela verdade ou ser magoado por ter vivido uma mentira?
Henry viu a morena cada vez mais irritada e sorriu. Ela era tão leal às amizades e ficava tão linda daquele jeito.
Roberta merecia qualquer tipo de elogio, só por ter colocado aquela mulher em sua vida.
- Prefiro nós dois. - puxou-a e lhe deu um beijo. - Prefiro ser nós dois. Onde nenhum tem medo de dizer o que sente e sabe que o outro não está mentindo sobre seus sentimentos. Prefiro nós dois, minha linda.
- Não vale - riu e o beijou.
- Vale sim. Thommas e Roberta são nossos amigos e embora eu sempre queira defender o Thommas e você a Roberta, jamais deixarei a loucura dos dois interferir na nossa relação.
- Por essas e outras é que eu amo você. Não preciso esconder, temer e muito menos de uma aliança para saber e mostrar isso.
- Te amo, morena.

- Como você e o Michael estão?
- Tá tudo indo tão bem e tão rápido que às vezes sinto medo.
- Medo de quê? Deixa de ser trouxa.
- Não sei, Fran - riu. - O último cara que beijei antes dele é meu melhor amigo e vai fazer um mês que mal nos falamos.
- E você se preocupa com isso? Para de ser boba. O Thommas tá nem ligando pra isso, não ligue também.
- Como assim tá nem ligando para isso?
Droga!
- Cê sabe, ele tá namorando e tals.
- Isso eu sei desde que cheguei aqui, tem mais alguma coisa?
- Não, só isso mesmo.
- Você está me escondendo algo, Francine.
- Não estou, não.
- Você está com a voz da mentira - brincou.
- Não é nada. É só que faz uma semana desde o show que ele deu em um restaurante. Cantou uma música na frente de todo mundo e depois se ajoelhou e entregou uma aliança de compromisso para namorada. Até mesmo os amigos antigos dele disseram que dessa vez ele se superou. Das duas uma: ou o Thommas tá falando a mentira do ano, ou ele gosta mesmo dessa garota.
Roberta estava apaixonada por Michael, sabia disso, mas escutar àquilo foi como levar um soco no estômago.
- Entendi. Aposto na mentira do ano, e você?
- Eu também - gargalhou, nem se dando conta da tristeza da amiga.
- A Megan está aqui fazendo sinal para eu desligar - mentiu. - Até mais.
- Até mais, meu amor.

Roberta desligou o celular e respirou algumas vezes. Precisava de uma explicação para aquela tristeza e não aceitava nenhuma que envolvesse qualquer sentimento seu por Thommas.
Não sinto nada por ele. Estou tão bem com o Michael. Pensou.
- Isso. Eu não sinto nada por ele. – falou sozinha.
Segundos depois já estava com o celular na mão mandando a mensagem para ele.
"Esqueceu de mim, seu trouxa? Saudades, rapaz."
Para sua surpresa ele respondeu rapidamente e começaram a trocar mensagens, ela precisava dizer algo a ele e achou um meio.
"Como está o namoro? Soube que você deu um show esses dias."
"Povo boca grande hahaha. Está tudo bem"
"Que bom! Fico feliz de saber que nós dois - duas pessoas estranhas e complicadas - estamos nos resolvendo e nos arranjando."

Thommas olhou a mensagem e não entendeu direito. Lutando contra sua vergonha na cara e seu orgulho, respondeu:
"Nós dois? Você está com alguém?"
"Sim! - para primeira pergunta - E sim pra segunda também hahaha."

Tentando soar menos curioso do que estava, Thommas respondeu:
"Entendi. Que bom. Nem me contou."
"Se você não tivesse me evitado esse tempo todo, eu teria mantido contato e te falado. Hahaha. Preciso ir, até mais."
"Vai lá. Até mais."

Roberta encarou o celular satisfeita. Sabia que aquilo não era um jogo, mas algo dentro dela precisava ao menos tentar fazê-lo sentir algo parecido com o que ela sentiu ao saber o que Fran lhe contou.
Thommas encava as mensagens sem saber direito o que sentia.
Nem de longe estava incomodado como antes se incomodaria, mas não dava para dizer que estava tudo bem. Era um misto de coisas, o que lhe levou a concluir duas coisas: Não sentia a mesma coisa por Roberta, mas também não a tinha esquecido.

Michael e Roberta já estavam sem roupa deitados na cama do garoto. Ele a beijava de forma intensa e ela se concentrava em não entrar em pânico.
Será que é normal ficar assim? se perguntou.
Antes que sua mente respondesse a sua própria pergunta, Michael falou:
- Robin? Você quer mesmo isso?
A menina baixou os olhos.
- Eu estou um pouco nervosa.
O menino sentou-se na cama.
- Você não está aqui.
- Eu só...
- Não sei o que te motivou a dizer que queria subir quando te chamei no carro, mas você não quer isso agora e nem queria antes. Na verdade, só queria provar algo que eu nem quero saber. Coloca suas roupas, é o melhor a se fazer.
Envergonhada e segurando a vontade de chorar, Roberta levantou e começou a se vestir.
- Está irritado?
- Quer mesmo a verdade?
- Sim.
- Um pouco, mas eu jamais tiraria sua virgindade vendo que você não desejava isso. Você podia não ter me colocado nessa sua loucura, claro, mas isso não me dá o direito de me aproveitar de você.
- Desculpa e obrigada - falou, já de sutiã e calcinha.
- E foi até melhor. Você é ótima, sua primeira vez deve ser com alguém que vá estar ao seu lado por mais tempo, que venha a ser seu namorado de fato.
Já estava colocando a calça quando parou e o encarou, confusa.
- O que você quer dizer com isso?
- Essa pessoa não sou eu, sabemos disso.
- Está acabando comigo?
- Não é isso...
- Você está acabando comigo porque não transamos?
- Você está maluca? Tive a chance de me aproveitar de você e dispensei, te trouxe a realidade. Só estou falando o óbvio, a gente mora em países diferentes. Não vou entrar em um relacionamento a distância. Ignoramos isso pelo mês inteiro, mas cedo ou tarde teríamos essa conversa.
- Se você não via futuro, por que se envolveu?
- Porque é bom estar com você. Gosto de você, Roberta, gosto mesmo. Mas desde sempre eu sabia que não poderia te amar e sei que você também não me ama.
- Como pode saber?
- Eu sempre soube e depois de hoje tenho certeza. E não é porque você não quis transar comigo, mas porque embora eu prefira achar que não, talvez você já tenha alguém em seu coração para tirar sua virgindade.
- Eu gosto muito de você. – Robin se sentiu na obrigação de explicar. Ele precisava saber disto.
- E eu de você. Mas se quisermos nos ver depois de hoje é sabendo que só será até você viajar.
- Prefiro não te ver.
- Tudo bem. Ainda posso ir ao aeroporto no dia?
- Sim - sorriu. - Você foi o melhor daqui, quero que seja minha última lembrança.
- Então, até o fim de semana - levantou e deu o beijo na boca dela. - Desculpe não ser mais do que um mês.
- Tudo bem. Desculpa também.

n/a: Que final, heim? Eu sempre vou ser grata ao Michel por ter alertado a Robin sobre isso. Queria dizer que amei mostrar a você um pouco de como é meu casal ternurinha (Mandy e Henry). Ele não são o casal principal, mas eu os amo de paixão por saberem tanto de si mesmos e confiarem tanto um no outro. Meu orgulho e meta de namoro hahahaha.

Beijos.

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