Ania respirou fundo e olhou para o chão Ania,ela sentiu como se seu mundo ruísse de baixo de seus pés.

—Como isso aconteceu?(Ania murmurou)

—talvez a batida na cabeça ou algo assim..

—Talvez...(Ania murmurou)Preciso dar uma volta, você pode…

—Claro.(Natasha disse e se sentou ao lado de Clint)

Ania saiu devagar do quarto,depois de sair da ala médica e então correu o mais rápido que pode pelo complexo,ela correu para fora como fazia quando era criança e eles a soltavam no campo de treinamento e correu como se sua vida dependesse disso.

E naquele momento ela pensou em sua lista de momentos ruins,de todos aqueles 10 acontecimentos a marcariam  para vida toda.

O número 10° da lista era seu primeiro assassinato, ao qual ela havia matado sua amiga,uma menina que cresceu com ela e superou todos os desafios junto dela.

E ela teve que a matar,Ania foi rápida quebrando o pescoço da menina sem misericórdia,ela foi elogiada por seu treinador e naquela noite ela ganhou um cobertor e comida quente,mas ela não conseguiu dormir sem lembrar da menina morrendo em suas mãos.

Ela tinha 5 anos.

O número 9° foi quando Ania saiu em sua primeira missão real.

Ela deveria se infiltrar como amiga da filha de um diplomata,conseguir as informações e então mata-los.

Não era suas primeiras mortes,mas os gritos desesperados do homem implorando para que ela deixasse os filhos e a esposa viverem ecoavam em sua mente.

Naquela época ela não compreendia o que significava família e não entendia porque tanto apego a alguém,mas bem o que uma criança de 7 anos poderia saber?

A 8° foi quando ela levou o primeiro tiro,parecia fogo,doeu muito e doeu muito mais tirar a bala sem nenhuma anestesia depois.

Ela jamais esqueceria aquilo.

Ela tinha 10 anos.

A 7° foi o primeiro alvo que ela teve que seduzir.

Na época ela já havia tido várias aulas sobre como seduzir e te mando treinos físicos e tirar informações,mas nada havia a treinado para aquilo,um homem três vezes mais velho que ela tirou a única coisa pura que ela tinha dentro de si.

Depois do ato ela o matou lentamente.

Ela tinha 14 anos.

A 6° foi matar um bebê,ela e Tatiana estavam em uma missão e então o bebê se tornou refém e como o pai da criança não deu as informações necessárias,ela matou o menino.

Ela nunca mais se perdoou e prometeu nunca mais usar crianças.

Ela tinha 16 anos.

A 5° foi quando ela descobriu sobre seus pais,ela descobriu que nada do que ela sabia sobre eles foi real.

Os dois nunca a conheceram,ela havia nascido de uma barriga de aluguel mas com material genético de outra pessoas,dois espiões.

Ela era apenas um objeto

A vida era uma merda.

E ela tinha 16 anos

A 4° foi uma experiência de quase morte,ela levou um tiro no pulmão e realmente achou que morreria e com a morte ela achava que teria paz em seu descanso eterno,mas não havia paz,havia gritos e choros e todas as pessoas que ela matou ou feriu gravemente.

Ela tinha 17 anos.

A 3° foi um aborto espontâneo que ela teve,ela nem sequer sabia que estava grávida,mas aconteceu e ela o perdeu,foi talvez uma das maiores dores do mundo,o pai do filho dela era provavelmente um alvo em missão. Ela tinha 18 anos.

A 2 foi a esterilização forçada,eles não deixariam ela nunca mais ter um filho,negariam a ela o direito de ser mãe e de amar alguém.

Eles deveriam ter feito aquilo antes,antes dela ter a dimensão do que era ter um filho.

Ela perdeu sua última esperança.

Ela tinha 18.

E o primeiro era aquele que ela estava vivendo,ela havia perdido tudo.

Seus pais.

Os primeiros que deram uma oportunidade a ela,deram a chance dela ser ela mesma e de se descobrir,foram eles que a ensinaram sobre amor,perdão e redenção,e foram eles os primeiros que a ensinaram amar alguém.

Eles eram a única coisa que ela acreditava.

E agora ela já não os tinha mãe.

Quando Ania voltou a si, ela estava chorando baixinho com a cabeça baixa, joelhos contra o peito e tentando esquecer cada memória turva em sua mente.

Toda a dor que ela já sentiu estava ali junta e misturada,abrindo antigas feridas e criando novas.

—Ania?(A voz perguntou baixinho)O que houve?

—Nada.(Ela disse enquanto enxugava as lágrimas e se levantava rapidamente) só..tudo é tão confuso agora Wanda.

—Eu entendo..

—Você leu minha mente?(Ania perguntou desconfiada)

—Não(Ela sorriu e sentou ao lado da menina)Mas eu entendo o sentimento.

—Você já teve tudo uma vez e então do nada é como se desaparecesse?(Ela murmurou para Wanda)

—Mais de uma vez(Ela murmurou)Mas ainda à pessoas que precisam de você e que precisam que você fique forte.

—Eu não sei se consigo.(Ela murmurou)E nem sei se quero.

—Você consegue(Wanda sorriu e a ajudou a levantar)Nádia e Lydia já estão acordadas e Elas mal podem esperar para ver o pai.

—Eu sei.(Ania suspirou e limpou as lágrimas)Eu vou pega-las.Obrigado.

—Sempre que precisar, irmã.(Wanda Disse e a abraçou)

Ania respirou fundo e decidiu enfiar todos seus sentimentos para a parte mais funda de sua mente.

Ela tinha duas irmãs para cuidar.

•••

Quinze minutos depois,Clint acordou bem mais lúcido.

Ele abriu os olhos e viu um teto branco pálido,então virou para o lado e viu os aparelhos médicos e do outro viu Natasha sentada o olhando.

—Pensei que estava delirando quando ouvi sua voz.(Ele disse com a voz rouca)Estou num hospital?

—Está e isso não é um delírio.(Ela disse) me diga o que você lembra.

—Eu fui dormir com Laura (Ele disse enquanto franzia a testa)E então acordei com Lila me chamando..

—Não era Lila,era Ania.

—E quem diabos é Ania?(Ele perguntou confuso)

—Estamos em outra linha do tempo Clint,eu não sei como ou porquê disso.

—Como outra linha do tempo?(Clint perguntou)

—Bem.. nessa a maioria dos eventos são iguais,mas..a gente.. nós somos..

—O que nat?(Clint perguntou ansioso)

—Somos casados.(Ela mostrou a aliança)Temos três filhas.

—Eu devo ainda estar drogado(Ele murmurou)

—Bem...eu entendo o sentimento.(Ela virou para frente)Ania provavelmente vai contar a Nádia o que aconteceu,mas tem Lydia e ela tem 5 anos e ela não sabe o que está acontecendo.

—Ania,Nádia e Lydia são os nomes das nossas..

—Sim,Ania deve ter uns 20 anos e Nádia deve ter como uns 8 anos e Lydia é a caçula.

—Isso é loucura Nat..em que ponto da nossa história a gente poderia ter..

—Budapeste..a pergunta que você fez,se eu tivesse respondido sim..

Ele não teve tempo para responder,logo uma pequena ruivinha apareceu na porta.

—Posso entrar?(ela perguntou ansiosa)

—Claro moya zvezda(Natasha disse sorrindo a menina)

A menina riu e fechou a porta atrás de si enquanto correu para o colo de Natasha.

—Senti sua falta.(Ela murmurou contra o ouvido de Natasha)

—Eu também.(Natasha murmurou de volta e beijou o nariz da menina)

—Você está bem papa?(Ela se virou para Clint)Fiquei muito assustada.

Clint tirou seu tempo para observar Lydia no colo de Natasha,as duas eram idênticas.

Cabelo ruivo e sorriso adorável no rosto.

Ele nunca havia visto um sorriso tão real em nat.

—Desculpe.(Clint murmurou)

—Posso abraçar você?Você ficou longe muito tempo..(Lydia perguntou)

—Claro.(Clint disse e sorriu para menina)

Lydia foi colocada do lado esquerdo de Clint, pois o direito havia sido aonde a cirurgia ocorreu,na mesma hora que Natasha colocou ela do lado de Clint a menina o abraçou e colocou a cabeça dela próxima a de Clint e sussurrou.

—Eu senti sua falta,meu coração doeu muito.(Ela disse enquanto seus pequenos braços passaram pelos ombros de Clint)Não demore mais tanto.(Ela encarou Clint e encostou sua testa na dele)Não demore mais.(Ela murmurou)Eu te amo tanto papai,tanto que nem todo o oceano pode nos separar.(Ela fungou suavemente e uma lágrima escorreu de seus olhos)Não se machuque mais porque Dói em mim.

E então Lydia começou a chorar abraçada a Clint,ela se agarrou a ele como se ele fosse desaparecer no próximo segundo.

Ele não tinha palavras concretas para dizer,ele não sabia o que dizer,ele nunca teve uma conversa dessas com Lila,Laura nunca havia a deixado o ver quando ele estava em um hospital,nenhum deles chegou a saber quando ele tinha uma lesão grave.

—Tudo bem querida.(Ele sussurrou contra o ouvido dela)Eu estou aqui agora com você.

—Mas eu..eu achei que você tinha morrido.(Ela soluçou contra ele)Eu fiquei com medo!

—Eu não vou mais ficar longe Lydia.

—moye solnyshko,moy papa(Ela murmurou e olhou para Natasha)mama Abrace a gente.

Natasha assentiu e abraçou Lydia e Clint,Lydia ficou entre Clint e Natasha.

E ela se sentiu segura e no melhor canto do mundo.

—Eu amo vocês.(ela murmurou)

—Nós também te amamos Czarina.(Natasha disse e beijou a cabeça da menina)

Clint não disse nada,apenas sentiu o abraço da pequena Lydia e fechou os olhos.

Era um pedaço do paraíso.

•••

Ania e Nádia voltaram para casa.

Não havia nada que elas pudessem fazer no Hospital ou que quisessem fazer.

Nádia havia ficado com medo,medo do futuro e do que aconteceria com elas..Eles abriria mão delas e reconstruíram suas vidas como espiões ou a vida voltaria ao normal algum dia?

Ela estava nervosa e angustiada e era quase uma dor física,ela queria a calmaria de ter os pais juntos,queria a vida dela de volta.

—Eu não me sinto bem.(Nádia disse assim que a irmã parou o carro na frente de casa)

—Também não estou no meu melhor dia.(Ela deitou a cabeça no volante.)Dia de merda,certo?

—Diria semana de merda.(Nádia disse)Só queria tirar tudo isso de dentro de mim.

—Eu também.(Ania murmurou)

—Ani,você quer brigar comigo?(Nádia perguntou)

—O que?(Ania perguntou enquanto levantava a cabeça do volante)

—Vamos lutar eu e você,só uns bons socos.

—Com tudo o que eu tô sentindo,acho que não é uma boa idéia,eu não vou me segurar.(Ela murmurou e olhou a irmã)

—Não estou pedindo isso e eu vou chutar a sua bunda Ania Irina Alianovna.(Nádia disse)

—Vamos então.(Ania saiu do carro)E se eu quebrar seu braço,vou fazer questão de assinar seu gesso.

—Isso se eu não quebrar o seu.

—probovat(Ania riu)Em 15 minutos no porão.

Nádia assentiu e entrou em casa.

Seria uma tarde divertida.

Traduções:
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Moya Zvezda= minha estrela.
moye solnyshko=Meu raio de sol
Probovat:tente