64 - SAMANTHA

Eu? Grávida? Ter um bebê? O que?

Depois de ter um pequeno surto naquele consultório, Anna me trouxe para casa. Não trocamos nenhuma palavra até então. Felizmente, Anna sabia respeitar meu espaço.

Assim que adentramos sua casa, me sentei no sofá e encarei o nada.

— O que vai fazer? – ela pergunta se pronunciando pela primeira vez até então.

— Eu não sei, eu não faço ideia. – suspirei. — Eu não se cuidar nem de mim mesma imagine de uma criança.

— Você não está pensando em...

— Não! – digo cortando-a. — Eu só estou assustada.

— Você será uma boa mãe, Samantha. Tenho certeza. – diz se aproximando e segurando minhas mãos.

— E quem te garante? Seus instintos maternais? – soltei uma risada sem humor.

— Não, Agatha. – a encarei. —Pelo que ela me disse, você é a melhor mãe do mundo. Pelo menos foi o que ela me disse, que a mãe dela se chama Samantha e é a melhor mãe que existe. Acho que a única Samantha que eu e ela conhecemos é você.

— Quando conversaram? – pergunto tentando segurar minhas lágrimas.

— A pouco tempo. Ela te ligou e acabamos conversando um pouquinho. Ela me disse o quanto você é uma mãe maravilhosa, atenciosa, carinhosa, e linda. – E essas lágrimas caindo aqui? — Que ela teve sorte em ganhar essa mãe maravilhosa. E que papai do céu é muito bondoso por te colocar na vida dela. – ela diz sorrindo. — Você não será uma boa mãe Samantha, você é uma boa mãe.

— E Peter? O que eu faço?

— Tem que dizer a ele.

— E se eu atrapalhar a vida dele? Ele deve estar as mil maravilhas com a tal Laura. Nem deve mais saber de mim. – ela revira os olhos. Típico de Anna.

— Pelo amor de Deus, Samantha! Ninguém nunca disse que os dois namoram, apenas que são próximos. Acho que Peter é maduro o suficiente para terminar com você antes de se envolver com outra pessoa.

— Eu disse para ele seguir a vida dele!

— Acha que é facil assim para uma pessoa deixar de amar outra, anta? – me da um empurrão com o ombro. — Não é dessa forma, nem mesmo se ele quisesse. E eu dúvido muito que os sentimentos dele sejam falsos.

— Mas nós não fazemos mais sentido a muito tempo. – dei de ombros.

— Tá, vamos supor que a relação de vocês não dê certo. Algo que eu dúvido muito. – acrescentou. — Vocês têm laços que vão os ligar para sempre. Agora não é mais um laço, são dois. Os filhos sempre vêm em primeiro lugar, mesmo que não dê certo, vocês precisam trabalhar em ter uma relação estável e saudável pelas crianças. Não da para ficar fugindo.

— Eu sei. – suspirei.

— Ele tem direitos como pai, você não pode priva- lo, muito menos a Agatha.

— Então devo voltar?

— Claro! Já passou da hora, minha querida. – riu. — Vá, coloque as cartas na mesa. Essa casa está com as portas abertas para você e sua família sempre, seja nos momentos bons ou ruins. – sorrio e a abraço.

— Você é um anjo!

— Eu sei. – rimos e nos encaramos.

— Meu pai vai querer me matar.

— E eu que vou ter que lidar com um marido assassino? Porque você sabe, seu irmão vai querer matar Peter por "tirar sua pureza". – afirmo com um olhar de tédio.

— Isso logo após um desmaio.

— Com certeza! – Anna diz gargalhando logo em seguida. Faço o mesmo, mas um  incômodo no peito me faz sessar o riso. — O que foi? Se sente mal? – Anna pergunta agora séria e preocupada.

— Algo está errado. – murmuro. — Um aperto no peito, uma sensação ruim.

— Vou buscar um copo de água. – saiu a caminho da cozinha.

Soltei e inspirei o ar. Eu já senti isso antes.

Meus olhos se arregalam no mesmo instante.

Agatha!

Quando penso em pegar meu celular, o nome de Emilly brilha no visor. Meu coração se acelera e sinto meu corpo inteiro tremer.

— Samantha... – sua voz é vacilante.

— O que houve com a Agatha?

— A levaram Samantha, a levaram de novo!

Isso não pode estar acontecendo.

— Como? Pensei que Pilar estivesse presa! Quando eu pegar ela...

— Não foi a Pilar! – Emilly diz me cortando. Minhas pernas fraquejam só de pensar em alguém realmente perigoso com a minha filha.

— Então... quem foi? – pergunto com medo da resposta.

— Elize. Ela voltou, teve uma briga com Peter e levou a Agatha.

O mundo volta a parar. Aquela infeliz teve realmente coragem de voltar depois de tudo?

— Aquela desgraçada teve a coragem de brotar das profundezas do inferno para vir mexer com a minha filha? –  pergunto vendo Anna entrar na sala. — Vou pegar o primeiro vôo para Nova York.

— Vem longo, as coisas aqui estão um completo caos.

— Estou indo! – Não esperei resposta e desliguei subindo para o meu quarto.

— O que aconteceu, Samantha?–- Anna pergunta e me segue. — Como assim ir para Nova York agora? – entro em meu quarto e pego uma mochila.

— Agatha foi sequestrada. – digo colocando minhas coisas dentro.

— O que? Como? Quando? Por que? – questiona exasperada.

— Anna! – a encaro. — Aquela demônia da ex mulher do Peter.

— O que? Mas ela não estava morta?

— É uma longa história, eu tenho que ir para lá.

— Sozinha? Não, eu vou com você.

— Não Anna, você fica. – digo enfiando mais algumas roupas na mochila. 

— Fica a onde? – Brian entra no quarto nos olhando confuso. — Onde vai com isso Samantha?

— Para Nova York. – Anna e eu respondemos ao mesmo tempo.

— O que? Estão loucas? Andaram fumando? Como de uma hora para outra vão para Nova York? – ele pergunta.

— Agatha foi sequestrada Brian. – Anna diz.

— O que? Como? – ele nos olha em choque e em confusão.

— Estou indo. – digo pegando minha mochila e passando pela porta.

— Eu já disse que vou com você. – Anna corre para o seu quarto.

— Estão loucas? – Brian pergunta. O ignorei e desci as escadas. Em poucos minutos Anna e Brian descem.

— Você não vai Brian! – ela diz.

— Vou sim. Ou acham que vou deixar as duas sozinhas em Nova York achando que são a Mulher Maravilha? Nem pensar!

— E você vai fazer o que lá Brian? Dar uma de Superman? – Anna pergunta.

— Galera, pouca conversa e mais ação. – digo saíndo da casa.

Entramos no carro e seguimos para o aeroporto.

Anna mandou uma mensagem para Pamela avisando que tiveram que fazer uma viagem de urgência e que ela teria que ficar com as crianças.

Brian falava e falava e falava e eu estava o ignorando.

Minha cabeça estava em Agatha e  em como vou matar a ex defunta.

Chegamos no aeroporto e corremos. Compramos as passagens em cima da hora, o vôo já estava quase saíndo.

Corremos e entramos no avião.

Elize, me aguarde!

***

Algumas horas mais tarde, finalmente chegamos em Nova York e já era quase nove da noite.

Brian continuava reclamando, eu por minha vez nem estava dando muita atenção ao que acontecia ao meu redor.

O ar gelado de Nova York me pegou de surpresa. Já que no brasil já era quase verão, eu estava de short e camiseta. Nem vi a maneira que estava vestida.

Pegamos um táxi e seguimos para casa de Peter. Eu estava enjoada, com sono, minha cabeça parecia uma escola de samba de tanto barulho causado por pensamentos. Não consegui dormir no vôo e passei quase o tempo todo no banheiro vomitando.

O táxi parou em frente a mansão em fui a primeira a descer. Toquei a campainha várias vezes.

John apareceu. Ele estava de barba. Uau!

— Samantha? É você mesma? – ele pergunta em choque.

— Não, o coringa! Claro que sou eu. – ele sorriu de leve e abriu os portões. Corri e o abracei. — Estava com saudades.

— Eu também, Jack nem se fala. – ele diz.

— Pode ajudar aqueles dois com as mochilas? – apontei para trás e ele assentiu. Comecei a entrar na casa. Estava tudo igual, exceto pelo jardim que estava bem mais bonito. Subi as escadas da entrada bati na porta, um rapaz abre e me sinto aliviada por não dar de cara com Andrew.

Ele não aparenta ser tão novo mas também tão velho. Me analiza por um momento e depois sorri de leve como se tivesse me reconhecido e me dá espaço para entrar. .

Encarei a casa, como senti falta.

— Na sala de estar. – ele diz me pegando de surpresa. Assenti e segui até a sala de estar.

Ao entrar meu coração pareceu errar uma batida. Ele estava sentado no sofá e uma mulher segurava seu braço parecendo cosolá-lo. Ele ergueu a cabeça e seus olhos se encontraram com os meus. Ele se solta da mulher que agora me encara e se levanta.

Sem raciocinar direito corri em sua direção e o abracei, ele por sua vez retribuiu muito bem.

Era tudo o que eu precisava. Tudo o que eu senti falta durante esses longos dois dolorosos e cansáveis meses. Estar nos braços de Peter Miller.

As lágrimas caem seguidamente. Nos distanciamos um pouco após eu soltar um soluço e ele me encara.

— Eu...

— Shh. – segurei seu rosto entre minhas mãos. — Não é culpa sua, nem pense em dizer isso. Nós já passamos por isso antes, e vamos conseguir passar dessa vez. Logo ela estará de volta, ok? – ele assentiu. Nos separamos e a mulher se aproxima. Não dá para negar, ela é bonita.

— Essa é a Laura. – Ah, claro. — Laura essa é a...

— Samantha. – ela diz cortando-o e depois me sorri. — É um prazer te conhecer. – estendeu a mão. Um tanto incerta, retribui ao seu cumprimento. — Já ouvi muito sobre você, e foram coisas boas. Não se preocupe. – sorriu de novo. 

Por que ela tem que ser tão amigável?

— Eu também, de você. – e não foram coisas tão boas... Ela por sua vez me olha surpresa.

Haham. – Brian tossiu chamando a atenção e Anna lhe dá uma cotovelada.

— Ah. – digo. — Brian, você já conhece. E aquela é a Anna. – os dois se aproximam.

— É um prazer te conhecer. – Anna diz apertando a mão de Peter e sorrindo.

— Digo o mesmo. Ouvi falar muito de você.

— Eu também ouvi muito sobre você, e como ouvi. – ela diz e lhe dou um olhar mortal.

— Brian. – Peter diz encarando meu irmão. — Parece que não mudou nada.

— Ah, sabe como é. Eu ainda sou jovem, já você está bem acabadinho. – Brian lhe dá um sorriso. Anna lhe acerta com outra cotovelada e eu apenas reviro os olhos.

— Alguma notícia? – perguntei mudando de assunto.

— Não. – Peter suspirou. — Não faço ideia de onde aquela maluca a levou.

— O que ela quer afinal de contas? 

— Dinheiro. Eu recusei dar e ela resolveu partir para algo mais sério.

— Como aconteceu?

— Ela entrou com capangas. Atiraram no Jack e...

— Atiraram no Jack? – cortei-o incrédula e ele afirma. — Como ele está?

— Eles está na UTI. As coisas não estão boas. – não posso acreditar! As lágrimas retornam aos meus olhos. Para de chorar Samantha PELO AMOR DE DEUS CRIATURA — Está tudo bem? – Peter pergunta preocupado.

— Continua. 

— Eles entraram na casa durante a madrugada, a pegaram enquanto dormia. Ela acordou gritando mas a doparam. Doparam Marie também e foi com uma dose muito pesada. Ao ouvir os gritos eu corri e tentei ir atrás deles mas me acertaram com uma pancada na cabeça. – arregalei meus olhos. —Só fizeram questão de deixar isso. – me entregou uma papel.

"Querido Peter, agora um poema. Tentei avisar, papai não quis cooperar. Filhinha quem vai pagar! Só a terá de volta quando me der o dinheiro. Boa sorte Peter. Beijos da sua amada esposa xx "

O sangue me subiu a cabeça.

— Eu vou acabar com essa desgraçada! – digo com raiva. — Quando eu encontra-lá, vou mandá-la de volta para onde ela nunca deveria ter saído. Vou fazer picadinho de defunta!

— Vai com calma nas palavras, eu sou cardíaco. – Brian diz e Anna revira os olhos.

— Brian aceita uma carona com ela? – ele nega rapidamente. — Foi o que eu pensei. – suspiro. Logo Ryan e Emilly entram com o detetive e o delegado.

— A polícia já está acionada. Só precisamos esperar que eles entrem em contato, e agir. – o detetive diz.

— Não. – digo e todos me encaram. — Eu já disse antes, sentar e esperar não é a solução. Você vai chamar os policiais e fazer eles darem uma geral pela cidade. Ela é louca, mas não é tão sem noção de sumir da cidade. Vocês, – apontei para Anna, Brian, Emilly e Ryan. — vão espalhar por aí que Agatha desapareceu, e que estão dando uma recompensa para quem encontra-lá.

— Isso é perigoso! – o delegado diz.

— Sim, mas é uma forma dela entrar em contato mais rápido. A idéia dela é nos atormentar e nos fazer de trouxa. Ela vai demorar um século para entrar em contato exatamente para deixar Peter transtornado. Então o plano é causar a ira nela. Ela vai ver que não estamos dando atenção e vai ligar querendo tirar satisfação.

— E depois? Se ela ligar? – Peter pergunta.

— Ai sim. – sorrio vingativa. — Vamos entrar em ação.

— Senti falta disso. – ele diz e me encara.

— Eu também. – concordo o encarando de volta.

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Can we, we keep, keep each other company
Maybe we, can be, be each other's company [...]🎶

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