59 - SAMANTHA

Brasil. Cá estou eu novamente.

Me doeu deixar tudo, mas eu realmente preciso de um tempo. Não foi fácil tomar essa decisão exatamente pela Agatha. Mas eu me sinto mal. E sinto que eu precisava disso.

Eu sempre fui meio agressiva, isso não é novidade para ninguém. Eu nunca realmente pensei em ir além de uns pequenos tapas, o modo como agi com a Pilar me assustou profundamente.

Mas agora eu só quero um tempo para colocar minha cabeça no lugar, digerir tudo o que vem acontecendo comigo. Ficar perto da minha família é o que eu preciso.

Acordei no meu antigo quarto na casa de Anna e Brian. Está tudo exatamente do jeito que eu deixei.

Dois dias desde que cheguei e a única coisa que fiz foi me trancar aqui e dormir ou chorar.

Quem diria que eu seria tão fraca.

Tomei um banho rápido e vesti uma calça jeans curta e uma camisa preta, meu all star preto e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo.

Peguei meu celular e sai do quarto. Entrei na sala de jantar encontrando Brian e Anna tomando café.

— Bom dia. – digo me sentando a mesa.

— Bom dia! – os dois respondem em uníssono me fazendo sorrir. 

— Dormiu bem? – Anna pergunta.

— Sim. – respondi. — E as crianças?

— Já foram para escola. – Anna diz. — Eles queriam ter ver de qualquer jeito, mas disse que você estava cansada demais e que você os veriam mais tarde.

— Entendi. – suspirei e peguei uma torrada e vi os dois me encarando. — O que foi? Por que estão me olhando?

— Bem, queremos saber o que aconteceu com você. Do nada você querer voltar, e quando volta se tranca no quarto por dois dias. – Brian se pronunciou pela primeira vez.

— Depois falamos disso, ok? – eles assentem. — Brian, tem falado com a mamãe?

— Sim, ela está melhor.

— Que bom.

— E a sua cabra? Achei que eram inseparáveis. – Brian diz.

— A minha cabra tem nome, ok? E sim, nós éramos inseparáveis mas Agatha se apegou a ela. Então a deixei.

— Entendi. Só me responde uma coisa. – ele diz.

— Fala.

— Você não aprontou nada com padres ou algo do tipo não, né? – soltei uma risada e o encarei.

— Não, fique tranquilo maninho, não aprontei nadinha com eles. – sorri.

— Menos mal. – colocou a mão no peito se fazendo de aliviado.

— Senti saudades do seu drama. – digo.

— Deveria ficar feliz por isso? – Eu e Anna rimos novamente.

Depois de tomar café, fomos até a sala de estar pois os dois não podiam esperar eu querer falar, eles tinham que me obrigar.

Contei tudo o que aconteceu desde o começo.

— Isso é complicado. – Anna começa andando de um lado para o outro.

— Sim, complicado. Eu sabia que não era uma boa ideia ela ir para Nova York. – Brian diz.

— Essa não é a questão, Brian. – Anna diz soltando um suspiro e me encarando. — Eu realmente entendo sua posição, Samantha. E se alguém tivesse feito algum mal aos meus filhos, eu também perderia a cabeça.

— Por que diabos ela tinha que ficar entrando e saindo daquela casa, depois de tudo? – Brian questiona. — Seu namoradinho tem algum problema mental?

— Peter é bom de mais para sair expulsando as pessoas da vida dele sem misericórdia. – Anna reflete me chamando a atenção. — Não é como se ele gostasse de ter a Pilar na vida dele depois de tudo, mas ela supostamente tem um filho dele no ventre. Ele é fraco com crianças devido ao que houve com a ex e Agatha. Ele tem essa fixação em querer protege-las a qualquer custo, até mesmo se a mãe for uma víbora como essa Pilar é.

Um silêncio reinou no ambiente.

— Isso realmente faz sentido. – digo afirmando.

— Anna pare de defender aquele cara! – Brian diz.

— Eu não estou defendendo ninguém, Brian. Eu estou ligando fatos, apenas. Samantha já é adulta e madura o suficiente para compreender os dois lados.

— Samantha não é adulta nem madura. Parece mas não é. – Brian diz. — Ela continua sendo meu bebezinho retardado. – apertou minhas bochechas.

— Sai, Brian! – reclamei o empurrando.

— Você gosta dele? Tipo, gostar muito? – Anna pergunta.

— Não, Anna. Eu amo ele. – digo a vendo abrir um sorriso.

— Meu Deus! – Brian exclama enquanto coloca a mão no peito. — Eu estou ficando tonto. Eu vou desmaiar, Anna me ajuda. Ela disse que ama ele. Eu vou morrer. – Anna e eu reviramos os olhos.

— Brian, eu vou te mandar para o hospital, mas não disse a causa. – Anna diz lhe dando um olhar ameaçador.

— Pensando bem, eu estou melhor. Foi só um reflexo. – Brian diz se recompondo.

— Isso já diz tudo Samantha. – Anna diz o ignorando. — Se você o ama, você deveria confiar mais nele.

— Sim, eu sei. E eu confio.

— Mudando de assunto, me conta tudinho sobre a Agatha. – Anna diz animada se sentando ao meu lado.

— Ela é incrível! – sorrio. — Linda, inteligente e tem um coraçãozinho tão puro. – sorri lembrando de cada detalhe de Agatha. — Ela diz coisas maravilhosas e tem uma linha de pensamento tão inocente e ao mesmo tempo tão madura. Ela é um amorzinho. E ela sempre teve curiosidade de conhecer o Thomas e a Brianna.

— Eu quem estou ansiosa para conhece-la. – ela diz e sorri.

— Você vai. – digo.

— Você saiu daqui jurando curtir a vida, e curtiu mesmo. Me volta com uma filha e completamente apaixonada por alguém. Quem é você, Samantha? – sorrio.

— Nem eu sei mais quem eu sou. – solto um suspiro. — Me falem, e Pedro? Estou com saudades dele.

— Ele segue em busca dos pais biológicos, Alexandra está irada com toda a situação. – Brian diz antes se soltar um suspiro.

— Ele não é mais uma criancinha, e eu entendo. Ele tem o direito de querer saber sobre a origem dele, e tudo mais. – digo e o vejo me encarar. — Tá olhando o que?

— Tenho olhos para que mesmo? – mostrei a língua para ele.

— Besta.

— Palhaça.

— Idiota.

— Retardado.

— Senti saudades disso. – Anna diz ao nos puxar e nos abraçar.

— Ai não, para, chega! – empurrei eles dois. — Já entendi. Sou importante nessa família. 

— Não vá se achando não. – Brian diz.

— Você não muda nunca né Brian? Continua sendo o mesmo idiota de sempre.

— E você também não muda nunca né? Continua com essa sua cara de louca.

— Fico tão emocionada com essa forma de carinho de vocês dois. – Anna diz intervindo. — Chega a ser adorável.

— Calada Anna. – digo. — Brian, você já está resolvendo seus problemas de velhice?

— O que? Eu velho? Tá louca? Vou te mostrar uma coisa. – diz tirando abrindo sua camisa.

— Brian nem pense nisso! – Anna diz. — Para de fogo. Você sabe que não precisa provar nada a ela certo? Apenas a mim. – lhe deu um selinho.

— Só a você, bebê? – ele pergunta.

— Só a mim. – eles estão com aqueles sorrisos do coringa.

— Eu vou vomitar. – digo e faço cara de ânsia. — Não precisam ficar fazendo insinuações. Está passando um filme na minha cabeça e não é agradável. 

— Tem como gravar em DVD e me dar? – Brian pergunta. Peguei uma almofada e joguei nele.

— Brian, cala essa boca!

— Samantha, mas, e a tal Pilantra? Ou Pilar, sei lá. – Anna pergunta me fazendo rir. — Você entregou o Peter de bandeija para ela, ainda mais grávida de um filho dele.

— E quem disse que o filho é realmente dele? – pergunto e sorrio.

— O que? E Peter sabe? – sorrio novamente.

— Está para descobrir. – ela me olha confusa.

— O que você aprontou? – Brian pergunta me olhando desconfiado.

— Chamei o detetive da casa, e pedi que ele reabrisse o caso do sequestro de Agatha e investigasse sobre Pilar antes e depois do sequestro. Coisa que aquele imbecil não vez na época. – bufei. — Ele fez exatamente o que eu pedi, por um precinho bacana, óbvio. Os dois comparsas de Pilar se entregaram e pretendem levar ela para o mesmo buraco. – sorrio. — E não acaba por ai, ele descobriu que ela tinha um envolvimento com um cara na época que ainda estava com o Peter, e tudo isso para engravidar e dizer que o filho era dele.

— Que vaca! – Anna diz.

— Não ofenda as pobres vaquinhas. – Brian diz.

— Entramos em contato com o verdadeiro pai da criança, e contamos a verdade a ele.

— Mas calma, como tem tanta certeza de que esse bebê é desse tal cara? – Anna questiona com o cenho franzido.

— O pai da criança afirmou que eles nunca usaram nada a pedido da Pilar, pois ela alegava que usava anticoncepcional. – sorrio. — Sem falar que ela se recusa a fazer exame de DNA. Quem não deve, não teme.

— E? – Anna pergunta.

— E agora é só sentar, e esperar a máscara dela cair. – sorrio. — Acha mesmo que eu deixaria Nova York sem ao menos tentar ferrar com os planos dela? – soltei uma pequena risada vendo os dois me olharem perplexos. — Talvez se as coisas tivessem sido mais rápidas nada disso teria acontecido. – soltei um supiro pesado.

— As vezes eu sinto medo de você e dessa sua cabeça ai. – Brian me diz e sorrio.

— Você não imagina as coisas que se passam em minha cabeça quando o assunto é proteger Agatha. – digo e Anna me sorri emocionada.

— Você fala dela com um brilho tão lindo no olhar. – Anna diz fazendo cara de tonta apaixonada.

— Esperei tanto por esse momento. – Brian diz limpando uma lágrima invisível. — Vou pegar a câmera e registrar esse momento.

— Não sei nem o que eu vim fazer aqui. Vocês são tão chatos! – mostrei a língua e sai de lá.

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