Want U

Você já teve um pressentimento ao acordar que o dia seria muito bom? Que todas as coisas dariam certo? Bem, foi exatamente assim que JaeBeom sentiu-se ao acordar naquela manhã. Para começar, por algum milagre ele não estava atrasado e bem, isso era mesmo raro ― não que ele se orgulhasse disso ―, já que ele sempre colocava o alarme no soneca, mas quando cochilava acabava perdendo o horário. Mas não no dia de hoje, ele diria isso com orgulho! Não neste dia, pois ele estava tão ansioso que antes mesmo do alarme tocar ele já estava meio acordado, naquele sono bem levinho que qualquer coisa nos faz pular da cama, e ele pulou!

Basicamente, Nora não estava muito feliz com isso. A gata de estimação havia passado o último mês com os seus pais desde a mudança para a capital, bem como os outros quatro gatos que Lim cuidava, mas ela havia retornado sozinha há três dias e estava se habituando ao novo lar. Ela era extremamente apegada ao dono e fora especialmente por isso que JaeBeom antecipou a mudança de sua gatinha mais velha, os outros viriam gradativamente, conforme ele também estivesse estabelecido ali. Mas retornando ao ponto em questão, a gata estava muito bem aconchegada em seu dono e, normalmente ele era apenas seu, fazendo manha pra levantar, acariciando atrás de suas orelhas, lhe desejando um bom dia, de forma alguma pulando da cama cheio de excitação.

Era sábado, finalmente o dia mais esperado desde que JinYoung finalmente disse que estava pronto para encontrar-se consigo. Ele esperou uma semana inteira e qualquer um podia ver a ansiedade em cada uma das suas ações, incluindo a felina.

Oh, JaeBeom estava cantando o café da manhã!

Ele sequer sabia se JinYoung estava acordado ou não, na verdade, estava tão feliz e absorto que nem mesmo lembrou-se que JinYoung o ouviria e saberia de có que o café da manhã de Nora era atum com ovos cozido. Mas como esse dia já fora marcado como um dia atípico, ao sair de casa para o estúdio, ele começou de fato seu dia com um mocha menta, o dia estava mais frio que os anteriores, mas ele estava tão cheio de excitação que isso não o incomodava.

No estúdio, seu dia estava excessivamente produtivo, faziam os últimos ajustes nas músicas, desde a melodia até os arranjos; estava mais que claro para todos que a positividade e bom humor de Lim estava o fazendo trabalhar com tudo de si, e o trabalho estava fluindo como nunca antes. Ele cantarolava sem parar suas composições, todas as músicas que havia escrito para sua alma gêmea e aquele álbum estava tornando-se pouco a pouco mais do que apenas um sonho, bem como o desejo ardente de finalmente conhecer sua outra metade.

Entretanto, assim como há dias em que sentimos que tudo dará certo, há dias que ao abrirmos os olhos, no fundo do coração desejamos não precisar sair da cama, caso contrário, sentimos que o mundo irá desabar. Talvez esse seja um pensamento exacerbadamente dramático, mas como culpar JinYoung se ao invés de levantar da cama como uma pessoa normal ele estava tão relaxado que bolou para fora do colchão, caindo com um baque tão estrondoso que a porta rapidamente fora aberta por seu padrasto claramente preocupado.

― Você está bem? ― Foi a primeira coisa que ouviu antes da voz doce em sua cabeça:

Oh, oh, oh, um saboroso salmão

Para uma gatinha faminta

JinYoung realmente perguntou-se se dessa vez ele estava ficando louco. Ele olhou para Choi que, uma vez que não obtivera resposta nenhuma, começava a caminhar em sua direção, então freneticamente começou a mover suas mãos na frente do corpo, dispensando a ajuda, fazendo o homem mais velho parar no caminho enquanto o observava com o cenho franzido.

Ovos cozidos para minha gatinha

Ela vai comer, comer e forte permanecer

Ele levantou-se, passando a mão pelo ombro que recebera o maior impacto, mas conforme ele ouvia JaeBeom, perguntava-se se na verdade a maior pancada não teria sido em sua cabeça. Que tipo de rima ruim era essa?, perguntava-se. Claro que tudo soava simplemente lindo na voz sempre, ou quase sempre, no tom certo e juntando com o quanto JinYoung era particularmente apaixonado pela voz do outro, era até agradável de ouvir, mas continuava sendo uma rima terrível.

― Você está mesmo bem? ― insistiu Choi

Park moveu a cabeça para cima e para baixo, desviando o olhar para sua cama, distraindo-se com os lençóis, sendo a desculpa perfeita para não precisar continuar interagindo. Ele então pegou um dos lençóis e começou a dobrar. Essa era a deixa de seu padrasto, era para ele estar saindo, então por que não estava? Ele o olhou de esguelha, mas era perceptível que, uma vez que Choi estava ali, ele não pretendia sair antes que falasse ou fizesse algo.

― Você vai ao abrigo? ― questionou finalmente, recebendo um simples acenar positivo. JinYoung começava a dobrar o segundo lençol e estava ficando sem mais desculpas para não encará-lo. ― Pretende passar o dia fora?

Os ombros do rapaz caiu, ele sabia que se dissesse que sim aquele diálogo acabaria por ali, Choi nunca o prendeu, embora antes de atingir a maior de idade o padrasto tivesse sua guarda e o mantivesse ao menos na linha de uma pessoa decente, coisa que por si só JinYoung era; por outro lado, ele sabia que Choi o queria em casa e que essa seria a desculpa perfeita para seu medo falar mais alto e ele desmarcar com JaeBeom.

Era uma questão de escolha, ir, conhecer JaeBeom ― algo totalmente imprevisível ―, ignorar que seu padrasto certamente queria ter o seu próprio encontro e o deixar com a guarda de sua mãe; ou não ir, desmarcar com JaeBeom, saber que magoaria a alma gêmea, dar voz a suas incertezas e aos seus medos, mas dar a chance de Choi pouco a pouco desvencilhar-se de toda a dor que JinYoung causou.

JinYoung cederia, como cedeu durante todos os anos que seguiram-se desde o dia do acidente, ele cederia porque era o responsável, porque Choi não tinha culpa de nada, porque ele era um bom homem que permaneceu ali, com sua mãe, com ele. JinYoung cederia porque achava que a felicidade de qualquer outra pessoa era mais importante que a sua. Mas não hoje, porque hoje também havia a felicidade de JaeBeom em suas mãos.

Ele acenou com a cabeça novamente, terminando de dobrar o segundo lençol, virando finalmente para o padrasto. Choi soltou um suspiro pesado, mas assentiu de volta. Era uma questão de ambos cederem sempre, um pela felicidade do outro.

― Então eu vou ligar para a cuidadora para que ela venha hoje também ― respondeu, virando-se para sair do quarto, mas parou ao chegar na porta, virando mais uma vez. ― Eu vou fazer torradas e suco, não saia de casa sem se alimentar. ― Ele se foi, fechando a porta do quarto.

JinYoung sentou-se na cama, caindo para trás, olhando fixamente para o teto. Não deveria ser nada demais que Choi chamasse a cuidadora, a enfermeira era uma excelente pessoa e já ficava com sua mãe durante toda a semana nos horários que JinYoung e Choi estavam trabalhando, mas no fundo do coração de Park, ele sentia o peso da culpa, porque ele queria estar em qualquer lugar, menos ali. Ele a amava, mas doía mais que tudo.

Ele fechou os olhos, sentindo toda carga emocional cair sobre si e lhe esmagar, porem...

Mocha menta, mocha menta

Eu irei beber meu delicioso mocha menta

Ele sorriu, porque ele teria um encontro com a pessoa mais bobona que existia, que lhe fazia sorrir mesmo quando ele sentia que o mundo ruía ao seu redor. E no fim, ele sabia que tinha feito a escolha certa de ir a esse encontro. Mesmo que a rima fosse ruim.

― Que bom que chegou, JinYoung-ssi, venha, não há tempo a perder, temos muito trabalho hoje.

JinYoung seguiu a supervisora do abrigo de animais do qual era voluntário; Kim TaeYeon era uma moça jovem, havia se formado em medicina veterinária havia três anos e também era uma voluntária no abrigo, sempre trabalhavam juntos nos finais de semana. TaeYeon era diferente na concepção de JinYoung, o rapaz que tanto apreciava o silêncio, gostava particularmente de ouvir sua noona. É claro que ele nunca escreveu isso para ela, mas de alguma forma ele sabia que ela sabia.

― Eu também acabei de chegar, mas ouvi dizer que temos dois novos companheiros, do tipo bagunceiros ― falou ela, cheia do seu típico bom humor. ― Acho que são dois coelhos, eles sempre são os primeiros que me vem na cabeça quando penso em bagunceiros ― continuou ela.

JinYoung achava que era o modo natural como a Kim preenchia todos os espaços de silêncio entre eles, nunca sendo invasiva, mas sempre o tratando como se mantivessem um diálogo normal, e as vezes ele até se esforçava para escrevê-la rapidamente, na intenção de não deixar a conversa morrer.

TaeYeon falava por ela mesma e por tudo que ele não podia falar.

― E hoje chega o carregamento de doação de ração, você já sabe, precisamos fazer a distribuição e os relatórios, você vai me ajudar, não vai? ― Ela virou-se meio abruptamente para ele, parando de andar, o forçando ao mesmo, e então piscou os olhos um par de vezes. JinYoung riu, movendo a cabeça em negação. ― Yaah! Por que não? Você sempre me ajudou com os relatórios ― choramingou.

"Eu preciso sair no almoço" escreveu, tendo em vista que ela insistiria.

― Você? Saindo antes de mim? ― questionou genuinamente surpresa.

JinYoung era voluntário a mais ou menos um ano, TaeYeon estava ali muito antes de se formar, então ela conheceu muitas pessoas que faziam serviço voluntário ― às vezes nem tão voluntário assim ― e de longe JinYoung era o mais dedicado, tão dedicado que isso elevou a curiosidade da supervisora que certo dia ultrapassou a linha de colegas e o questionou a respeito. Bem, embora ela não soubesse todos os detalhes, sabia o suficiente para saber que JinYoung não sairia antes de si a menos que ele realmente necessitasse por motivos de urgência.

― Algo aconteceu? ― Colocou delicadamente a mão no ombro dele, um claro sinal de apoio não tão íntimo, mas suficiente para mostrar que ela se importava.

"Não se preocupe, noona, eu só vou almoçar com alguns amigos", escreveu.

― Hm... Tudo bem, isso é tão raro, não vou insistir, mas então ande, ande, temos muito o que fazer antes que você me abandone aqui ― dramatizou voltando a virar-se para finalmente entrarem no abrigo.

JinYoung olhou para o céu antes de entrar no abrigo, estava encoberto por nuvens acinzentadas, pensou que definitivamente iria chover e só poderia torcer para que não ocorresse justamente ao meio dia, pois não havia trazido guarda-chuva. Por fim, deixou as divagações de lado e entrou na recepção, cumprimentando com um aceno e sorriso o senhor Oh, o dono do abrigo.

― Bom ver vocês dois, como foi a semana? ― Ele era um senhor que beirava quase os setenta anos, JinYoung gostava muito dele e poderia dizer que era uma das pessoas no mundo que ele mais confiava; era sempre um prazer ficar ali e ouvi-lo, Oh era alguém que não reclamava nem o olhava feio por não dizer nada, ainda que pudesse.

― Muito cansativo, ahjussi, parece que algum animalzinho com sarna esteve passando pela praça do Norte do bairro, então muitos cachorros foram parar na clínica, também com sarna... ― TaeYeon começou a contar sua semana corrida, enquanto JinYoung limitava-se a escrever:

"Para mim foi uma semana tranquila."

― Espero que não esteja tão cansada, senhorita Kim, hoje teremos muito trabalho.

― De forma alguma! ― Ela expressou com entusiasmo. ― Estou a todo vapor!

― Então vamos começar, JinYoung, você me ajuda com os sacos de ração?

Park limitou-se a acenar positivamente e retirou a mochila das costas, pondo-a atrás da recepção, em seguida, ele foi atrás do senhor Oh.

No abrigo eles faziam um pouco de tudo, davam banho nos animais, alimentavam, limpavam o canil, arrumavam o estoque de ração que recebiam de doações e os que eles precisavam comprar, faziam balanços de despesas, arrumavam o estoque de remédios e, no caso de TaeYeon, fazia check-up na saúde dos bichinhos.

JinYoung adorava o abrigo, tanto porque amava animais, quanto porque os animais não exigiam muito de si, ou melhor, não exigiam uma única palavra vinda de si. Os cachorros continuavam abanando o rabo e aprendendo truques, os gatos ainda iriam se esfregar em si em busca de carinho e conforto, os coelhos ainda fariam a bagunça terrível de sempre e os roedores ainda sujariam e fariam gracinhas o tempo inteiro, mesmo que ele não dissesse uma única palavra para eles. Eram as melhores companhias.

― Você não contou a ele, não foi? ― questionou Bambam quando os dois encontraram-se no ponto de ônibus para seguirem juntos até o café.

― Não.

― Ainda dá tempo...

― Não vou falar a ele sobre esse encontro, Bambam.

― Ele vai ficar chateado.

― E eu vou lidar com isso mais tarde, mas sabe o que eu não quero? Um Jackson cheio de desgosto, interrogando ou assustando JinYoung depois de ter levado tanto tempo para conseguir um primeiro encontro. ― JaeBeom suspirou. ― Sei que Seu está passando por um momento complicado por causa da alma gêmea dele, mas não posso deixar ele estragar as coisas com JinYoung.

Bambam também suspirou.

― Jackson parece um quandong azul, Bam-ah. ― Dessa vez o amigo riu.

― Eu sei, eu estava com ele antes de vir, a cada dez palavras, onze são como esse cara é um babaca.

― Ele está nessa fase terrível da irritação, é sufocante e eu não quero que ele me desanime quanto ao encontro e também... Não quero magoá-lo... Não quero que ele se sinta ainda mais rejeitado por saber que minha alma gêmea me respondeu e a dele não.

Bambam o olhou, entendendo o seu ponto de vista, o que só tornava as coisas ainda mais preocupantes.

― Você conta a ele ainda hoje, depois do encontro com JinYoung, a última coisa que precisamos é dele dizendo que você não se importa com ele como amigo.

JaeBeom o olhou surpreso, porque ele não tinha pensado nisso, mas era verdade, conhecia o chinês bem o suficiente para saber que ele podia transformar isso em um caso.

― Eu vou fazer isso.

Não, não, não Bam Ee!, JinYoung teria gritado, mas essas palavras ecoaram apenas em sua cabeça enquanto o enorme cachorro pulava em cima de si. Bam Ee é um pastor alemão enorme e forte, também o mais apegado ao Park, ele gostava de pular em si, lhe lamber as mãos e o rosto, e isso fazia Jin tão feliz que ele nem sabia explicar.

Mas dessa vez, bem, dessa vez estava chovendo; TaeYeon havia lhe pedido para que ele pegasse uma sacola no carro dela, lhe dando a chave e um guarda-chuva. JinYoung achou que seria algo rápido, por isso não se incomodou em trancar a porta. O abrigo mais parecia um sítio, era um terreno enorme, com espaço ao ar livre suficiente para os animais viverem bem, mas também haviam as salas com paredes e tetos, algo mais confortável e estável para os dias de inverno.

Como em um dia chuvoso, todos os animais estavam em suas devidas salas, cachorros no canil, gatos no gatil, roedores em suas enormes gaiolas e cavalos no estábulo. Definitivamente não era para Bam Ee estar solto, fora do canil. Quem abriu a porta? Essa resposta não importava, tudo que importava era JinYoung caído, de bunda na lama, o guarda-chuva escapou de sua mão, ele estava ensopado, o conteúdo dentro da bolsa também deveria estar todo molhado e, para completar a bagunça, sua camisa tinha o carimbo perfeito das patas do seu amigo canino.

― Foi aqui que marcamos.

― Acho que chegamos um pouco cedo, vamos pegar uma mesa ― Bambam apontou um lugar que parecia agradável. ― Nervoso?

― Parece que eu vou desmaiar a qualquer segundo ― respondeu com sinceridade, fazendo o tailandês rir.

― Calma, não tem com o que se preocupar, pela foto que você viu, ele não parecia um louco, não é?

― Não é com isso que estou preocupado... ― JaeBeom sorriu. Pensando na foto de JinYoung, ele estava longe de parecer um louco, apenas o rapaz mais lindo que já viu na sua vida.

― Então com o que está preocupado?

― E se... ele não gostar de mim? ― Bambam não estava acostumado com o amigo demonstrando insegurança.

Eles se conheciam há anos, o mais novo sabia que Lim era o tipo de pessoa que dava a cara a tapa, corria atrás dos seus sonhos e dava o sangue para atingir seus objetivos, nunca o viu tão inseguro, nem mesmo no seu primeiro teste de audição. Era esse tipo de sensação que as almas gêmeas sentiam? Se fosse, ele não queria sentir.

― Ele vai gostar de você, não pense muito sobre isso. ― Ele fez um leve carinho no braço do mais velho, tentando acalmá-lo.

JinYoung estancou no lugar, já de frente para a cafeteria que havia marcado com JaeBeom, Mark e YuGyeom quase não perceberam que não eram acompanhados mais, mas ao olharem para trás, viram o amigo dando passos para trás, como quem iria fugir no último segundo.

- Nem pensar! - Mark voltou, segurando o braço de JinYoung, o puxando consigo.

Park até queria protestar, mas ao mesmo tempo que não queria entrar, seus pés o levavam para dentro. Ele torceu verdadeiramente para que Lim não estivesse ali ainda, entretanto, quando seus olhos amendoados passaram pelo salão, ele finalmente viu o sorriso encantador de JaeBeom.

JaeBeom estava ali na cafeteria havia algum tempo, chegou cedo porque lembrava-se de JinYoung lhe dizendo que nunca gostou de atrasos, para o coreano mais velho isso era quase inevitável, ele estava sempre correndo de um lado para o outro, ele esforçou-se dessa vez, no entanto. Estava ansioso e por isso seus olhos já estavam fixos no vidro da cafeteria, por fora não dava para ver o que tinha dentro, mas por dentro dava para ver perfeitamente o que se passava lá fora, então sim, JaeBeom havia assistido a quase desistência de JinYoung, mas havia achado fofo.

YuGyeom e Mark passaram os olhos pela cafeteria, mas eles não faziam ideia da fisionomia de JaeBeom, uma vez que JinYoung não havia mostrado nenhuma foto previamente.

- É ele? - BamBam sussurrou para JaeBeom quando viu o olhar fixo do rapaz no pequeno grupo.

- Hyung, ele já está aqui? - YuGyeom olhou para o amigo, com o cenho franzido, recebendo um aceno positivo do Park.

Já que não havia mais volta, não restou muito mais para JinYoung do que finalmente andar até a mesa, suas mãos estavam suadas e ele esfregava as palmas suavemente pelo jeans úmido. Era uma derrota, porque Lim estava lindo em seu estilo monocromático, calça preta e camisa branca, enquanto ele estava com a calça jeans toda suja de lama, bem como sua camisa azul estava com patas de cachorro destacadas.

- Oi... - JaeBeom havia se levantado e o seu sorriso crescido, BamBam também se levantou, por educação e sorriu os cumprimentando.

- Eu nem preciso perguntar pra saber quem dos dois é JaeBeom... Eu sou Mark, esse é o YuGyeom e ele... - Empurrou de leve o ombro de JinYoung. - É JinYoung - terminou de apresentar.

- Esse é o meu amigo BamBam, é um prazer conhecer vocês... - Mesmo que tenha sido Lim a falar, ele não tinha desviado o olhar da face corada de JinYoung, a conexão imediata dos dois era evidente.

- Bom, eu acho que podemos todos sentar e pedir - sugeriu o tailandês e todos acataram, procurando seus lugares, era uma mesa quadrada, com dois pequenos sofás um de frente para o outro, então o trio sentou junto uma vez que a dupla já estava acomodada. - Então, JinYoung... desculpa, mas você sofreu um acidente antes de vir?

Imediatamente o olhar de Park foi ao tailandês, suas bochechas e agora as orelhas também estavam avermelhadas; Mark e YuGyeom explodiram em risadas. "Ninguém vai falar sobre isso", JinYoung queria chutar Mark agora. Lim resolveu dando uma cotovelada em seu amigo.

- Não ligue pra ele, BamBam perde o senso às vezes...

Ainda assim, JinYoung puxou a mochila, abrindo-a para procurar seu caderno e lápis, os olhares curiosos dos dois não passaram despercebidos, mas ele ignorou, abrindo o caderno rapidamente para poder se comunicar.

"Um cachorro enorme me derrubou em uma poça, não seja malvado comigo, Mark hyung disse que ninguém comentaria :( ", ele acrescentou a carinha triste especialmente para ver se o tailandês iria ficar constrangido.

Quando o caderno foi virado para os dois, eles olharam curiosos, depois viu a mesma expressão confusa na face de ambos, é claro que eles haviam entendido, mas não foram capazes de compreender por qual motivo ele estava escrevendo ao invés de falar. JinYoung entendeu e ele já estava esperando por isso, sabia que os outros sentiriam-se constrangidos em perguntar, então ele já havia combinado com Mark, apenas acenou para o amigo, que suspirou, no fundo, Mark tinha esperança que o amigo finalmente destravaria e falaria qualquer coisa.

- JinYoung me pediu para explicar, para vocês não precisarem ficar constrangidos, mas ele não fala, então é assim que ele se comunica, geralmente, ele escreve, é mais fácil já que a maioria das pessoas não sabem língua de sinais.

- Na verdade, ele não é muito bom também, o hyung é muito preguiçoso pra se esforçar em aprender, ele não nasceu assim... - explicou YuGyeom, mas suas palavras mereceram uma cotovelada, a qual JinYoung não hesitou em lhe presentear. - Yah, é a verdade.

- Oh, agora eu entendo... - divagou JaeBeom, o olhar voltando para o caderninho posto sobre a mesa.

Foram segundos que JinYoung segurou a respiração, seus olhos muito bem treinados nas reações das pessoas, filmava cada segundo das expressões de JaeBeom, temia alguma reação negativa; quando o olhar do coreano mais velho voltou-se para seu rosto, no entanto, não havia qualquer julgamento ou rejeição, havia apenas o mesmo deslumbre.

- Explica perfeitamente porque você não "queria" - fez aspas com os dedos - me mandar áudios, mas você poderia apenas ter me dito, JinYoungie-ah.

- Viu só, eu disse! - apontou Mark. Park estava quase se arrependendo de ter trazido os amigos.

Ele apenas deu de ombros, não tinha nenhuma justificativa além do seu medo, mas ele não precisava dizer, JaeBeom sentia que ele não havia dito por algo íntimo que talvez ele não pudesse entender agora.

- De qualquer forma, o cachorro levou a melhor sobre você! - BamBam retomou o assunto mais leve, fazendo todos rirem.

Um rapaz aproximou-se da mesa deles, entregando um cardápio para cada um deles, todos rapidamente escolheram os seus e devolveram o menu, deixando que o rapaz saísse para fazer seu trabalho. Repentinamente, surgiu um silêncio meio constrangedor entre eles, especialmente porque Lim e Park tinham muito do que queriam conversar e perguntar, saber mais um sobre o outro, mas apenas entre eles, já os outros três apenas não tinham certeza sobre o que conversar.

Por incrível que pudesse parecer, foi JinYoung quem teve a iniciativa, ele puxou o caderno e começou a escrever:

"JaeBeom hyung estava em um musical hoje? Acho que eu sei toda sua rotina matinal, incluindo o que sua gata come".

Todos olharam com curiosidade e as risadas reinaram, até mesmo Lim, com seus olhos se fechando em pequenas luas que encantaram totalmente sua alma gêmea; ele passou delicadamente uma mecha de cabelo para trás da orelha, JinYoung reparou.

- Eu acordei com muita disposição hoje, estava feliz - justificou-se.

- E ele veio falando o caminho inteiro sobre o quanto estava ansioso, então eu também estava curioso para saber que mágica você fez JinYoung - completou BamBam.

Park sorriu timidamente, se ele falasse, certamente também teria enchido a cabeça de seus melhores amigos.

- Eu tenho uma coisa do JinYoung para mostrar! - YuGyeom falou animado.

JinYoung nem sabia o que era e exasperadamente tentou segurar o mais novo, mas Mark foi mais rápido em lhe segurar. Seus protestos eram em caretas raivosas que estavam sendo ignoradas por todos, exceto Lim que continuava a lhe olhar com os olhos brilhantes.

- Eu quero ver, o que é? - perguntou, apenas instigando o Kim a continuar.

- Soubemos que você falou que o seu café preferido é um mocha menta, mas não sei se o Jiny te disse, ele odeia menta. Outro dia, no entanto, ele provou, só por ser o seu sabor preferido.

- Ai! - JaeBeom exclamou, de dor. As bochechas de JinYoung coraram ainda mais, uma vez que na tentativa de punir YuGyeom, chutara a canela errada. - Agora sim eu quero ver isso.

Kim colocou no vídeo, virando na direção de Lim e de BamBam, que curiosos se aproximaram da tela:

"- Vai em frente, eu tô preparado, pode ir."

A voz por trás da câmera eles podiam identificar como sendo do dono do celular, mas a imagem apenas pegava o Park, que fazia um sinal com a mão na frente do rosto, eles não sabiam, mas Jin estava ali xingando o Kim por registrar esse momento.

"- Prova logo!" era a voz do americano, eles souberam.

Então JinYoung finalmente provava, com uma expressão tediosa, nem eles sabiam o que esperar, até Lim sorrir satisfeito com o sorriso que apareceu na filmagem.

"É uma delícia", as palavras foram registradas no caderninho.

"- Que decepcionante."

"- Para ser sincero, também esperava que você detestasse."

"É refrescante, diferente, mas é bom, eu poderia me acostumar rapidamente... talvez menta não seja assim tão ruim...", BamBam pausou o vídeo para que pudessem ler direito as palavras escritas no papel, foi o erro de JinYoung ter achado que o vídeo na verdade tinha acabado, mas logo o tailandês deu play novamente e a voz de Mark soou:

"- Ou você está tão apaixonado que o sabor de menta tornou-se apreciável."

A gravação finalmente terminava aí e JinYoung estava tão surpreso que sua boca abriu-se em uma expressão de surpresa e quase soltara um som indignado, quase. Ele moveu as mãos de forma exasperada, como se isso pudesse apagar o que os outros acabaram de ouvir, ele queria gritar "não é nada disso", mas tinha uma ponta de razão, ele só não queria que sua paixão soubesse.

- Oh, você também já está apaixonado? Viu só, Beommie, você não está sozinho - falou BamBam tentando ajudar JinYoung enquanto empurrava o amigo para a fogueira.

- Tô começando a achar que deveria ter vindo sozinho - murmurou Lim e JinYoung assentiu. - Sim, me parece que arriscar encontrar com um possível assassino seria menos pior do que ter vindo com um amigo como o meu.

"Estou pensando o mesmo desde que entrei pela porta", JinYoung escreveu.

- Que mentira, você só entrou porque eu te obriguei! - Mark o entregou, fazendo os outros rirem.

"Então ter vindo foi meu ato de loucura", escreveu novamente.

- Eu estou feliz que tenham vindo - JaeBeom incluiu a todos, no fim das contas - exceto Bambam.

- Eu sou a sua melhor opção, não reclama - Bambam devolveu.

- Então, eu acho que isso aqui se tornou bem caótico, não era o que eu estava esperando - comentou YuGyeom.

- O que exatamente você estava esperando? - Bambam indagou.

- Não sei, mais melosidade? Não foi assim com a gente, hyung? - Gyeom olhou para Mark que negou com a cabeça.

- Definitivamente não foi assim.

"Foi sim, mas também não foi", JinYoung contribuiu escrevendo.

- Então vocês dois são almas gêmeas? - Lim apontou de um para o outro.

- Somos - respondeu o mais novo, abrindo um enorme sorriso. - Pra mim aquele encontro foi lindo, você todo tímido, hyung, o JinYoung-hyung escrevendo as coisas para explicar aos meus pais.

- Seus pais estavam junto? - Bambam perguntou quase perplexo.

- Estavam sim e eu não estava tímido, eu estava intimidado - relembrou Mark.

"Morrendo de medo dos pais do Gyeomie" JinYoung estava se divertindo de escrever sobre isso.

- Assim, quantos anos você tinha? - Bambam não segurou a pergunta.

- Temos uma diferença de idade considerável, quatro anos - explicou Mark. - É por isso que não namoramos... quando eu fiz vinte YuGyeom ainda faria dezesseis, eu achei que seria mais apropriado que nos encontrássemos assim, eu levei o Jiny, ele levou os pais.

― Responsável... ― concordou Lim, assentindo com satisfação, ele tinha gostado de Mark. ― A ideia de marcarmos com companhia veio de você também?

― Sim, JinYoung estava receoso, então eu, ai! JinYoung, não adianta ficar me dando cotoveladas!

"Para de me expôr, era só responder sim!!", escreveu, Mark leu alto só para provocar. Os outros riram.

― Eu acho que não é exatamente uma surpresa pra ele que você estava com receio, hyung ― intrometeu-se YuGyeom, dando de ombros.

JinYoung foi poupado de precisar expressar qualquer coisa a mais quando o pedido deles finalmente chegou, cada um foi servido, os cheiros de diferentes variações da mesma bebida, exceto a de JinYoung que não continha café.

― Ah, hyung, JinYoungie nos contou que você é um cantor, você vai debutar, não é? ― YuGyeom perguntou de forma excitada, JinYoung sentiu-se grato por isso, porque existia uma série de coisas que ele queria perguntar e saber a respeito de Lim.

JaeBeom novamente sorriu de forma tímida e mais uma vez escondeu uma mecha de cabelo atrás da orelha, Jin achava que isso deveria ser um hábito, e era bonito de se ver, por isso ele acompanhou aquele sorriso.

― Sim, bem, eu diria que estou me tornando um cantor ainda, mas estamos trabalhando no meu debut, temos uma proposta legal... ― comentou.

― Ele está sendo modesto, se vocês pudessem ouvi-lo, entenderiam ― Bambam gabou-se como se estivesse falando de si mesmo.

― Não seja por isso, você pode cantar, estou mesmo curioso, você deveria ter visto a expressão de JinYoung quando o ouviu no primeiro dia que cantou ― Mark falou divertido.

JinYoung lhe lançou um olhar mortal, ele deixaria a costela de Mark roxa desse jeito. JaeBeom riu, negando com a cabeça.

― Eu gostaria de ter visto ― respondeu. ― Mas cantar agora não parece apropriado, talvez depois.

― Eu não vejo a hora de Mark-hyung poder me ouvir na cabeça dele ― YuGyeom não perdia sua postura animada.

― Pelo menos eu já sei que sua voz é doce e encantadora, babe ― Mark lhe garantiu.

― Vocês dois são doces demais para minha diabete ― comentou Bambam fazendo uma careta.

― E a sua alma gêmea, hyung? ― YuGyeom perguntou-lhe intrigado.

― Sem alma gêmea para mim ― Ele afastou um pouco a gola da camisa, mostrando sua marca, nascido como alguém sem uma alma gêmea.

Isso surpreendeu o quase casal, mas não a JinYoung, já que sua noona Ye-Eun também já havia lhe mostrado a dela, no pulso, mas era exatamente igual, todas as raras pessoas sem almas gêmeas compartilhavam da mesma marca, podia aparecer em diferentes partes do corpo, mas eram sempre iguais.

"Nunca se sabe", escreveu JinYoung, mostrando para Bambam que o olhou intrigado, mas Park apenas sorriu, deixando o assunto de lado. Ele voltou a escrever no caderninho, mostrando para os dois: "eu gostaria de fazer um sinal para identificar vocês".

― Um sinal? ― Lim perguntou, franzindo o cenho.

― Para JinYoung é mais fácil identificar uma pessoa dessa forma, ele tem um sinal para mim e para o YuGyeom, mostra para eles.

JinYoung estava mesmo grato por trazer os melhores amigos, eles pareciam simplificar muita coisa para si. Ele apontou para Mrak, para que entendessem que se referia ao amigo americano e então juntando o polegar e o indicador na frente dos lábios, afastou os dedos ao mesmo tempo que sorria.

― JinYoungie diz que acha meu sorriso bonito e que essa é minha imagem mais marcante. ― Não era difícil para Lim ou Bambam concordarem, porque Mark tinha mesmo um sorriso bonito, suave e agradável.

Park então apontou para YuGyeom e então ele levou o indicador até a bolsinha baixo de seu olho, não era complicado perceber que ele fazia referência ao sinal abaixo do olho do Kim. Mas então ele fez outro sinal, a mão esquerda fechada em punho, com o indicador e o maior erguidos, com o indicador da mão direita ele deu dois toques no topo do dedo maior levantado.

― Hyung diz que somos como irmãos, por isso os dois dedos levantados estão unidos, ele aponta para o maior porque eu sou mais alto que ele ― explicou YuGyeom.

― Isso é muito legal! ― Bambam falou excitado, dando duas palmas altas suficiente para chamarem a atenção das outras pessoas ao redor. ― O que você tem para mim?

JinYoung o olhou, fazendo um leve biquinho nos lábios, estava pensando a respeito, as vezes era difícil encontrar características realmente marcantes, mas Bambam até tinha algo, infelizmente era muito semelhante ao sinal de YuGyeom. De repente, o biquinho transformou-se em um sorriso arteiro. Ele ergueu a mão direita com o punho fechado, exceto pelo dedo mindinho que estava erguido, em seguida ele levou ambos os indicadores em um X na frente dos lábios.

Mark riu, Bambam franziu o cenho.

― O que isso significa? ― Ele olhou para o americano que deu de ombros.

― Não faço ideia, tem que fazer sentido pra ele e não pra mim.

― Mas você riu ― insistiu o tailandes.

Park pegou o caderninho e começou a escrever.

"O dedo mindinho, porque você é o amigo mais novo do JaeBeom-hyung, e também muito magro, é pequenininho na minha visão. Os indicadores na frente da boca é porque você fala demais", ele entregou o caderno e o tailandês leu alto.

― Que absurdo!, eu não sou assim tão magro, também não sou pequeno, você quer ver?

Imediatamente JinYoung levou ambas as mãos a tapar a boca, escondendo não apenas o sorriso, mas uma gargalhada que quase lhe escapou. JaeBeom prestou atenção, intrigado. Os outros membros ali não deixaram de rir.

― Está bem, e o meu sinal? ― JaeBeom perguntou ansioso.

Aos poucos JinYoung abaixou as mãos, parecia dezenas de vezes mais complicado encontrar algo para JaeBeom, não porque ele não tinha características marcantes, mas porque Park queria encontrar algo especial para ele. Com certa incerteza, JinYoung estendeu a mão na direção de JaeBeom, foi um movimento lento, deixando a oportunidade para o mais velho se afastar se assim preferisse, mas como não aconteceu, JinYoung tocou suavemente os fios longos que cobriam um pouco do rosto de Lim.

JaeBeom estava surpreso, mas seu olhar estava cravado na face de JinYoung, como se pudesse ler os pensamentos do rapaz sobre si. Suas bochechas ganharam um leve tom mais rosado e ele nem mesmo chegou a pensar nos outros três rapazes os cercando e observando-os, era como se só houvesse eles dois ali. E JinYoung sorriu, um sorriso que dessa vez ele não escondeu. Sentiu o contato dos dedos dele passando em sua pálpebra, acariciando as pintinhas gêmeas.

Então JinYoung recolheu o braço e suavemente levou o indicador até a própria pálpebra. Era simples demais, esse era um sinal que ele provavelmente faria quando estivesse apressado ou falando com pessoas que não era do seu convívio. Ele abaixou o olhar e com a mão direita ele levou à frente do peito, fazendo um movimento como se agarrasse algo, mas não de forma brusca e sim delicada, depois levou até a altura do próprio ouvido, abrindo a mão como se liberasse o que tinha segurado.

"Eu escolhi isso, hyung, porque desde a primeira vez que você cantou para mim eu senti que você foi muito sincero", escreveu, dessa vez era ele quem estava vermelho de vergonha.

― Era a melosidade que você queria? Pois é o que você vai ter ― brincou Mark, tendo em vista que nunca tinha presenciado JinYoung tão tímido, além de JaeBeom ainda estar raciocinando sobre o que lia.

― Foi sincero, porque todas as músicas eu escrevi pensando em você ― JaeBeom respondeu, ignorando totalmente os outros três, ele não se importava mais se eles ouviriam, veriam ou fariam novas piadinhas com eles.

Tudo que importava era o sorriso sincero que surgiu nos lábios de JinYoung.

No fim daquele sábado, JinYoung tinha duas certezas: o dia não havia sido um completo desastre e ele estava apaixonado.

"Te amo

Eu apenas preciso de você

E eu te quero

Eu apenas quero sentir você"

JinYoung fechou os olhos, abraçando seu travesseiro, com um sorriso bobo enquanto o escutava.

"Quando a primavera florescer

Você quer caminhar, querida?

Na verdade, eu só preciso estar com você

Onde quer que eu vá

O que quer que eu faça"

As lembranças do dia passando em sua mente, o encontro no café, o seu nervosismo e como tudo simplesmente pareceu certo demais. O frio na barriga quando por alguns segundos JaeBeom segurou em sua mão quando estavam se despedindo.

"Segure minhas mãos com força

Mantenha os olhos fechados

Como se nossos lábios estivessem prestes a se tocar

Vamos sentir a respiração um do outro"

Ele sentiu suas entranhas se contorcerem com essas palavras, ele pensou, pela primeira vez em muito tempo, como seria beijar alguém, mas não qualquer um, beijar JaeBeom. Ele se sentiu um adolescente novamente, com as mesmas crises e incertezas, o mesmo nervosismo, o mesmo anseio e desejo. Ele podia se entregar assim?

"Eu estou ficando louco

Só de pensar nisso

Eu quero correr imediatamente

Para o seu lado"

JinYoung sorriu, ele não fazia ideia de ele podia ou não se entregar a esses sentimentos, ele só sabia que não importava, era o que ele queria. Pela primeira vez em tantos anos, ele queria tirar esse peso dos ombros. Repentinamente, pareceu que o fardo que ele carregava não era tão pesado quanto ele sentia.

"Você me faz

Mudar meu mundo

Me deixe ver de forma diferente através de você

Você é minha razão"

A porta do seu quarto foi aberta, de forma um pouco brusca demais, o que lhe fez sobressaltar e olhar surpreso e um pouco assustado. Era Choi, evidentemente, porque não poderia ser nenhuma outra pessoa, mas ele não parecia o de sempre. O homenzarrão caminhou incerto na direção de JinYoung, o cheiro de álcool atravessou o quarto o acompanhando e isso fez os olhos de JinYoung triplicarem de tamanho, essa não era uma situação comum.

"Quando você olha para mim

Meu coração está acelerando

Eu estou ficando louco. O que está errado?

Estou ofegante"

JinYoung respirou fundo, achando que ficaria sem ar a qualquer segundo.

― Precisamos conversar, JinYoung ― disse Choi, sentando na beirada da cama e tudo que JinYoung conseguiu fazer foi assentir. ― Eu vou embora.

"Olhe para mim mesmo que meu coração exploda

Eu vou voar para você"

Os olhos de Park encheram-se de lágrimas. Choi era tudo que havia lhe restado, ele era a lembrança daquele dia, ele era a dor, a culpa, mas ele ainda era tudo que ele tinha para se agarrar em algum tipo de estabilidade. Então o que estava acontecendo?

"Você realmente precisa saber, você precisa saber

Como eu me sinto

Tenho que assumir a responsabilidade, tenho que suportar

Qual será o nosso futuro?"

Qual será o nosso futuro? Qual será o meu futuro!?, JinYoung perguntou a si mesmo, instigado pela pergunta que ouvia naquela música.

― Eu estou saindo com uma pessoa e eu a amo, então essa é a única forma ― Choi continuou a dizer, olhando cheio de culpa.

JinYoung entendeu porque ele precisava de álcool no sangue para ter coragem de dizer essas coisas, mas não doía menos. Ele só queria chorar como uma criança que perdeu os pais e gritar, gritar muito.

Eu vou ficar sozinho, pensou.

"Todas as noites desenho

Você e eu felizes

As pessoas aplaudindo

Nós nos beijamos por dentro"

Choi sabia que nenhuma resposta viria, por isso ele apenas deu um tapinha amigável na canela de JinYoung e levantou-se, tombando um pouco antes de encontrar equilíbrio e fazer seu caminho para fora do quarto. JinYoung voltou a encolher-se na cama, abraçando o travesseiro com tanta força que poderia fundir-se a ele.

"Você me faz

Mudar meu mundo

Me deixe ver de forma diferente através de você

Você é minha razão"

Não, não era um sábado bom, não era um sábado perfeito, mas... Mesmo com toda a dor que ele estava sentindo, ainda havia aquela voz em sua cabeça dizendo:

Te amo

Eu apenas preciso de você

E eu te quero

Eu apenas quero sentir você

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