Capítulo 2

— Não custa nada fazer esse favorzinho por mim, vai por favor. – digo implorando ao homem a minha frente. Eu só precisava de alguns comprimidos mas não sabia que eram tão caros assim por aqui.

— Docinho, você está querendo de mais, ok? Não posso te dar pela metade do preço. Meu chefe me mata. – reviro os olhos.

— Eu tenho dinheiro, posso te dar depois. São só alguns, vai por favor. – ele me olha mais uma vez. Faço os olhinhos do gato de botas, sempre funciona.

— Tudo bem. – suspirou se dando por vencido. – Mas não diga a ninguém que conseguiu isso. – sorrio e afirmo. Ele pega o dinheiro e me estende os quatro comprimidos.

— Obrigada. – digo lhe dando um beijo no rosto. Ele da um sobressalto com a minha ação e me expulsa do interior da boate. Volto para onde está rolando toda a diversão e engoli um dos comprimidos no meio do caminho. Pedi um whisky no bar e bebi um pouco.

Segui para a pista de dança e dancei todas as músicas que tocavam. Uma garota se aproxima de mim e sorrio para ela envolvendo seu pescoço com meus braços. Dançamos duas músicas antes de colar meus lábios nos dela.

Mais tarde eu já estava um pouco mais normal, a droga não era tão pesada quanto eu achava. Tinha beijado umas cinco pessoas aleatórias e dançado até minhas pernas doerem. Talvez eu precisasse de mais.

Quando ia pegar um dos comprimidos, um idiota esbarrou em mim fazendo com que eu derrubasse um no chão.

— Seu idiota! – esbravejei tentando encontrar o comprimido no chão, mas com aquela loucura de pés para lá e para cá, sumiu.

— Desculpe. – escutei o cara dizer.

— Desculpe? Você... – Ergui minha cabeça para olhar o sujeito mas minha voz não saiu.

O desgraçado era lindo, e não é um lindo só lindo. Ele era lindo de lindo, lindo.

— Porra! – exclamei sem perceber.

— Foi mal, quer uma bebida como pedido de desculpas? – ele pergunta me mostrando seu copo de whisky. Afirmei e peguei o copo de sua mão virando em um só gole sua bebida. – Eu ia te pagar uma, mas já que prefiriu a minha. – sorriu e deu de ombros.

— Na verdade eu prefiro outra coisa. – joguei o copo em qualquer lugar fazendo ele se espatifar. O homem me olhou um pouco assustado mas não fez nada antes que eu me aproximasse e lhe beijasse.

Ele sorriu entre o beijo e retribuiu. Algumas pessoas dançando nos aproximou mais e ele enlaçou seus braços em minha cintura e os meus em seu pescoço.

Não compreendi muita coisa, mas quando percebi estavamos em um carro rindo como idiotas. Depois pude perceber que era um quarto e sorrio satisfeita com a situação.

— Se eu soubesse que Cancún era isso teria vindo antes. – digo quando ele está a me beijar o pescoço.

— Devo dizer o mesmo? – ele pergunta em meu pescoço.

— Quem sabe? – sorri.

Tudo o que tinha que acontecer naquela noite, aconteceu.

Eu acho.


Acordei no dia seguinte com náuseas me atacando. Soltei-me de um braço que estava me prendendo e corri para a primeira porta que encontrei. Fui de cara com a privada.

A gente sabe que o dia vai ser bom quando já acorda assim.

Depois de despejar quase meu útero dentro da privada aproveitei para tomar um banho. Quando finalizei o banho, enrolei-me em uma toalha e sai do banheiro dando de cara com um cara nu no meio do quarto.

Ele me encarou e eu o encarei e ficamos por um momento presos nessa troca de olhares constrangedores.

— Certo. – decido quebrar o silêncio. – Nós transamos noite passada.

— Sim. – ele diz por fim.

— Devemos agir como se fosse algo estranho ou normal? Tenho capacidade de agir dos dois modos, é só dizer.

— Você não está me expulsando do quarto e ainda está me dando escolha. – diz parecendo surpreso.

— Não sei com que tipo de mulher você sai, mas eu não sou dessa forma. – ele assente. Volto a lhe encarar. – Não que eu esteja reclamando, longe de mim. Mas você não vai, sei lá, tomar um banho ou se vestir? – ele se encara. Agora parece envergonhado. – Não precisa ficar assim. Se quiser eu tiro a toalha para você se sentir confortável.

— Tá falando serio?

— Não, não estou. – ele faz uma careta.

— Vou tomar o banho, com licença. – ele diz pegando suas roupas e se dirigindo até o banheiro enquanto tentava se cobrir com as próprias peças de roupas e me dando uma boa visão de seu traseiro branco. – E por favor, não olhe para o meu traseiro! – ele reclama.

— Desculpa, mas foi inevitável. – respondi rindo após ele fechar a porta.

Encarei o quarto e percebi que era o meu quarto de hotel. Certo. Eu não estava tão louca ontem.

Coloco um short jeans, já que lá fora está bem quente e uma camisa preta junto aos meus all stars. Escovo meus cabelos castanhos e refaço toda a minha maquiagem.

A porta do banheiro se abre e o homem sai vestido e com os cabelos úmidos. Mais bonito a luz do dia e 100% sóbrea.

— Vai tomar café? – perguntei.

— Depende. Se não for te incomodar... – sorrio.

— Claro que não. Eu estou lhe chamando porque fui com a sua cara. – digo guardando minha maquiagem.

— Qual é seu nome? – perguntou após vestir seu par de tênis.

— Linn. – não é muito bom dizer o nome verdadeiro aos outros, e nem é uma mentira. – E o seu?

— Phillip. – ele diz. Estendo minha mão e ele aperta.

— Vamos tomar um café. – digo lhe puxando para fora.

Logo chegamos ao restaurante do hotel. Pedi apenas um suco de laranja e ele um sanduíche.

— Você é daqui? – questionei.

— Não. Texas. – arqueio uma das minha sobrancelhas. – E você?

— Washington. – ele sorri. – O que você faz?

— Sou fotógrafo. – deu de ombros. Meus olhos brilharam no mesmo momento. – Mas estou desempregado. Não sei o que fazer exatamente da vida ainda.

— Como assim? – perguntei interessada.

— Não há nada que eu seja muito bom. Preciso de um emprego nos Estados Unidos que me pague bem o suficiente para viver e montar um estúdio.

— Isso é o máximo! Quer dizer, você ser fotógrafo, é claro. Meu sonho é trabalhar com fotografia.

— E por que não faz? – pergunta deixando de lado o prato.

— Meu pai não permite. – digo frustrada. – Antes que pergunte, ele é o maior pé no saco.

— Realmente. – concordou e não deixei de sorrir.

Finalizamos o café e caminhamos conversando até a saída. Paramos em frente ao hotel que estava vazio.

— Gostei de conhecer você. – digo.

— Eu também. – ele sorri. Eu

Não é por nada não mas o sorriso dele é O sorriso.

— Vai ficar mais tempo por aqui? – questiono.

— Acho que amanhã eu volto. Não tenho muito o que fazer aqui, não tenho dinheiro. – deu de ombros. – E você?

— Também. Meu pai já deve estar preparando seu bando para me caçar. – ele ri.

Uma van preta para em nossa frente. Dois homens descem e um deles coloca um saco escuro em minha cabeça. Me debati tentando me soltar, porém ele foi mais forte que eu. Me coloca dentro do carro e aplica algo em meu braço que me deixa desacordada.

Quando acordo sinto meu pescoço e cabeça doerem. Tento me mover mas estou amarrada. Amarrada em uma cadeira. Levanto a cabeça e vejo Phillip do outro lado no mesmo estado que eu.

— Finalmente o casalzinho acordou. – um homem acima do peso e com óculos escuros broxantes – diga-se de passagem – diz se aproximando com três homens em seu encalço. Ele me olha e sorri. – Aí bonitinha, estava louco para lhe encontrar.

— Não faço ideia de quem seja você. – respondi. – O que foi que eu fiz agora?

— Não se lembra da noite passada? – ele questiona. Puxo em minha mente algo que eu tenha feito de errado, mas nada me vem.

— Não. – ele riu. Faz um sinal para um de seus homens e eles somem.

— Então vamos refrescar sua memória. – ele diz. Dois homens entram segurando um homem ensanguentado. Quando o reconheço meus olhos se arregalam e minhas mãos soam.

Merda Amalia! O cara dos comprimidos.

— Se lembra agora?

— Eu sou uma idiota. – susurro.

— A senhorita compra drogas de graça e ainda acha que pode viver como se nada tivesse acontecido? – ele ri.

— Não foi de graça, foi por metade do preço. – argumentei sem medo. – Mas eu pago, tudo bem? Eu pago. – digo desesperada. – Solta ele, a culpa não é dele.

— Você realmente comprou drogas sem pagar? – Philipp se intromete.

— Eu acabei de explicar que foi metade do preço. – resmungo. – Eu vou pagar o restante, tudo bem? É só vocês esperarem eu entrar em contato com o meu pai.

— Querida, nós sabemos quem é você e seu pai e nós realmente não nos importamos. Quero o dinheiro na minha mesa imediatamente!

— Mas eu estou dizendo que vou pagar! – volto a dizer.

— Só quero saber o que é que eu tenho a ver com isso. – Philipp diz. – O problema não é meu, é dela.

— Vai me jogar no fogo mesmo? E eu achando que você era gente boa. – digo lhe olhando feio.

— Você acabou de colocar minha cabeça em uma bandeija, o que quer que eu faça?

— Eu não coloquei sua cabeça em uma bandeija! Reclama com eles ai que te trouxeram.

— Você estava com ela. – o homem volta a falar. – E estava com ela quando ela estava com a droga, agora automáticamente você faz parte disso. – o homem diz calmamente.

— Mas como eu ia... calma. Você transou comigo drogada? – ele questiona.

— Eu não estava drogada, eu estava sóbrea naquele momento. – me defendo.

— Você me fez... – ele se interrompe olhando para os homens. – Eu não acredito que fiz isso.

— O que foi que eu fiz você fazer? – questionei.

— Não se lembra senhora "eu sou a mais sóbrea"? – puxo na mente e meus olhos se arregalam.

Puta merda Amalia!

— E-eu não fiz aquilo por estar drogada. Na verdade eu não sei o por que de estarmos falando disso aqui. – digo mais baixo.

— Nós queremos o dinheiro. – o homem volta a dizer. – oitenta mil dólares.

— O que?! – berrei. – Isso é roubo! Custavam mil dólares.

— Quem faz as regras sou eu. – o homem diz sério e tentando soar ameaçador. – A vida de vocês está em jogo. Se querem ter elas salvas, vão ter que me dar os oitenta mil.  – bufei irritada. Eu queria chorar. Por que eu sou assim, hein?

— Me dá um tempo de conseguir, por favor. – suplico. – Eu lhe dou.

Ele parece pensar um momento e depois sorri.

— Tudo bem, nós iremos lhe dar um tempo. – suspiro aliviada. – Te dou uma semana.

— Aaah fala sério! Uma semana é muito pouco. – reclamo.

— Ou isso, ou nada. – ele diz e suspiro.

— Um mês. Eu imploro, um mês e te dou o dinheiro todinho. Eu lhe garanto, em um mês eu colocarem o dinheiro em suas mãos. – ele fica em silêncio por um tempo.

— Um mês e nada mais. – assenti concordando. Ele encara Phillip. – Vocês dois. Eu quero que os dois paguem.

— Ele não tem nada a ver!

— Os dois. – ele insiste.

— Tá brincando? Eu não tenho nem onde dormir direito e você quer que eu pague algo que eu nem sequer sei o que é? – Phillip reclama indignado.

— Eu pago, pode ser? A parte dele.

— Não.

— Tudo bem, tudo bem. – eu digo. Phillip me da um olhar mortal.

Eu estou salvando a vida dele e ele ainda quer reclamar?

— Soltem eles. – o homem manda. Os homens nos soltam e me aproximo de Fhillip. – Em um mês eu quero o dinheiro em minhas mãos e pessoalmente de vocês dois como palavra e honra. Se não tivermos, vocês já eram. Meus homens estarão de olho em vocês dois.

— Certo. – respondemos ao mesmo tempo.

— Vou dar apenas uma demonstração do quanto eu falo sério e de que Adrian Garcia não brinca em serviço. – ele faz sinal para um de seus homens. Ele saca uma arma me fazendo tremer e agarrar o braço de Phillip. O homem aponta a arma para o homem ajoelhado no chão e me desespero.

— Não, não, não, n... – sou interrompida pelo estrondo do tiro e rapidamente me agarro a Philipp. Viro vagarosamente para trás e vejo o homem caído no chão com sangue escorrendo de sua cabeça. O ar falta e meus olhos se enchem de lágrimas.

— Os tirem daqui! – o homem ordena. Dois homens nos tiram do local que estávamos e nos deixa em uma praça qualquer. Eu ainda estou trêmula e em choque.

Ele matou um homem na nossa frente.

Eu vi um homem morrer.

Vi um homem morrer na minha frente por minha culpa.

— E-e-eu m-me desculpa. – peço sem impedir as lágrimas de cairem.

Phillip me olha por um momento e depois me puxa para um abraço. Eu choro até deixar sua camisa parecendo uma poça. Ele me puxa para um banco e nos sentamos.

— Tá, vamos nos acalmar. – ele diz e lhe encaro.

— Como pode estar tão calmo depois de presenciar uma cena daquelas?

— Ficando. – suspirou. – Já que eu estou nessa, vamos resolver tudo de uma vez. Eu só não sei como porque você sabe, eu não tenho dinheiro. Talvez deveriamos chamar a polícia?

— Sem chances, não posso fazer nada que possa comprometer a imagem do meu pai, e aqueles homens me parecem ser espertos o suficiente para terem homens na polícia. – ele bufa. – Mas relaxa, eu tenho dinheiro. Mas meu pai precisa liberar esse dinheiro, o que vai ser complicado. Eu não tenho ninguém para pedir.

— Podemos arrumar um emprego. – lhe olho e suspiro.

— Phillip, já que estamos íntimos o suficiente para morrer um na frente do outro, eu vou te dizer a verdade. – ele me olha. – Meu nome não é Linn. Na verdade é, mas meu primeiro nome é Amalia.

— Amalia?

— Sim. – suspiro.

— Já que é assim, também vou ser sincero. – lhe encaro. – Meu nome não é Phillipp, é Chad. Chad Humphrey.

— Você mentiu para mim?

— Você também mentiu! – apontou e soltei um suspiro.

— Sim, e não acaba por ai. – digo aflita.

— Diz logo tudo vai.

— Não sabe quem eu sou? Nunca viu fotos minhas em revistas? Sites? – ele nega. – Você vive onde? Na caverna do dragão?

— Esse tipo de coisa não me interessa muito. – deu de ombros.

— Tudo bem. – suspirei novamente. – Chad, eu sou... eu sou Amalia Linn McKean, a filha do Presidente dos Estados Unidos.

*****

Estreia dupla de Suspeita Parceria!!! Minha mais nova obra, espero que curtam essa historinha bem mais diferente do que as anteriores. ❤

As att dos capítulos virão de acordo com o engajamento do livro, então votem bastante e comentem. Beijoos

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