Sincronizados
Morenas, loiras e ruivas entram e saem da farmácia. Obviamente iriam entrar e sair, não iriam morar nesse local ao contrário de mim. Meu pai adotivo é dono daqui e mesmo por isso sou obrigado a trabalhar, afinal não ganho nada de graça desde sempre, não tiro a autoridade dele pois está mais que certo e eu não iria saber como é a sociedade se não trabalhasse em comércio.
Faço faculdade e tento manter meu serviço como antes dessa responsabilidade. Difícil, afinal meu curso suga muito as minhas energias, contudo consigo dar conta dos meus afazeres, na verdade com muita dificuldade. Trabalhar e estudar é mais difícil que parece, Jiraya fez isso e ainda por cima escrevia o seu primeiro livro impresso… só tenho orgulho, ainda mais por valorizar minha educação, convenhamos que se eu não trabalhasse iria ser um metido.
Tem clientes que não merecem um bom dia, outros merecem um papo para vida toda, mas o que realmente coloca um sorriso em meu rosto é a mulher que trabalha na ótica ao lado. Depois que a gente começou a conversar quando temos alguma folguinha percebi que meu gosto para mulheres é o oposto do que dizem, falam que os opostos se atraem e blá blá blá. Meu oposto seria uma mulher que não gosta de rock, piercing, tatuagens e etc, tentei de todas as formas seguir essa linha de raciocínio, falhei miseravelmente. Konan é uma mulher forte, consegue tirar palavras de seus lábios que normalmente ficavam juntos deixando tudo silencioso; apreciei cada coisa em si, por exemplo o cabelo, os piercing e até as tatuagens.
Talvez eu seja um tarado. Papai se orgulha disso, tenho convicções e certezas da minha afirmação. Papai ama a Tsunade de uma maneira, que me fez mudar de cidade. Literalmente a pipa do vovô ainda sobe. Tomara que eu tenha tamanha disposição depois dos quarenta, pois se for olhar as brincadeiras idiotas do Obito quando jogamos cartas e ele precisava sair para o banheiro, fazia a manipulação contra nossa trapaça falando que se olhamos as cartas o pau não iria subir mais. Realmente, eu ficava amendrotado.
Nosso círculo de amizades se tornou o mesmo. "Parecem namorados" lembrei de Rin e sua voz doce enquanto falava da gente. Talvez a gente seja namorados sem notar, mas não penso que seja agora o momento oportuno para iniciarmos algo sério. Mesmo com seu olhar eu já… me perdi totalmente, não tenho meu cérebro funcionando direito quando estou perto de si.
— Bom dia. — Disse animada. Me deu um beijo no rosto. Nossa altura é apenas de 7 centímetros de diferença, porém eu não ligo de ficar com mulheres apenas alguns centímetros mais baixas.
— Bom dia… — As palavras me escapam na presença dela fui ao clichê: — Como está?
— Muito bem! Maravilhosamente bem! — Vi sua animação, fiquei curioso sobre o porquê de estar assim.
— Por quê está assim?
— Fui aprovada no vestibular! Vou iniciar a faculdade e… — Seu olhar se tornou vago e seu semblante mudou. — Vou trocar de turno. Acho que a gente vai parar de se ver com tanta frequência.
Por que logo agora? Isso não estava nos meus planos… terei que fazer outra coisa.
— Eu tive uma ideia… você não estava querendo tatuar? Que tal a gente fazer isso juntos? Será nossa despedida! — Só de vê-la sorrindo, meu coração aqueceu.
— Amei a ideia!
Na esquina tinha um local que fazia tal coisa. Nosso círculo de amigos era esse, povo que trabalhava na rua e fizemos amizade às vezes que o carro atrapalhava e tínhamos que ir a pé.
Como estamos em fevereiro, hoje nós dois trabalhamos o dia inteiro acabei usando meu horário de almoço para fazer uma loucura. Os loucos são os melhores, inclusive. Comprei dois pingentes que se completam de uma lua e um sol, pedi para por em uma caixinha aveludada. Comprei tulipas azuis e algumas margaridas, caixa de bombom. Escondi tudo tudo no ateliê de tatuagem do Deidara e Sasori.
— Vai fazer o quê?
— Uma frase! E você?
— Frase também… — Passamos pela porta, os dois vieram nos atender. — Eu pago. Vou passar no débito.
Tinha dado sorte da agenda não estar cheia hoje, foi tudo de última hora, contudo deu certo. Antes de irmos a sala, beijei sua testa. Sorrimos um para o outro. Deidara foi levá-la e eu pelo ruivo, sorri imaginando a frase no meu peito.
Após um tempo, acostumam com a agulha. Devo admitir é prazeroso a agulha atravessando a pele e depois ver o acabamento, lembrar do significado e também da força de vontade para fazer tal ato, hoje é a Konan que meu deu essa vontade. Minha azulada. Sai primeiro e peguei o quê acabei de comprar, esperei na porta da frente para pedir em namoro.
— Konan? — Caminhou até mim após me olhar. Pelo meu surto de coragem, entreguei para ela as flores e o chocolate.
— O quê… é isso? Eu… eu amei! — Sorriu largo, repeti o gesto.
— Err… — Não seja tímido! — quer namorar comigo? A gente fica faz um tempo, mas nunca pedi formalmente e se não aceitar eu…
— Uou… aceito! — Me abraçou. — Obrigado por tudo, Yahiko, sei que fez isso por saber que vou ter que trocar de turno, mas saiba que vamos sempre sair como namorados!
— Eu sei… — Peguei os pingentes e coloquei o da lua em seu pescoço, ela me entregou o que segurava e colocou no meu. — Qual a frase que você fez?
— A melhor viagem é seguir a trilha que eu abri. — Fiquei sem reação, perceptível meu ato pois foi interrogado: — por quê ficou assim?
— Err… — Abaixou levemente a camisa, mesmo com o plástico dava para ler. — Eu fiz o mesmo!
Sedi minha mão para ela, começamos a caminhar.
— Bem, nossa sincronia vai até para tatuagem!
— Literalmente a sincronia da tatuagem! — Rimos.
Sua presença me faz tão bem, que só de segurar sua mão e levar até seu lar já fico alegre. Mesmo não querendo pedir em namoro agora, penso que estaríamos ficando muito distantes se não tivéssemos um romance para saímos, horário de nossas vidas fora do encaixe não seria problema, afinal cinco minutos ao menos com ela já me deixa feliz.
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