O Substituto e o Coração de Vidro

A primeira coisa que Stiles viu ao abrir os olhos foram as cobertas bagunçadas na cama na qual ele estava sozinho. Ele sorriu amargo. Oque poderia esperar? Acordar e ter uma manhã romântica com Derek Hale? Talvez em outra vida. Nessa vida Stiles acabará de usar Derek como o substituto de quem ele realmente queria e o barbado sabia disso. Não existia nada de romântico no que fizeram. Foi apenas sexo animal, selvagem e quente que o deixou dolorido da melhor forma. Descobriu músculos que nem sabia que tinha.

Quando finalmente tomou coragem para enfrentar o corpo dolorido e se sentar Stiles se deparou com o fato de que não só na cama, mas o apartamento também estava vazio. Ele estava ali sozinho. O adolescente descobriu ser verdade outro fato sobre o sexo, que é que, você pode, realmente, se sentir muito vulnerável após o ato.

O garoto se pegou numa vontade doida de chorar, ele engoliu isso e riu. Vestiu de forma desajeitada a calça no chão e pegou o celular, gemeu em resposta a tela acessa que lhe mostrava as chamadas não atendidas de seu pai e Scott, uma mensagem de Derek avisando que saiu que o fez bufar e varias outras de Lydia que, com toda a certeza, eram mensagens de bêbada.

Saber ele sabia que precisava ligar para o pai. Provavelmente ficaria de castigo por um mês se não arrumasse uma boa mentira, quer dizer, uma boa desculpa. Apesar disso, ele só encara o celular, se sentindo exaurido e incapaz de fazer isso naquele momento. Suspirou e puxou a blusa e um "ahn" escapou de seus lábios se lembrando que a blusa agora mais se parecia com alguns trapos do que realmente uma blusa. Derek teria que perdoa-lo por roubar uma blusa dele.

Um último olhar pelo loft vazio e silencioso o fez se questionar se oque fez foi um erro. Não queria que fosse, mas era como se parecia. Ele escapou do lugar rapidamente. As chaves do jipe na mão e pegou o caminha mais longo para casa. O celular começou a tocar no banco e o garoto passou a mão pelo mesmo até acha-lo. Respirou fundo e se preparou para os gritos do pai.

─Oi pai. Desculpa não ter atendido o telefone ontem, não colocou a cavalaria atrás de mim, não é? ─ tentativa de humor, rá!

─Stiles onde você estava?

─Acabei exagerando na festa da Lydia, foi mal. Em minha defesa ela não me deixou dirigir bêbado, oque é bom. ─ por favor, por favor, que ele não tenha ido me procurar na Lydia.

─Só vem logo pra casa.

─Indo. ─ Deus, Deus, Deus, obrigado senhor.

Chegar na casa vazia foi quase uma benção, não estava disposto a enfrentar o pai, estava mais disposto a chorar no chuveiro, comer algo e talvez chorar mais em seu quarto só por chorar mesmo, afinal chorar um pouquinho não faria mal.

Ele seguiu o plano simples até ser interrompido por outro ligação, de seu melhor amigo, sua paixão secreta.

─Fala.

─Stiles, onde diabos você tava? Aconteceu algo e eu tava louco pra te contar e você simplesmente sumiu. ─ que seja um novo ser sobrenatural tentando acabar com nossas vidas, por favor. ─Tenta adivinhar oque é. ─ seu melhor amigo tinha uma voz animada que a cada palavra dita fazia com que seu estado piorasse, poderia muito bem adivinhar oque era a coisa que aconteceu, mas não queria dizer aquilo em voz alta.

─Não faço a mínima ideia. ─ mentiu.

─Isaac e eu...─ viu eu sabia ─ ...transamos noite passada. ─ Stiles encarou o sanduíche que tinha feito, agora pela metade e perdeu a fome.

Seu primeiro amor se apaixonou por uma pessoa que não era ele. Piscou a ardência nos olhos sabendo que as lagrimas estavam por vir e se lembrou da noite, a um ano atrás, quando estavam juntos e se apaixonou após uma vida inteira sendo amigos que de forma espontânea acabaram se beijando numa coisa de momento e depois fizeram até mais.

─Eu sabia! Até que demorou. ─ comentou sarcástico, sua única defesa.

─Não sabia nada.

─Scott, pelo amor de Deus você levou ele pra morar na sua casa.

─Ele não tinha para onde ir. ─ se defendeu.

─Derek poderia super ter feito alguma coisa, afinal foi ele que mordeu o Isaac. ─ pontuou.

─Tá, tá, mas ele quis minha ajuda.

─Você dá mais que ajuda pra ele. ─ Stiles falou num tom sujo e quando o amigo começou a gaguejar a resposta ele riu e inventou uma desculpa para desligar. A frase que disse havia sido dita de forma mais áspera do que realmente queria ter dito e Scott não precisava de toda a sua merda agora. Precisava ficar só, desabar e então colocar as coisas de volta no lugar.

A subida pelas escadas até seu quarto parecem ser um sacrifico. Se sentia cansado mais que isso, se sentia doente. As pessoas costumam falar que tem que se persistir, lutar, que no final tudo vale a pena. Não é real. Desistir também é uma opção e nem sempre é uma ruim. Parar para descansar de toda a merda e cuidar um pouquinho de si mesmo fazia bem. Nunca havia tentado até então, mas talvez fosse a hora, porquê do jeito que estava não seria nem forte o suficiente para ser sua própria âncora.

Sua cama parecia convidativa quando entrou no quarto, estava destrancado, mas com a sua cabeça não duvidava de tê-lo deixado assim quando saiu correndo para a festa de aniversario da amiga na noite passada.

Queria deitar e apagar, ao invés, sentou na cama, passou as mãos pelo rosto e seus olhos ardiam. Seu corpo pesado e tenso. Havia o amado primeiro e não era com si que ele estava essa noite. Lágrimas.

Escondeu-se nos cobertores, mais pensamento depreciativos tomando conta a medida que o choro aumentava e seu corpo convulsionava. Doía tanto. Não queria pensar em nada daquilo, mas a cada vez mais sua mente o traia de forma traiçoeira. Chorou até que a tarde lá fora se tornasse noite e as lágrimas antes abundantes se reduzirem a fungados e então o cansaço o pegou e o levou para longe.

As sombras o cercavam e o silêncio superestimado fazia com que se encolhesse, desconfortável. O cenário se transformou rapidamente de preto ao branco, até um lugar que não conhecia. Se sentia solitário e frio, ali ele só sabia que ninguém o alcançaria e medo tocou sua espinha.

─Stiles. ─ a voz chamou seu nome. ─Stiles. ─ conheceu essa voz, não era o tipo que se esquecia de qualquer coisa facilmente, principalmente coisas que pareciam inúteis.

─Theo...? ─ queria ter gritado o nome alto, mas saiu num sussurro. Buscou envolta e não encontrou o dono da voz.

─Stiles foi uma pena Derek ter chegado. ─ hálito quente tocou sua orelha quando a frase foi dita mais perto do que se sentia confortável o choque atravessou como um raio e tentou se afastar. Em vão, punhos de ferro o mantiveram no lugar.

─Seu desgraçado..! ─ Derek tinha razão. Theo era perigoso. Não sabia  como chegou ali, mas precisava pensar em alguma porquê ninguém viria em seu resgate. Estava sozinho, por si mesmo. A realização do fato o assustou como o inferno.

Theo tinha um sorriso nos lábios que não alcançava seus olhos gélidos enquanto seu aperto no braço de Stiles continuava firme. A mente do adolescente começou a fervilhar e ele estava a ponto de despejar murmúrios irracionais quando algo piscou no fundo.

Seus olhos descoram de Theo, procurando o brilho amarelo. Nada, nada, nada. Piscou. Lá estava de novo. O que um vaga-lume ta fazendo aqui? Outro piscou e então outro e de repente todo o lugar estava cheio deles. Isso é um... sonho? O aperto em seu braço se intensificou e grunhiu de dor, choramingou e olhou para Theo. Seu sorriso falso havia se desfeito. Isso não é importante agora Stiles.

─Não foi culpa sua Stiles. ─ ele se aproximou. Perto o suficiente para beijar. Stiles pensava se doeria mais nele ou em quem estava a sua frente se lhe desse uma cabeçada agora. Tentou se afastar, novamente e mal se moveu. ─Que tal voltarmos de onde fomos interrompidos na noite passada?

─Não! ─ fechou os olhos com força e começou a lutar contra seu domínio até que estivesse ser ar e seus olhos voltassem a se abrir. Escuro. Foi a primeira coisa que percebeu. Então um alerta tocou em sua cabeça, levantou todo atrapalhando procurando envolta a percepção de que estava, de fato, em seu quarto e sem companhias indesejáveis. Respirava de forma ofegante e as roupas encharcadas de suor. ─Que diabos. ─ passou as mãos no cabelo úmido, ainda inquieto, procurando pelo lugar, apenas para ter certeza. Nenhuma cuidado era o suficiente. Ele procurou até não ter mais por onde procurar e isto foi por toda a casa e ainda não satisfeito, ele desistiu. Aquilo não parecia nada normal para si. O instinto gritando pelo contrário, ele queria acreditar ser um sonho ruim. Um sonho ruim que parecia real demais.

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