CAPÍTULO SETE
Uberlândia, 28 de Novembro de 2009
– Não acredito que vamos ficar tanto tempo sem nos vermos – disse Johnatan com pesar.
Katty e Johnatan estavam fazendo piquenique no Praia Clube Uberlândia. O dia estava perfeito.
No entanto, faltavam poucos dias para as aulas terminarem. Katty iria para Canarana e só voltariam quando as aulas recomeçassem.
Seria a primeira vez que ficariam tanto tempo sem se ver. Durante as semanas de prova, eles se afastavam para estudarem, mas de vez em quando davam um jeito para curtirem um tempo juntos.
– Nem eu – desabafou. – Eu gostaria que você fosse
– Eu gostaria de ir, mas eu não posso. Você sabe.
Johnatan e Fábio iriam montar o consultório para que assim que o diploma deles saísse já começassem a trabalhar.
– É uma pena – Katty murmurou.
Essa era a primeira vez que Katty titubeava em voltar para casa. Como alguém podia se tornar tão importante em tão pouco tempo?
– Você podia me dar algo para que toda vez que eu pensasse em você eu possa tocar e ter certeza de que você não é um sonho.
Katty sorriu emocionada.
– O que você quer?
Ele olhou-a dos pés a cabeça cuidadosamente.
– Hmm. Pode ser seu anel. Se não for de estimação – acrescentou. – É porque é a única coisa que você pode tirar sem me matar do coração – disse com malícia.
Katty corou, mas tirou o anel e entregou-lhe.
– E o que você vai me dar?
– Não posso tirar nada agora…
– Johnatan!
– Mas prometo que você vai ficar impressionada.
– Você é um bobo.
– Você que tem a mente poluída – Johnatan riu. – Eu adoro quando você fica corada.
Ela o ignorou.
– Acho melhor irmos embora.
– Fica brava não, amor. Esse é nosso último fim de semana juntos.
– Você não presta, hein?
Ele riu.
– Que calúnia, Katty.
Ela sorriu.
– Olha só quem eu encontrei.
Johnatan e Katty ergueram a cabeça.
– Juliana – Katty sorriu. – Sente-se conosco. Não vou oferecer algo para comer porque o Johnatan comeu tudo – brincou.
– Não, obrigada. Eu… estou esperando alguém.
– Que legal.
– De qualquer jeito não queria estragar o encontro romântico de vocês – sorriu.
– Que isso, Juliana. Você sempre é bem-vinda. Mesmo para estragar nossos encontros românticos – Johnatan acrescentou em tom de pilhéria.
Juliana sorriu.
– Eu tenho mesmo que ir. Tchau.
– Tchau.
– Eu fico tão contente por você gostar de meus amigos – comentou Johnatan vendo a amiga se afastar.
– Desculpe, mas você está errado – Johnatan arregalou os olhos. – Eles são nossos amigos.
– Já disse que você é a melhor coisa que aconteceu em minha vida?
Tempos depois
– O que está acontecendo, Katty? perguntou Tarcísio, um senhor que sempre ficava na oficina do pai dela.
– Como assim? perguntou surpresa.
– Você parece triste – ele comentou depois de tomar um longo gole de chimarrão.
– Não. É impressão sua – disfarçou.
Katty estava melancólica. Sentiu muita falta de Johnatan. Era como se tivesse deixado uma parte de si para trás.
Suspirou. Como seria bom se ele estivesse ali! Poderiam comemorar o aniversário de quatro meses. Katty fechou os olhos. E se ele estivesse esquecido-a? E se ele estivesse com outra? Talvez com Cassandra?
Katty balançou a cabeça para espantar tais pensamentos, mas não consegui afastar o vazio que sentia.
Seria maravilhoso revê-lo, pensou. Inconscientemente, olhou para a entrada do galpão e piscou. A saudade era tanta que começava a ter visões?
– Oi, meu amor.
– Johnatan!
– Sim, sou eu.
– Você não é um sonho?
– Se for não quero que você acorde.
Katty sorriu e correu para os braços abertos. Sim era ele! Katty estava tão feliz que sentiu os olhos marejarem. Johnatan beijou-a com ardor.
– Eu estava com tanta saudade! murmuram em uníssono.
Eles sorriram e Johnatan depositou beijos por todo o rosto dela.
– O que você está fazendo aqui?
– Eu não agüentava ficar nem um dia mais longe de você.
Katty sorriu.
– Eu também não – sussurrou.
– Além disso, sabe que dia é hoje?
– Sim.
– Eu não podia deixar você passá-lo sozinha – sorriu.
– Eu amo você.
As palavras saíram sem Katty saber de onde surgiram, mas não duvidou da verdade contida nelas.
Johnatan sorriu.
– Duvido que possa me amar mais do que eu amo você.
Katty sorriu emocionada e o beijou.
– Eu… venha… Quero lhe apresentar você para os meus pais.
Só quando atravessaram o portão que Katty lembrou que os pais não estavam.
– Estou tão feliz que esqueci que não tem ninguém em casa – desculpou-se.
– Quem foi a mulher que me atendeu?
– É a Marli. Ela trabalha aqui em casa.
– Ah! Não há problema – ele beijou-a novamente. – Eu estava com tanta saudade – sussurrou.
Katty abraçou-o. Estava tão feliz!
– Pensei em você todos os dias.
– Eu também.
– E o consultório?
– Está quase pronto.
– E seus pais, seu irmão?
– Estão todos bem e morrendo de saudade de você. E a “galera” também.
Falar sobre os novos amigos fez com que Katty se lembrasse das amigas. Tinha que avisá-las.
– Entre. Vou telefonar para minhas amigas para que elas venham conhecê-lo.
– A Marli não vai achar ruim a gente entrar enquanto ela está limpando?
– Claro que não!
Johnatan sorriu.
– Suas amigas do Ensino Médio?
– Sim – respondeu discando. – Mas a Layane não veio – disse melancólica. – Para ela fica difícil porque são três. Como já lhe disse, ela, a mãe dela e a irmã são muito unidas. Gostaria de revê-la.
– Onde ela mora?
– Em uma cidade do interior perto de Goiânia – ela sinalizou que atenderam. – Gostaria de falar com a Isla, por favor. – Ela esperou um pouco: – Oi, Isla.
– Oi, Katty.
– Estou ligando para chamar você para vir aqui em casa. O Johnatan está aqui.
– Seu namorado?
– Sim!
– Vou dar um jeitinho.
– Até mais então.
– Até.
Katty tentou ligar para Stefany, mas não deu certo.
– Não tem problema – disse Johnatan. – Amanhã a gente vai na casa dela.
Katty sorriu.
– Que dia você vai embora?
– Na verdade, eu vim buscá-la.
– Como assim?
– Sei que suas aulas começam segunda-feira. Então vou com você.
– Sério?
– Sim.
Aquilo era maravilhoso. Katty só iria no domingo o que significava que ele ficaria ali por quatro dias!
– Isso é fantástico!
– Obrigada por me trazer para jantar.
– Não sei porque você está me agradecendo. Você não vai me deixar pagar.
– Não, mesmo – Johnatan falou sorrindo. – Vou ao banheiro.
Katty contornou os relevos da toalha sobre a mesa. A noite estava perfeita. Sentia tanta saudade de Johnatan. Era tão bom ele estar ali!
Ela amava aquele cara. Só podia ser amor aquele sentimento que inundava seu coração com força avassaladora; que a deixava cativa e livre ao mesmo tempo.
Agora que ele saíra da faculdade as coisas seriam tão diferentes. E se ele desistisse dela?
Johnatan limpou a garganta para anunciar que voltara. Katty ergueu a cabeça e surpreendeu-se ao vê-lo segurando um buquê de rosas.
– Johnatan!
– Para você – sorriu.
– Obrigada. São cor-de-rosa – adimirou-se.
– Gostou?
– Muito.
– Não vai olhar o cartão? perguntou ansioso.
– Claro – ela pegou o cartãozinho – Amo você. – sorriu. Ia guardá-lo quando notou que havia algo mais. – Que isso? murmurou. – Você está me dando um anel?
– Se você reparar bem, não é um anel qualquer – o coração de Katty disparou. – Quer casar comigo?
Katty foi pega pela surpresa. Não sabia o que responder. Se via casada com ele? Sim. Seria capaz de fazê-lo feliz? Imaginava que sim. Queria acordar todos os dias ao lado dele? Sim. Amava-o? Sim. Queria casar com ele?
– Sim.
Ele sorriu.
– Tem certeza?
– Sim.
Ele pegou o anel que estava na mão dela e guardou-a numa caixinha de veludo e pediu a conta.
– Mas o que…?
Ele apenas sorriu. Katty não estava entendendo nada. Será que ele desistira da ideia?
Ele não teria comprado-lhe um anel se não tivesse certeza do que queria. Pensar aquilo lhe fez lembrar do último aniversário de namoro que passaram juntos quando ele lhe pedira seu anel.
– Você já tinha planejado isso em novembro?
Ele sorriu.
– Eu sabia que você ia acabar interligando uma coisa com a outra.
– Isso quer dizer sim?
– Sim. Não ache ruim… Eu tinha que montar o consultório, mas Fábio entenderia. Só que eu queria fazer uma surpresa. Além disso – disse inseguro – com essa distância você podia ter certeza sobre seus snetimentos.
– Como assim?
– Desde a primeira vez que a vi, eu fiquei fascinado por você. E a cada dia esse interesse crescia. Não sei quando comecei a amar você. Provavelmente desde o primeiro olhar. O que estou tentando dizer é que eu a amo demais. Mais do que as palavras possam dizer. Eu não quero vê-la infeliz e como eu não tinha certeza sobre seus sentimentos em relação a mim eu queria ver o que aconteceria porque a distância só separa quando o sentimento não é verdadeiro.
Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto de Katty.
– Eu amo você, Johnatan. Não sei como, quando ou porque. Só sei que quando estou com você sou a pessoa mais feliz do mundo.
Johnatan enxugou as lágrimas dela carinhosamente e beijou-a apaixonadamente. Haviam percorrido o curto trajeto entre o restaurante e a casa dela e não tinham nem percebido.
– Chegamos na sua casa – disse Johnatan quando interrompeu o beijo.
– É mesmo – sussurrou.
Quando entraram, Johantan disse aos pais dela que tinha um pedido a fazer.
– Fique à vontade – disse Carlos.
– Eu quero que o senhor me conceda a mão da sua filha em casamento.
Carlos e Luisa ficaram surpresos e Katty não podia culpá-los. Ela mesma não esperara por aquilo.
– Você está grávida, Katty?
– Não – Katty respondeu ultrajada.
– Eu respeito a Katty, sr. Marafon – Johnatan disse com seriedade. – E eu a amo. E quero vê-la feliz e bem sucedida. Assim como meu irmão, eu quero que ela continue os estudos.
– Desculpe?
– David mudou para a cidade da esposa para que ela terminasse a faculdade – esclareceu Katty.
– E então?
– Você não acha que é muito rápido não? Tem poucos dias que vocês estão namorando.
– Na verdade hoje está fazendo quatro meses. Talvez seja um pouco cedo – cedeu relutante. – Mas esses dias que ela ficou aqui me deixaram doente de saudade.
– Você não parece doente.
– Pai!
– Querida, você está muito nova para se casar.
– Seu pai tem razão Katty. Você tem…
– Mãe, pai. Eu amo o Johnatan e eu quero me casar com ele. Isso não quer dizer que vai ser no mês que vem. Nós ainda não pensamos nisso.
– É o que você realmente quer? - Carlos perguntou com cara de quem queria não como resposta.
– Sim.
– O que seus pais acham? Luísa perguntou para Johnatan.
– Eles acharam ótimo. Meus pais amam a Katty.
– É tão difícil assim aceitar?
– Katty, você está apaixonada. Não enxerga as coisas com clareza. Nós precisamos fazer isso.
– Eu entendo sua mãe, Katty. Mas gostaria que soubessem que eu propus casamento a Katty para valer. Não é pensando “se não der certo a gente separa”. Eu sempre quis um casamento como o dos meus pais. Eles nunca se separaram, mas também não fico na ilusão de que nunca brigaram. Todo relacionamento tem atrito. Imagina só se a na primeira vez que a senhora e a Katty brigassem você pedisse uma anulação de maternidade?
Katty sorriu pensando no absurdo da ideia.
– Eu sempre desejei um casamento para a vida toda – Johnatan continuou. – E com a Katty que eu quero dividir minhas alegrias e tristezas, minhas dúvidas e certezas, meus sucessos e fracassos… Juntos, sei que vamos construir uma vida baseada em amor, companheirismo, sinceridade e assim superaremos os atritos, desentendimentos que possam surgir.
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