Capítulo 9

Após beber algumas cervejas, Beckett nos mandou o jatinho. Quando cheguei, Leonard estava possesso de raiva e para piorar nem lhe dei ouvidos. 

No dia seguinte acordei bem mais tarde que o normal. Quando sai do quarto Chad não estava lá, o que me deixou preocupada. Desci do mesmo jeito que acordei, eu precisava saber onde aquele ser humano estava.

Assim que desci os degraus soltei um grito assustado com a criatura que me deparei.

— Chegou o halloween e ninguém me falou? – perguntei encarando uma criatura parecendo múmia em uma cadeira de rodas.

— Guarde sua inveja para sí irmã. – ela responde. — Aproveitei meu pé quebrado para consertar, quer dizer, melhorar o restante do meu corpo.

— Finalmente fez um reparo no cérebro? – perguntei com falsa empolgação.

— Não.

— Ela aumentou os lábios e diminuiu as bochechas. – Felícia diz entrando na sala. — Ela ainda precisa passar por mais algumas cirurgias. Ela vai afinar o nariz, retirar gordura localizada, diminuir o estômago, retirar uma costela, colocar silicone nos seios e no bumbum. – lhe olhei horrorizada.

— Tudo isso? Para que exatamente? – questionei cruzando os braços sobre o peito.

— Para alcançar a perfeição. – Faith responde me fazendo revirar os olhos.

— Perfeição não existe!

— Pode chorar com sua inveja, quando eu ficar mais linda ainda eu vou rir.

— Faith, você ultrapassa os limites da minha santa paciência. – ia me retirando mas voltei. — Alguma de vocês viram meu segurança?

— Se não estiver na minha cama, não digo nada. – Felícia diz sorrindo.

— Felícia, por que não faz uma cirurgia também nessa sua cara para ver se cria vergonha nela? Experimenta. – sai da sala e atravessei o jardim. Olhei para o lado e o vi com Beckett. Beckett estava fazendo ele fazer flexões.

Me aproximei dos dois, Chad parecia exausto. Usava apenas uma bermuda azul com tênis esportivos.

— Está torturando meu segurança sem o meu consentimento? – perguntei cruzando os braços e ganhando a atenção dos dois.

— Eu estou aplicando uma punição ao seu segurança, apenas isso. – Beckett argumenta.

— Por que?

— Porque não deveria ter saído com você ontem!

— Ele é meu segurança, o dever dele é estar sempre ao meu lado e me proteger.

— Vocês estavam bebendo juntos, isso não é proteger. – revirei os olhos.

— Eu fiz ele beber comigo. Afinal ele é meu empregado então ele faz o que eu mando.

— Não quando a segurança da senhorita está no meio. A sua segurança vem em primeiro lugar. – Backett continua impassível.

— Eu entendendo o seu foco, mas o importante é que ele estava lá. Agora pare de querer matar o meu único amigo.

— Seu único amigo? – Beckett pergunta em tom dramático.

— Sim. Pois amigo que é amigo não sai tacando pedras no amigo do amigo para ter razão. – digo sem nem saber se fez sentido. — Chad, levanta desse chão e vem comigo. – Chad não faz. — Chad!

— Eu... não... posso. – diz continuando com os exercícios. Encarei Beckett o fazendo bufar contrariado.

— Pode ir com ela Chad. – ele diz. Chad para e se levanta exausto, e é claro não pude deixar de encarar seu peito nu subindo e descendo pela respiração com suor por todo lado.

— Quero roupas para o Chad. – digo e os dois me encaram com o cenho franzido. — Eu quero um segurança descolado. Beckett, se quiser meu perdão por favor leve o que eu pedi no meu quarto em meia hora. Você – apontei para Chad. — vem comigo! – sai na frente. Entramos por outra entrada passando pela cozinha e assustando as empregadas. Fiz Chad beber toda a água disponível e me seguir até meu quarto.

Ao chegarmos lá parei e lhe encarei.

— Me desculpe por isso. – comecei. — Você avisou ontem que poderia dar merda mas eu não ouvi. Eu não me liguei de que não se trata mais só de mim e sim de você também. – finalizo e ele coloca as mãos no quadril.

— Eu não me arrependo de ontem. – ele diz simplesmente. — Eu não sou seu segurança de verdade mesmo, principalmente longe dessa casa. Somos amigos além de tudo então eu realmente não me importo. Está tudo bem.

— Mas para mim não está! – ele me olha sem entender. — Agora você está toda a perdição na minha frente e eu não posso fazer nada. O motivo sou eu mas a causa é outra! Isso é tão horrível. – me joguei na cama encarando o teto. — Você é tão filho da mãe Chad! – me equilibei com os cotovelos e lhe olhei. — Eu estou tão frustrada sexualmente e é tudo sua culpa!

— A culpa não é minha não! – ele se defende. — Não tenho nada a ver com sua vida sexual. Já disse, foi uma vez e nunca mais. – bufei.

— Já que é assim, vai tomar um banho logo! – digo irritada. — E só de raiva vai vestir terninho. – resmungo passando por ele e saindo do quarto. No fim do corredor avisto Stepanhy entrar em seu quarto acompanhada de um homem.

Não é possível que até essa praga está tendo uma vida sexual mais ativa que a minha! Tudo isso é culpa de Chad Humphrey.

Desço as escadas e passo por Felícia.

— Viu minha mãe por ai? – ela questiona.

— Trepando. – respondi mal humorada logo saíndo de sua linha de visão.

Entrei na estufa e retirei uma garrafa de vinho de lá e subi novamente para o meu quarto. Ao chegar lá, como o esperado, Chad estava apenas com uma toalha na cintura.

— Você provoca e depois quer reclamar. – digo subindo sobre a cama e me enconstando na cabeceira branca da cama.

— Olha, você não comece que eu deixo esse quarto agora mesmo.

— Você não sairia assim. – apontei para sua toalha.

— Por que não? Suas irmãs iriam amar. – provocou e eu sorri.

— Uma parece uma múmia que não consegue nem se mover, a outra está traumatizada nesse momento. Se você passar assim por elas, não vai surtir nenhum efeito. – digo tranquila abrindo a garrafa de vinho.

— Você é tão horrível. – reclamou.

— Eu sei. – sorri e bati no espaço ao meu lado para que ele se sentasse. — Eu não vou te atacar não, senta logo. – ele deixou o receio de lado e se sentou ao meu lado. Depois de tomar um gole do vinho passei para ele que fez o mesmo. Me estiquei até o abajur ao lado da cama e retirei de lá um maço de cigarros e um esqueiro.

— Você tem alguns esconderijos estranhos. – ele diz. — Se ao menos usasse calcinha eu poderia dizer que você guarda uma arma nela. – soltei uma gargalhada.

— Você é ridículo! E eu uso calcinha sim, as vezes. – digo acendendo o cigarro. — Sabe Chad, eu estava pensando no dia em que você for embora o que eu vou fazer da minha vida. – confesso.

— Não sei, eu não sou tudo isso. – ele diz roubando o cigarro dos meus lábios e levando aos seus  me pegando totalmente de surpresa.

— Quem disse que não? Quem disse? – ele traga e depois solta a fumaça de seus lábios. Isso não deveria ter sido sexy, mas foi. — Você é tudo isso sim, tudo e mais um pouco. – ele me devolve o cigarro. — Você é a única pessoa que em muito tempo quis ser meu amigo.

— Você me obrigou a ser seu amigo.

— Seu orifício! – lhe estapeei o ombro nu e ele riu. — Eu estou falando sério. Apesar de não ser atento, não saber usar uma arma e entrar em roubadas comigo você é o melhor segurança que eu tive.

— Você realmente teve noventa seguranças? – tomei um gole do vinho.

— Sim. Não me dava bem com nenhum. – suspirei. — Eles faziam exatamente tudo o que meu pai mandava e não me deixava respirar. Era sufocante. E eles não eram sexys como você.

— Claro, você só me contratou por causa do meu corpo. – fingiu indignação e eu ri. — Posso te falar um coisa? – afirmei apagando o cigarro e colocando de lado. — Eu não faço ideia das merdas que seu pai faz no país, mas só o fato dele machucar o coração da própria filha, eu pediria impeachment. – sorrio.

— Eu disse para a múmia ambulante hoje que perfeição não existe, mas estou quase mudando de opinião. – lhe encarei. — Chad, a realidade é que eu me sinto tão bem com você que eu poderia dizer que estou apaixonada por você. Mas eu nunca me apaixonei, não sei se isso que eu sinto é carência por alguém finalmente me dar atenção ou se é realmente paixão. – confessei ganhando seu olhar surpreso.

— Se fosse realmente paixão, você diria ou sairia correndo? – tive que rir.

— Eu diria. Para que fugir de algo que não vai te levar a lugar nenhum? Chad, eu não tenho medo de assumir nada. Nem meus sentimentos, nem minha orientação sexual ou muito menos meus erros. A prova disso é a minha vagina nas capas e sites por todo o lugar. – ele ri.

— Orientação sexual? – questionou.

— Bissexual. – ele me olha mais uma vez surpreso. — Eu me orgulho muito e não tenho medo de assumir isso. E você? De fato hétero?

— Definitivamente e totalmente. – riu. — Quando era um adolescente eu experimentei o outro lado, eu tinha curiosidade. Mas vi que não era aquilo, aquele não era realmente eu. – não evitei sorrir mais abertamente. — Meus pais diziam que não importava a minha escolha, eles continuariam me amando. Eles diziam que o importante é amar.

— Mamãe me dizia a mesma coisa. Acho que fomos criados por anjos. – ele concordou. — Se um dia tivermos filhos, eu vou dizer a mesma coisa.

— Se nós tivermos filhos? – arqueou uma de suas sobrancelhas me encarando.

— Claro. Chad – me ajoelhei na cama para lhe olhar. — nós somos a personificação da perfeição. Fomos feitos para procriar e termos bebês bonitinhos e sermos pais exemplares que são a favor do amor. Entenda que no mundo em que estamos hoje, precisamos nos unir e mostrar que somos a força. – ele riu novamente.

— Você é piradinha. Mas talvez algumas coisas façam sentido.

— Eu já disse, eu sou uma desequilíbrada consciente. – me aproximei mais dele. — Qual parte fez sentido para você?

— Que no mundo de hoje precisamos nos unir.

— Exatamente, e no sentido literal também. – ele revirou os olhos. — Não revire os olhos para mim! Sabe que eu estou certa, só precisa assumir. – digo me jogando em cima dele. — Nós somos a força!

— Sai de cima de mim que eu não quero mais problemas. – tentou me jogar para o lado da cama. — Amalia, sai! – estávamos em uma perfeita briga. Ele era mais forte que eu, eu sabia disso.

— Não até você concordar comigo. – digo segurando seus braços. Mas foi então que o jogo literalmente virou e ele me derrubou de cima dele e ficou sobre mim. Nossas respirações estavam aceleradas por conta da pequena briga.

— Por que faz isso comigo? – perguntou em quase um susurro.

— Porque eu gosto. – tentei sorrir com a minha própria resposta mas não saiu. Seus braços seguravam os meus acima da minha cabeça. — Chad, você mesmo me faz ser assim.

— Eu não, eu sou o mais inocente da história. – diz olhando em meus olhos.

— Sabemos que de inocente você não tem nada senhor Humphrey. – digo sorrindo. Seus olhos fitaram meus lábios, e foi ali que eu percebi que o finalmente iria acontecer.

Ele se aproximou lentamente do meus rosto, fechei os olhos e já podia sentir sua respiração contra o meu rosto. Estava tudo destinado acontecer, até batidas frenéticas começarem na minha porta.

— Só ignora. – digo tentando manter no clima.

Amalia as roupas estão aqui! Vão querer que eu mesmo entregue? – a voz de Beckett soou atrás da porta. Abri os olhos e os de Chad estavam arregalados. Ele rapidamente se retirou de cima de mim em despero.

Grunhi frustrada e me levantei da cama.

— Vai para o banheiro, vai! – digo para Chad que o faz. Abro a porta e Beckett já estava pronto para entrar. — Você é tão estraga prazeres! – reclamo.

— Eu? Por que? Atrapalhei algo por acaso? – perguntou com tamanho cinismo estampado em sua face.

— Sim atrapalhou. – ele estreita os olhos. — Pare com isso, me dê as roupas. – ele me estende as quatro sacolas. — Ótimo. Vocês são incríveis. – lhe beijo o rosto e fecho a porta do quarto. — Ele já foi! – digo voltando para a cama e virando um longo gole do vinho.

Chad sai do banheiro e aponto para as sacolas.

— Para que tantas roupas? – ele questiona.

— Eu quero você estiloso. Essa coisa de terninho me dói os olhos, mesmo que você fique maravilhoso neles.

— Como fez isso? – mudou de assunto.

— Pedi ontem a noite para o Beckett. Ele sabe suas medidas, esqueceu que teve que preencher várias informações sobre você?

— Entendi. – diz por fim e voltando ao banheiro.

Frustrada mais uma vez, acendi outro cigarro.

Chad sai do banheiro assim que termino o cigarro. Agora ele veste uma calça branca e camisa preta.

— O que vamos fazer hoje? – ele questiona.

— Por mim passaríamos o dia fazendo coisas interessantes nesse quarto, mas como nem tudo são flores eu vou me deitar aqui e me fingir de morta.

— E eu preciso ficar junto?

— Mas é claro, é meu segurança. Deve ficar aqui.

— Não vai me atacar de novo? Porque se me atacar novamente, desse vez rola processo.

— Não vou te atacar. Sente-se ai logo. Vamos assistir alguma coisa. – pego meu notebook de baixo da cama. — Acho que ainda tenho netflix. Procura algum filme ou série ai. – passo o notebook para ele. — Com fome? Vou buscar algo para comermos.

— Amalia. – ele me chama assim que me coloco de pé. — Não acha que estamos perdendo tempo?

Solto um pequeno suspiro e o encaro sorrindo.

— Não se preocupe, Chad. Vamos conseguir e ninguem sairá machucado dessa. – digo sorrindo.

— A cada dia que passa você me surpreende mais. – diz e lhe dou uma piscadinha saindo do quarto logo em seguida.

Talvez seja egoísmo meu querer que esses momentos durem por mais tempo mesmo sabendo o que pode vir em seguida.

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Olá, como vão?

Antes de mais nada, Feliz ano novo babies. Que 2019 seja um ano incrível para todos nós.

Espero que estejam gostando, até mais. 💜

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