Acordo em mais um dia de sol
deitado no lençol.
Já são 6 da manhã e eu só estudo amanhã.
Janela semiaberta faz o sol entrar
e esquentar a coberta.
Mas tanto faz;
Já faz 38 anos que ando coberto.
Coberto de trabalho.
Coberto de cobranças.
Coberto de contas,
responsabilidades
faculdade
decepções
e coberto de solidão.

Mais um dia levanto no meu plano coberto.
Boto minha camisa fina.
Abro a janela pra fria do quarto passar e o
calor entrar.
Lá na rua avisto um menino a chorar.
Nem ligo e saio da janela pro meu cotidiano voltar.
Mas o choro da criança ecoava no ar.
Passou a ecoar na minha mente.
E eu nada contente;
fui ver a criança carente.

Me aproximo da porta e alguém bate na mesma:

-Quem é? - Pergunto no vazio.

E o choro recomeça mais forte.
Abro a porta e nada
A criança não estava lá.
E o choro
vinha
de outro lugar.
Esse lugar era a minha sala de estar.

Me aproximo da criança que continua a chorar.
Um sentimento invade a sala e antes de eu dizer:
"Bem-vindo de volta ao lar"
Me ponho a chorar e me desculpas.
A criança sem entender,
engasgando no choro.
Me abraça e diz
"Bem-vindo de volta"

----------------------------------------------------------

Obs.:
Está obra é uma das minhas primeiras prosas que eu escrevi. Lembro que foi num projeto da escola da disciplina de português aonde a professora pediu para fazer um texto aonde o personagem principal se encontrasse em algum momento da historia o seu eu em forma de criança e acabei fazendo está prosa poética. Só para explicar como esse capitulo surgiu mesmo haha Abraços.