Alguma coisa em ser o mais velho trazia algum tipo de satisfação para Mark, talvez só pelo pequeno prazer de ser o primeiro dos dois a poder cantar e ser ouvido, nunca se passou pela sua cabeça a possibilidade de ser alguém mais velho que decidiu ou não pôde cantar para si, a medida que ele foi envelhecendo e chegando mais perto dos vinte anos, foi ficando mais animado em se descobrir de fato, o mais velho entre ele e sua alma gêmea.

Contudo, não passou por sua cabeça uma diferença de quatro anos e quando YuGyeom lhe respondeu pela primeira vez, dizendo ter dezesseis anos, aquilo não só foi surpreendente, como foi um tanto frustrante.

Mark estava pronto pra tudo, pra conhecer alguém, se apaixonar e viver uma história de amor a la comédias românticas coreanas. Bem, talvez ele não devesse ter desejado tanto assim uma comédia, porque toda comédia romântica está sempre cheia de altos e baixos, imprevistos que fazem os telespectadores rirem, mas nem sempre os personagens. Ser paciente nunca tinha sido seu forte, mas ele não podia começar a namorar um garoto de dezesseis anos.

Mas não vamos nos apressar, como uma boa comédia romântica, para chegar onde estão hoje, tudo teve um início.

"Hyung, tá de noite, você pode parar de brilhar?"

Mark olhou a mensagem de texto e ergueu a cabeça na direção de JinYoung que lhe olhava com um sorriso de provocação.

— Minha felicidade te incomoda, Park JinYoung? — retrucou, no entanto, Mark não era capaz de sumir com o sorriso verdadeiramente feliz.

"O que você está aprontando?" Uma nova mensagem de texto apareceu para Mark.

— Eu contratei um letrista, pra me ajudar a compor uma música — respondeu, com muito orgulho da façanha.

Os olhos de JinYoung dobraram de tamanho e ele escreveu no caderno: "MENTIRA!!!" Em inglês, em letras grandes, mostrando toda a sua empolgação e surpresa ao mesmo tempo. "O que você escreveu?" Continuou no mesmo papel. Mark riu.

— Ainda não está finalizada, mas eu gosto do que estamos fazendo.

JinYoung voltou ao celular porque digitar era mais rápido que escrever e, embora ele preferisse escrever, no momento ele precisava ser alimentado com mais informações.

"A maioria das pessoas canta qualquer coisa, você tá fazendo uma música pra essa pessoa"

"Em que idioma você vai cantar?"

— Eu não sei de onde essa pessoa é, então estamos fazendo uma versão em inglês e outra em coreano.

"Eu só posso imaginar que é isso que as pessoas ricas fazem"

Mark riu, não ofendido, afinal não era mentira e ele não ia negar que estava contratando um letrista porque podia, diferente de outras pessoas.

— Não sei outras pessoas ricas, mas eu quero cantar algo especial.

JinYoung sorriu, assentindo. Seu olhar tornou-se mais terno, ele gostaria muito que a pessoa que fosse a alma gêmea de Mark fosse boa, porque o amigo merecia isso.

"Espero que dê tudo certo, hyung"

Nem sempre Mark pensou em sua alma gêmea como alguém especial. Quando morava na América teve uma namorada na escola, uma garota da mesma turma. A Califórnia tinha um número bastante elevado de imigrantes chineses, muitos deles ilegais, mas não era o caso da família Tuan, por outro lado, a menina acabou sendo deportada junto da família. Foi confuso e estressante, ele não tinha mais que quinze anos e embora fosse um namoro ainda muito bobinho, ele ficou muito abalado.

Foi após o acontecido que seus pais decidiram lhe mandar para estudar na Coreia do Sul. Quando ele conheceu JinYoung o coreano ainda falava e eles conversaram sobre a primeira paixão de Mark e como ele pensou por um tempo que não se apaixonaria por mais ninguém, mas, na verdade, foi passageiro como a maioria das coisas, depois de alguns meses ele só sentia muito que tivesse acabado tão repentinamente e eles não pudessem ter se despedido, mas os seus sentimentos já tinham mudado, não era mais paixão.

Ele não teve mais nenhum relacionamento, não estava mais interessado no assunto, não até seu aniversário de vinte anos começar a se aproximar, foi quando ele se deu conta de que estava muito próximo de poder conhecer alguém cuja alma estava conectada a sua de alguma forma. A curiosidade começou pequena, como uma pequena semente que foi plantada em boa terra, aos poucos foi criando raiz, ficando mais forte, até ele perceber que pensava nisso com mais frequência do que gostaria de admitir.

— Não enche o meu saco, hyung!

— Então vamos ao noraebang, não seja um estraga prazeres, até JaeHyun-hyung vai.

— Eu tenho aula de dança.

— Você tá sempre praticando, não vai morrer se faltar uma única aula.

— Você é muito insistente, JeongGuk-hyung. — O outro sorriu, antecipando sua vitória. — Que horas vocês vão se encontrar?

— Às seis, já na frente do noraebang, eu vou dizer a todos que você vai, então não se atrase, YuGyeom-ah.

Não era que YuGyeom não quisesse sair com os amigos, na verdade, ele era um dos que mais topava de tudo, mas com uma audição se aproximando, ele odiava faltar ensaios, se perdesse a audição, iria se culpar a vida inteira, ou pelo menos, até a próxima audição. Mas a quem ele iria enganar? Não apenas JeongGuk podia ser muito insistente, como YuGyeom adorava ir ao karaokê com os amigos.

"FELIZ ANIVERSÁRIO HYUNG!!!!"

Mark leu o bilhete assim que se afastou do abraço apertado de um sorridente JinYoung.

— Obrigado, saeng!

"Eu não esperava te ver aqui" JinYoung escreveu.

Mark ia às vezes até a biblioteca, ele não era um leitor ávido, no geral, eles sempre se encontravam na cafeteria depois do turno de JinYoung, normalmente encontros noturnos eram mais compatíveis com sua agenda. Agora era hora do almoço e o normal era que Mark estivesse muito ocupado, ainda mais em seu aniversário.

— Eu dei uma escapada, alegando um almoço em família no meu aniversário.

JinYoung sorriu, a família de Mark estava na América e toda sua equipe de staffs e empresários sabiam muito bem disso.

"Então acho que meu dever é levar o aniversariante para almoçar"

— Estou de acordo.

JinYoung normalmente comia na sala dos fundos, uma salinha para funcionários. Mas dessa vez ele falou com o supervisor da biblioteca, assim que teve a saída liberada os dois seguiram para um restaurante da preferência de Mark. O caminho foi silencioso enquanto Mark dirigia, nem mesmo a rádio foi ligada, JinYoung ficava terrivelmente apreensivo em qualquer carro e Tuan o conhecia bem suficiente para sempre dirigir com o máximo zelo quando estavam juntos.

No restaurante, ambos fizeram seus pedidos e continuaram conversando enquanto esperavam.

"O hyung não tem agenda hoje?"

— Tenho, mas provavelmente não teria tempo de te ver hoje se não fosse agora no almoço.

JinYoung sorriu, encolhendo levemente os ombros. Eles tinham uma amizade muito forte, dado o fato de que Mark não tinha nenhum parente de sangue na Coreia do Sul e eles se conheciam desde que o americano tinha quinze anos, JinYoung era o mais próximo que ele tinha de família. Para JinYoung, não era muito diferente, embora a mãe estivesse tecnicamente viva e o padrasto tenha lhe criado, Mark era verdadeiramente a pessoa mais próxima a ele. Os dois levavam vidas totalmente distintas, mas ainda assim encontravam formas de se manterem presentes na vida um do outro.

"Então, quais presentes incríveis você ganhou esse ano?"

— Você não viu os posts que meu empresário fez no instagram? — JinYoung negou com a cabeça, Mark puxou o celular do bolso e abriu no perfil da sua empresa, havia postagens sobre outros artistas, já que a agência era grande, no entanto, todos os stories recentes eram sobre o aniversário de Mark.

JinYoung segurou o celular do amigo, passando os stories, o primeiro era um buquê de rosas vermelhas enorme com um cartão escrito "Querido Mark, desejamos que tenha um dia especial. Espero nos vermos em breve!", em inglês e assinada por alguém que JinYoung não conseguiria identificar nem se quisesse, mas pelo menos o papel estava impresso com o nome "Saint Laurent". O segundo story era com rosas brancas e o cartão dizia quase o mesmo, mas o remetente era a Calvin Klein. Mais umas três marcas, desta vez todas coreanas, o felicitaram também com buquês de flores, mas por último tinha uma sala cheia de presentes e cartas de fãs. JinYoung riu.

"Como seria sua vida se você fosse um idol? Ah é, você já vive como um" JinYoung zombou, devolvendo o celular com essas palavras escritas em sua própria dm da rede social. Mark riu.

— Eu tenho certeza que os idols ganham o dobro disso, ou o triplo. — Ele deu de ombros.

"Tudo que eu posso te dar é a conta do restaurante paga" brincou e Mark estreitou os olhos na direção dele, numa expressão quase ofendida, se ele não soubesse que JinYoung estava brincando.

— Não seja ridículo.

"Agora, não me enrola, você sabe exatamente o que eu quero saber"

— Eu ainda não cantei.

"E quando vai fazer isso?"

— Mais tarde, ainda não sei, tenho a agenda bem cheia.

"Podia estar usando esse tempo..."

— Mas eu gostaria de fazer em um horário que eu não seja interrompido.

— Olha só quem realmente apareceu!

— Eu estou em quase tudo que vocês marcam, JaeHyun-hyung.

— JeongGuk disse que teve que te implorar pra você vir. — JaeHyun passou o braço pelos ombros de YuGyeom, começando a andar na direção da entrada do karaokê.

— Ele está exagerando, como sempre. Quem mais já chegou?

— Jeon, Christopher, EunWoo e Mingyu, ou seja, todos já chegaram.

— Mínghào e Seok-Min não vão vir?

— Não.

Eles entraram, o grupo de rapazes já estava falando com a mulher na recepção, alugando a sala de noraebang que ocupariam. Todos se juntaram e dividiram o valor do aluguel da sala por umas duas horas o que deixava o valor mais acessível, eles iam naquele karaokê com frequência, não era o mais chique de Seul, mas um que jovens adolescentes podiam pagar e se divertir à vontade.

Os seis rapazes entraram e ocuparam os sofás, Mingyu foi o mais rápido entre eles, pegando o controle remoto da enorme televisão.

— Eu detenho todo o poder! — Ele ergueu a mão vitoriosa com o controle acima de sua cabeça e Christopher se precipitou em sua direção, o derrubando quase deitado no sofá, mas conseguindo tirar o controle das mãos do amigo.

— Não mais, meu caro, não mais. — As risadas dos outros preencheram a sala. — Então o que vocês querem cantar?

— A gente deve começar a animar pela maior de todas — YuGyeom falou, estendendo a mão, Chris entregou o controle e o mais novo do grupo fez as honras, selecionando Hands Up. Os outros garotos se animaram.

YuGyeom, Chris e EunWoo se apossaram cada um de um microfone e se prepararam, a música era uma mistura de electropop e hip hop, JeongGuk fez o favor de ligar os efeitos de luzes, trazendo um efeito completo de balada. Logo os três garotos estavam dando tudo de si e os outros três foram contagiados pela música que literalmente dizia para erguer as mãos e curtir a festa.

— Obrigado, obrigado pela ajuda! — Mark curvou-se uma porção de fezes, agradecendo aos staffs que lhe ajudaram a carregar tantos presentes até sua casa.

Essa era uma coisa que ele ainda não estava acostumado e achava que não ia se acostumar nunca. Os fãs coreanos eram muito dedicados, disso ele tinha certeza. Ele não tinha se preparado para ser uma celebridade, não era um idol e com certeza não passou anos em treinamento. Depois de se formar no ensino médio, ele não queria voltar para os Estados Unidos, ele percebeu que tinha se habituado à Coreia e que queria passar mais algum tempo vivendo no país. Por outro lado, ele também não queria fazer faculdade, decididamente, ele detestava estudar.

Como solução, seu pai decidiu que ele podia tentar levar os negócios dos Estados Unidos para a Coreia. Eles tinham uma marca famosa na Califórnia e não foi tão difícil conseguir um patrocínio na Coreia, tudo que Mark deveria fazer era conseguir alavancar essa marca e se tudo corresse bem, eles podiam até abrir uma filial. No fim, quase nada ocorreu como o planejado, mas de alguma forma saiu melhor que a encomenda.

O modelo contratado não apareceu, os custos disso seriam altos se ele não fosse substituído. Convencido pelo desespero e pelo diretor de marketing, Mark vestiu a roupa da XC3 e obedeceu tudo que o câmera lhe dizia para fazer. Não foi uma tarefa particularmente fácil, nem para ele e nem para o fotógrafo, sem um treinamento adequado ele se sentia esquisito, os fleches lhe cegavam e ele tinha certeza que estava servindo de palhaço. Mas JinYoung estava ali também, lhe certificando com polegares para cima, que ele estava indo muito bem.

Os produtos da XC3 eram exclusivos e venderam tão rápido que assustou, as peças era limitadas e o público gostou tanto das roupas quanto do modelo desconhecido. Ainda assim, surpreendeu muito o americano quando agências começaram a entrar em contato, primeiro querendo contratá-lo para publicidade de algum produto, depois outras empresas querendo contratá-lo como modelo da agência.

Isso tudo foi há pouco mais de dois anos, mas ainda assim, ele não estava acostumado a ter fãs e receber tanto carinho das pessoas. Ele deixou a maioria dos presentes perto do sofá, onde poderia abrir cada embrulho e ler as cartas dos fãs, mas não antes que pudesse passar um tempo com seu cachorro, Milo. Ele se jogou no sofá e o cachorro pulou sobre o estofado, indo para seu colo em um instante, deitando em suas coxas, virando a barriga para cima.

— "Fazendo o meu caminho para o centro, andando rápido, rostos passam e eu estou indo para casa." — JeongGuk cantou, segurando o microfone em uma mão e a outra na cintura, fazendo uma pose forçada de patricinha.

— "Olhando distraidamente para frente apenas fazendo o meu caminho, fazendo meu caminho através da multidão." — JaeHyun cantou, também tentando fazer uma pose de patricinha.

— "E eu preciso de você" — Os dois cantaram juntos, apontando um para o outro. — "E eu sinto sua falta" — Pausa dramática com os dois fazendo uma nova pose ridícula. — "E agora eu me pergunto..."

"Baby you're bright as a sun on vacations, yeah
Feel like I'm gonna need me some Raybans, oh yeah
Baby you're giving me giddy sensations
Just you and me It's time for some relaxation"

YuGyeom franziu o cenho, de repente, ele estava ouvindo uma sobreposição de vozes, a apresentação cômica de JeongGuk e JaeHyun continuava, os outros rapazes estavam rindo deles, não pareciam incomodados ou ouvindo qualquer outro barulho e, normalmente as salas tinham um isolamento acústico bom o suficiente para não atrapalharem umas às outras. A música continuava e ele não conseguia entender porque assim como a música dos amigos, essa também era cantada em inglês.

— Parem, calem as bocas! — Ele pediu, exasperado, pegando o controle que estava em cima da mesa e pausou a música abruptamente.

Todos olharam para ele um pouco assustados, YuGyeom parecia assustado e consternado. Ele olhou para os lados, como se procurasse o cantor.

— Isso é na sala ao lado?

— Isso o que? — Mingyu perguntou, olhando esquisito para ele.

— A música, hyung.

— Que música, YuGyeom? — EunWoo colocou a mão no ombro dele, estava mais próximo que os outros. YuGyeom o olhou como se esperasse que estivessem fazendo uma pegadinha consigo, o que não seria a primeira vez, mas os olhos do amigo transparecia preocupação.

— Você não escutam? — Olhou para todos, vendo alguns negar com a cabeça. — Essa música, em inglês... — Eles continuavam negando.

— YuGyeom, você tá ouvindo sua alma gêmea?! —JeongGuk foi o primeiro a raciocinar o obvio.

O rapaz saltou do sofá, com olhos arregalado.

— O quê? — Perguntou incrédulo, mas a voz em sua cabeça continuava.

YuGyeom começou a gargalhar, incontrolavelmente. Ele realmente não estava esperando por isso, parecia completamente surreal. Os outros garotos se entreolharam, como se quisessem saber se na verdade eram eles caindo em uma brincadeira. A voz parou.

— Acho que acabou. — Disse, ainda segurando a barriga por causa das gargalhadas.

"Baby, você é brilhante como o sol nas férias
Sinto que vou precisar de alguns Raybans
Baby você está me dando sensações vertiginosas
Só você e eu, e é hora de relaxar"

YuGyeom colocou uma mão na boca, contendo um grito de incredulidade e euforia ao mesmo tempo.

— Está cantando de novo! Agora em coreano! — Ele se exaltou, dando pulinhos no lugar. Com certeza, mais tarde, seus amigos não deixariam de lhe zoar até não aguentarem mais.

— Ele cantou em inglês e agora em coreano? — JaeHyun perguntou, mas dessa vez YuGyeom ignorou, prestando atenção na música.

"Me diga que você vai ficar aqui ao meu lado
Eu sei que você sente o mesmo, não seja tímido
Você não pode negar quando parece tão certo
Oh, esta noite você está especialmente adorável
E é isso, temos que arriscar
Posso puxar você para mais perto?
Não tenha medo
Você não pode negar quando parece tão certo"

YuGyeom se jogou de volta no sofá, alguém falou alguma coisa e ele fez um "shiiiii", pedindo silêncio porque esse momento era seu.

"Deixe-me segurar sua mão
Você é o oceano para a minha areia, seja meu, baby
Posso te abraçar com força?
Você me deixa louco
O sol está brilhando para você e eu
Deixe-me segurar sua mão
E não temos que nos apressar, vamos devagar
Mas eu quero te abraçar
E nós temos todo o tempo do mundo, você e eu"

Seria mais constrangedor se YuGyeom estivesse prestando atenção em seus amigos, como ótimo zueiro que era, Chris foi rápido em pegar o celular e filmar, porque o material era bom demais para não ser registrado, que outra chance eles teriam de acabar presenciando um deles ouvindo pela primeira vez a alma gêmea? Nenhum dos outros tinha tido essa experiência ainda, o que era irônico se pensassem que dentre eles, YuGyeom era o mais novo.

"Se eu não soubesse melhor
Eu poderia jurar que vi suas bochechas ficarem mais vermelhas"

Instantaneamente, YuGyeom levou as mãos até as bochechas, tampando elas, que de fato, provavelmente estavam coradas. Os outros não podiam ouvir, mas isso não os impediu de rir e imaginar o que é que ele estava ouvindo para agir dessa forma.

"Não é o calor, você sabe, você sente a pressão
Ou eu estou apenas imaginando quando vi você corar
Eu acho que estou ficando bêbado de você
O álcool não faz parte, é apenas uma música para dois
Estou tentando o tempo certo para alcançar sua mão
Se estiver tudo bem com você, vou fazer minha jogada agora, baby"

O que parecia ser o refrão se repetiu, YuGyeom se perguntou que música era essa que ele nunca tinha ouvido. A voz era rouca, um pouco instável, era bonita, mas não parecia ser de alguém que praticava muito. YuGyeom tentou imaginar um rosto para essa voz, mas não conseguia, nada que vinha em sua mente parecia ser certo, ele não queria qualquer rosto.

"Você vai pegar minha mão, baby
E aconteça o que acontecer, prometa que não vai me deixar
Eu estarei lá por você, baby
E todo dia vai ser um episodio da nossa história
Você confia em mim?
Não fique ouvindo o que eles dizem
Querido, você vai me amar
Deixe seus sentimentos liderarem o caminho
Então amor, deixe-me segurar sua mão"

Suspirando, foi assim que aquela voz o deixou. Quando tudo se calou novamente, YuGyeom já sentia falta. Era assim que todas as almas gêmeas se sentiam com a primeira conexão? Ele não tinha certeza do que estava sentindo, mas ainda existia a mistura de surpresa, excitação e euforia.

Quando a voz voltou em sua cabeça, o rapaz começou a dizer números em inglês. YuGyeom demorou alguns segundos para entender que ele estava dizendo os números do seu celular. Ele puxou o aparelho do bolso rapidamente, mas já não lembrava os números iniciais. Esperou uns segundos e novamente, a voz ditou os números, dessa vez em coreano, o que facilitou a vida de YuGyeom. A voz repetiu a sequência mais uma vez em inglês e outra em coreano antes de calar.

— Ele me deu o número de celular.

— Ele? — EunWoo perguntou. — É um rapaz? — YuGyeom assentiu.

— E qual o nome do pobre infeliz? — Mingyu brincou, recebendo uma tentativa de chute de YuGyeom que não o acertou pela distância.

— Ele não disse.

— Então manda uma mensagem para ele. — Jaehyun o encorajou.

YuGyeom assentiu, digitando rapidamente.

"oi?"
"Eu acabei de lhe ouvir cantar"
"Você disse o seu número"

As mensagens foram em coreano, assumindo que aquele rapaz saberia ler se soube cantar tão bem, além disso, YuGyeom não era o melhor aluno de língua inglesa.

"Então você é minha alma gêmea?"

A mensagem veio sem demora.

— Ele respondeu! — Outras cinco cabeças se meteram na frente, os rapazes se agrupam para conferir também. — Saiam da frente! Ele está digitando e eu não consigo ver. — Ele os empurrou e embora tenham saído da frente, ainda estavam perto para acompanhar a troca de mensagens.

"Meu nome é Mark, fiz vinte anos hoje"

YuGyeom se sentiu feliz com isso, não era tão incomum que pessoas evitassem cantar quando não queriam fazer a ligação de almas logo que completavam o vigésimo aniversário.

— Responde ele! — Jeon o cutucou na costela, porque YuGyeom ainda estava parado sem responder.

— Você são muito enxeridos — reclamou.

"Prazer, Mark"
"Me chamo YuGyeom"
"Como você sabia que eu sou coreano?"

Essa pergunta não queria calar, afinal de contas Mark era um nome estrangeiro e a primeira versão da música era inglês, era fácil assumir que aquele rapaz era estrangeiro.

"Não sabia"
"Por isso eu cantei em inglês também"
"Mas eu moro na Coreia, então resolvi tentar em coreano também"

"Mas você não é coreano, é?"

A dúvida era razoável, afinal Christopher era de origem coreana, mas era australiano de nascença.

"Americano-taiwanês"

Uma sequência de "oh", foi ouvida, todos os rapazes reagindo. YuGyeom revirou os olhos.

"Quantos anos você tem, YuGyeom?"
"Gosto de acreditar que nunca te ouvi antes porque você ainda não fez vinte anos"
"Mas também espero não ter cantado para uma criança"

"Eu tenho dezesseis anos"

YuGyeom mordeu o lábio inferior, incerto sobre o que o outro rapaz iria achar disso.

"Ah"

— Ah? — YuGyeom repetiu, em tom de indagação.

— Acho que ele te achou novo demais — comentou EunWoo.

— Só são quatro anos de diferença, não é tão ruim — alegou JaeHyun.

— Mas para ele parece — opinião Chris.

— Calem as bocas — YuGyeom pediu, ficando um pouco chateado.

"Você é mais jovem do que eu esperava"
"Mas quatro anos também não é um absurdo"
"Mesmo assim, vou precisar insistir que você conte aos seus pais sobre ter me ouvido hoje"

— Quem fala para os pais algo assim? — Mingyu fez uma careta. — Só porque temos dezesseis ou dezessete anos não somos crianças.

— Mas mal também não faz, YuGyeom não sabe quem esse Mark é de verdade — JeongGuk opinou.

— Vai falar com seus pais? — JaeHyun perguntou.

YuGyeom encolheu um pouco os ombros. Ele provavelmente teria vergonha de falar sobre isso com os pais, mas olhando por outra perspectiva, ele gostou do pedido de Mark, no mínimo estava colocando a segurança de ambos em primeiro lugar, não tentando seduzi-lo.

"Tudo bem, eu avisarei"

Mark ficou surpreso com a idade de YuGyeom, mas realmente não achava que esse era um grande empecilho. Exceto pelo fato de que ele era uma figura pública e não ficaria nada legal na mídia se saísse uma notícia de que ele estava saindo com um garoto menor de idade. Ele não queria nenhum tipo de publicidade negativa, para além disso, não queria submeter o garoto a um mundo que podia facilmente engolir ele.

Depois daquele dia, eles continuaram se comunicando por mensagens, às vezes alguns áudios, mas Mark insistiu que fotos dos rostos não fossem mandadas, primeiro porque ele não contou que era uma figura pública, por motivos de contrato, ele precisaria esperar a renovação do seu contrato para mudar a cláusula de relacionamentos, e também, precisava se preservar enquanto ainda conhecia YuGyeom, seria totalmente horrível se as conversas deles vazassem, mesmo que não tenham conversado nada impróprio. Em segundo lugar, já que YuGyeom era menor, ele preferiu assegurá-lo de que sua imagem também estivesse preservada.

"Você parece nervoso" JinYoung segurou a mão dele enquanto o deixava ler as palavras escritas no caderno.

— É porque eu estou.

"Vai dar tudo certo, eles vão gostar de você"

Não tinha como assegurar isso, mas Mark tentou acreditar no amigo.

Eles tinham marcado o encontro em um restaurante, daqueles que tinham salas privativas, porque Mark não queria que fossem interrompidos por alguém lhe reconhecendo, acontecia muitas vezes.

Um dos garçons abriu a porta e anunciou:

— A família Kim está aqui. — O garçom avisou, abrindo espaço para uma família composta por um homem alto usando óculos, uma expressão séria que fez Mark enrijecer, aquele só podia ser o par; a mulher era mais baixa, tinha o cabelo cortado em chanel, ela sorria de forma mais simpática, era a mãe, certamente; por último, e com certeza não menos importante, um garoto alto suficiente para ser maior que o pai, magro, com o cabelo preto em um corte tipicamente colegial, parecia estar muito tímido, embora sorrisse;

Mark e JinYoung ficaram de pé e fizeram uma reverência, cumprimentando os recém chegados. O cumprimento foi devolvido de uma forma mais modesta.

— É um prazer conhecê-los, senhor e senhora Kim — disse Mark, curvando-se mais uma vez, era por puro nervosismo. — E YuGyeom. — Sorriu, olhando para o garoto, que era mais alto que ele também. JinYoung viu o brilho no olhar do amigo, um vislumbre do primeiro olhar de duas almas gêmeas se encontrando. — Sou Mark Tuan, esse é meu amigo, JinYoung.

— É um prazer conhecê-los também — falou o senhor Kim, apesar da expressão séria, seu tom de voz era mais calmo.

— Sim, YuGyeom nos falou bastante de você, quisemos mesmo conhecer você — disse a mãe.

Eles se sentaram. JinYoung observou o amigo de soslaio, ele não estava ali para servir de muita coisa a não ser apoio moral, Mark ainda estava tenso. Mas os pais de YuGyeom não pareciam realmente assustadores, na verdade, eles foram bastante cordiais. YuGyeom foi o mais silencioso.

— O que você faz, meu rapaz? Está na faculdade? — perguntou o senhor Kim, depois de um tempo de conversa. JinYoung sorriu e começou a escrever algo no caderno.

— Não faço faculdade, senhor — Mark respondeu.

— Mas você pretende?

JinYoung virou o caderno para os três, eles ainda não tinham se acostumado a ler as poucas vezes que JinYoung tinha entrado na conversa, mas sempre olhavam com curiosidade. De repente, YuGyeom explodiu em uma gargalhada com seja lá o que tinha lido, a senhora Kim também riu, mais contida que o filho e o senhor Kim franziu o cenho. Mark puxou o caderno para ler.

"O trabalho do Mark-hyung é ser bonito", foi o que JinYoung escreveu.

Mark o olhou como se seus olhos fossem facas e fosse cortar o amigo.

— Eu sou modelo — Mark disse remediando o que JinYoung tinha escrito.

— Oh, eu bem que tinha certeza de que tinha lido ou ouvido seu nome em algum lugar, talvez visto seu rosto também — falou a senhora Kim.

Mark roubou a caneta de JinYoung antes que o amigo escrevesse algo como "talvez tenha visto um outdoor da Calvin Klein com ele", esse não era o tipo de coisas que ele queria que os pais de YuGyeom soubessem sobre ele logo no primeiro dia.

— Respondendo sua pergunta, senhor Kim, não tenho planos para iniciar uma graduação, tenho uma agenda muito cheia como modelo e também tenho outros empreendimentos.

— Acho que posso entender... — O senhor Kim fez uma pausa, como se pensasse melhor a respeito antes de dizer algo. Ele continuou: — Muitos jovens têm escolhido carreiras de artista. Se estabelecer nesse meio não deve ser fácil já que tem sido cada vez mais competitivo.

Mark assentiu, não podia mesmo dizer que era fácil, precisava se manter relevante para continuar recebendo contratos.

— Estou neste meio há dois anos, senhor. Não é fácil, mas eu estou indo bem.

— Não pense que estou desmerecendo seu trabalho, YuGyeom gosta muito de dançar e o incentivamos, mas a vida como artista deve ter suas dificuldades para além do glamour.

Mark olhou para YuGyeom, o rapaz já tinha dito que gostava de dançar e prometeu que depois que se conhecessem de verdade, mandaria um vídeo dele ensaiando.

— Acho que existem dificuldades em qualquer profissão, alguns mais que outros e certamente alguns deles muito mais que o meu. YuGyeom me contou que gosta muito de dançar e que se dedica bastante, então acho que o senhor não tem que se preocupar, ele vai dar o melhor dele.

A resposta pareceu satisfazer tanto o pai quanto a mãe, na verdade, os dois apoiavam muito YuGyeom em seu sonho, se fosse diferente, não pagariam para ele as aulas de dança.

Correu tudo bem. A impressão dos pais de YuGyeom sobre Mark foram positivas, Mark se mostrou uma pessoa segura e confiável. YuGyeom não falou muito na ocasião, tímido de várias formas possíveis, tanto pelos pais estarem presente, quanto por ter ficado muito surpreso com o quão bonito Mark podia ser, ele queria contar para todos os amigos que sua alma gêmea era ninguém menos que Mark Tuan.

Notas da autora:

Primeiro de tudo: Eu não podia perder a oportunidade de dar uma zuadinha com o Mark Calvin Klein, muito embora na realidade eu quase tenha tido uns dois infartos, hahaha. Porém, agora que eu o vi ao vivo e a cores na minha frente e tirei uma foto com ele, devo dizer que as fotos não fazem jus, pois ele é muito mais bonito em pessoa!!!!

Segundo: Eu AMEI trazer a 97line aqui, especialmente para presenciar esse momento do YuGyeom e fazer com que fosse um momento divertido. Uma pequena observação, é que o Bam não será um membro dessa line e isso quebrou meu coração, mas seguiremos firmes.

Musica em inglês com nosso Mark apenas no YouTube, música original em coreano no spotify com o GOT7.

Hands Up que o YuGyeom canta é do 2PM.

O dueto iconico do JK e do JaeHyun é A Thousand Miles, simplesmente trilha sonora de As Branquelas hahaha