Capítulo 02

     O sol estava forte. Diferentes de seu país, o calor é abundante na região ao ponto de fazer o homem suar sem nem mesmo sair do lugar. Mas tudo iria valer a pena para o loiro.

      Mas não tarda até Sr. Aclark aparecer trajando suas típicas roupas empoeiradas e sujas devido uma escavação, bem diferente do engravatado e elegante senhor que o esperava.

      O homem, embora não passasse de um subordinado, tinha algo importante a tratar com a equipe de arqueologia que atuava no local. Eles estudavam e escavavam antigas ruínas humanas. E o assunto tratava-se de um povo desconhecido vindo provavelmente da idade antiga.

     Segundo seus vestígios ainda existentes sobre a terra, foi encontrado um artefato que aparenta estar em perfeitas condições. É o que o único homem a trajar um terno naquele espaço quente estava atrás.

      É um importante achado que, por sua delicadeza não poderia ser simplesmente transportado. Não demora até o arqueólogo apresentar o artefato, surpreendendo o loiro com sua beleza única e a obra nela contida.

     Era um quadro de ouro.

     O quadro de uma linda mulher…

     O fóssil não estava completo, de gato. Apenas parte da espinha e da costela, juntamente com algumas partes do crânio foi montada. Segundo testes, foi confirmado que cada osso pertence a um animal de grande porte.

— Um herbívoro? — Aysha se remexe com as palavras de Yuri. Por alguma razão, os ossos tinham influência nela.

        É mais fácil encontrar fósseis de grandes herbívoros do que um grande predador já vivem em abundância. Aysha Yuri examinou a estrutura dos ossos. Mesmo a espinha não estando completa, assim como a costela, o animal é grande. Deve ser intimidador. Mas sem o restante dos ossos adequados para a construção da perna e braços, não pode-se saber se é rápido. E sem a mandíbula e os dentes, não há como saber com precisão se é herbívoro ou carnívoro.

— Acho que é carnívoro. — Comenta analisando o osso pelo computador. Odiava ter que olhar para aquele esqueleto.

      É como ser uma criança que tem medo de entrar no laboratório, pois lá tem um esqueleto assustador do corpo humano que você acredita que ganhará vida e sairá andando atrás de você. Aysha arrepia-se ao imaginar essa criatura andando atrás de si.

      Ela fecha os olhos e respira fundo.

  O que está morto não pode morrer…

       Quando os abre tem a mesma impressão do dia anterior. Olhos vermelhos. Dessa vez, refletidos na tela de onde seriam os olhos do crânio do animal. Um rosto embaçado de um homem encarando-a. Seu coração acelera com o reflexo vindo atrás de si e, rapidamente Aysha se vira para o homem atrás de si.

       Não havia nada. Apenas o ossos a alguns metros sendo estudo. Nada.

       É como se estivesse algo atrás dela.

— Talvez eu esteja ficando louca…

— Disse algo, Aysha? — Yuri pergunta, trazendo a realidade. Aysha se recompõe.

— Não. — Ela se toca do que falou. — Digo, sim. Está tudo bem.

— Ficou sonhando acordada de novo? — Ele zomba.

      Não seria a primeira vez que Aysha mal dorme pelo trabalho. E em todas as vezes, sempre ansiosa e, às vezes sonhando acordada. Ela tinha uma mente fértil e distraia toda a equipe com histórias envolvendo os fósseis. A última foi se o fóssil ganhasse vida para que pudéssemos estudar o animal.

      Mas por alguma razão, ela não queria ver esse animal vivo.

— Possivelmente! — Ela disfarça com seu sorriso encantador.

      Aysha é uma mulher linda. Uma princesa. Beleza de miss. Seus cabelos são castanhos, mas teve ao redor das orelhas e dá nunca pintados de um vermelho que é escondido pelos fios naturais, mas dão charme a cada movimento de seu cabelo. Seus olhos são claros. Um dourado claro, levemente incomum.

      Já Yuri é um homem também formado. Robusto, com um charmoso óculos negros e bastante estudioso. Cabelos escuros e seu amigo de piadas que acolhe-a com um abraço. Talvez seja isso que Aysha precise. Um abraço acolhedor.

— Deveria tentar dormir. Teve um desmaio ontem. — Era verdade. Ao identificar o crânio, Aysha cambaleou para trás tendo um desmaio. Foi rápido. Só um mal estar.

— Devo estar muito ansiosa. — Mente. Ela não entende o que acontece com sigo mesma. Esse fóssil parece ter uma energia estranha que mexe com ela. Algo que faz seu corpo inteiro se arrepiar.

      Ela respira fundo, abraçando mais apertado seu amigo. Mas logo um sentimento de perigo póvoa seu corpo. É como adrenalina sendo dissipada. Um desconforto que não a permite ficar calma abraçando o homem e tudo piora ao pensar no crânio.

      Ela, sem opções, afasta-se inquieta.

— Acho que ingerir muita cafeína. — Ela esconde sua mão tremendo.

— Se você não estiver em condições de continuar o trabalho, simplesmente não irá continuar. — Alertou. É contra o prolocoloco.

— Estou bem! — Ela se manifesta. Não pode parar seu trabalho. É sua vida. E há um mistério em volta desses ossos que a assusta, mas também a atraí.

      Ela sente perigo se aproximando. Os ossos são perigosos. Aqueles olhos vermelhos vem em sua mente e ela desvia o olhar para a tela. Ela massageia sua testa, pensativa e frustrada sem deixar de encarar a imagem do crânio escaneado.

       Ossos. Isso são só ossos! Não tem nada de mais. São restos de um animal que nem existe mais. Está extinto! Aysha tenta se converter disso ao encarar o crânio.

        Mas a tela muda no modo automático, mostrando a ela a lateral do crânio. Sua imaginação faz o resto, criando a ilusão do osso se movendo e algo grande, negro rugindo. Aysha assustada, um leve grito sai de sua boca enquanto empurra sua cadeira para longe. Yuri que estava apoiado, se desequilibra e vai ao chão, praguejando.

— O que foi, mulher?! — Massageia seu próprio ombro e se recompõe. Aysha o encarou assustada.

— O que aconteceu? — Dimitri juntos com alguns outros homens se aproximam.

      Aysha direciona seu olhar para o computador vendo novamente a tela mudar, mostrando uma nova posição do crânio. A mulher estava tensa e completamente sem resposta.

— Essa doida tava tão concentrada que se assustou com uma barata! — Yuri diz atraindo sua atenção. Aysha não viu nenhuma barata, mas entra no jogo.

— Tenho pavor desse bicho. É um dos seres que não suporto. — Ela não mentiu. Se tem fósseis que odiou estudar foi o de baratas. Bichos nojentos que nunca foram extintos, independente da era e de sua catástrofe. — Peço desculpas por isso.

— Brasileiras… — Ivanildo suspira, novamente revirando os olhos. Aysha o encara.

— Tudo bem. — Dimitri, seu chefe aproxima-se colocando a mão em seus ombros e encarando o fundo de seus olhos. — Já passou.

       Aysha fica um tanto constrangida. Dimitri é seu superior e, apesar de ser uma mulher que odeia ficar reparando nos outros e, por isso dificilmente nota algo, com a convivência não deixou de reparar em atitudes estranhas do homem com ela. Sempre atencioso, mais calmo, protetor. Várias vezes notava raiva em seus olhos sempre que abraçava Yuri um interagia demais com outros homens. Geralmente a mulher prefere ignorar, mas às vezes simplesmente não consegue.

— Descobriu algo? — O homem volta a ser profissional, trazendo alívio para a moça. Não querendo dar vexame, por impulso, ela diz:

— Acho que é carnívoro.

      Dimitri serra sua sobrancelha, estranhando.

— Em que se baseia nisso? — Há muito mais chances do fóssil ser de um herbívoro do que um carnívoro. Até mesmo um onívoro seria mais adequado.

— Talvez seja intuição. Mas tenho a impressão de que estamos lidando com um predador. — Ao menos ela tem. Seu corpo reage ao ambiente e, principalmente ao fóssil como uma presa reage em território de predadores.

— Pelo tamanho… — Dimitri fica pensativo e Aysha tenta parecer profissional. O homem dificilmente a ignorava, não importa o quão patética seja algo que saia de sua linda boca. — Pela espinha, podemos ver que é resistente e flexível. É familiar. Se for um predador, deve ser um dominante da região

     Predadores dominante são aqueles que estão no topo da cadeia alimentar de um ecossistema. Muitos os chamam de rei, pois são os mais perigosos de uma região. Um leão na savana, tigres e lobos na montanha, um Dente-de-Sabre, um gigantesca cobra Titanoboa nos antigos pântanos ou, até mesmo, um lendário Tiranossauro Rex são exemplos de predadores dominante. Se esse achado for de um predador mortal e feroz, poderá render até milhões em pesquisas.

— Precisaremos de mais evidências. Não coloco fé que seja um carnívoro, ainda mais dessa classificação. — Comenta Ivanildo.

      Com o pouco tempo ali, o túnel foi lacrado com a possibilidade de mais artefatos estarem escavados sobre o chão. Não seria apropriado prejudicá-los levando em conta que a grande chance do animal ainda não ter sido catalogado. Seria necessário uma escavação apropriada para ter mais acesso e uma pequena equipe já estava trabalhando.

      Apenas o tempo revelaria o tipo de animal que estão lidando.

— Já é de noite. Por que não descansa um pouco? — Dimitri sugere. — Talvez amanhã tenhamos novidade. Sabe como escavações são.

— Paciência não é meu forte. — Aysha sorri mas por fim respira fundo e afirma. — É… Acho que preciso descansar um pouquinho.

— Bem pouquinho, hein? — Aysha mostra a língua para Yuri e em seguida o puxa para um abraço.

— Obrigada… — Ela agradece pela mentira da barata.

— Está me devendo uma. — Eles se afastam. — E eu vou cobrar!

       Aysha sorri e se afasta do homem indo até às tendas armadas e conferido o horário no relógio. Já passou da meia noite.

— Cobrar o quê? — Dimitri não esconde a curiosidade.

— Uma aposta. — Responde voltando ao trabalho.

      Talvez a sensação que aquele lugar traga seja imaginação de uma pessoa que força seu corpo a ficar acordado com remédios e cafeína como Aysha. Talvez seja sua mente obcecada. Talvez um bom par de horas de sono ajude-a a esclarecer sua mente e voltar ao trabalho tão determinado quanto antes.

       Grande engano.

        Havia mais naqueles ossos do que os restos de um ser extinto. Não é um animal. São os restos mortais de uma criatura perigosa que guarda uma história pertencente a maior guerra que o mundo já viu. E tal criatura mexe com a mente de Aysha.

        Algo passou a ficar com ela no momento em que olhou aquele crânio e não a deixaria em paz nem em seus sonhos. É um predador. Um temido predador diferente de qualquer outro que ela tenha ouvido falar.

       O predador natural dos seres humanos, vindo ao mundo na forma de uma gigantesca fera que a perseguia em seus pesadelos. Ela sonhava com uma floresta. É selvagem e sem qualquer vestígio de humanidade. E Aysha é a presa deles.

  Deles

      Não um, mas um grupo. Eles caçam em bando. Corriam atrás dela. Queria ela e, não importava para onde vá, eles são mais rápidos. Eles são caçadores.

       Um rugido ressoa em seu ouvido quando algo avança contra ela. Foi tão real que os olhos da mulher se abrem e ela acorda ofegante e suada.

       Sua tenta é invadida por Ivanildo.

— Aysha vem! Encontramos mais ossos! — Foi um rápido chamado que fez a mulher esquecer completamente o pesadelo em que estava.

       Ela olha no relógio vendo que passava do meio dia. Ela se assusta com o horário e pula do conforto, agasalhado-se e só dando uma ajeitada no cabelo com suas mãos enquanto saía apressada pulando como Saci colocando suas botas e correndo em direção a mesa onde uma nova coleção de ossos recém escavados estava.

      Era mais conteúdos. Aysha podia identificar o fêmur, juntamente com os braços. Todos pertencentes do mesmo animal, sem dúvidas. Um animal gigantesco que fascinou seus olhos quando Dimitri afirmou:

— É um predador! — Ele estudava a mandíbula. Finalmente a mandíbula.

       Aysha arrepende-se de olhá-lo.

       Estão fólicilizados, mas os dentes são tão afiados e grandes que ela pode facilmente imaginar o estrago que eles fariam em alguém. Ela podia ver o reflexo de um predador humano. Algo com as armas perfeitas para matar sua espécie e sua mente trava ao encarar aquela mandíbula.

      Todos fascinados. Todos entusiasmados. Mas ela estava assustada.

       Aqueles dentes fazia parte daquele crânio. É um predador perigoso e dominante. Aysha pode facilmente ver aquelas mandíbulas vindo em seu pescoço num ataque fatal que a consumirá no escuro de sua garganta.

      Ela recua dois passos ao ouvir um feroz rosnando. Ela olha para o que seria a pata do animal. As garras poderosas e grandes arranhando a madeira da mesa através do saco preto que se encontra. Aysha fecha os olhos com sua mente adoidada.

  O que está morto não pode morrer!

      Olhos vermelhos. Ela vê…

      Escuridão. Algo negro. Rosnados ameaçadores ecoado através das trevas daquele lugar. E então, bem diante dela, surge. Algo negro, clareado por enormes e sanguinários olhos vermelhos.

      Aysha abre os olhos, assustada. Ela afirma em alto e bom som, tendo sua voz ecoada por todo ambiente:

— É um lobo! — Era o fóssil de um lobo.

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