Capítulo 17

Chad (bônus)

Beckett me chamou para sair com ele hoje, e eu é claro fiquei morrendo de medo. Aquele homem realmente me dava medo.

Eu fiquei receoso em aceitar o seu convite, mas prereri não correr o risco de recusar e levar um tiro. Eu tinha noção desde o começo que aquele homem era como uma pai para Amalia, que toda a vista grossa que ele fazia comigo era querendo proteger ela. Pelo menos ela não está 100% sozinha, ela ainda tem com quem contar e isso me deixa tranquilo. Afinal, ninguém sabe do dia de amanhã.

Ele dirigiu por um bom tempo enquanto tocava uma música calma no rádio. Isso era suspeito, porque ele parecia tranquilo de mais.

Não demorou para que ele parasse o carro na ponte do rio Potomac assim como fiz com Amalia a algumas semanas atrás.

Ah pronto! Agora ta explicado, o cara vai me jogar no rio.

Descemos do carro já que não tinha muito movimento e nos aproximamos da beirada do alambrado enquanto olhávamos o rio.

— É nesse momento que você me joga daqui? – perguntei e ele riu.

Ele riu e eu tremi.

— Você realmente me faz rir. – ele diz sem me olhar. — As vezes eu venho aqui quando eu quero respirar, ou me lembrar do meu primeiro amor. – suspirou.

— A mãe de Amalia, no caso. – ele me olha.

— Ela te contou? – afirmei. — Eu a amei por muito tempo. Na verdade, eu ainda a amo. Não sei realmente o que ela viu em Johnson para ter se apaixonado por ele.

— Você é realmente melhor que ele, não entendo.

— Você não vai ganhar pontos comigo me elogiando.

— Desculpe. – ele ri.

— Amalia é como ela. Elizabeth, a mulher mais doce que existia. Amalia tem todo esse ar duro, mas sei que é doce. Puxou a mãe. Ela é preciosa para mim, é a única coisa que me sobrou no mundo. Eu tento dar tudo que aquele infeliz do pai dela não da para ela, mas sinto que ainda não é o suficiente. Antes de você chegar tudo era um caos, não que com você ainda não seja. – soltei uma risada. — Mas antes, eu me dividia entre ficar de olho em Amalia rodando pelo mundo como uma descontrolada e ficar atrás do presidente zelando pela segurança dele. Mas então você chegou e agora eu posso ficar 5% mais tranquilo.

— Eu devo me sentir elogiado?

— Claro, ainda são 5%, poderia não ser nada.

— Então vou levar como elogio.

— O que eu quero dizer, é que sou grato a você. Nunca vi Amalia como ela tem sido desde que a mãe morreu. Eu quase não a via, se via ou ela estava sendo carregada por alguém ou estava fora de sí, outras vezes vomitando e totalmente drogada. Eu percebi que todo o tempo que ela esteve com você, ela esteve limpa. Tem sorrindo mais, posso ver os olhos dela brilharem e o amor que ela sente por você passar diante dos olhos dela sempre que você é mencionado ou está do lado dela. Isso me faz feliz mas ao mesmo tempo me preocupa. – me encarou. — Ela só tem 21 anos, ela tem toda uma vida pela frente e está se entregando de corpo e alma a um amor. Tenho medo que ela se machuque. Ela ainda é impulsiva e sei que na primeira decepção ela vai correr diretamente para o buraco negro, onde ela acha que tem apoio, onde acha que tem abrigo mas não tem. Ela não tem muito a quem recorrer, então eu só vou lhe pedir uma vez para que não a machuque. Eu sei que você não é esse tipo de cara, percebi isso desde que colocou os pés naquela casa. Mas se algo entre vocês algum dia dar errado, não a deixe de lado. Se algum momento vocês chegarem a se separar, eu espero que sejam amigáveis. Ela tem maturidade o suficiente para esse tipo de coisa. – ele suspirou finalizando.

— Beckett, desde o começo tudo o que eu queria era proteger ela. Desde que olhei para ela eu senti vontade de colocá-la em meus braços e cuidar, como se fosse um bichinho indefeso. E sei exatamente que de indefesa ela não tem nada. Ela enfrenta, ela luta pelo que quer, ela coloca a cara a tapa. E eu admiro muito ela por isso. Ela é uma mulher extraordinária, mesmo que ela só tenha 21 anos. Na verdade, idade são apenas números. Eu não tive muitas experiências com namorada em meus 27 anos de vida, mas o pouco que tive eu posso te garantir que como Amalia eu nunca conheci e acho que nunca vou encontrar alguém como ela. O que eu sinto por ela vai muito mais além, eu penso mais na felicidade dela no que na minha. Se algum dia ela chegar em mim e dizer que prefere outra pessoa, eu quero olhar nos olhos dela e ver o que você vê quando ela fala de mim ou está ao meu lado. Eu quero ver que ela realmente quer isso e que ela pode ser feliz fazendo aquela escolha. Eu abro mão mesmo que me doa. Porque a felicidade dela na tabela de prioridades está no topo. Eu amo ela, machuca-la não está nos meus planos. – finalizei. Ele sorriu e se aproximou me dando alguns tapinhas nos ombros.

— Parabéns! Me conquistou. – sorrio. — Não fique muito feliz não. – controlei meu sorriso. — Só vou te pedir mais uma coisa. Não me inventem de arrumar filhos agora, pelo amor do bom senhor. Eu sei que vocês têm fogo para dar e vender e ainda fazer um churrasco, mas tomem cuidado. Primeiro saiam daquela casa, comecei a vida de vocês e se estabilizem.

— Não se preocupe. Nada de bebês perfeitinhos ainda. – sorrio e ele também, mas logo a expressão séria dele retornou.

— Chad, eu sei o que estão fazendo. – disse ele me olhando. — Querem desmascarar o Johnson. – arregalei meus olhos surpreso.

— C-Como sabe disso.

— Não há nada sobre Amalia que eu não saiba. Ela é completamente transaparente. – ele explicou. — Tomem cuidado, esteja ao lado dela. As coisas que ela vai descobrir não serão fáceis. Apesar de tudo aquele desgraçado ainda é pai dela, e mesmo não querendo ela ama ele como uma filha ama um pai. Esteja ao lado dela.

— Não se preocupe com isso. Jamais sairei do lado dela. – ele acenou com a cabeça e compreenção.

— Vamos indo.

Entramos de volta para o carro e seguimos de para a casa branca.

Foi muito mais diferente do que eu pensei, e acho que era disso que eu precisava. Tudo entre eu e Amalia tem acontecido tão do nada que chega a assustar.

Ao chegar, Beckett se despede no jardim e segue para seu escritório. Adentro a casa temendo encontrar o pior, mas não há ninguém ao que parece. Subi para o quarto de Amalia e ela não estava lá. Peguei meu celular e liguei mas ela não atendeu.

Onde ela poderia ter ido sem avisar?

Suspirei e me sentei na cama enquanto mexia em minha galeria. Realmente as fotos que tenho tirado dela destraida estão lindas. Eu só queria uma máquina fotográfica profissional para que as fotos ficassem mais lindas ainda.

A porta do quarto se abre me chamando a atenção e Amalia entra. Assim que ela nota minha presença, ela seus olhos se arregalam de imediato. Percebo que ela está diferente.

— Está tudo bem? – perguntei me levantando e me aproximando dela. — Onde esteve? – ela se esquiva de mim ou pouco nervosa.

— L-Lugar algum. – tossiu e me encarou. — Quer dizer, eu fui comprar umas coisas.

— Que coisas?

— Umas coisas. – insistiu.

— Amalia, olha para mim. – pedi mas ela não fez. — Amalia! – lhe puxei fazendo ela me encarar. Ela estava pálida e com os olhos vermelhos e pupilas dilatadas. — Você andou se drogando? – ela passou o pulso trêmulo automaticamente pelo nariz.

— Não. Na verdade, um pouco. Não foi nada de mais. Foi bem pouquinho. – riu. Riu mas sei que foi de nervoso. — Eu vou tomar um banho.

— Você realmente está bem? – questionei. Ela encarou o chão por um momento e depois voltou a me olhar sorrindo.

— Estou ótima. – se soltou do meu aperto e foi até o banheiro.

Não tem nada bem, eu sei exatamente disso. Algo esta bem errado.

Demorou basicamente uns 40 minutos para ela sair do banheiro, e quando saiu evitava contato visual.

— Amalia, você realmente está bem? Eu estou ficando preocupado.

— Eu estou bem! Eu só não estou no meu melhor dia, tudo bem? – perguntou um pouco alterada. — Quer comer alguma coisa? Eu busco.

— Não estou com fome. – ela assente em concordância.

— Eu estou, vou buscar algo. – sem esperar por resposta ela sai do quarto.

Deito a cabeça no travesseiro e encaro o teto. O que diabos está acontecendo? Eu deveria dar tempo a ela? Deveria a encurralar em uma parede e obrigar ela a me dizer a verdade? O que eu realmente deveria fazer?

Fechei os olhos por um momento tentando lembrar de algum deslize que cometi entre ontem a noite e hoje de manhã. E não. Definitivamente eu não fiz.

Ela só voltou para o quarto quando anoiteceu. Ela disse que iria buscar comida mas só voltou três horas depois, é como se ela estivesse me evitando.

Ao menos ela me trouxe comida. Era macarrão instantâneo gelado, mas ao menos era comida.

Ela passou todo o tempo distante. Eu tentei falar com ela e só recebia um "é" ou um "uhum". No final da noite fiz minhas devidas higienes e me deitei. Ela se deitou mas quando tentei abraçá-la ela se afastou. E nem mesmo quando eu me virei ela me abraçou como faz sempre. Ainda inquieto consegui dormir um pouco, mas logo acordei com algum tipo de fungação ao meu lado. Foi então que ela se levantou e entrou no banheiro e só saiu de lá pela manhã.

Eu realmente cansei de dar espaço e tentar entender.

Quando deu ao menos 9 horas da manhã ela saiu do banheiro. Seus olhos estavam inchados como se tivesse chorado a noite toda.

— Amalia eu cansei. – digo lhe olhando. — Você chega chapada, passa o dia me evitando e passa a noite no banheiro chorando. Me diz de uma vez o que está acontecendo!

— Não é nada.

— Como não é nada Amalia? Você acha que eu sou idiota? Que eu não te conheço? Eu sei que tem algo te machucando então me diz logo o que é para que eu possa te ajudar! – ela me encara por um tempo e depois começa a chorar. Como num click ela cai de joelhos sobre o chão chorando mais ainda. Me aproximo dela. — O que está acontecendo?

— Me desculpa! Me desculpa! – seu choro estava me deixando agoniado com tamanha dor que ele transmitia.

— Te desculpar pelo que?

— Pelo meu pai. – abaixou a cabeça encarando o chão. — Me desculpe por te colocar nessa, por esse sangue nojento nas minhas veias te fazer sofrer.

— Do que está falando Amalia?

— Foi meu pai! – soluçou. — Meu pai quem mandou incendiar a casa dos seus pais. – fechou os olhos.

Paralizei por um momento. Isso não poderia ser possível poderia?

— Isso não faz o menor sentido, eles não se conheciam. – digo e ela nega com a cabeça.

— S-seu pai, seu pai era contra o meu. Ele deu uma entrevista dizendo que meu pai não deveria ser presidente e até moveu uma campanha contra ele. – soluçou. — Meu pai deve ter se sentido ameaçado e mandou matá-lo. – voltou a chorar.

Isso não pode ser real! O homem que eu estou vivendo debaixo do mesmo teto mandou matar meus pais?

Me levantei fora de mim enquanto passava as mãos pelos cabelos frustrado. Isso não podia estar acontecendo! Não poderia! Esse homem não pode ser tão cruel a tal ponto!

— Desculpa! Desculpa! – voltei minha atenção a Amalia no chão se esguelando de chorar e fechei os olhos por um momento.

Ele estava acabando com a própria filha. Ela estava sofrendo por algo que nem tem a ver.

Abri meus olhos novamente e me aproximei dela. A levantei e a sentei sobre a cama me ajoelhando a sua frente e segurando seu rosto em minhas mãos.

— Amalia.

— Desculpa! Desculpa!

— Amalia chega! – digo usando um tom de voz que nunca usei antes com ela e nem com ninguém. Ela finalmente me encara. — Para de me pedir desculpas.

— Mas...

— Você não tem culpa de nada! Você não me deve desculpas alguma, e pedir desculpas agora não vai trazer meus pais de volta em um passe de mágica. Eu preciso que você seja forte agora.

— Chad...

— Amalia, escuta. Você tem que ser forte, forte por você, pelas pessoas que andam na rua protestando, as pessoas que querem entrar no país sem serem barrados ou tratados como animais, ao Beckett, as suas irmãs, ao Estados Unidos e todo o mundo. As pessoas precisam de você ou tudo vai desabar. Se você acha que deve desculpas de algo que não fez aos meus pais, faça isso sendo forte. – lhe olhei nos olhos. — Vamos seguir com o plano tudo bem?

— Mas Chad–

— Entenda de uma vez só que a culpa não é sua. Você não tem nada a ver com as atitudes do seu pai. Eu te amo, te amo muito para deixar que um erro cometido pelo seu pai acabe com nós dois. – lhe beijei os lábios. –l— Somos parceiros esqueceu? Eu estou do seu lado para tudo.

— Eu te amo tanto. – me abraçou forte e eu retribui.

— Eu também te amo muito. Por isso me escuta e pare de se culpar por isto. – pedi.

— Vamos destruí-lo. – ela disse desfazendo o abraço e me olhando decidida. — E isso é uma promessa. E aquele homem, não é meu pai. Nós vamos faze-lo pagar por todos os erros dele! – ela disse enxugando as próprias lágrimas.

— Mas eu sou seu marido ainda, não sou?

— Sim, e espero que seja sempre. –  diz tocando as alianças na corrente em seu pescoço. Beijei carinhosamente sua testa.

Eu a amo demais para deixar que o pai dela a machuque novamente. A sensação de descobrir que meus pais foram assassinados é horrível. A dor por saber que foi por um motivo idiota, mais ainda. Descobrir que foi o pai dela, dez vezes pior, mas a dor de vê-la se desculpando como se tivesse sido culpada e chorando totalmente quebrada não se compara e nenhuma das anteriores.

Johnson McKean, seu fim está próximo!

****

Primeiramente: boa tarde!

Segundamente: #JohnsonMcKeanIsOverParty

Reta final chegando bebês, tragam os lencinhos pois o choro agora é livre!

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