boa leitura.

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O lobo pulou sobre a charrete, me afastei do lugar e então comecei a escutar o barulho do pano sendo rasgado, então escuto o barulho do cavalo sendo atacado e os dentes das bestas rasgando a carne dele. Olho para trás, o focinho do lobo começa a aparecer, totalmente vermelho e manchado de sangue.

Olho para trás e vejo um lobo correndo em nossa direção pela parte de trás da charrete, Kira pega seu arco e flecha e o acerta na cabeça. Rapidamente corremos para descer da charrete, e correr em direção a floresta.

Corríamos por entre as árvores, com certeza estávamos nos afastando cada vez mais da vila, ou era isso ou era ser comido por esses lobos. Depois de alguns minutos correndo, paramos em uma pequena clareira no meio da floresta, a lua iluminava o céu, não conseguia enxergar muita coisa.

Acho, que corremos por um bom tempinho,  e possivelmente estamos bem longe de casa.

— O quê foi aquilo?! — Kira indaga ainda em estado de choque pelo que aconteceu.

O homem que conduzia a charrete, os lobos simplesmente o pegaram e...Acho que não foi uma boa ideia sair de vila.

— Não tenho como responder agora — digo tentando normalizar a respiração.

Corri nesses poucos minutos, o que nunca corri em toda minha vida.

— Que droga, aqueles lobos...O quê acaba de acontecer?! — Jacob estava desesperado andando de um lado para o outro.

Isso já estava começando a me deixar tonto e com vontade de vomitar.

— Se acalmem! — digo ajeitando a minha postura e olhando ao redor.

Não havia nada além de árvores para todos os lados, com certeza estávamos perdidos em algum ponto da floresta, na pressa para fugir acabei deixando o mapa para trás.

Tudo estava dando errado.

Então, ouvirmos uivos um pouco distante de onde estávamos, certeza que os lobos estavam atrás de nós ainda, calma Jaden, calma, não precisamos entrar em pânico agora.

— Que droga! Eles estão vindo pra cá! — digo.

O desespero estava tomando conta de mim e nesse momento já não sabia mais o que fazer, tudo parece bastante confuso, a gente não consegue enxergar quase nada, está congelando.

— Calma — Kira diz vindo até mim e colocando as mãos em meus ombros. — Entrar em pânico agora não vai nos ajudar em nada, temos que pensar com calma agora — diz.

— Ela tem razão Jaden, vamos pensar em alguma coisa e rápido — Jacob se pronuncia.

— Ok, ok, vocês tem razão — digo. — Merda, o mapa!

— Perdeu ele?! — ela indaga.

— Deve ter caído, que droga — resmungo.

Kira solta os meus ombros, nesse momento escuto um barulho atrás de nós. Sinto um calafrio, me viro para ver o que é, mesmo já sabendo o que vou encontrar.

Um grande lobo castanho, um pouco maior que os que nos atacaram, não consegui nem raciocinar direito. Ele correu em nossa direção e então pulou, rapidamente desviamos dele e então vimos que havia outro lobo ali.

Então por isso ele havia vindo na nossa direção.

O outro lobo tinha uma pelagem mais clara e era um pouco menor que o outro, o lobo castanho o agarra pelo pescoço e o arremessa em direção a uma árvore, corri até Jacob e Kira que estavam assustados e em estado de choque.

O quê estava acontecendo aqui?

— O quê tá acontecendo? — Kira pergunta ainda sem conseguir acreditar no que estava vendo.

Eu ainda estava tentando entender o que estava acontecendo, isso não era muito normal não.

— Não sei e não quero saber — finalmente consigo falar.  — Vamos embora rápido! — falei e nos viramos para voltar para trás e achar a estrada, estava muito escuro, mas ficar aqui seria bem pior.

No momento em que viramos vimos outro lobo branco e tinha os dentes e o focinho sujo de sangue, devia estar comendo algum animal selvagem. Ele nos encarava com aqueles olhos amarelos, ok, acho que a situação já estava fugindo do controle, Kira rapidamente atira uma flecha na direção do lobo.

Ele praticamente pega a flecha com a boca e a estraçalhou, estava chocado e sem reação, aquilo não era possível, um lobo não podia ser tão inteligente a esse nível. Kira e Jacob atiram mais duas flechas, ele rapidamente corre desviando delas e partindo para cima da gente, nessa hora o lobo castanho que até então estava ocupado com o outro avançou para cima do branco, o lobo cinza estava logo atrás mancando e com marcas de mordidas, mas ainda andava, congelei no momento em que seus olhos pararam sobre mim.

Droga.

Ele veio correndo em minha direção, quando o mesmo pula encima de mim eu desvio e passando a adaga em uma de sua patas. O mesmo capota e rola pela terra indo parar em alguns arbustos, mas rapidamente se levanta de novo, Kira atira uma flecha na direção dele acertando a sua coxa, ele a olha com irá e com pura raiva e arranca a flecha da coxa.

Ela da alguns passos para trás e acaba tropeçando na capa, Jacob corre para ajudar a irmã, o lobo se aproximava deles, não podia deixar ele machucar os meus amigos, o que faria seria extremamente idiota, porém eu faria de tudo para salvar os meus amigos.

— O seu desgraçado!— grito chamando a atenção dele, ouvi seu rosnado e senti meu corpo se arrepiar, porém agora não era hora de fraquejar.

O lobo me olha com o olhar sedento e rosna para mim, deixando seus dentes a mostra. Engoli em seco, nesse momento pego a minha adaga e me preparo para um possível combate corpo a corpo, minhas chances não são lá muito altas, mas creio que agora o jeito é ter que lutar com ele.

Até que então, ele veio pra cima de mim com tudo, tentei acertar a adaga nele, mas não obtive sucesso, senti o topo da minha cabeça sendo atingido pela sua pata, acabo perdendo o equilíbrio e caindo no chão.

Nunca pensei que fosse morrer desse jeito.

Ele estava encima de mim e me encarava, esse seria meu fim, ou pelo menos pensava até ouvir um uivo alto bem longe daqui, o lobo rapidamente se afasta de mim e vai andando até sumir entre os abrustos, que merda acabou de acontecer aqui?

Não conseguia me mexer, sentia o sangue descer pela minha testa e passar pelo meu rosto, meus olhos estavam começando a se fechar, até que escuto alguns barulhos de passos, mas não consigo ver quem é, tudo acabou ficando escuro.

      
                             Ake.

Olhava para o humano desmaiado no chão sem conseguir desviar o olhar, sentia algo estranho olhando para ele mas não sabia o que era. Me aproximo dele, chego minha cabeça de seu peitoral para tentar escutar seus batimentos cardíacos, estavam fracos, mas ele ainda estava vivo.

— Ake! — escuto a voz do meu irmão atrás de mim, Yuki estava na sua forma humanóide e vestido com as suas roupas. — O quê foi que aconteceu aqui? — pergunta assustado apontando para o rapaz desacordado no chão.

Seu olhar foi para os outros dois humanos que pareciam estar ainda perplexos, mas que no momento que saíram do transe correram para ajudar o amigo, um deles ficou entre mim e o humano e apontou uma flecha em minha direção.

A reação deles é totalmente normal, dado que não é todo dia que isso acontece com eles.

— Luta contra solitários — respondo não perdendo os humanos de vista. — Ele está bem fraco, mas acho que vai sobreviver — digo me transformando em minha forma humana e pegando o saco com as minhas roupas da mão do meu irmão e ficando atrás dele para me trocar.

— Meu Deus, ele.. Meu Deus  — Olho para a humana, seus olhos estavam arregalos.

Bom, mas não tenho tempo para explicar as coisas agora, pelo menos não por enquanto.

— Mas o que a gente vai fazer com eles? — perguntou passando pela humana de cabelos ruivos e indo até o rapaz de cabelos cacheados que estava com o rosto sujo de sangue, no chão havia uma adaga bem bonita.

Ele conseguiu ferir um solitário, devo dizer que me surpreendi com isso.

— Eu não sei — digo terminando de me vestir. — Mas não acho que podemos deixar eles aqui, os solitários podem voltar de novo — Estou decidido, o pego no colo no estilo noiva, seus cabelos eram cacheados.

— Aí, o..— interrompo o humano de cabelo ruivo que estava ao lado do garoto.

— Olha, é uma longa história — escutamos um uivo — , mas se quiser viver, melhor virem com a gente — digo.

— Acho melhor irmos com eles Jacob — Kira fala.

O tal Jacob me olha desconfiado por alguns segundos, mas então se levanta e fica ao lado da garota.

— Acho que podemos levar eles para a casa da vovó — meu irmão sugeri. — Sabe, é bem melhor do que levar ele lá pra aldeia e o papai e o tio Larik o verem — propôs.

No momento não estávamos em muitas condições para pensar, os solitários estavam perto e não seria nada inteligente levar um humanos para a alcatéia, acho que a idéia do meu irmão é a melhor no momento.

Saímos daquele local e começamos a andar por uma trilha que havia bem no meio da floresta, essa parte era bem perigosa com vários grupos de solitários por ai. Eles são lobos rebeldes, que foram expulsos de suas alcatéias, alguns deles se uniram e formaram grupos perigosos, matam e atacam tudo que vêem pelo seu caminho.

A casa da minha avó ficava dentro do território da nossa alcatéia, por mais que os solitários sejam assassinos impiedosos, eles sabem que se adentrarem o território de alguma alcatéia, eles podem se dar muito mal. Yuki olhava para os lados, para ver se não havia nenhum perigo por perto, enquanto levo o humano em meus braços, até parecia que ele estava dormindo.

Devo admitir, ele é lindo.

— Mas o que a gente vai falar para ela? — Yuki pergunta chamando a minha atenção. — Sabe, o pai não sabe que a gente da algumas escapadas as vezes, principalmente porque, parece que você não consegue controlar esse seu instinto aventureiro  — fala me fazendo rir.

— Fazer o que né, já não aguento mais ficar naquela alcatéia sem ter nada pra fazer  — resmungo e dou uma olhada para trás, os outros dois humanos estavam sussurando entre si.  — Então, o jeito e explorar novos ares, mas podemos falar que estávamos fazendo um ronda na região e por acaso vimos um grupo de humanos sendo atacados — Dou de ombros.

— Ok, mas só tem eles né? — indagou de novo, o irmão que gosta de questionar as coisas.

— Não sei — digo. — Mas não acho que viram mais, pelo menos não por agora — digo.

— Ainda bem, se não ia dar uma grande confusão — Solta suspiro de alívio.

— É, mas aposto que os outros vão procurar por ele, por isso ele tem que melhorar até amanhã — digo avistando a casa de nossa avó.

— Entendi — Yuki murmurou.

A casa de vovó era pequena, porém aconchegante, seu atrás da casa havia uma grande árvore, que já se encontrava sem folhas. Yuki passou por mim e andou em direção a porta, após bater nela minha avó a abriu, ela vestia uma camisola e estava descalça, seus cabelos grisalhos estavam todos bagunçados.

— Não precisam nem me explicar, já sei que fizeram bagunça — fala vendo o humano em meus braços.

Ela mandou a gente entrar e fechar a porta, pego um pedaço de pano velho e forrou em uma caminha que havia ali, minha avó era curandeira, o coloquei com cuidado na cama e fiquei o observando.

— Ake, preciso que pegue uma tigela e encha com um pouco de água sim — minha avó pediu. — Não precisam ter medo, não vou machucar vocês — diz olhando para os dois humanos a nossa frente.

Fui lá fora com uma tigela que peguei na mesa e andei até o pequeno poço que tinha no jardim de trás, puxei o balde para com com um pouco de água e joguei na tigela. Voltei para dentro rapidamente, coloquei a tigela perto da minha avó e Yuki trouxe um pano. Ela coloca o pano na água, e então o torce e logo em seguida o passa sobre o machucado dele, o humano solta um resmungo me fazendo ficar atento, mas logo depois ele para de se mexer.

— Ele vai ficar bem? — a garota ruiva pergunta.

— Vai sim, não se preocupe — minha avó responde.

Depois de limpar o ferimento, minha avó enrolou uma fita sobre a cabeça dele para fazer um curativo.

— Ele vai ficar bem — Meu corpo sente uma incrível sensação de alívio com a fala da minha avó. — Mas acho que ele precisa de roupas, acho que devo ter alguma por aqui — falou se levantando.

— Ake — Yuki me chamou. — Tudo bem? Você, ficava olhando para ele o tempo inteiro — falou me fazendo olha-lo.

— Claro que sim, eu estava preocupado, só isso — digo na maior tranquilidade do mundo, mas me sentia estranho perto desse humano, e olha que eu já me aproximei de vários e nem conheço ele.

— Sei — diz e vovó veio até nós com uma muda de roupa.

Ajudamos ela a limpa-lo e a trocar sua roupa.

— Bom — ela fala assim que cobriu ele com uma coberta. — Eu vou tentar inventar alguma história para o seu pai, explicando o motivo de vocês terem sumido de novo — fala me lançando um olhar nada agradável. — Já que um de vocês, não consegue controlar o extinto de explorador  — me acusa.

— Não é você que fala que temos que aproveitar a vida? — pergunto a fazendo me encarar.

— Sim, mas existe uma diferença entre aproveitar a vida e acabar ferrando ela! — fala. — Você sabe, que é perigoso lá fora, por conta dos solitários e dos caçadores seu energúmeno! — esbraveja.

— Desculpa — peço e ela suspira.

— Por favor, não faça mais isso, eles eram os únicos humanos né? — pergunta.

— Sim.

— Ok, eles foram atacados por quantos solitários? — ela perguntou.

— Dois, machuquei muito um deles e o outro o humano quase matou, mas acho que ele foi embora — falo.

— Pelo menos não te seguiram, menos mal — fala. — Vocês vão dormir aqui hoje,  vou ajeitar as camas de vocês — fala nos deixando a sós.

— Olha, não precisam se preocupar com a gente — Yuki fala olhando para os dois humanos. — Somos legais, sério, amanhã conversamos melhor, podemos ajudar vocês a voltar pra casa.

Só fiquei observando por um tempinho, bom, espero que essa confusão não acabe se espalhando ainda mais.

Continua...