Capítulo 10

       Havia um Supremo. O mais poderoso Alpha dentre todos os Alpha. O Alpha dos Alphas. O Supremo Alpha. Nada, dentro de toda uma raça, é mais feroz, dominante e poderoso. Ele vem de uma linhagem. É puro de seu clã ao ser um feroz lobo branco de olhos de gelo e, a longo de gerações o Supremo vem ao mundo e lidera com punhos de aço.

     Mas existe uma lenda.

     Havia outro…

     Pelagem negra como o abismo de um buraco negro e olhos vermelhos tão intensos quando o sangue de suas vítimas. Descente da própria lua, seu poder é o de um deus. O Supremo Alpha.

      Não pode haver dois Supremos no mundo. Mas nada tinha a íris de sangue. Nada, exceto aquela mulher. A lenda é real…

      Naquele vasto, extenso e populoso mundo, em algum lugar, poderia existir uma relíquia de poder. Uma lenda de seu povo que, se liberta, poderia liderar toda a raça rumo a glória destruirá tudo aquele em seu caminho ao, segundo a lenda, tomar aquilo que é seu por direito.

      A mente dos lobisomens confundem-se entre razão e instinto quando a mulher é levada ao Supremo Alpha. Ele imediatamente percebe o tratamento diferenciados de Aysha quando os lobos evitam tocar-lá. Ela por si própria anda em sua direção e o encara com seus olhos de sangue.

     Os lobos o olham curioso quando o homem aproxima-se dela. Aysha por sua vez não o encara. Ela está com medo. Sente o perigo. E por tal razão, ela pensa no lobo negro.

— Aline… — Ela ouve seu verdadeiro nome. O nome que seus pais biológicos deram a ela, antes de morrer.

— Não c-chame-me por esse nome. — Aysha surpreende-se consigo própria. O medo que sentia era tanto que tinha a impressão que não conseguiria abrir a boca para nada além buscar ar, já que seus pulmões não parecem estar tendo a quantidade nescessária de oxigênio.

      O homem, por outro lado, segura em seu queixo e encara seus olhos. A mulher a sua frente tinha os ameaçantes olhos vermelhos, mas os cabelos eram escuro. Não eram brancos como o seu, todavia, havia fios brancos, quase não vistos. Ela ainda está evoluindo.

      Todo ser de nobreza tem olhos e cabelos brancos. Todo Alpha, mulher ou homem tem os cabelos brancos. A cor branca simboliza pureza. A cor de nobreza e sangue puro que passou a ser usada por noivas na idade média simbolizando a virgindade de alguém intocada pronta para conceber filhos legítimos. O Supremo Alpha é o único com cabelos brancos e olhos azuis tão claro como o gelo. Mas a lenda diz de um poder superior. Um Alpha de geração diferente de todos os outros, pois sua pelagem não é branca e nem seus olhos são azuis.

      Dizem que o poder é tão gigantesco que afeta sua pelagem em uma cor única. Não apenas ele, mas sua companheira. Pode ser uma Ômega, mas transforma-se em Alpha apenas pelo simples motivo de compartilhar suas fraquezas pelo lobisomem. O único do mundo a ter a pelagem totalmente negra, sem um único fio branco. O único a ter os olhos vermelhos.

      O Supremo Alpha tem que ser cuidadoso. A lenda do lobo de olhos de sangue prevalece no seu povo, criando seguidores. O Supremo repara nos cabelos presos da mulher. A nuca está a mostra e os homens a encaram.

      Ele não pode simplesmente matá-la. A marca da lua é algo a não ser ignorando. É uma ligação única com a deusa de seu povo. Apenas dois seres no mundo pode ter a mesma marca. Um homem e uma mulher; companheiros. Predestinados pelo destino.

       O Alpha sente-se claramente ameaçado por ela. Aysha treme sobre seus dedos, amedrontada. Mas permanece firme perante sua dominância de forma como nenhuma outra mulher ficou. Ela simplesmente não é afetada. Isso aumenta a curiosidade dos lobos. Mesmo um humano, perderia a força das pernas e iria ajoelhar-se perante a tal autoridade.

       Mas ela estava lá, em pé. Tremendo de medo, mas não de submissão. O que irrita-o é que ela nem mesmo sabe a afronta que está fazendo e impressiona os lobos.

       Mostrando divertimento, o homem esboça a sombra de um sorriso. Aysha sente o impacto pesado em sua face. Incapaz de permanecer em pé, ela cai ao chão.

— Mostre respeito ao seu Supremo, vadia! — Aysha acaricia sua bochecha queimando com a bofetada. Ela não controla seus olhos marejando em lágrimas. Uma escapa de seus olhos e cai por sua bochecha.

       Aysha fecha os seus olhos para conter as demais. Ela sente raiva corroer seu ser. Ela lembra-se dos olhos vermelhos e sente a presença dele. Mas suas forças fogem de seu corpo e ela continua no chão. É melhor do que ficar em pé.

       Ele quer que ela fique no chão, por hora. O lobo influência nela de maneira única mesmo a distância. Ele está com ela, vive com ela. É uma ligação única e inquebrável. Tão poderosa que atravessou gerações.

       O Supremo estala os dedos. Os homens a pegam pelo braço e a arrastam para fora do lugar, levando-a até um quarto. Eles a jogam no chão, prendendo-a lá. E assim, Aysha permite-se chorar.

       No chão, da forma como ela foi largada, ela chora. Por minutos, talvez horas, ela derrama-se em lágrimas até adormecer. Quando ela acorda, tudo está escuro. Ela sente terra embaixo dela e levanta-se, limpando a roupa.

       Ela respira pesado, sentindo seus olhos molhados ainda. E assim, ela olha para a floresta. A lua iluminava, mas era escuro. Ela não conhecia aquele lugar. As árvores eram seca. Não havia vida. Não importa o quanto ela ande, não encontra a saia, exceto perigo.

     Todo seu corpo se acende em um instinto natural de sobrevivência. Ela corre para a escuridão das árvores secas e mortas, passando os troncos caídos e evitando os ganhos. Ela ouve um rugido e, com isso, olha para trás. Vê uma fera derrubando uma árvore. Aysha continua a correr, mais e mais sem sentir qualquer cansaço. A adrenalina está forte.

      Ela escorrega na lama, caindo e sujando-se. E só assim ela repara na enorme elevação rochosa. Apenas a noite permitia ela ver a fera negra, parada, em pé, ameaçadora e… esperando. Ele a encara atentamente sem desviar o olhar. Aysha ouve um rosnado atrás dela e ao virar-se, separa-se com o lobo branco. Maior do que ela, enorme. Olhos de gelo e agressivo. Todo seu corpo congela e instintivamente ela se afasta.

       Quanto mais ela afasta-se, mas agressivo ele parece ficar. Até que ele ruge perigosamente como se fosse iniciar um ataque. Aysha tropeça e cai. Ela sente uma única coisa macia atrás de si e olha para o lobo. Os olhos de sangue são, com certeza, mais feroz. Mas não demonstram agressivos para ela.

       Seus olhos buscam o lobo branco, mas nada vê. Ela arrepia-se e, com lágrimas encara o lobo negro em pé, firme, poderoso e autoritário. Os olhos de sangue a hipnotizam. Seu corpo fica indeciso entre tenso e calmo e parece haver borboleta em sua barriga.

— E-Estou com medo… — O lobo abaixa sua cabeça, aproximando-se da dela. O ar de suas narinas retira os fios soltos de seu cabelo sobre seu rosto. Em nenhum momento ele encosta nela. Apenas permite que mais lágrimas caiam, desmoronando em sua presença.

       A mulher acaricia a bochecha onde foi esbofeteada e limpa o rosto úmido. As íris vermelha do lobo tornam-se intensa e Aysha abre os olhos. O lobo continua lá, robusto, grande e intimidante como a fera que é. Ayaha é menor do que ele. Sua gigantesca pata é maior do que toda sua mão.

— O q-que eu sou? — Ela pergunta. Não é humana, mas também não é lobisomem. — O q-que eu faço?

      O lobo fixa seu olhar em Aysha. Ele frase seus olhos de sangue e mais uma vez Aysha se vê hipnotizada. Então ela vê… a floresta devastada. A trilha de fogo e, enfim… ele.

      Ayaha desperta de seu sono agitada, suada e ofegante como se tivesse tido um pesadelo. Ela sabe que não é apenas um sonho comum. Ele comunicou-se com ela.

      O Supremo irá matá-la cedo ou tarde. Ele quer sua cabeça e não medirá esforços para arrancá-la de seu corpo. Ayaha sente o perigo e, pela primeira vez, não sente-se segura em nenhum lugar do mundo. Ela não está segura naquele lugar e, se sair, o mundo a caçará, tanto humanos como qualquer outro ser sobrenatural.

        Só resta apenas um lugar para ir. E a grande fera está aguardando…

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top