28 - TRY

Brandon P. O.V

Deixo inúmeras mensagens na caixa postal da Rosie, em vão. Depois do que aconteceu no Dutch Bros, ela simplesmente sumiu. Christian não sabe de nada e Sky me dá respostas vagas. Algo está errado e eu vou descobrir.

— Mãe - Digo, antes de sair. — Vou a casa da Rosie.
— Certo. - Ela responde e eu saio porta afora. Não pego o carro por que sei que é desnecessário, ela mora a duas ruas daqui.
Toco a campanha e Sky atende, e arregala os olhos quando me vê.
— Brandon... Eu não esperava que você viesse aqui.
— Sky, cadê a Rosie?
— É....
— Por favor, Sky. Me fala. Eu preciso saber onde ela está.
— Tudo bem. Entra.
Entro e me deparo com Christian no sofá.
— Irmão - Digo e ele arqueia a sobrancelha.
— Vamos falar? - Sky pergunta e Christian mexe no celular.
— Ele vai surtar. - Ele responde e eu o encaro.
— Mas ele não vai sair daqui até saber a verdade.
— Vamos contar, então. Mas não diga que eu não avisei.
— A Rosie está em Sacramento.
— Ela foi pro Califórnia e ninguém me avisa nada? - Pergunto e eles assentem.
— E a pior parte nem é essa. Ela está... Com a Lizz.
— O quê? - Pergunto, incrédulo.
— Ela está com a Lizz, Brandon. E seja o que for que você esconde, ela vai chegar aqui hoje à noite e sabendo de tudo.
— Vou ao aeroporto. - Respondo e me dirijo até a porta.
— O voo dela só chega à noite. E não acho que ela vá querer te ver imediatamente. - Christian diz
— Christian... Eu não posso deixar a mesma coisa acontecer. Eu já perdi alguém que amava uma vez, e não sei se aguento uma segunda dose.

****
Avisto ela na pista de desembarque, com os olhos inchados. E quando ela me encara, ela começa a chorar desesperada.
— Rosie... - Vou na direção dela.
— Brandon, não - Ela se afasta e vai na direção da saída do aeroporto.

Procuro ela na avenida inteira, mas ela já foi embora. Ligo o carro e sigo a W Thunderbird o mais rápido que consigo, até chegar à casa dela.
Vejo ela descendo do táxi, com a mala em mãos.
— Rosie - a chamo e ela se vira na minha direção.
— O que foi, Brandon? Algum outro segredo que eu não saiba?
— Precisamos conversar. - Digo e ela assente com a cabeça.
— O que ela te contou?
— Tudo.
— Tenho uma explicação por trás disso.
— Sinceramente, não é a melhor hora pra isso. Mas sei que você não vai sossegar enquanto não disser a sua versão. Então, diga.
— Eu te contei o começo no Dutch Bros...então vamos a parte que importa, Rosie.
Ela se senta na calçada e joga a mala de lado.
— O Nathan se envolveu nos jogos, quando perdeu o emprego, através de um conhecido. Antigamente os jogos eram realizados em Tucson, aqui no Arizona. E atualmente, Peoria é a sede. E eles funcionam como os jogos de azar convencionais de cassinos, mas as dívidas são bem maiores. O dinheiro ganho ou perdido em um jogo de azar é determinado pelo "EV" de uma aposta. Cada aposta pode gerar "EV" negativo que é a perda de dinheiro ou positivo, o ganho de dinheiro. E o EV positivo que ele ganhava não cobria as dívidas. E tudo virou uma bola de neve.
— E o que o levou a fazer isso? - Ela pergunta
— Eu não sei. Talvez seja a pressão da família da minha mãe nunca o ter aceitado, juntamente a perca de emprego repentina. Mas infelizmente... Esse é um caminho sem volta, Rosie. Eles te tratam bem, te dão tudo o que você precisa até você chegar a um ponto em que depende do jogo pra tudo. O Nathan perdeu o carro, perdeu sua poupança no banco... E até a poupança da Levy-Anne ele usou. E nada foi capaz de afastá-lo do jogo, até por que ele tinha uma dívida a ser paga. Os eventuais "trabalhos" dele a noite, eram os jogos. Eles tomam a sua vida, ameaçam a sua família, tiram tudo o que você tem.
— É mais sério que eu pensava. E onde a Lizz se encaixa nisso? - Ela pergunta, me encarando.
— Quando o Nathan morreu, dois dos "chefes" do jogo bateram na porta da minha casa. E pra minha falta de sorte, eu atendi. A dívida do Nathan é tão grande que eles ameaçaram a minha família caso a dívida não fosse paga. Ameaçaram a minha mãe, o Christian, a Levy-Anne. Eu entrei no jogo pra salvar a vida deles e pouco a pouco eu estou perdendo a minha, Rosie. A sorte de ganhar ou perder não depende da habilidade do jogador, mas exclusivamente de uma contingência natural baseada numa realidade produzida chamada de probabilidades matemáticas. A essência do jogo de azar é a tomada de decisão sob condições de risco, conhecendo-se o regulamento... E eu conhecia, antes de entrar. Quando eu e a Lizz começamos nosso "relacionamento", eles sabiam. Me disseram que os Ross já fizeram parte do jogo e que eu não podia continuar com ela. Eu insisti, por que eu a amava. E nisso eu quebrei meu braço, ou melhor: Eles quebraram, mas essa foi só uma das vezes.
Ela te contou a versão dela, por que eu nunca saia com ela em público, não fazíamos nada de um casal normal.
— E porque não? - Ela pergunta
— Eles seguiam cada passo meu, por eu ser novo no jogo. Foram raras as vezes em que saímos juntos. E a cada vez, eu recebia hematomas diferentes.
— E quando ela soube?
— Eu contei a verdade a ela, depois de meses. Ela me chamou de doente, disse que eu era um psicopata, quebrou um espelho no meu quarto e foi embora pra California. E depois dela eu prometi não amar mais ninguém, por que eu fiz tudo por ela, e nada foi suficiente pra faze-la ficar.
— E aqui estamos nós. - Ela diz, suspirando. — O Christian sabe?
— Não. Se ele souber, vai insistir para que eu saia... E a dívida do Nathan triplicou de valor. Ele devia muito, e no começo eu não era muito bom em probabilidades, o que fez a dívida crescer.
— E a sua mãe?
— Eu não posso contar a ela que o que matou o Nathan foi o jogo. Ele não sofreu um acidente de carro " normal", ele foi assinado, Rosie.
O carro foi sabotado a mando dos líderes do jogo.
— E quanto a nós? Vão nos seguir também, vão querer que você se afaste de mim?
— Não vou deixar a história se repetir, Rosie.
— Eu preciso de um tempo, Brandon. Tempo pra processar tudo isso. 

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top